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Editora aposta em catálogo com livros sobre sustentabilidade

Oito a cada dez (81%) dos brasileiros estão muito preocupados com a escassez de água potável, de acordo com a pesquisa “GlobeScan Radar Survey”, realizada com 30 mil pessoas em 17 países pela GlobeScan, em parceria com a Circle of Blue e o WWF. O percentual está bem acima da média mundial de 58%. 

 

Nesse panorama, iniciativas privadas investem na conscientização. Exemplo disso, a Colli Books Editora aposta na publicação de livros que abordam a questão da sustentabilidade e outras temáticas relacionadas às causas ambientais. Anderson Evangelista, gerente comercial da empresa, conta que a editora possui vários títulos que focam na questão da sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. 

 

O Jardim da Amizade, por exemplo, conta a história de amizade entre a minhoca Jô e a lagarta Beatriz, que se transformou em uma borboleta colorida e cheia de charme”, conta. “O livro, da autora Isa Colli, conta com ilustrações de Ostan e mostra a importância de cada ser vivo para o equilíbrio da natureza”, complementa. 

 

Evangelista destaca que “Nuvem Floquinho”, outro lançamento recente da marca que também conta com a assinatura de Isa Colli e recebe ilustrações de Célio Carvalho e Rayan Casagrande, alerta para o desperdício de água no planeta.

 

O gerente comercial da Colli Books Editora também destaca que “Rio Grinalda”, livro da escritora Isa Colli com ilustrações de Ramon Waldry Ribeiro, chama a atenção para a poluição dos rios e mostra a importância da reciclagem. A propósito, segundo uma pesquisa publicada em julho pela Nature, revista científica internacional, o mundo deve experimentar uma crise de poluição de água até 2100. Os cientistas preveem que o problema pode afetar cerca de 5,5 bilhões de pessoas em todo o globo.

 

No Brasil, somente 15% dos cidadãos participantes da pesquisa “GlobeScan Radar Survey” declararam que ainda não foram afetados pela falta de água potável. Além disso, 40% dos entrevistados relataram que já foram prejudicados por secas e 84% disseram que estão “muito preocupados” com a poluição dos rios. Na média global, a preocupação é de 62%.

 

“A coleção das abelhinhas ambientalistas Vivene e Florine aborda temas como o desmatamento (‘Vivene e Florine na Amazônia’), poluição dos oceanos (‘Vivene e Florine o fundo do mar’) e a importância de viver em harmonia com a natureza (‘O pirulito das abelhas’)”, compartilha Evangelista, citando a obra de Isa Colli, que conta com as ilustrações de Juliana Romão e Rayan Casagrande.

 

“A literatura tem o poder de transformar o mundo, e por isso escrevo. Desejo que meus livros possam ajudar a tornar nosso planeta um lugar melhor, mais justo e sustentável”, diz a escritora.

 

Catálogo visa conscientizar crianças e adultos

 

De acordo com o gerente comercial da Colli Books, a editora tem como prioridade oferecer ao mercado obras que abordam temas ligados à sustentabilidade. Ele também conta que, como a empresa trabalha com escolas, sempre inclui nas histórias informações que se adequem aos parâmetros da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que tem habilidades sobre meio ambiente.

 

“Além disso, buscamos publicar histórias que estejam alinhadas com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas)”, afirma. “A Colli Books valoriza as questões relacionadas à sustentabilidade porque entende que é uma forma de estimular a consciência ambiental”, acrescenta.

 

Para Evangelista, a literatura pode ensejar uma maior conscientização da sociedade sobre as pautas ambientais: “Os livros, por terem uma linguagem leve e lúdica, facilitam o envolvimento do leitor. Desta forma, fica mais fácil incluir mensagens que levem à reflexão e à conscientização sobre o tema”.

 

Ele também ressalta que a literatura possibilita a criação de personagens engajados nas questões ambientais e de enredos que podem servir de inspiração para crianças e adultos. “Cuidar do meio ambiente e repensar formas de sermos mais sustentáveis é uma responsabilidade de todos nós. Nosso desafio é buscar maneiras didáticas e, ao mesmo tempo, criativas e interessantes para ensinar esses temas às nossas crianças”, conclui Evangelista.

 

Para mais informações, basta acessar: https://www.collibooks.com/

Dia das Crianças: livros infantis como sugestões de presentes



Como outubro é o mês das crianças, que tal aproveitar o período para apresentar aos pequenos o mundo da literatura infantojuvenil? E já que no dia 12 a tradição é dar presentes, a Colli Books Editora listou 8 dicas de leitura com diversos autores que abordam temas como diversidade, sustentabilidade, autismo, empreendedorismo e amizade. São assuntos que a garotada pode aprender de maneira leve e com muito entretenimento.

Segundo Isa Colli, gestora da editora Colli Books, a leitura é uma oportunidade de abrir portas para o mundo do conhecimento, e com isso, levar a meninada a estimular a criatividade. “Fico muito feliz em oferecer livros que têm o poder de transformar e desenvolver o lado crítico das crianças. E o principal é que escolher livros no lugar de brinquedos é diversão garantida. Acredite”, ressalta a executiva.

Confira a lista de livros para o Dia das Crianças:

 

O menino que descobriu as cores

Os autores Tais Faccioli e Tiago Vilariño oferecem às crianças aquela ajudinha para pintar o sete e o leitor acompanha as peripécias do personagem Jorginho em suas andanças pelo mundo das cores. Durante a leitura, a dica é deixar com as crianças papel, lápis de cor, giz de cera, aquarela, guache ou o que tiver em casa, para que elas possam criar seus desenhos enquanto ouvem a história.

Como sobreviver até os 13 anos

Do autor Claus Cataldi. O adolescente criou um diário das suas próprias vivências com conselhos que podem ser úteis para a garotada que, certamente, vai se identificar com muitas situações. O título traz, de forma leve e divertida, acontecimentos rotineiros de sua infância, apontando dicas e soluções, uma espécie de autoajuda para o público teen.

Como música para os ouvidos

 

O livro da autora Isa Colli conta a história de Nicolas, um garoto autista que enfrenta desafios importantes ao ingressar em uma escola regular. A narrativa destaca a jornada do protagonista, sua família e os professores que o apoiam, demonstrando que a inclusão é possível quando há amor, compreensão e dedicação.


Uma das características mais marcantes da obra é a capacidade da autora de transmitir, de forma delicada e autêntica, as experiências do menino Nicolas, permitindo que os leitores compreendam as complexidades do autismo e as emoções do garoto.


Além disso, "Como Música para os Ouvidos" oferece uma visão valiosa sobre o papel dos educadores na inclusão de alunos com deficiência. Os atores que cercam Nicolas são apresentados como modelos positivos de professores que se esforçam para criar um ambiente escolar inclusivo e acolhedor.

 

Com os pés sujos de Lama

E quem precisa dar um alerta sobre o excesso de tecnologia, o livro “Com os pés sujos de Lama” pode dar uma ajudinha. A escritora Ana Rapha Nunes mostra a importância que atribui aos vínculos construídos na infância, seja com a mãe, o pai, a avó, um amigo, enfim, relacionamentos que cada vez mais vão se tornando distantes em nosso tempo de pressa, muito trabalho e contatos virtuais.

 

As aventuras de Aduke

 

Uma história da escritora Eliane Benício que se passa na escola e ensina cidadania para as crianças. Quando pequenos, não sabemos ao certo quem somos ou por que somos assim, assado ou ensopado. Mas é de pequeno que a gente descobre as coisas. Aduke ficou encantada ao conhecer suas origens africanas! Ela quis logo contar aos seus amigos da escola, que também partilharam o que sabiam de suas próprias origens! E todos ali perceberam e se alegraram de pertencer a um lugar com tanta riqueza e diversidade!

 

O Rio Grinalda

Nos dias de hoje, é impossível não pensar na sustentabilidade do planeta. “O Rio Grinalda” é a opção ideal para aproximar a meninada deste universo. O livro da escritora Isa Colli fala sobre poluição dos rios, alerta para a degradação ambiental e a mostra a importância da reciclagem. Nesta história, os bichos ensinam como agir diante de situações de depredações e falta de cuidado com a natureza.

A fada Verduxa  

 

E para quem gosta de folclore, não há melhor escolha que “A Fada Verduxa”. A protagonista - metade fada, metade curupira —, é protetora das matas de uma belíssima região chamada Montes Belos. O local sofre a ação de um ganancioso madeireiro, mas Verduxa faz de tudo para defender sua floresta. É uma dica de leitura perfeita, que pode incentivar também a pesquisa sobre as diferentes lendas do curupira existentes em nosso folclore.

Tatúlio em: conta comigo

Dos autores Renato Oliveira e Marcelo Correia mostra às crianças e seus pais a importância de se colocar no papel do próximo, especialmente quando esse está passando por alguma situação ruim.

 

Todos os livros da editora podem ser encontrados facilmente no Brasil, na Europa e no mundo todo nos principais sites de e-commerce no formato impresso e e-book. Seguem alguns exemplos de lojas: Amazon, Wook, Fnac, Americanas, Submarino, entre outros.

Informações: www.collibooks.com.br

[RESENHA #676] O homem que calculava, de Malba Tahan

RESENHA

O homem que calculava [recurso eletrônico] / Malba Tahan. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Record, 2021.

Malba Tahan é o heterônimo do autor Júlio César de Mello e Souza, a obra o homem que calculava é um emaranhado de contos arabistas para jovens no estilo do conto Mil e uma Noites. A obra trabalha a noção de resolução de problemas por meio da matemática, regras de três e contagem. O autor desenvolve de forma envolvente e prolífica o cenário árabe, bem como seus desertos escaldantes em intrigas de personagens secundários tomados pela sabedoria dos cálculos de seu protagonista Beramiz Samir.

Chamo-me Beremiz Samir e nasci na pequenina aldeia de Khói, na Pérsia, à sombra da pirâmide imensa formada pelo Ararat. Muito moço ainda, empreguei-me, como pastor, a serviço de um rico senhor de Khamat.

No capítulo 1, o autor nos envolve em uma narrativa intrigante ao descrever um encontro inesperado com um viajante. Já no capítulo 2, somos introduzidos à figura de Beremiz Samir, conhecendo sua origem e história desde o seu nascimento. A partir do terceiro conto, somos imersos em uma série de histórias que retratam os encontros entre o protagonista e personagens secundários. Beremiz atua como um intermediador poderoso na resolução de problemas que exigem habilidades matemáticas.

Por mais que a noção de partilha por meio dos cálculos apresentados seja, de certa foma, interessante, acredito que a natureza humana não o apoiaria de forma tão calma e sábia, uma vez que, discussões por dinheiro seguem sendo acaloradas e repletas de contendas, isso pode ser observado no terceiro conto da obra, quando se faz necessário a partilha de 36 camelos para quatro viajantes, o que os deixam felizes em pensar que a partilha foi elaborada de forma sábia:

[...] couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18 + 12 + 4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobram, portanto, dois. Um pertence, como sabem, ao bagdali, meu amigo e companheiro, outro toca por direito a mim, por ter resolvido, a contento de todos, o complicado problema da herança! [...]

A divisão dos capítulos conta com um resumo da história, tornando o enredo um pouco massante e previsível, porém, as divisões elaboradas somam um quadro interessando de acontecimentos, uma vez que, acredita-se, que, o problema enraizado no seio da questão é demasiadamente complexo. O autor consegue com cautela elaborar um enredo que se casa perfeitamente com a sinopse, desenvolvendo uma série de questões morais e práticas, não apenas de cálculos para resolução, tornando a leitura ainda mais interessante, uma vez que, o autor não se ateve unicamente em demonstrar seu conhecimento em matemática, mas também em igualdade de direitos e resolução de contendas familiares.

Em síntese, sim, a obra é interessante em seus propósitos, mas acredito que, o enredo cativará profundamente os leitores fãs de matemática, mas a brevidade dos contos e a forma como os mesmos se desenvolvem de forma genérica e rápida podem afetar a experiência de outros leitores mais atentos. Um livro interessantíssimo para se refletir sobre questões éticas e morais.

O AUTOR
Júlio César de Mello e Souza nasceu em 1895, no Rio de Janeiro, filho de um funcionário público e de uma professora, pais de mais oito filhos. Quando menino estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e no Colégio Pedro II. Apesar de ter sido mau aluno na disciplina, formou-se professor de matemática e engenheiro, vindo a lecionar em diversos estabelecimentos de ensino, como o próprio Colégio Pedro II, a Escola Normal e a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faleceu aos 79 anos no dia 18 de junho de 1974, em Recife, onde, a convite da Secretaria de Educação e Cultura, ministrava cursos para professores. Em 2013, o governo brasileiro instituiu o Dia Nacional da Matemática na data de seu nascimento, como homenagem à memória do escritor e professor e de sua contribuição à educação matemática no país. --Este texto se refere à edição hardcover.

[RESENHA #675] Asas da loucura: A extraordinária vida de Santos Dummont


APRESENTAÇÃO

Alberto Santos Dumont foi imortalizado no imaginário brasileiro, tendo sido homenageado em poemas, canções, estátuas, bustos, pinturas, biografias e comemorações em sua memória. A fama e o carisma o tornaram, durante um determinado período, o homem mais célebre do mundo. Apesar disso, Santos Dumont foi também um homem tímido e calado, um gênio atormentado pelo peso de sua criação, o que culminou em seu trágico fim. Asas da loucura traz as glórias e as sombras de sua história.

Santos Dumont tinha 18 anos quando chegou a Paris, na virada do século XX. O brasileiro, nascido em Minas Gerais e criado nas fazendas de café da família, era apaixonado por dirigíveis e balões, que conhecera nos romances de Júlio Verne, e pelos avanços tecnológicos que encontrou na cidade francesa. Ele desenvolveu e construiu aeronaves motivado pelo sonho de um dia cada indivíduo ter seu próprio avião, como já acontecia com os automóveis, o que aproximaria as pessoas e reduziria as distâncias. Ao vencer uma competição para construir o primeiro avião, a imprensa francesa celebrou Santos Dumont como um “conquistador do ar”. A história mundial, no entanto, acabaria consagrando os irmãos norte-americanos Orville e Wilbur Wright como os pioneiros na aviação ― ainda que seus objetivos tenham sido muito menos nobres que o idealismo do brasileiro.

Com sua fé no futuro da tecnologia, Santos Dumont não previu o poder destrutivo de suas máquinas e testemunhou com grande desgosto a capacidade de destruição dos aviões durante a Primeira Guerra Mundial. A consagração dos irmãos Wright foi outro motivo de contrariedade. Os distúrbios psicológicos e as circunstâncias de sua morte precoce são revelados integralmente neste livro.

No aniversário de 150 anos do nascimento de Santos Dumont, a Editora Record traz de volta Asas da loucura, a biografia deste extraordinário pioneiro, personagem brilhante na história da aviação. Com uma narrativa arrebatadora, o premiado jornalista americano Paul Hoffman conta a memorável vida do aviador brasileiro, que contribuiu de forma decisiva para a modernidade e simbolizou o espírito torturado do século XX.“Quando os nomes daqueles que ocuparam posições de destaque no mundo forem esquecidos”, declarou o Times londrino em 1901, “um nome permanecerá em nossa memória, o de Santos-Dumont.”

RESENHA

“Asas da loucura: A extraordinária vida de Santos Dumont” é uma obra magistral que mergulha nas profundezas da vida e das conquistas de um dos maiores pioneiros da aviação, Alberto Santos-Dumont. Escrito pelo renomado autor de biografias, Paul Hoffman, o livro oferece uma narrativa envolvente e detalhada que apresenta um retrato fascinante do homem por trás das asas. A obra foi publicada primeiramente no Brasil integrando o catálogo da editora Objetiva, e hoje, faz parte do catálogo da editora Record, também do Grupo Editorial Record.

[...] ele possuía o céu da França. Era o único que estava sempre voando em uma aeronave. Quando o copeiro serviu vinho aos convidados, Cartier e a princesa Isabel fizeram um brinde à engenhosidade do anfitrião. Ninguém mais estava perto de dominar o ar — ou assim parecia.

Alberto Santos-Dumont nasceu durante o reinado de D. Pedro II, em 20 de julho de 1873, em um local remoto de Minas Gerais. Os pais de Alberto, Henrique Dumont e Francisca de Paula Santos, foram a primeira geração de brasileiros a viver no distrito de João Aires, na minúscula cidade de Cabangu. No início, Cabangu consistia em apenas sua casa. Henrique era engenheiro e fora contratado para construir uma extensão da estrada de ferro D. Pedro II até essa longínqua região de Minas Gerais. A estrada de ferro fazia parte de um vasto projeto de obras públicas do imperador, e foi uma honra para Henrique receber essa incumbência. A desvantagem era a vida tão isolada. (p.12).

Hoffman demonstra uma habilidade excepcional em retratar a personalidade complexa de Santos-Dumont, explorando suas motivações, ambições e desafios enfrentados ao longo de sua jornada. Desde sua infância apaixonada por máquinas até sua busca incansável pela invenção do avião, o autor traz uma visão íntima do gênio visionário e sonhador que Santos-Dumont era.

Uma das principais qualidades de “Asas da Loucura” é a meticulosa pesquisa realizada por Hoffman. Através de uma extensa análise de documentos, cartas e relatos históricos, o autor reconstrói com precisão os eventos que moldaram a vida de Santos-Dumont. Citando diretamente as palavras do próprio protagonista, o livro nos transporta para a época e nos permite compreender as emoções e os desafios enfrentados por ele.

Ao contrário das inúmeras biografias acerca da vida de Santos Dummont, esta, por sua vez, foi a primeira a retratar os feitos como sendo algo inédito, não desmerecidamente como estamos acostumados a ver em relação à invenção dos irmãos Wright acerca de um voo. O sonho de Dummont era que as pessoas fossem livres como pássaros nos céus, já o incentivo dos irmãos Wright eram totalmente opostos:

A motivação dos irmãos Wright ao desenvolver o avião era diferente da de SantosDumont. Eles não eram idealistas nem sonhavam reunir pessoas distantes umas das outras. Não buscavam emoções fortes nem romantizavam o prazer de voar, ou tinham uma certa espiritualidade aérea [...] Eles pretendiam construir aeronaves com intuito financeiro, e quando inicialmente o governo dos Estados Unidos recusou-se a financiá-los, eles não tiveram escrúpulos em se aproximar de militares estrangeiros.

A iniciativa dos homens em incluir aviões como arma de guerra durante a ascenção da primeira grande guerra mundial deixou Dummont extremamente triste e desmotivado com o uso de sua criação, que, por vez, estava sendo cogitada para um uso totalmente oposto ao qual se esperava em seu seio.

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, quando era evidente que o avião poderia ser usado como uma arma de destruição em massa, Santos-Dumont foi o primeiro aeronauta a manifestar-se contra a militarização das aeronaves. Era uma voz solitária, conclamando os chefes de Estado a desativar suas bombas. Orville Wright não se juntou a esse apelo.

Durante a maior parte dos anos da primeira grande guerra mundial, Santos-Dumont permaneceu no Brasil, afastado do cenário aeronáutico internacional. No entanto, ele participou de conferências sobre aviação em Washington e Santiago, e concedeu algumas entrevistas à imprensa, nas quais tentou reivindicar o título de verdadeiro inventor do avião. Ele lembrava a todos que nenhum representante oficial de renomados aeroclubes havia testemunhado os voos dos irmãos Wright antes de ele decolar com seu 14-Bis.

No entanto, em meio à turbulência da guerra, suas declarações passaram despercebidas. Santos-Dumont também escreveu um opúsculo intitulado “O que eu vi, o que nós veremos”, no qual procurava justificar sua carreira e reafirmar suas conquistas. No entanto, tanto suas declarações quanto seus escritos eram mal-humorados e confusos. Ele não exibia mais a alegria de viver que o caracterizava e distorcia alguns fatos históricos. Por exemplo, ele mencionou erroneamente a data do prêmio Deutsch e afirmou que o voo inaugural de sua primeira aeronave ocorreu em uma tempestade de neve em fevereiro, quando, na verdade aconteceu em um dia tranquilo no final do verão. Ao longo da obra, Hoffman exibe uma escrita elegante e envolvente, capaz de cativar o leitor desde as primeiras páginas. Ele nos conduz pelas diversas etapas da vida de Santos-Dumont, desde seus primeiros experimentos com balões até suas conquistas revolucionárias na aviação. Com uma narrativa fluida e bem estruturada, o autor mantém o interesse do leitor em cada capítulo.


Diagnosticado com esclerose múltipla aos 36 anos, Santos-Dumont também ficou profundamente deprimido com o uso de suas invenções para bombardeios aéreos durante a Primeira Guerra Mundial. Infelizmente, ele cometeu suicídio em 1932. É um momento oportuno para lembrarmos desse notável pioneiro sul-americano que, há um século, usou sua mente fértil, engenhosidade e recursos provenientes de suas plantações de café brasileiras para criar as primeiras máquinas voadoras motorizadas.

Em suma, "Asas da Loucura: A extraordinária vida de Santos Dummont" é uma obra-prima biográfica que oferece uma visão profunda e envolvente da vida e das realizações de um dos maiores nomes da história da aviação. Com uma pesquisa minuciosa, uma narrativa envolvente e uma abordagem jornalística séria, Paul Hoffman nos presenteia com uma obra imperdível para os entusiastas da aviação e para aqueles que se interessam pela história de grandes mentes visionárias.

[RESENHA #674] Misunderstood monsters (monstros incompreendidos), de Jacob Chace



Nascido da mente do diretor Jacob Chase, 'Misunderstood Monsters' é um livro sinistro de histórias infantis. A história central gira em torno de Larry, uma criatura assustadora que habita exclusivamente nas plataformas digitais, alimentando-se da eletricidade que o cerca. Através de um e-book sombrio e envolvente, somos apresentados a um mundo onde o medo e a tecnologia se fundem, levando as crianças a uma jornada aterrorizante. Com ilustrações impactantes, o livro transporta os leitores para um universo sombrio e surreal. 'Misunderstood Monsters' é uma experiência arrepiante que desafia as noções convencionais de contos de fadas e mergulha fundo em um reino de pesadelos digitais. Este livro serviu de inspiração para o filme 'Come Play' (2020) e para o curta-metragem original 'Larry' (2017), ambos dirigidos por Jacob Chase, proporcionando uma imersão ainda mais intensa nesse universo sinistro.

“Monstros Incompreendidos” é um livro de horror voltado para crianças que aborda a história de Larry, um monstro que existe apenas no mundo digital. Foi originalmente escrito em 2019 pelo diretor Jacob Chase, e conta com um trabalho gráfico realizado pela designer Sarah Ferber. A popularidade da obra levou à produção de um filme de terror intitulado “Vem Brincar” (2020) e de um curta-metragem chamado “Larry” (2017).

Confira a sinopse do curta-metragem:

Joe está firmemente plantado em sua minúscula cabine de estacionamento, trabalhando no turno da noite, quando descobre um iPad mutilado na caixa de achados e perdidos. Ele liga o dispositivo e vê a curta história de um monstro assustador e incompreendido chamado Larry olhando para ele. Enquanto Joe estuda as imagens perturbadoras, ele começa a notar sombras movendo-se na escuridão. A mente cansada de Joe está pregando peças nele ou Larry está procurando um novo amigo?


O livro está disponível integralmente na web, podendo ser lido neste link.

Confira em versão integral abaixo: 



Crítica: Vem brincar, 2020


Desesperado para ter um amigo, Oliver (Azhy Robertson), um garoto solitário que se sente diferente de todos os outros, busca consolo e refúgio em seu sempre presente telefone celular e tablet. Quando uma criatura misteriosa usa os dispositivos de Oliver contra ele para invadir nosso mundo, os pais de Oliver (Gillian Jacobs e John Gallagher Jr.) devem lutar para salvar seu filho do monstro além da tela.


“Vem brincar” é um filme de terror lançado em 2020, dirigido por Jacob Chase. A trama gira em torno de Oliver, um jovem autista que se vê aterrorizado por um monstro sobrenatural que se manifesta através de dispositivos eletrônicos. O filme é uma adaptação do curta-metragem “Larry” também dirigido por Chase.

Inspirado em clássicos do terror como “Poltergeist” e “A Hora do Pesadelo”, “Vem brincar” traz uma abordagem moderna ao explorar o medo do desconhecido e a dependência excessiva da tecnologia. A história é habilmente construída com tensão crescente, criando um clima de suspense ao longo do filme.

Um dos pontos fortes do filme é a atuação impressionante de Azhy Robertson como Oliver. Ele entrega uma performance convincente e emocionalmente impactante, retratando o medo e a vulnerabilidade do personagem de forma cativante. Gillian Jacobs, como a mãe de Oliver, também oferece uma atuação sólida, trazendo autenticidade e empatia à narrativa.

No entanto, apesar de sua premissa interessante, “vem brincar” pode ser considerado por alguns como um filme de terror mais convencional. A história segue uma fórmula familiar, com alguns clichês do gênero. Além disso, a construção do monstro poderia ter sido mais aprofundada, com uma exploração mais detalhada de sua origem e motivações.

No que diz respeito à recepção crítica, “Vem brincar” recebeu críticas mistas. Alguns elogiaram a atmosfera assustadora e a atuação do elenco, enquanto outros sentiram que o filme não conseguiu explorar todo o seu potencial. Ainda assim, é um filme que certamente agradará aos fãs de terror que apreciam uma história de suspense bem executada.

Além do filme, também foi produzido um curta-metragem inspirado no personagem Larry. Assista:



Em conclusão, “Vem brincar” é um filme de terror competente que utiliza elementos familiares do gênero para criar uma experiência cinematográfica assustadora. Embora não seja inovador, o filme é capaz de entreter e proporcionar alguns bons sustos ao longo de sua narrativa. Se você é fã de filmes de terror com uma pitada de suspense e uma abordagem moderna, "Vem brincar" certamente vale a pena conferir.

Estão abertas as inscrições para o 3ª Prêmio Reflexo Literário

2ª edição do Prêmio Reflexo Literário reuniu autores, artistas e produtores culturais.

O Prêmio Reflexo Literário 2023 está com inscrições abertas até o dia 23 de dezembro.  A premiação é uma iniciativa independente de jovens escritores da Zona Oeste do Rio de Janeiro para celebrar e incentivar a Literatura, a Arte e a Cultura nacionais. Na 3ª edição do evento, podem se inscrever autores, músicos, editoras, profissionais da área editorial, produtores culturais, influenciadores e artistas em geral.


Com o tema “Noite do Oscar”, a segunda edição contou com uma cerimônia de premiação realizada em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Assim como na primeira edição, o evento incluiu a entrega de troféus e certificados, música ao vivo e um coquetel de premiação.


O evento reúne categorias, como: Melhor Autor Nacional, Melhor Livro de diversos gêneros, Melhor Iniciativa Cultural, Melhor Podcast, Melhor Bookstagram, Melhor E-book, entre outras. O objetivo é abranger as diversas formas de publicação e fazer artístico, sem esquecer o trabalho de artistas independentes, impulsionando quem resiste fazendo arte no Brasil.


1ª edição do Prêmio Reflexo Literário, realizada em 2022.

Apesar de ter origem na Zona Oeste do Rio, a premiação recebe inscrições de diversas partes do país, permitindo que os autores e artistas conheçam outros trabalhos e compartilhem suas experiências.


A terceira edição promete continuar incentivando e impulsionando vozes do meio literário e artístico. A votação será, mais uma vez, realizada por voto popular. Para ler o edital e conferir as regras, acesse o Instagram do Prêmio Reflexo Literário: @premioreflexoliterario.


Organização Prêmio Reflexo Literário.

Formulário de Inscrições: https://forms.gle/oCm4P9R4jk6Gi8RA7

[RESENHA #673] O menino do dedo verde, de Maurice Druon

APRESENTAÇÃO

Tistu não é uma criança como as outras. Ele os empurra seus polegares verdes para dentro da terra e coisas mágicas acontecem! Encantador e sensível como O pequeno principe, O menino do dedo verde é um clássico da literatura francesa para crianças grandes e pequenas. 

Era uma vez Tistu...Um menino diferente de todo mundo. Com uma vidinha inteiramente sua, o pequeno de olhos azuis e cabelos loiros, deixava impressões digitais que suscitavam o reverdecimento e a alegria. As proezas de seu dedo verde eram originais e um segredo entre ele e o velho jardineiro, Bigode, para quem seu polegar era invisível e seu talento, oculto, um dom do céu.

O menino do dedo verde encanta gerações de leitores no Brasil e no mundo, há pelo menos cinco décadas, com a mensagem de esperança do menino que transforma tudo o que toca. A mágica história de Tistu, garoto com raro poder de semear o bem por onde passa, é uma aventura fantástica com final singelo e extraordinário. 

RESENHA

O menino do dedo verde é um clássico da literatura que ganhou fama global por tratar de assuntos sérios repletos de questões humanitárias e filosóficas de forma clara e inocente. Lançado originalmente em francês em 1957, a obra consagrou-se como uma das obras necessárias para se ler antes de morrer, ainda que não tenha obtido o mesmo status que o livro o pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, o livro mostra-se prolífico na arte de transmitir valores à todas as gerações. Druon através de sua obra tece críticas ao modelo educacional vigente, as particularidades de cada criança, a inocência inexplorada, a incapacidade dos adultos em compreender os dons e talentos das crianças, bem como a pluralidade de dons individuais de cada aluno em sala de aula.

A obra fala sobre Tistu, batizado originalmente de João Batista. O garotinho relutou com a escolha do nome ainda bebê, ele chorava e berrava, porém, seu nome permaneceu. Então com o tempo, como se tudo confirmasse, as pessoas não se habituaram ao seu nome, então ele foi apelidado de Tistu. 

Nesse dia, como quase todos os bebês em idênticas circunstâncias, o coitadinho protestou, gritou, ficou vermelho de chorar. Mas as pessoas grandes, que não compreendem os protestos dos recém-nascidos e teimam em sustentar suas idéias pré-fabricadas, garantiram com a maior firmeza que o menino se chamava mesmo João Batista. Mas em seguida, mal a madrinha de manga comprida e o padrinho de chapéu preto o recolocaram no berço, deu-se um fato curioso: as pessoas grandes já não conseguiam pronunciar o nome que lhe haviam dado, e puseram-se a chamá-lo de Tistu.

Tistu não gostava de estudar, ou não entendi bem as aulas, o que o fazia adormecer entre as aulas, e claro, ser expulso, por não ser considerado com os outros. O episódio fez com que  Sr. papai, o coloque para ter aulas particulares com o Sr. Trovão, gerente da fábrica de canhões do pai, bem com o jardineiro da fábrica, bigode. Por mais que o garoto não se empenhe nas aulas escolares, ao ter toda atenção para o seu ensino em casa, o garoto começa a desenvolver e construir pensamentos e comentários cada vez mais ácidos acerca da humanidade, ecologia e sobre os homens.

A partir deste ponto, o autor começa a construir uma poética acerca da existência de características pré-moldadas e consistentes, como as escolhas que não fazemos ou a decisões que outras pessoas tomam por nós (como a escolha de nosso nome), bem como a finitude de informações e opiniões que se formam no decorrer de nossa vida. Assim, Tistu começa a se mostrar insatisfeito e começa a questionar a realidade através dos estudos e de sua vivência com o Sr. Bigode, o jardineiro da fábrica de canhões de seu pai.

Então, o Sr. Bigode nota que o garoto possui um talento inexplorado e curioso: ele possui a ponta dos dedos verdes, entre outras palavras, flores eram concebidas em toda superfície ao serem tocadas pelo garoto, despertando a admiração do Sr. Bigode, que decide manter o talento do garoto em segredo.

Após conhecer a realidade existente em locais como cadeia e hospitais, através de suas conversas com o Sr. Bigode, o garoto decide que, talvez, a tristeza destas pessoas possam ser amenizadas de alguma forma. Ele então decide silenciosamente fazer com que flores brotem nestes locais, tudo veladamente. A iniciativa do garoto faz com que os encarcerados pelas cadeias afetadas por sua iniciativa desistam da fuga, bem como em hospitais.  

O Sr. papai fazia questão de frisar que a Fábrica de canhões era uma excelente iniciativa, que, como sabemos, era o sustento principal da família, mas as palavras do Sr. papai já não ecoavam com os efeitos esperados sobre o garoto:

— Tistu, meu filho, nosso negócio é excelente. Canhão não é como guarda-chuva, que ninguém quer comprar quando faz sol. Ou como chapéu de palha, que fica na vitrina quando chove. Canhão sempre se vende, seja qual for o tempo!

Tistu decide mostrar publicamente seu talento e começa auxiliar o pai em um novo negócio: uma fábrica de flores, porém, ele se abala ao ouvir de seu pai que o jardineiro que o fez refletir tanto sobre a vida e participou de sua educação, estava dormindo. Esta alegoria fez com que o garoto ficasse triste e confuso. Tituse decide, que, talvez, o Sr. Bigode precisava revê-lo, então ele constrói uma escada de flores até o céu para visitá-lo, o que claro, provoca grande alegria no Sr. Bigode, mas tristeza profunda em todos os que ficaram abaixo da escada, uma vez que Tistu faleceu.

O AUTOR

Maurice Druon nasceu no ano de 1918, na capital da França, Paris. Uma curiosidade do autor é que um de seus antepassados também era escritor e tinha nacionalidade brasileira. Odorico Mendes, bisavô de Druon, trabalhava como jornalista e político, além de escrever e traduzir obras famosas.

No entanto, Odorico Mendes não era o único parente de Maurice que tinha relação com a literatura. O autor Joseph Kessel era um dos tios de Druon, e juntos escreveram o “Canto dos Partidários”, que serviu como hino para grupos de resistência na Segunda Guerra Mundial.

Foi em 1946, então, que Maurice Druon se consagrou nos livros, ganhando o Prêmio Goncourt pela obra As Grandes Famílias, junto a diversos outros prêmios que chegaram para prestigiar a famosa novela.

Além de O Menino do Dedo Verde, outras obras que se destacaram na carreira de Druon são a série Os Reis Malditos e, como já citada, As Grandes Famílias, que com certeza irão agradar os fãs do escritor.

[RESENHA #624] Surfista Carioca, de Éric Rebière



APRESENTAÇÃO 

Um jovem carioca se lança no sonho de viver do surfe neste que é o livro de estreia de Éric Rebière, atleta acostumado a desafiar ondas gigantes. Além das aventuras no mar, a obra contextualiza a rotina de uma família no subúrbio carioca, na década de 1990. A história retrata a adolescência e juventude do protagonista, Gabriel, e suas disputas contínuas com o irmão, Alexandre, sob a educação ora amorosa, ora severa do pai. Também são narradas suas primeiras experiências amorosas, as saídas à noite, em que frequentava os bailes funks da região, e a vivência no bairro, marcada por regras de convívio impostas pela violência. A obra expõe o contraste entre a periferia e a Zona Sul, o que é observado pelo jovem durante suas incursões para as disputas em categoria de base. Em sua jornada, Gabriel descobre um novo mundo no meio do esporte e é convidado para um desafio de arrepiar: uma viagem ao Peru, repleta de lições, encrencas e ondas gigantes. 

Éric Rebière é um surfista profissional franco-brasileiro. Nascido e criado em Arraial do Cabo, mudou-se em 1998 para a Europa e, atualmente, vive entre Anglet, na França, e La Coruña, na Espanha. Faz parte da elite mundial de surfistas de ondas gigantes, o Nazaré Tow Challenge, único evento dessa modalidade organizado pela World Surf League. Éric é o único participante que também fez parte do World Championship Tour, no qual apenas os 32 melhores surfistas do mundo competem. Acumula dezenas de vitórias em circuitos amadores no estado do Rio de Janeiro. Foi três vezes campeão na Europa, duas vezes profissional e uma em circuito amador. É conhecido em Nazaré por ser um “mestre” em pilotagem de jet ski, tendo colocado Maya Gabeira na onda que lhe rendeu seu primeiro recorde Guiness. Além disso, é faixa preta de jiu-jítsu e empresário. Organiza dois eventos internacionais de ondas grandes na Galícia: o Illa Pancha Challenge e o Coruña Big Waves. Leitor voraz, inspira-se nas experiências de um grupo de amigos surfistas para escrever.

RESENHA

A obra de Éric fala sobre um jovem carioca que parte em uma jornada repleta de desafios em busca do seu sonho de se tornar um surfista profissional. Essa história incrível é contada por Éric Rebière, um atleta renomado por enfrentar corajosamente ondas gigantes. Além das empolgantes aventuras no mar, o livro também mergulha na realidade cotidiana de uma família que vive no subúrbio carioca durante a década de 1990. Através dos olhos do protagonista, Gabriel, testemunhamos sua adolescência e juventude, repletas de rivalidades constantes com seu irmão Alexandre. A educação que recebem do pai oscila entre o amor e a severidade, moldando suas personalidades e influenciando suas escolhas. A narrativa também explora as primeiras experiências amorosas de Gabriel, suas animadas saídas noturnas para os famosos bailes funks da região e a vivência no bairro, onde as regras de convivência são ditadas pela violência que permeia a área. Essas experiências contrastam fortemente com a realidade da Zona Sul, e o jovem protagonista observa essa disparidade durante suas incursões em competições de base.

Em sua jornada rumo ao sucesso no surfe, Gabriel descobre um novo mundo no meio desse esporte apaixonante. E, como se não bastasse, ele recebe um convite que lhe proporcionará uma experiência arrebatadora: uma viagem ao Peru, onde enfrentará ondas gigantes e aprenderá lições valiosas, ao mesmo tempo, em que se envolve em situações complicadas. O livro aborda a formação de Gabriel no subúrbio, bem como sua crescente paixão pelo surfe, o sonho de viver de competições, as rivalidades com outros competidores, as paixões à flor da pele, o anseio por mais uma onda, os problemas advindos com a inveja de outros competidores, o primeiro amor, dentre outras descrições acerca da vida do protagonista. A obra se consolida como um vento de frescor em meio ao calor, a escrita de Éric narra não apenas uma história de um surfista, mas também todo seu empenho em viver seu sonho e todos os flashs de felicidade que o tomavam pela expectativa de viver de seu sonho. Uma obra deliciosamente refrescante para os leitores aficionados por um ar puro em meio ao caos das metrópoles. 


Análise de Livro
Capa do Livro

Avliação geral

Surfista Carioca é um livro de contos ficítios que poderia facilmente falar sobre a vida de um garoto carioca qualquer. O autor transmite em seu seio uma série de descrições poéticas sobre as praias, ondas e sobre a ansiedade por mais uma onda. Gabriel é resiliente, forte e sonhador, sua busca é implacável, assim como seus desejos. O trabalho gráfico elaborado pela Sophia Editora torna o livro ainda mais mágico, nota-se que houve um cuidado com toda diagramação e com a finalização da obra. Certamente, esta obra é uma onda de frescor nos tempos calorosos que enfrentamos.

Comentários

[RESENHA #623] Somos feitos de história, de Luisa Aguiar

Somos feitos de história é um livro de crônicas em forma de diário que abarcam o início da pandemia em 17 de março de  2020 e se finaliza em janeiro de 2022, escrito pela professora e oftalmologista carioca Luisa Aguiar, publicado no Brasil através da editora Autografia, a obra consta com 291 páginas. 


O título e a capa da obra descrevem o conteúdo. Podemos observar a capa com uma imagem de uma montanha gigante com uma persona em seu topo. A imagem representa a pequenez da existência humana perante os acontecimentos e o universo, como grãos de areia no meio do deserto, que pode ser um forte simbolismo de que somos frágeis perante ao universo e aos acontecimentos do cotidiano. O título, uma alusão ao processo dessa caminhada através da montanha [vida] e de todo processo de aquisição de identidade e força através dos obstáculos, que, por muitas das vezes, mostram-se maiores do que nós. Mas como poderemos observar, não somente na constância da história em curso do real cotidiano, ma também na obra, uma constante superação em um dia após o outro em anos turbulentos e carregados de dor e medo se fazem presente.

A obra de Luisa é uma grande sacada. Sua iniciativa me lembrou a obra 2022, o ano em que o mundo parou, do projeto apparere, do qual tive a honra de fazer parte. Em ambas as obras, poderemos observar que, assim como em todos os lares, com Luisa e seus filhos, não foi diferente. O medo do desconhecido, as inúmeras mortes que acometeram o Brasil, os leitos de hospitais superlotados, os cemitérios repletos de covas semiabertas para o funeral daqueles que ainda estavam em vida, porém, na zona de risco, puseram-nos a pensar na finitude da vida, na morte incerta, no medo do tempo de cárcere imposto pela pandemia, e as repletas notícias trágicas, custaram nossa economia e nossa sanidade mental.

No primeiro relato, terça-feira, dia 17, Luisa comenta sobre como esperava e acreditava que o cárcere da pandemia fosse um exagero, ou pelo menos ela gostaria que fosse assim. Ela fechou o consultório de oftalmologia onde trabalhava e ficou em casa observando toda onda de acontecimentos pela tevê e por amigos. O pior medo de todos, talvez, era a insegurança promovida pela pandemia. Um mês ou dois de cárcere? O tempo passava e nada sufocava mais que a incerteza.

Sempre é mais fácil acreditar que o problema está mais distante e que não tem relação com o nosso mundinho. Difícil acreditar que não estamos no controle [...] (pag. 13 -- in terça-feira, dia 17).

No dia 11, quinta-feira, a autora nos consta sobre a triste notícia do falecimento de uma conhecida. Suas palavras não tecem surpresa ou luto, apenas insegurança, que nos é confirmada por sua frase sem pudor: quando é que essa merda vai acabar? Três meses de cárcere, quarentena, privação. É nítido que ela estava exausta psicologicamente, a sequência de notícias sobre mortes e mais mortes era algo rotineiro, com o qual não gostaria de participar.

Me pergunto se ela está entendendo que não pode sair e que não podemos entrar. Nos vemos de longe, raramente. (p. 42 -- in quinta-feira, dia 11).

Fevereiro de 2021, segunda-feira, dia 01. Um amigo próximo perde a mãe para o COVID. Isso faz com que a autora vasculhe suas lembranças e memórias dos momentos antes da pandemia. Os momentos de reflexão acerca da vida começam a mexer profundamente com o emocional da autora, sua vida começa a perder, de certa forma, o sentido, é como se a insegurança fizesse parte de sua rotina.

Penso em mim, que um dia também sentirei saudade do colo da minha mãe e nos meus filhos que sentirão saudades minhas. (p.161 in -- Fevereiro de 2021, dia 01).

A obra também se parece muito com os descritos no diário de Anne Frank, onde a autora, assim como Luisa, descrevem os dias passando vagarosamente, repleta de medos e temores por si e sua família. Em ambas as obras poderemos entender a ótica caótica da vida longe daqueles que amamos e da incapacidade que temos de protegê-los, tudo isso somado ao fato de que não podemos, sequer, fazer algo por nós e por nossa família. Nada é pior do que se sentir exatamente abandonada por suas próprias convicções.

Em síntese, a obra da autora é um emaranhado poético e triste acerca da pandemia, da morte e da vivência diária com o desconhecido. O livro é uma ótima pedida para uma dose reflexiva e poética de nossas vidas e incertezas.

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