Resenha: Quincas Borba, de Machado de Assis


ISBN-13: 9788594318855
ISBN-10: 8594318855
Ano: 2019 / Páginas: 240
Idioma: português
Editora: Principis

O romance trata da ascensão social de Rubião que, após receber toda a herança do filósofo louco Quincas Borba - criador da filosofia "Humanitas" - muda-se para a Corte no final do século XlX. Numa viagem de trem rumo à capital, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que percebe estar diante de um ingênuo - e agora rico - provinciano: impressão que também é compartilhada por todos os que estão ao seu redor. As desventuras de Rubião e sua relação com os amigos parasitários dão a tônica da obra, que critica o convívio social e os valores morais e éticos vigentes na época.

Resenha Crítica:
Quincas Borba, Machado de Assis

Quincas Borba foi escrito em 1891, é um livro de Romance que tem um foco narrativo em terceira pessoa é uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo crítica à sociedade a partir do comportamento de determinados personagens e tem como tema a loucura despertada através de um processo que ativa fatores ocultos e ela é composta de inicio, meio e fim bem delineados. O narrador se distancia para observar os personagens, contudo em muitas ocasiões se aproxima para fazer zombaria do leitor.

O ambiente em que o livro é escrito inicia e termina em Barbacena, Minas Gerais. Sendo que todos os fatos intermediários ocorrem na cidade do Rio de Janeiro. A sociedade sofre alteração conforme o ambiente. Em Barbacena a sociedade era uma sociedade pacata, em Rio de Janeiro estavam os maiores, a elite, e lá havia mais uma variedade de pessoas. A Corte, durante o segundo reinado, era a Capital do Rio de Janeiro, cuja a moda era ditada pela tendência Francesa.

O enredo é organizado, mas há episódios que destacam apenas um assunto, embora tenham relação entre si. O clímax se inicia quando Rubião se declara a Sofia e é rejeitado, daí em diante começam os “parasitas” a rodear seus bens. Quando Carlos Maria se introduz no contexto, isso faz com que Rubião se abale, ele começa a desejar a amada com enormes ciúmes do galanteador que a rodeava, se associa com Camacho e começa a perder dinheiro. O desfecho mostra Rubião iludido e explorado, ao fim, com sua cabeça totalmente confusa, ele desaparece e aparece em Barbacena totalmente desamparado. Recolhido por uma dona, ele falece na casa desta.

Nesta obra o mais importante é o caráter dos personagens. Eles não estão presos à trama da narrativa. Movimentam-se em um ambiente mais de reflexões do que de ação. Os personagens ficam sempre passivos, e esta força determina-lhes as ações.
O personagem principal é Rubião protagonista da história, é indeciso, volúvel, ambicioso, megalomaníaco, obsessivo, conflituoso, ciumento, ingênuo, herda uma fortuna de um amigo, Quincas Borba, em favor de cuidar de seu cão.

Joaquim Borba dos Santos conhecido como Quincas Borba, Filósofo doido, esquisito, com freqüente alteração de humor, extravagante, bom, alegre, lutava contra o pessimismo filósofo, tinha um cachorro com o mesmo apelido “Quincas Borba”. Ele herdara de um tio uma fortuna, que mais adiante é passada a Rubião.
Sofia é vaidosa, orgulhosa, dominadora, fria, ambiciosa, caráter ambivalente, frívola, sensual e dissimulada. Mulher de Cristiano se une com o marido a fim de explorar Rubião. È por ela quem Rubião se encanta e acaba sendo iludido

Cristiano de Almeida Palha é egocêntrico, bajulador, interesseiro, parasita, desonesto, astuto, capitalista e infiel amigo de Rubião, quer explorar as riquezas herdadas de Rubião. Maria Benedita é prima de Sofia que acaba se casando com Carlos Maria, homem por quem Sofia se encanta.

Maria da Piedade é irmã viúva de Rubião, na qual chama a atenção de Joaquim Borba dos Santos. Recusa a declaração do mesmo e acaba falecendo.
Carlos Maria é chamado de rival por Rubião, ele conquista o coração de Sofia, com seu típico modo galanteador. Ao final das contas, Carlos Maria casa-se com Maria Benedita, prima de Sofia. Camacho é advogado e falso Jornalista, aproveita a ingenuidade de Rubião para levar a assuntos políticos.

Quincas Borba, o cachorro: de meio tamanho, pêlo cor de chumbo, malhado de preto, era cachorro de Joaquim Borba de Santos, também Quincas Borba. O dono dera ao cachorro esse nome, em razão de quê se ele falecesse, o cão estaria presente para representar o dono, com o mesmo nome.

A linguagem do livro é pomposa e enriquecida com constante uso do vocabulário latino. É um livro realista, pois mostra a realidade de uma sociedade onde cada um quer ser melhor que o outro, ter mais do que o outro, retratando o homem em sua sociedade criticando seus comportamentos. A obra se concentra na filosofia de Quincas Borba “Ao vencedor, as batatas”. Que pode ser interpretada, “somente os mais fortes sobreviverão”, e Rubião, ingênuo e “fraco”, estava num meio social diferente do que ele vivia, com interesses capitalistas, os mais “fortes” tiraram proveito de sua fraqueza.

A análise psicológica dos personagens feitas por Machado de Assis é minuciosa. Nenhuma palavra, nenhum adjetivo é empregado por acaso. Ele descreve os detalhes sem ser cansativo. Esse livro expõe a teoria do filósofo Quincas Borba (Ao vencedor, as batatas!), a fragilidade psicológica de Rubião, seu relacionamento com Sofia e Cristiano Palha, enfim, a trajetória de Rubião desde que recebeu a herança do seu amigo filósofo - que lhe deixou entre as riquezas seu cão homônimo. Um bom livro, um clássico da literatura brasileira, na minha há opinião valeu a pena, pois a história relata como as pessoas abusam uma das outras sem piedade, ainda mais quando se trata de dinheiro.

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