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Mistérios de Nuremberg: A Vida de Kaspar Hauser

Imagem: Divulgação

K aspar Hauser é uma enigmática figura histórica cuja vida cercada de mistérios e incertezas desperta o fascínio de estudiosos e curiosos há quase dois séculos. Encontrado em 1828 no centro da cidade de Nuremberg, Alemanha, Hauser tinha apenas dezessete anos e parecia completamente deslocado do mundo ao seu redor. Carregando consigo apenas um bilhete endereçado ao Capitão von Wessenig, ele se tornou uma incógnita viva, um enigma personificado, cuja origem e trajetória anterior eram praticamente desconhecidas.

Os relatos sobre sua infância são tão surreais quanto sombrios: uma vida inteira trancafiado em um espaço minúsculo, sem qualquer interação humana regular, exceto pela visita esporádica de um misterioso mentor. Esse cenário cria uma atmosfera quase claustrofóbica e levanta inúmeras questões sobre a veracidade de sua história e os motivos que levaram ao seu confinamento e subsequente abandono. O curioso caso ganhou dimensões ainda mais intrigantes quando foi descoberto que as cartas que ele carregava pareciam ter sido escritas por ele mesmo, sugerindo uma possível manipulação de sua própria narrativa.

A história de Hauser é frequentemente associada a outras narrativas de "crianças selvagens", como Tarzan ou Mogli, figuras literárias criadas por animais que lutam para se inserir na civilização humana. No entanto, ao contrário dessas fábulas, a vida de Hauser tem uma complexidade real que desafia as explicações simples e coloca em cheque as noções de desenvolvimento humano em condições extremas. Filme biográfico de Werner Herzog em 1974 oferece um retrato cinematográfico detalhado dessa figura enigmática, explorando sua jornada e os esforços para integrá-lo à sociedade.

A singularidade da história de Kaspar Hauser reside não apenas na sua peculiar infância, mas também nas várias dúvidas e interpretações sobre sua veracidade. Os debates acadêmicos continuam a fervilhar, questionando se ele foi vítima de um crime indescritível ou um mestre da enganação. Independente das conclusões, Kaspar Hauser permanece um ícone histórico, desafiando nossas compreensões de identidade, desenvolvimento e verdade.

Quem foi Kaspar Hauser

Kapar Hauser foi um jovem, que, segundos relatos históricos viveu os primeiros dezessete anos de sua vida preso em uma cela sem nenhum contato com outros humanos até ser abandonado no centro da cidade de Nuremberg, na Alemanha em 1828. Acredita-se, que, Hauser tenha vivido sob a tutela de um homem que o alimentou até decidir por seu abandono. Hauser foi encontrado nas ruas tendo consigo apenas um bilhete endereçado ao capitão do 4º esquadrão do 6º regimento de cavalaria , Capitão von Wessenig.

Um autor anônimo relatou que o menino foi entregue à sua custódia ainda bebê, em 7 de outubro de 1812. Este cuidador afirmou ter ensinado o jovem a ler, escrever e seguir a religião cristã, sem nunca permitir que ele saísse de sua casa. Na carta, o menino expressava o desejo de se tornar um cavaleiro, assim como seu pai, e pedia ao destinatário, um capitão, que o acolhesse ou decidisse seu destino.

Anexada à primeira mensagem, havia uma carta curta, supostamente escrita pela mãe do menino para o antigo zelador. Esta carta identificava o garoto como Kaspar, nascido em 30 de abril de 1812, e mencionava que seu pai, um cavaleiro do 6º regimento, havia falecido. No entanto, mais tarde foi descoberto que ambas as cartas foram escritas pela mesma pessoa. A frase "ele escreve minha caligrafia exatamente como eu" levou analistas a concluir que o próprio Kaspar Hauser havia escrito as duas cartas.

Inicialmente, imaginava-se que Hauser fosse uma criança selvagem vinda das florestas. Durante várias conversas com o prefeito Binder, Hauser começou a revelar uma versão diferente de sua história de vida, que ele mais tarde detalharia por escrito. Segundo esse relato, Hauser passou a maior parte de sua vida preso em uma cela escura e solitária. Ele descreveu a cela como tendo aproximadamente dois metros de comprimento, um metro de largura e um metro e meio de altura. Nesse espaço reduzido, sua única mobília era uma cama de palha e ele tinha apenas quatro brinquedos de madeira para se entreter: dois cavalos e um cachorro.

Hauser relatou que todas as manhãs encontrava pão de centeio e água ao lado de sua cama. Em algumas ocasiões, a água tinha um sabor amargo que, ao ser consumida, fazia-o dormir mais profundamente que de costume. Nessas situações, ao despertar, ele notava que sua palha havia sido trocada e que seu cabelo e unhas estavam cortados. Hauser afirmou que o primeiro ser humano que conheceu foi um homem que o visitou pouco antes de sua libertação, tomando muito cuidado para não mostrar o rosto. Esse homem o ensinou a escrever seu nome, guiando sua mão. Depois que Hauser aprendeu a ficar de pé e caminhar, ele foi levado para Nuremberg. O homem misterioso também lhe ensinou a frase "Eu quero ser um cavaleiro, como meu pai foi", em um antigo dialeto bávaro, embora Hauser alegasse que não compreendia o significado das palavras.

Em 17 de outubro de 1829, Kaspar Hauser foi encontrado no porão da residência de Daumer, com um ferimento ainda recentíssimo na testa. Ele alegou ter sido atacado enquanto utilizava a privada; o agressor, um homem encapuzado, não apenas o feriu, mas também o ameaçou com severidade ao dizer: "Você ainda precisa morrer antes de deixar a cidade de Nuremberg." Segundo Hauser, ele reconheceu a voz do atacante como a do homem que o havia trazido para a cidade. Inicialmente, Hauser fugiu para o primeiro andar, onde ficava seu quarto, como indicava o rastro de sangue. No entanto, em vez de procurar socorro imediato, ele desceu as escadas e se escondeu no porão, acessado por um alçapão. Preocupadas, as autoridades disponibilizaram uma escolta policial e transferiram Hauser para os cuidados de Johann Biberbach, uma figura de autoridade na cidade. Este ataque alimentou especulações sobre sua origem, que variavam entre a Hungria, Inglaterra e até a Casa de Baden.

No entanto, existem céticos que acreditam que o próprio Hauser tenha infligido o ferimento com uma navalha, a qual ele teria levado de volta para seu quarto antes de fugir para o porão. Segundo essa teoria, Hauser poderia estar buscando atrair a pena alheia para evitar uma punição decorrente de uma recente desavença com Daumer, que começara a acreditar que o jovem tinha uma propensão para mentir.

No dia 14 de dezembro de 1833, Hauser retornou para casa com um grave ferimento no peito esquerdo. Conforme seu relato, ele tinha sido atraído até o Ansbach Court Garden, onde um desconhecido o atacou com uma faca enquanto lhe entregava uma bolsa. Tristemente, Hauser sucumbiu ao ferimento três dias depois, em 17 de dezembro de 1833.

O enigma de Kaspar Hauser


O enigma de Kaspar Hauser é um filme biográfico dirigido por  Werner Herzog e estrelado por Bruno S. e Walter Ladengast, em 1974, que narra a vida de Hauser sobre a ótica dos bilhetes encontrados em seu poder na data do ocorrido, em 1828.

O filme narra a intrigante jornada de Kaspar Hauser, que passa os primeiros dezessete anos de sua vida acorrentado em um pequeno porão, com apenas um cavalo de brinquedo para se distrair e sem qualquer interação humana, exceto pela presença fugaz de um homem misterioso, sempre vestindo um sobretudo preto e uma cartola, que trazia sua comida.

Em um dia de 1828, esse mesmo homem decide libertar Hauser. Ensina-lhe algumas frases básicas e como andar, antes de deixá-lo nas ruas de Nuremberg. A presença de Hauser na cidade desperta enorme curiosidade, levando-o a ser exibido em um circo, até ser resgatado por um professor benevolente, Georg Friedrich Daumer, que se empenha em educá-lo pacientemente.

Kaspar mostra rápido progresso: aprende a ler e escrever e desenvolve perspectivas singulares sobre lógica e religião. No entanto, é a música que verdadeiramente o cativa. Sua singularidade atrai acadêmicos, clérigos e nobres, curiosos para entender sua mente singular. Entretanto, sua vida não fica livre de perigos. Ele é brutalmente atacado pelo mesmo desconhecido que o libertou, resultando em uma grave lesão na cabeça que o deixa inconsciente. Após se recuperar, é novamente alvo de um ataque misterioso, desta vez sendo esfaqueado no peito.

O filme retrata meticulosamente a história verdadeira de Kaspar Hauser, utilizando textos de cartas autênticas encontradas com ele e mantendo fidelidade aos detalhes do seu confinamento e libertação. Personagens como o Professor Daumer e Lord Stanhope são inspirados em figuras históricas reais, respectivamente Georg Friedrich Daumer e Philip Henry Stanhope, o 4º Conde Stanhope.

Dúvidas dos especialistas

A história de Kaspar Hauser é marcada por várias contradições em seus relatos sobre seu tempo na prisão. Em 1970, o psiquiatra Karl Leonhard afirmou que, se Hauser realmente tivesse passado sua infância nas condições que descreveu, ele não teria conseguido se desenvolver além do nível mental de um idiota e, provavelmente, nem teria sobrevivido. Para Leonhard, a história de Hauser é tão repleta de absurdos que é surpreendente que tenha sido acreditada e continue a ser acreditada por muitas pessoas atualmente.

Leonhard também rejeitou as opiniões de Heidenreich e Hesse sobre Hauser. Ele defendeu a ideia de que Hauser era um vigarista patológico, visto que sua constituição histérica e a persistência de uma personalidade paranoica permitiram que ele desempenhasse seu papel de maneira imperturbável. Analisando diversos relatos sobre o comportamento de Hauser, Leonhard concluiu que se pode identificar uma tendência histérica e paranóica em sua personalidade.

A ideia central da história de Hauser é alvo de diversos debates e comparada à histórias como Tarzan ou Mogli, figuras que foram criadas por animais e adquiriram uma certa repulsa aos padrões normativos de comportamento, não sendo assim, domesticados com facilidade, apresentando em sua essência dificuldade de compreensão ou desenvolvimento sócio-cognitivo, o que dificulta até certo ponto o desenvolvimento de um vocabulário e de um comportamento social. Podemos observar no desenvolvimento do enredo do filme que poucos aspectos da vida de Hauser são revelados de fato, isso ocorre pela ausência de documentações acerca de sua origem e vida, o que provocam debates acerca de como o seu desenvolvimento de fala e sua capacidade de andar.

A história de Hauser é discutida nos meios acadêmicos buscando uma compreensão mais assertiva acerca de como o seu desenvolvimento se tornou possível, se levarmos em consideração suas alegações de cárcere por toda a sua vida. Uma criança recém-nascida, por exemplo, se desenvolve através dos estímulos recebidos por outros adultos, como a fala, o caminhar e o desenvolvimento cognitivo e social acerca do comportamento e educação recebidos, relevando uma proximidade mais continuada com os responsáveis por sua criação até certa fase quando estão prontos para viverem em sociedade e estabelecer vínculos de afeto e desenvolver suas competências sociais e emocionais. Hauser é descrito como um homem ausente dos princípios básicos da convivência, sobretudo, na obra cinematográfica, onde ele revela possuir uma incapacidade de caminhar por conta própria nos primeiros meses de sua liberdade, ele também revela uma dificuldade em se expressar em falas e frases que elucidem de fato o que se deseja, tornando assim a tarefa de educa-lo ou compreendê-lo ainda mais complicada, se levarmos em consideração a ausência de proximidade dele com as novas pessoas e a nova atmosfera após seu abandono.

A história de Hauser pode ser acompanhada em sua obra cinematográfica que está disponível integralmente no Youtube.

Assista ao filme:


O tratado de Tordesilhas: divisão de terras e poder entre Portugal e Espanha


O Tratado de Tordesilhas foi um acordo internacional assinado na cidade espanhola de Tordesilhas em 7 de junho de 1494. Foi celebrado entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela para dividir terras "descobertas e ainda por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. . Este tratado surgiu como resultado da oposição portuguesa às reivindicações castelhanas que surgiram da viagem de Cristóvão Colombo um ano e meio antes, onde reivindicou oficialmente o que hoje é conhecido como o Novo Mundo para a Rainha Isabel I (1474-1504). 

De acordo com o tratado, a linha de demarcação é definida como 370 léguas a oeste da Ilha de Santo Antão, no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha situava-se a meio caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo, referidas como "Cipango" e Antilia. Os territórios a leste deste meridiano pertencem a Portugal enquanto os a oeste pertencem a Castela. Em 2 de julho, Castela a ratificou, seguida por Portugal em 5 de setembro de 1494. Algumas décadas depois, durante a "questão das Molucas", outra divisão ocorreu com um antimeridiano sendo tomado como linha de demarcação em direção ao paralelo de Tordesilhas no Tratado de Saragoça datado de 22 de abril de 1529. 

Estiveram presentes do lado português Rui de Sousa, Senhor de Sagres e Beringel, seu filho João Rodrigues de Sousa, Chefe Almocaden, e Aires de Almada, juiz de processos cíveis no tribunal e auditor real; Estêvão Vaz foi secretário da embaixada com testemunhas como João Soares de Siqueira, Rui Leme e Duarte Pacheco Pereira. De Castela e Aragão juntaram-se D. Henrique Henriques - mordomo-chefe -, D. Gutierre Cardenas - comandante-chefe -, juntamente com o Dr. Rodrigo Maldonado que foram coadjuvados por Fernando Alvarez Toledo como seu Secretário - trouxeram também outras três testemunhas: Pero De Leon Fernando Torres e Fernando Gamarra.

No contexto das Relações Internacionais, a sua assinatura ocorreu num período de transição entre a hegemonia papal - até então poder universalista - e a afirmação do poder singular e secular dos monarcas nacionais, uma das várias facetas da transição da Idade Medieval para a Idade Moderna.

D. João II de Portugal (1477, 1481-1495) nomeou sua prima de Castela (filha de uma infanta portuguesa), D.Rui de Sousa, como embaixador para as negociações e assinatura do Tratado. Os documentos originais estão atualmente arquivados no Arquivo Geral das Índias na Espanha e também no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Portugal.

Em 1750, o Tratado de Tordesilhas deixou de vigorar com a assinatura do Tratado de Madrid - quando ambas as Coroas estabeleceram novos limites fronteiriços para a divisão territorial nas colônias sul-americanas. Eles concordaram que rios e montanhas seriam usados ​​para demarcar essas fronteiras.

A história da formação do Brasil


A formação do território brasileiro foi resultado de um extenso período, nenhum processo de expansão ocorreu após a chegada dos portugueses em 1500 e se estendeu até pouco depois da transformação do país em uma república. No entanto, já nos primeiros anos do século XV o tema começou a ser delineado.

Com o tempo, as navegações tornaram-se cada vez mais comuns entre os povos e nações como Portugal e Espanha. Esses países investiram em expedições marítimas de grande porte para alcançar as Índias Orientais, um lugar conhecido por seu intenso comércio de especiarias.

Ambos os reinos partiram para explorar novas rotas. Os portugueses encontraram uma nova rota e navegaram ao longo da costa africana. Enquanto isso, os espanhóis tentavam encontrar um caminho inexplorado, que os levasse a descobrir um continente inteiro: a América. Logo após as suas descobertas, ambos os países começaram a disputar a propriedade desta massa de terra recém-descoberta. Após alguma deliberação, chegaram a um acordo para a criação de uma linha meridiana que se situaria a 370 léguas (1786 km) da ilha de Cabo Verde, em África, de modo a demarcar claramente estes territórios.

Dessa forma, o Tratado de Tordesilhas foi estabelecido em 1494. Esse acordo determinou os limites das terras sul-americanas entre Espanha e Portugal. Os territórios espanhóis situavam-se a oeste do meridiano, enquanto as áreas portuguesas ficavam a leste deste ponto. É dentro desses domínios portugueses onde nos dias atuais localiza-se o Brasil.

Além do mais, um dos principais objetivos do Tratado era estabelecer a paz entre Portugal e Espanha no que diz respeito à nova terra descoberta. Como resultado dessa pacificação, os portugueses puderam finalmente explorar o novo território. A primeira ocupação portuguesa no atual Brasil ocorreu já durante o século XVI na região costeira nordestina onde iniciaram algumas atividades econômicas.

Nos primórdios, as principais atividades econômicas consistem no ciclo da cana-de-açúcar e na exploração do pau-brasil. Naquela época, o açúcar não era muito conhecido ou utilizado na Europa; por isso a produção era altamente direcionada para exportação ao exterior. Como consequência desse crescimento das exportações, surgiram diversos centros urbanos importantes e cidades portuárias de grande relevância histórica.


À medida que as cidades se expandem e a urbanização se torna cada vez mais comum no território onde os portugueses se estabeleceram, surgiu a ideia de explorar mais o continente. O ciclo económico da cana-de-açúcar continua a prosperar e, gradualmente, a pecuária - criação de gado - estendeu-se para dentro do país.

Além da produção pastoril, durante as missões de exploração na atual região Norte do Brasil, os exploradores conseguiram encontrar especificidades locais e iniciaram uma busca mais ampla pelas chamadas “drogas do sertão”. Estas especiarias também serviram como uma estratégia positiva de exportação para a Europa, uma vez que não tinham acesso a esta matéria-prima.

Com isso, as Índias navegaram pelo território brasileiro. O Brasil se tornou uma peça importante para o comércio português durante suas navegações coloniais. Produtos como guaraná, salsa, cravo e canela tiveram alto valor comercial junto com o açúcar.

No final do século, um novo tipo de mercadoria (produto agrícola ou mineral) começou a aparecer nestas missões exploratórias. À medida que avançavam em direção à região Centro-Oeste do Brasil, especificamente na atual região Sudeste. Em Minas Gerais, os exploradores descobriram algo que transformaria enormemente a sua realidade nos séculos seguintes: o ouro.

Até agora, constatamos que ao longo de alguns séculos, o território brasileiro sofreu transformações. Inicialmente, havia apenas conhecimento do espaço nordestino e logo abaixo da costa já, localizando-se algumas comunidades litorâneas no estado paulista com suas vilas e cidades.

Algumas expedições rumo ao oeste levaram à ocupação de estados atuais da região norte, como Amazonas, e da região sudeste, como Minas Gerais. Apesar dessa expansão territorial ter mudado o mapa do país, ainda há áreas inexploradas até hoje.

O século XVIII ficou marcado pelo Ciclo do Ouro, uma era emblemática em que houve especial atenção e exportação de ouro, bem como outras gemas preciosas. Este período foi tão impactante que chegou a substituir produtos outros mais comercializados - como o açúcar -, já que países como Espanha e Reino Unido obtiveram-no por meio das suas colônias localizadas na América Central, fazendo assim com que as chegadas do Brasil diminuíssem.

A descoberta do ouro trouxe mudanças significativas nos padrões de ocupação e povoamento do território. Numerosos portugueses mudaram-se para Minas Gerais com ambições de desenvolver negócios mineiros, enquanto outros do Nordeste do Brasil também migraram para esta região por razões semelhantes. Como resultado, estima-se que a população quase dobrou devido à alta demanda por esse novo recurso brasileiro.

Toda essa comoção e movimentação populacional, provocada pela novidade, também alterou o número de indivíduos instruídos que foram treinados para administrar o dinheiro de forma eficaz e tornar os negócios cada vez mais lucrativos. Esta expansão do ouro aumentou a quantidade de cidades, alterou as suas estruturas em conformidade e desenvolveu-se em resposta às suas necessidades.

As necessidades evoluíram e tiveram impacto na estrutura laboral, afetando os trabalhadores que mantinham o ritmo de trabalho constante. O século XVIII ficou marcado pelo uso crescente da mão-de-obra causada pela escravidão.

Os povos indígenas e africanos, trazidos em navios mercantes, foram submetidos a condições de trabalho que não correspondiam ao seu bem-estar. E esses maus tratos aos trabalhadores estavam apenas começando.

Durante o início do século XIX, ocorreu um acontecimento que teve grande impacto no território brasileiro e também despertou interesse em diversos países europeus. A vinda da família real portuguesa para o Brasil simbolizou uma renovada relação entre a colônia e sua metrópole.

A inovação também chegou ao território nacional, trazendo muitas novidades reais e novas oportunidades de negócios com os países europeus. Além disso, a chegada de milhares de imigrantes europeus iniciou uma vasta diversificação cultural para o Brasil. Em termos de economia, tanto o ciclo do café na região Sudeste quanto o ciclo da borracha na região Norte modificaram mais uma vez qual produto era mais extraído desta terra - passou a ser fortemente exportado também.

Nessa época, territórios como os atuais Uruguai e Guiana Francesa foram anexados pelo Brasil. Porém, logo após sua incorporação ao país, o Brasil retirou-se da Guiana Francesa; após a sua independência, a região Cisplatina foi resolvida com o estabelecimento da República Oriental do Uruguai.

A expansão de novas comunidades e a descoberta de ciclos econômicos inovadores não apenas na ampliação territorial, mas também no desenvolvimento das vilas. Estes locais evoluíram em grandes cidades urbanizadas que se transformaram em centros financeiros prósperos, impulsionando um surto populacional significativo - a contagem demográfica foi estimada em 3,2 milhões de habitantes no ano de 1800 chegando a aproximadamente 17,4 milhões ao final do século XIX.

Estes dados demonstram o crescimento populacional no século e como também conduziu a um desenvolvimento mais concreto das áreas urbanas, fortalecendo ainda mais o poder sobre o território nacional com a chegada da corte de Portugal.

À medida que o século XIX se transformava no século XX, o Brasil teve que se acostumar com seu novo regime governamental: a República. Desde a sua proclamação em 1889, o Brasil passou por mudanças estruturais como divisão de estados que antes eram províncias e alterações nos métodos de expansão territorial.

Durante a época colonial e em certas graças durante o império, as missões de exploração foram empregadas pelo Brasil como meio para considerar, anexar e administrar novos territórios. Todavia, na república já se tinha conhecimento das regiões habitáveis ​​do nosso continente. Será que ainda restava espaço para o governo brasileiro conquistar?

No início do século XX, ocorreram duas conquistas significativas que ajudaram a moldar o atual território do Brasil. Após disputas diplomáticas com a França – que governava a Guiana Francesa – o Brasil recuperou uma faixa de terra que reconheceu como sua. Esta área hoje é conhecida como estado do Amapá e foi incorporada ao estado do Pará.

Além disso, o destaque da época foi a incorporação do atual estado do Acre através de um conflito com a Bolívia que culminou na transferência das terras e no pagamento de preocupação ao país vizinho por intermédio do Tratado de Petrópolis.

Agora que você chegou até aqui, vamos compartilhar um fato fascinante sobre o território brasileiro. Em comparação com a expansão territorial dos EUA - que também progrediu para oeste como no caso do Brasil - o Brasil iniciou seu processo de expansão muito antes de sua independência (1822), enquanto os EUA só começaram após conquistar a independência (1776).

Se não fosse pela conquista do Acre em 1903, o Brasil teria completado sua expansão total antes dos Estados Unidos em 1853, após perder o território da Cisplatina desde 1828. Conseqüentemente, o Brasil manteve essencialmente o mesmo território desde sua independência, enquanto os americanos iniciavam sua processo de expansão somente após alcançar a independência.

Ao longo dos séculos, presenciamos mudanças significativas em diversos setores. No entanto, a história da expansão territorial do Brasil é extensa e influenciou profundamente o que conhecemos hoje como país. Cada avanço desde o século XV até os primórdios do XX molda a nossa realidade presente.

A Princesa Isabel: A redentora da coroa brasileira

Foto: Princesa Isabel / Wikki Commons

Isabel do Brasil (nascida no Rio de Janeiro em 29 de julho de 1846 e falecida na UE em 14 de novembro de 1921), apelidada de "A Redentora", era a Princesa Imperial e presumível herdeira do trono do Império Brasileiro. Ela serviu como regente em três ocasiões distintas, incluindo a sanção da Lei Áurea, que declarou a abolição da escravidão em todo o Brasil. Como filha mais velha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D.Teresa Cristina que se tornou sua parente mais próxima após perder dois irmãos mais novos na infância; Isabel enfrentou forte oposição por ser mulher, praticar fervorosamente o catolicismo, casar-se com um príncipe estrangeiro e emancipar escravos - um ato que irritou ricos proprietários de plantações.

Enquanto seu pai estava viajando ao exterior, a princesa serviu três vezes como regente do império. Durante o seu último mandato, Isabel promoveu e sancionou a Lei Áurea de 1888 que aboliu a escravatura. Embora muito popular entre os cidadãos, houve fortes objecções à sucessão de Isabel ao trono devido a razões não relacionadas com esta conquista. Ao contrário dos confrontos políticos com o pai ou outras pessoas, sabe-se que Isabel preferia para si um estilo de vida calmo e doméstico em vez de se envolver na política. Isabel casou-se com o príncipe francês Gaston d'Orleans (Conde D'Eu) de quem teve quatro filhos: Luiza Victoria, Pedro de Alcântara, Luis, Antonio.

Em 1889, a monarquia brasileira foi abolida e eles foram exilados devido a um golpe militar. Após a morte de seu pai em 1891 (dois anos após a proclamação da República), Isabel foi reconhecida pelos monarquistas brasileiros como a pretendente ao trono do Brasil até sua própria morte em 1921 (um período que correspondeu aproximadamente às três primeiras décadas da República Velha, do governo de Floriano Peixoto até o de Epitácio Pessoa). Depois disso, durante trinta anos pacíficos, ela viveu seus dias residindo tranquilamente na França.

O exílio

No dia 7 de dezembro de 1889, a família imperial chega a Lisboa. Teresa Cristina estava doente desde o seu depoimento e morreu três semanas depois no Porto, enquanto Isabel e a sua família estavam no sul de Espanha. A princesa regressou a Portugal e desmaiou durante o funeral da mãe. Outras notícias chegaram ao Brasil de que o novo governo republicano aboliu as pensões da família imperial - sua única fonte substancial de renda - e baniu oficialmente todos os membros do território brasileiro para sempre. Eles receberam um grande empréstimo de um banqueiro português no caminho de volta do funeral de Teresa Cristina e mudaram-se para o Hotel Beau Séjour em Cannes, França. 

Isabel e Gastão mudaram-se para uma aldeia privada no ano seguinte, que era muito mais barata que o hotel. No entanto, Pedro recusou-se a juntar-se a eles e visitou ocasionalmente Cannes. O príncipe Francisco, tio de Gastão, concedeu ao casal uma mesada mensal. Em Setembro mudaram-se para perto de Versalhes, onde os seus filhos começaram a frequentar escolas parisienses. Pedro faleceu em dezembro de 1891; Isabel foi reconhecida pelos monarquistas como imperatriz com suas propriedades brasileiras vendidas para compensar as dívidas do imperador na Europa. Isabel e Gaston viviam tranquilamente na villa Bolonia-Billancourt. Apesar das tentativas dos monarquistas de tentar restaurar o regime imperial sem o apoio total da Imperatriz Isabel, que, em vez disso, opinou sabiamente que as ações militares eram imprudentes, evitando os fracassos esperados.

Em 1896 faleceu o pai do Conde d'Eu e Gastão herdou uma fortuna que permitiu a ele e a Isabel terem estabilidade financeira. Os seus três filhos matricularam-se numa escola militar em Viena, enquanto a princesa continuava o seu trabalho de caridade com ligações à Igreja Católica.  Gastão comprou o Castelo de Eu localizado na Normandia, que já foi a casa de seu avô, o rei Luís Filipe I da França. O casal mobiliou sua nova moradia com itens recebidos do Brasil no início da década. 

Pedro de Alcântara desejava casar-se com a condessa Elisabeth Dobržensky de Dobrženicz, mas Isabel opôs-se à união devido às rígidas leis familiares da época. O herdeiro de um trono só poderia casar com uma princesa de sangue real. Entretanto, o Conde d'Eu tentou recuperar os seus direitos ao trono francês, que lhe foram renunciados quando se casou com Isabel. O duque de Orleães concordou com esta proposta apresentada pelo Conde d'Eu; no entanto, um filho renunciaria ao status de realeza brasileira para que os príncipes do Brasil não pudessem servir como chefes da Casa Real da França. Supunha-se que Luís (o segundo filho) sacrificaria seus direitos brasileiros para que Pedro de Alcântara pudesse então propor e, eventualmente, seu casamento com a Condessa Elisabeth De Dobrzeznicz seria obtido por meio de negociações sobre Luís sacrificando os privilégios mencionados acima ao se casar com a princesa Maria Pia das Duas Sicílias. Luís Luís viajou pelo mundo antes de desembarcar, tendo sua entrada proibida no Brasil alguns anos depois, ao lado do irmão Antônio, que se juntou às forças do exército britânico lutando em seu nome, uma vez que eles próprios foram proibidos de prestar serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial em outras fileiras que não as divisões de infantaria terrestre, após o que Antonio morreu logo após um ataque. acidente aéreo pós-armistício vendo fracasso de antemão em termos de lesões durante os estágios de alistamento de 1915, especificamente voltados precisamente para Operações de Combate Ativo nas temporadas de inverno anteriores, atingindo temperaturas médias abaixo do ponto de congelamento, a menos que a atualização do combate tenha ocorrido antes da emissão de um decreto oficial, caso contrário, pode levar a consequências significativas que eles evitaram assim muito indefinidamente de acordo com as diretrizes tendo recebido aprovação certificada representantes escolhidos democraticamente geralmente ocupando cargos intervalos mais curtos sobre a burocracia centralizada sofreram períodos de implementação excepcionalmente tensos procedimentos menos eficientes resultados prejudicados produziram ambiguidade confusão discrepâncias factuais entre vários grupos de interesse dependendo da priorização regional necessidades valores perspectivas de viabilidade ponderadas contra recursos limitados designados subsídios orçamentários ocorrem revisão periódica acompanhada de reavaliação das metas com escopo definido avaliar se os planos recentemente iniciados devem prosseguir ou suspender considerados desnecessários progressos econômicos contraproducentes de longo prazo que ocorrem avaliações feitas retrospectivamente período pelo menos anualmente juntamente com revisões obrigatórias lei regular a atividade governamental envolvendo fundos públicos seguir parâmetros fixos tornar-se integral parte sociedades democráticas. Lús faleceu no início de 1920, depois de lutar contra uma doença de longa data, enquanto Isabel escreveu a Gastão reconhecendo seu sentimento temporário de insanidade devido à dor avassaladora, mas sendo restaurada pela graça divina, eventualmente levando à cura espiritual e emocional antes de ela própria partir deste mundo como bem, anos depois.

A saúde da princesa começou a piorar e em 1921 ela mal conseguia andar. Embora em 1920 o governo republicano brasileiro sob o presidente Epitácio Pessoa tivesse levantado o banimento da família imperial, Isabel estava demasiado doente para viajar. Assim, Gastão e Pedro de Alcântara retornaram ao Brasil no início de 1921 para o sepultamento do Imperador e da Imperatriz em Petrópolis. Um dia antes do Dia da República (aniversário da declaração do Brasil como república), Isabel morreu aos setenta e cinco anos, em 14 de novembro daquele ano, após algum tempo [de luta contra sua doença], tendo sido enterrada temporariamente perto de Dreux, na França, em Orléans. Mausoléu. No ano seguinte, enquanto se dirigia às celebrações do centenário da independência durante a sua visita ao país de origem; Gastão faleceu a bordo de um transatlântico no Oceano Atlântico devido a causas naturais ou outras circunstâncias desconhecidas, mas mais tarde também se juntaria à sua esposa. Em 1953, seus restos mortais foram repatriados da França para o Cemitério do Catumbi, hoje chamado Cemitério de Água Santa, e então reentrados novamente até escavações recentes (linguagem infantil), vistas pela última vez documentadas/relatadas, provavelmente por volta do final dos anos 70, início dos anos 80, na Capela de São Vicente, dentro do Mausoléu Imperial localizado dentro Catedral de São Pedro d'Alcântara onde repousam além de D.Pedro II e Teresa Cristina.

Goiás: Um Olhar sobre a história e a diversidade cultural no Coração do Brasil

Foto: Goiânia, GO

A chegada dos portugueses ao Brasil marca uma viragem significativa nesta parte da América, especialmente para os povos indígenas. À medida que os colonizadores europeus se instalaram, os seus costumes e herança cultural começaram a criar raízes ao longo do tempo, especialmente no que diz respeito à religião. Através do trabalho missionário dos padres jesuítas, o catolicismo tornou-se firmemente estabelecido em toda a colônia e seus territórios. Quando chegou a Goiás, no século XVIII, o catolicismo rapidamente se espalhou e ganhou forte apoio da população local. Esta tradição religiosa foi preservada mesmo após a independência do Brasil de Portugal e após o estabelecimento de um governo republicano; ambos os eventos aconteceram sem afetar muito a adesão local ou a devoção às práticas de fé católica entre pessoas que hoje se autodenominam "goianos". Os costumes foram preservados enquanto eram reimaginados através da incorporação em rituais nas experiências da vida cotidiana. O catolicismo não apenas ajudou a moldar os padrões de ocupação nas terras goianas, mas também criou elementos simbólicos relacionados especificamente em torno de atos que exigem a confiança dos devotos e que continuam influenciando os hábitos de vida religiosos individuais até hoje. 

Goiás, ou como alguns preferem chamar de “o coração do Brasil”, está localizado na região do planalto central e se destaca como um território colonizado e explorado anos após a chegada dos portugueses ao litoral brasileiro. É um dos berços da savana; lar de artistas de música, arte e literatura; uma área com grande diversidade na sua fauna e flora; cheio de inúmeros encantos, vasta riqueza cultural que é única. Sem dúvida o estado de Goiás é abençoado por sua localização - mesmo sem mares ou praias - possuindo diversos tesouros históricos aliados a belezas naturais faz com que seja admirado por muitos olhares curiosos que contemplam este local com avidez.

Goiás compartilha forte influência religiosa do catolicismo com sua nação-mãe, que desempenhou papel essencial no processo de ocupação de terras no estado. A religião também serviu como elemento fundador e responsável pela popularização das festas tradicionais que permanecem vivas nas crenças dos goianos até hoje. Dada a dinâmica presente em Goiás, este estudo se concentra em uma revisão de literatura destacando o impacto do catolicismo na formação e expansão do estado. Começa enfatizando como o catolicismo chegou a Goiás e se tornou parte integrante da identidade dos habitantes locais antes de concluir sublinhando seu fervor pela manutenção da tradição por meio de práticas de religiosidade enraizadas nas celebrações culturais ao longo do tempo.

Após o processo de colonização das terras goianas e a exaustiva exploração do ouro, Goiás encontrou seu lugar no mundo. O povo “goiano” surgiu nesse intenso período colonial criando suas próprias forças para se afirmar na região. Apesar disso, é importante ressaltar que marcas culturais deixadas pelos povos anteriores estiveram presentes em sua formação cultural. A essência da identidade "goiana" tem raízes históricas com marcante miscigenação incluindo traços dos nativos indígenas africanos negros e europeus.

Foto: cidade de Goiás "Goiás Velho"

Ser goiano é ser um indivíduo marcado por uma herança cultural forte e diversificada; trata-se de homens e mulheres corajosos e destemidos. É também um povo que não tem vergonha do seu passado, profundamente enraizado na vida campestre, onde traços distintos ainda hoje permanecem evidentes através da música, da culinária, das escolhas de vestuário e também dos maneirismos. Apesar da era contemporânea que varreu o país com seus avanços tecnológicos, deixando pouco para trás esse modo de vida folclórico que não existe há muito tempo - ainda assim, dentro de todo esse progresso, permanecem vestígios do passado entre os residentes dessas comunidades adjacentes a monumentos históricos particularmente apreciados. por ambos, valor simbólico retratando riquezas artísticas imensuráveis ​​ao lado daquelas marcas de propriedade intangíveis, antes curadas apenas na tradição ou na memória, mas agora autenticadas de forma ainda mais importante através do envolvimento retido das gerações atuais, garantindo a compreensão vital das realidades históricas, ao mesmo tempo que conservam variações ricas em histórias sociais intrincadas forjadas ao longo do tempo. elementos totalmente necessários que proporcionem orientação para encontrar caminhos equitativos que conduzam a esforços de sustentação a longo prazo.

Apesar do transcurso de dois anos, os goianos não se afastaram da tradição católica introduzida em seus costumes pelos colonizadores portugueses; pelo contrário, assumiram novas formas, mantendo ao mesmo tempo os seus fundamentos tradicionais transmitidos pelos europeus. Segundo Hoornaert (1991), a devoção popular dentro do catolicismo surgiu entre as classes mais baixas e entre os indivíduos pobres como um todo. Este autor postula ainda que esta forma de devoção popular constitui “a cultura original e mais rica que o Brasil já produziu” (ibid., p. 99) ao longo de sua história desde o início da colonização. Além disso, foi através destes mesmos ritos praticados em comunidades insurgentes que os católicos pobres preservaram mensagens evangélicas durante séculos - continuando mesmo hoje sobre a autoridade religiosa formalizada - o que pode ser a razão pela qual as devoções históricas com origens europeias ainda prosperam entre populações incivilizadas ou aqueles treinados na civilização que poderiam caso contrário, apenas os diminuiria sem que tais práticas de cultivo de base cruzassem a fé e as considerações da vida cotidiana, co-evoluindo através das gerações ao longo do tempo, mas ainda assim presentes até agora. 

O estado brasileiro de Goiás, situado na região Centro-Oeste do país, foi habitado por diversas comunidades indígenas e quilombolas, bem como por diversos grupos que contribuíram para sua história. Vários povos indígenas como os Xavantes, Caiapós, Carajás e Tapuias habitavam a região antes da chegada dos colonizadores europeus. Essas pessoas viviam em tribos dedicadas à caça, à pesca e à agricultura. Com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI, houve confrontos com os povos indígenas e várias comunidades foram fundadas na região. No século XVIII, Goiás se tornou um território de interesse para diversas expedições exploratórias e estabelecimentos humanos após a descoberta das minas de ouro e diamante.

Os Bandeirantes Paulistas foram os primeiros colonizadores da região a ocupá-la. Fundaram diversas vilas e vilas, como Vila Boa (atual cidade de Goiás), Arraias, Flores de Goiás e outras. Esses assentamentos tornaram-se importantes centros econômicos, culturais e políticos de destaque, com especial atenção para Vila Boa, que serviu como capital da Província de Goiás até 1937. Além dos bandeirantes, outros povos desempenharam papel na formação significativa do Estado de Goiás, incluindo negros e europeus. Originais da África como escravos para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, arroz e algodão assim como as minas foram trazidos pelos europeus. Muitos desses indivíduos conseguiram sua liberdade com o tempo e fundaram diversas comunidades quilombolas notáveis ​​- a Comunidade Kalunga em Cavalcante é um exemplo emblemático disso.

No final do século XIX e início do século XX, os europeus - notadamente italianos, alemães e portugueses - estabeleceram-se na região com o intuito de expandir suas oportunidades agrícolas. Essa migração prévia é feita por técnicas revolucionárias para fazer florescer a economia local através da produção cafeeira e da criação animal eficientemente dirigida pelos imigrantes.

Hoje, Goiás é um estado diversificado e multicultural, com uma rica história e tradições. Sua cultura é um amálgama de diversas influências, notadamente das culturas indígena e quilombola que ainda mantêm seus costumes na região. Como tal, o Estado de Goiás representa um centro cultural vital para o Brasil, ostentando inúmeras formas de arte que celebram a sua diversidade, bem como refletem o passado do povo. A presença de diferentes etnias moldou o desenvolvimento das artes culinárias, de gêneros musicais como o sertanejo (gênero brasileiro inspirado em letras folclóricas), das expressões artísticas entre outros aspectos únicos desta localidade - fatores que revelam o que faz Goiás se destacar culturalmente.

Da Abdicação à Proclamação: A História do Hino Nacional Brasileiro

Foto: Wikki Commons

Francisco Manuel da Silva compôs a obra durante a Abdicação de Pedro I do Brasil, em 7 de abril de 1831. Sua estreia ocorreu no dia 14 do mesmo mês, na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Teatro São Pedro. No entanto, foi novamente apresentado com o início das atividades legislativas em 3 de maio daquele ano e acompanhado por um drama chamado "O Dia Jubiloso para os Amantes da Liberdade" ou "A Queda do Tirano". 

O Hino oferecido aos Brasileiros por um patrício nativo, conhecido como "Hino ao 7 de Abril", foi registrado para ser executado nesta data em 1831 e nos anos seguintes. A dedicatória do compositor incluía o Grande e Heroico Dia 7 de Abril de 1831. Em 1833, uma letra escrita pelo desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva foi publicada no jornal "Sete de Abril" e aplicada pelo próprio compositor, que tinha um manuscrito da partitura com versão essa. 

A letra é marcada por um claro sentimento antiportuguês, onde o povo português é tratado com verdadeiro racismo numa passagem quando diz "Homens bárbaros, nascidos / Do sangue judeu e mouro / Desiludem-se: A Pátria / Já não é seu tesouro"; apesar de ainda pregar a unidade nacional do império e a lealdade à monarquia, os versos de Carvalho e Silva aludem a ideais republicanos. Também aludem à expansão do país após a independência do Uruguai em 1828, defendendo uma unidade nacional "do Amazonas ao Prata", como uma referência indireta à Província Cisplatina.

Durante a Coroação de D. Pedro II em 1841, uma letra desconhecida foi registrada. Além disso, Francisco Manuel da Silva compôs um hino para essa grande ocasião que gerou algum mal-entendido histórico no futuro: o historiador Sousa Pitanga erroneamente datou sua criação e Guilherme de Melo afirmou que diversas letras foram usadas com esse mesmo hino popularmente cantado na época . De qualquer forma, todos louvavam a unidade até "ao Prata" como parte dessa homenagem merecida ao rei vigente - D.Pedro II era honrado pela maioria das versões dos poemas musicados presentes nessa tradição nacional brasileira. 

Descobriu-se depois que as composições de Francisco Manuel da Silva foram usadas mais tarde em outros eventos importantes tambérem relacionamento com Dom PedroII - tal como quando Carlos Augusto Taunay escreveu um poema especial durante mostruosidades celebrando seu casamento no dia 13 de setembro do ano- -este famoso Hino Nacional esteve entre os destaques musicais apresentados por esta importante cultura brasileira em suas cerimônias puxadas.

Com a ascensão dos conservadores ao poder e a coroação de Pedro II, o Hino à Independência composto por Pedro I foi ressurgido como hino oficial da nova nação. A figura de Pedro I se tornou um "herói" nacional, resultando no esquecimento da letra de Carvalho e Silva e comemoração do 7 de abril como data importante. Essa versão alternativa se popularizou nas décadas seguintes através da publicação das partituras para execução particular - principal meio utilizado para divulgação musical na época - apresentando uma letra que repetia o estribilho original. 

Com a chegada da Proclamação da República, o mesmo hino monarquista apareceu. Surgiu então uma história que se relatou até em livros escolares, segundo a qual ao ouvir as músicas inscritas num concurso de composições musicais propostas pelo marechal Deodoro da Fonseca - chefe do governo provisório -, ele teria declarado "prefiro o velho". Em outubro de 1888 foi composto um novo hino para substituir La Marselhesa, cantada pelos republicanos até aquele momento; esse também aconteceu por meio de um concurso promovido por Silva Jardim. Entretanto, com o advento do regime republicano recém-estabelecido não permitiu qualquer divulgação dessa nova música escrita pelo farmacêutico Ernesto Souza. Portanto em novembro 22º dia no ano seguinte (1889) abriu-se outro concurso oficial organizado pelo Ministério do Interior e liderado por Aristides Lobo idealizado José Rodrigues Barbosa para selecionar um novo hino brasileiro contando como membros Leopoldo Miguez, Alfred Bevilqua Rodolfo Bernardelli e Rodolfa Amorado. 

O concurso de 1889 permitiu a participação de músicos "eruditos e populares". No entanto, temendo que ritmos africanos pudessem ser incluídos em tal competição, o crítico musical Oscar Guanabarino iniciou uma campanha em 4 de janeiro de 1890 usando vários pretextos, incluindo razões patrióticas, para argumentar contra a mudança do hino militar do Brasil, que ele afirmava ter sido usado por Deodoro durante a Guerra. do Paraguai. Este apelo foi apresentado ao Ministro da Guerra, Benjamin Constant, no dia 15 de Janeiro, pelo Major Serzedelo Correia, que o convenceu com sucesso a alterar o objectivo do próximo concurso, de determinar novos hinos militares para seleccionar um hino de proclamação nacional. Esta última foi finalmente vencida por Leopoldo Miguez, conforme reconhecido oficialmente no decreto número 171 de 20 de janeiro de 1890. 

O governo provisório reconheceu oficialmente a música, mas não a letra, através do Decreto 171 de 1890. A execução da mesma era realizada exclusivamente por instrumentos; no entanto, mesmo essa execução carecia de uniformidade, o que levou o compositor Alberto Nepomuceno a sugerir uma reforma do hino ao presidente Afonso Pena em 1906. 

Em 1909, foi realizado um concurso para selecionar uma letra que acompanhasse a já aceita composição oficial do Brasil. Hino Nacional. Devido ao seu perfeccionismo, Duque-Estrada fez alterações em novas passagens desde então até sua adoção oficial em 1922.  Porém, não houve consenso sobre a letra e tornou-se objeto de acalorados debates tanto na imprensa quanto no parlamento. Consequentemente, foram aprovadas às pressas para execução durante as comemorações do primeiro centenário do Brasil após a independência, em setembro de 1922. 

Em 21 de agosto de 1922, a União adquiriu a propriedade plena e definitiva da carta por R$ 5.000 (cinco mil reais) por meio de decreto número 4.559 emitido pelo então presidente Epitácio Pessoa. 

Em 1917, o cantor Vicente Celestino foi o primeiro a gravar o Hino Nacional acompanhado pela Banda do Batalhão Naval e um coral durante os refrões. A tonalidade B bemol desta versão tornou a interpretação difícil para as pessoas. A banda tocava em ritmo mais lento e solene no acompanhamento de Celestino, mas mantinha seu estilo tradicional (mais rápido e animado) apenas nos refrões - essa variação levou uma comissão oficial responsável pela reavaliação dos hinos nacionais a apreciá-la em 1936, ao mesmo tempo que causou insatisfação entre as bandas militares de daquela vez. No entanto, esta versão foi oficializada em 1922.

Pedro e a Proclamação da Independência do Brasil: O Grito do Ipiranga e a Aclamação como Imperador


Dom Pedro I foi para a região de São Paulo com o objetivo de garantir a fidelidade dos habitantes em relação ao movimento pela independência do Brasil. Ele chegou à capital no dia 25 de agosto e chegou lá até o dia 5 de setembro.

Durante uma viagem, Leopoldina, sua esposa, casou-se com o regente. Ao se deparar com os critérios de Portugal para que ambos retornassem a Lisboa, convocou uma sessão extraordinária do Conselho de Estado para 2 de setembro de 1822 e junto com os ministros decidiu pela separação definitiva do Brasil de Portugal. Ela então assinou a declaração de independência antes de enviar o mensageiro Paulo Bregaro para informar Pedro sobre o ocorrido.

No dia 7 de setembro, ao retornar à província do Rio de Janeiro, Pedro recebeu uma carta de José Bonifácio e Leopoldina. O príncipe foi informado de que todas as ações do gabinete de Bonifácio foram invalidadas pelas Cortes e o pouco poder que ainda detinha foi retirado. Dirigindo-se aos seus associados - incluindo a sua Guarda de Honra - Pedro declarou a famosa declaração: "Amigos, as autoridades portuguesas procuram escravizar-nos e perseguir o nosso povo. A partir de hoje, já não estamos unidos." Ele então arrancou o símbolo azul e branco que representava Portugal enquanto implorava aos seus soldados: "Retirem suas insígnias! Viva a independência! A liberdade no Brasil está em jogo!" desembainhando sua espada agora brandida para dar ênfase, declarando: "Pela minha linhagem; Minha honra diante de Deus acima de todas as coisas - juro que [meu dever] será garantir a liberdade no Brasil". Finalmente acrescentando enfaticamente: “Independência ou morte!”. Esse evento mais tarde ficaria conhecido como Grito do Ipiranga.

Segundo as literaturas históricas de Cintra (1922, p. 38) e Pimenta (1972, p. 81), a proclamação da independência do Brasil através do Grito do Ipiranga ocorreu desta maneira:

Ao chegar em São Paulo na noite de 7 de setembro do ano de 1822, Pedro e seus acompanhantes comunicaram a notícia da independência do Brasil ao domínio português. O príncipe foi recebido com uma grande celebração popular, sendo aclamado tanto como o "Rei" quanto como o "Imperador" do país. Em seguida ele passou até o Rio de Janeiro onde nos dias seguintes foram divulgados panfletos (escritos de Joaquim Gonçalves Ledo), confirmando que Pedro foi declarado Imperador Constitucional. No dia 17 de Setembro José Clemente Pereira, Presidente Municipal Do Rio De Janeiro invejo para as outras municipalidades brasileiras a notificação oficial Aclamação seria realizada no aniversário ("Dia das Crianças"), em 12 outubro. Logo após esse acontecimento foram estabelecidas novas bandeiras bem diferentes e brasões também diferenciados dos antigos aos quais representariam assim um novo nascimento livre imparcial desde então.

A separação oficial de Portugal só ocorreu em 22 de setembro de 1822 através de uma carta escrita por Pedro a João VI. Na correspondência, Pedro ainda se refere a si mesmo como “Príncipe Regente”, enquanto seu pai é tratado como Rei do Brasil Independente. No dia 12 de outubro, no Campo de Santana (mais tarde conhecido como Campo da Aclamação), o Príncipe Pedro foi aclamado Dom Pedro I - Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, marcando simultaneamente o início de seu reinado e do Império Brasileiro. Porém, ficou claro que se Dom João VI voltasse ao Brasil, então apesar de aceitar este título; ele abdicaria em favor dele, por decreto imperial.

O título imperial foi escolhido com a intenção de simbolizar a continuidade da tradição dinâmica portuguesa, enquanto o título de rei poderia ser visto como uma manifestação do temido absolutismo. Além disso, o próprio processo de aclamação popular na antiga Roma serviu como inspiração para essa decisão. Em 1º dezembro de 1822 - data que marca a aclamação inaugural de D.João IV -, Pedro I finalmente recebeu sua coroação e consagração ao cargo imperial.

Dom Pedro I: O Legado de um Líder Brasileiro


Nascido em Queluz em 12 de outubro de 1798 e ali falecido em 24 de setembro de 1834, Pedro I e IV foi apelidado de “o Libertador” e “o Rei Soldado”. Foi o primeiro Imperador do Brasil desde a sua entronização até a sua abdicação em 1831. Além disso, ocupou o título de Rei de Portugal e Algarves por um breve período entre março e maio de 1826. Como quarto filho de João VI com a rainha Carlota Joaquina da Espanha, pertencia à linhagem Bragança. Inicialmente baseado fora de Portugal durante a infância, até que as forças francesas invadiram a sua terra natal, forçando-os ao exílio; em última análise, mudando-se para o Brasil.

A eclosão da Revolução Liberal no Porto em 1820 obrigou João VI a regressar a Portugal em abril do ano seguinte, deixando Pedro para trás como seu regente. Teve de lidar com ameaças das tropas revolucionárias e desobedientes portuguesas, que acabaram por ser subjugadas. Desde a chegada da família real portuguesa em 1808, o Brasil gozava de significativa autonomia política; no entanto, a ameaça de Portugal de revogar estas liberdades criou grande descontentamento na sua colónia. Pedro ficou do lado dos brasileiros e declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Ele foi aclamado como imperador em 12 de outubro e derrotou todas as forças religiosas presentes até março do ano seguinte. Poucos meses depois, ele esmagou a Confederação do Equador – uma rebelião separatista que eclodiu inicialmente na província de Pernambuco antes de se espalhar para outras províncias do Nordeste – sob os pés.

No início de 1825, eclodiu uma nova rebelião na província Cisplatina, seguida de uma tentativa das Províncias Unidas do Rio da Prata de anexá-la. Isso levou o Brasil a entrar na Guerra da Cisplatina. Entretanto, Pedro proclamou-se rei de Portugal, mas rapidamente abdicou em favor da sua filha mais velha, Maria II. A situação piorou em 1828, quando uma guerra fez com que o Brasil perdesse o controle sobre a Cisplatina, que se tornou um país independente conhecido como Uruguai. Nesse mesmo ano, D.Miguel -irmão mais novo de Pedro- foi aclamado Rei de Portugal pela sua corte em meio a escândalos sexuais que mancharam as negociações. Dificuldades adicionais surgiram no parlamento brasileiro, onde os debates políticos desde 1826 começaram a abordar se o governo deveria ser escolhido pelo imperador ou pela legislatura. Pedro lutou contra problemas simultâneos que ocorriam tanto com o Brasil quanto com Portugal. segundo filho, Pedro II, e partiu para a Europa.

Em julho de 1832, Pedro liderou um exército formado principalmente por mercenários estrangeiros e invadiu Portugal. Embora inicialmente tenha se envolvido em uma guerra civil portuguesa, seu conflito logo cresceu para incluir toda a Península Ibérica como parte de uma disputa entre os defensores do liberalismo e aqueles que queriam retornar ao absolutismo. Poucos meses depois da vitória dos liberais sobre seus oponentes, Pedro morreu de tuberculose em 24 de setembro de 1834. Ele é amplamente considerado pelos contemporâneos e pela posteridade como uma figura importante na promoção dos ideais liberais que ajudaram Brasil e Portugal a abandonarem regimes absolutistas em favorecer formas mais representativas de governo.

Pedro Álvares Cabral: O Descobridor do Brasil

Foto: Wikki Commons


Pedro Álvares Cabral, cujas datas de nascimento variam entre 1467 e 1468 em Belmonte e faleceu por volta do ano de 1520 em Santarém; foi um nobre português, comandante militar, navegador e explorador creditado pela descoberta do Brasil. Ele realizou uma exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora sejam escassos os detalhes sobre a vida de Cabral, o que se sabe é que ele veio de uma família aristocrática localizada no interior e recebeu uma boa educação formal.

Foi nomeado para liderar uma expedição à Índia em 1500, seguindo uma rota recém-inaugurada por Vasco da Gama que circunavegou a África. O objectivo deste empreendimento era adquirir especiarias e estabelecer relações comerciais com a Índia - contornando o monopólio do comércio de especiarias então controlado por comerciantes árabes, turcos e italianos. A sua frota de 13 navios viajou para longe da costa africana, talvez desembarcando intencionalmente no que inicialmente pensou ser uma grande ilha a que deu o nome de Vera Cruz e à qual Pero Vaz de Caminha referiu. Exploraram a costa e descobriram que poderia fazer parte de um continente maior; por isso enviaram um navio de volta para casa notificando o rei Manuel I sobre a sua descoberta. Como este novo território ficava dentro do hemisfério de Portugal de acordo com o Tratado de Tordesilhas, eles o reivindicaram para a sua Coroa, já que os territórios portugueses constituiriam mais tarde o Brasil, depois de terem desembarcado na América do Sul para reabastecer com sucesso antes de continuarem para o leste em direção à Índia.

Durante a mesma expedição, uma tempestade no Atlântico Sul causou a perda de sete navios; os restantes seis navios acabaram por regressar - alguns parando em Moçambique antes de seguirem para Calicut, na Índia. Inicialmente, negociações bem-sucedidas foram feitas por Cabral para os direitos comerciais de especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram os negócios portugueses como uma ameaça ao seu monopólio e incitaram ataques muçulmanos e hindus ao assentamento português, resultando em várias vítimas e destruição de edifícios. Em retaliação, Cabral saqueou e queimou uma frota árabe e rapidamente bombardeou a cidade devido à incapacidade do seu líder em explicar as suas ações relativas à não manutenção da paz entre eles. A viagem de Calicut continuou para outra cidade-estado indiana chamada Cochin, onde Cabral fez amizade com governantes e abasteceu seus barcos com produtos picantes ainda mais procurados antes de retornar para casa, na Europa.
Foto: Wikki Commons

Cabral foi posteriormente preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais forte na Índia, possivelmente como resultado de desentendimentos com Manuel I. Tendo perdido o favor do rei, retirou-se da vida pública e há poucos registos dos seus últimos anos. . As suas conquistas foram esquecidas por mais de 300 anos, até que o legado de Cabral começou a ser reabilitado pelo Imperador Pedro II do Brasil, várias décadas depois de o Brasil ter conquistado a independência de Portugal no século XIX. Desde então, os historiadores debatem se Cabral descobriu o Brasil e se foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida através da observação de que os encontros superficiais dos exploradores anteriores mal notaram algo significativo sobre o que se tornaria conhecido como único entre as nações latino-americanas onde o português continua a ser hoje uma língua oficial. Em relação a esta última questão, ainda não foi alcançado um consenso definitivo sobre se esta descoberta tinha provas sólidas por trás de quaisquer alegações de intencionalidade feitas no sentido de que as suas origens eram ocorrências deliberadas e não coincidentes. No entanto, Cabral é considerado uma das figuras mais importantes durante a Era da Europa. Período de descoberta, apesar de outras descobertas famosas ofuscarem sua reputação às vezes

Nascido em Belmonte e criado como membro da nobreza portuguesa, Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, com cerca de doze anos. Ele recebeu educação em humanidades e treinamento para combate e manuseio de armas. Em 30 de junho de 1484, com cerca de dezassete anos, foi nomeado escudeiro (título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II.

Os registos das ações de Cabral antes de 1500 são incrivelmente incompletos, mas é possível que ele tenha viajado pelo Norte de África como os seus antepassados ​​e outros jovens nobres da época. (5) (6) Dois anos depois de ascender ao trono, o rei D. Manuel I concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497. (7) (8) Por volta desta mesma época, foi também nomeado fidalgo no Conselho do Rei e nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. (8) Não existem imagens contemporâneas ou descrições físicas detalhadas para Cabral; porém sabe-se que ele possuía grande força, igualando a altura de seu pai, com aproximadamente 1,90 metros de altura . As características conhecidas sobre ele incluíam ser culto, cortês, generoso com os inimigos, humilde, mas também vaidoso.

 Além disso, o respeito comandado pelo status era uma grande preocupação para Cabral.


Partida e chegada à nova terra

Sob o comando de Cabral, então com 32-33 anos, uma frota partiu de Lisboa ao meio-dia do dia 9 de março de 1500. Na véspera da partida houve uma despedida pública da tripulação que incluiu missa e celebrações com a presença do rei, oficiais do tribunal e uma enorme multidão. No dia 14 de Março, durante a manhã, uma parte desta frota passou pela ilha da Grã Canária -a maior ilha entre as Ilhas Canárias-, seguindo depois para Cabo Verde, que se situa ao longo da costa oeste de África. Eles chegaram lá em 22 de março seguindo seu curso. No dia seguinte, um navio contendo cerca de cento e cinquenta homens conduzido por Vasco de Ataíde separou-se completamente sem deixar vestígios, depois de atravessar a linha do Equador durante o dia nove de abril chegou mais perto o mais longe possível. Uma técnica de navegação conhecida como volta do mar utilizada aqui os ajudou a avançar para o oeste no Oceano Atlântico a partir da direção do continente africano. Os marinheiros notaram avistamentos de algas marinhas por volta de 21 de abril os fizeram acreditar que se aproximavam das águas costeiras. aconteceu quando as forças ancoraram nas proximidades do que mais tarde se intitulou Monte Pascoal (que no seu nome indica montanha da Páscoa). Está em algum lugar próximo à atual costa nordeste do Brasil.

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Em 23 de abril, os portugueses detectaram moradores na costa e todos os capitães se reuniram a bordo do navio de Cabral. Cabral instruiu Nicolau Coelho - capitão que viajou com Vasco da Gama para a Índia - a desembarcar e estabelecer contacto. Ele pisou em terra e trocou presentes com os nativos.  ​​Após o retorno de Coelho, Cabral tentou que sua frota rumasse para o norte, onde ancorou em Porto Seguro depois de viajar 65 km em 24 de abril. Era um porto natural, e Afonso Lopes (o navegador-chefe do navio principal) trouxe dois índios a bordo para que pudessem comunicar com Cabra os ataques associados contra forças especiais secretas no estrangeiro.

Assim como no primeiro encontro, o encontro foi amigável e Cabral ofereceu presentes aos indígenas. Eles eram caçadores-coletores da Idade da Pedra que os europeus rotularam como "índios". Os homens colhiam alimentos através da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Pertenciam a várias tribos rivais, incluindo a tribo Tupiniquim que Cabral encontrou.  Alguns deles eram nômades, enquanto outros se estabeleceram - eles sabiam como usar o fogo, mas não os metais. Algumas tribos até praticavam o canibalismo. No dia 26 de abril (Domingo de Páscoa), à medida que apareciam mais nativos curiosos, Cabral incitou seus homens a construir um altar de terra onde uma missa católica era presidida por Henrique de Coimbra - o que marcou a primeira cerimônia religiosa do Brasil em seu solo. .

Os portugueses ofereceram vinho aos índios, mas estes não apreciaram a bebida. Eles desconheciam o vasto conhecimento que esse povo possuía na produção de diversas bebidas fermentadas por meio de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos - totalizando mais de oito tipos diferentes. 

Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira – possivelmente com sete metros de altura. Cabral percebeu que as novas terras ficavam a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha estabelecida no Tratado de Tordesilhas. Portanto, este território estava dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre essas terras, a cruz de madeira e outra missa foram celebradas no dia 1 de maio. Em homenagem a isso, Cabral batizou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz. No dia seguinte, um navio de abastecimento comandado por Gaspar de Lemos  ou por André Gonçalves  (há um conflito entre as fontes sobre quem tinha sido enviado), o comando voltou a informar o seu rei através da carta de Pero Vaz de Caminha sobre a sua descoberta.

O caminho da índias

Em 2 ou 3 de maio de 1500, a frota retomou sua viagem ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha descoberto um continente inteiro e não apenas uma ilha. Por volta de 5 de maio, o esquadrão virou-se para a África para seguir para o leste. Em 23 ou 24 de maio [59], enquanto estavam na zona de alta pressão da região sul do Oceano Atlântico, chamada de "latitudes de cavalo", eles encontraram uma tempestade que resultou na perda de quatro navios no mar; no entanto, a sua localização precisa é desconhecida e tem sido especulada como algo próximo de Cape Hope, no extremo sul de África [63], até à vista da costa sul-americana [64]. Três embarcações juntamente com a caravela de Bartolomeu Dias foram afundadas, perdendo cerca de trezentos e oitenta homens envolvidos que pereceram debaixo de água.[65].

Devido ao mau tempo e danos aos seus equipamentos, os navios restantes se separaram. Um destes navios liderados por Diogo Dias continuou sozinho enquanto os outros seis se reagruparam em dois grupos de três cada. O grupo de Cabral navegou para leste passando pelo Cabo da Boa Esperança até determinar a sua posição e avistar terra onde virou para norte e desembarcou algures no arquipélago da Primeira e Segunda Ilhas ao largo da costa da África Oriental, a norte de Sofala. A frota principal permaneceu perto de Sofala durante dez dias em reparações; depois disso, uma expedição rumou para o norte, chegando a Quiloa em 26 de maio, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com seu rei.

De Quiloa, uma frota partiu para Melinde e chegou no dia 2 de agosto. Cabral reuniu-se com o rei local, trocou presentes e estabeleceu relações de amizade. Em Melinde, os pilotos também foram recrutados para a etapa final da viagem à Índia. Antes de chegarem ao seu destino final, pararam na ilha de Angediva, onde os navios a caminho de Calecute se reabasteciam, sendo encalhados para que pudessem ser submetidos a calafetagem e pintura antes de fazerem os preparativos em antecipação ao encontro com o governante de Calecute. 

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