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[RESENHA #942] O caçador da escuridão, de Donato Carrisi

APRESENTAÇÃOMarcus não possui identidade, memória, amor ou ódio. Ele só tem duas coisas: raiva e um talento que faz questão de esconder. Ele é o último dos penitencieiros: um padre com a capacidade de rastrear anomalias e vislumbrar os fios que tecem a trama de cada assassinato. Mas nem todas as tramas podem ser reconstruídas.

Sandra é uma mulher tentando se recompor. Ela também trabalha em cenas de crime, mas, ao contrário de Marcus, não precisa se esconder, apenas atrás das lentes de sua câmera. Sandra é fotógrafa forense, e seu talento é registrar o nada para torná-lo visível. Mas desta vez o nada ameaça engoli-la.

Uma série de mortes acontece em Roma num padrão terrível, mas sedutor. E, cada vez que Marcus e Sandra acham que entenderam parte da verdade, eles descobrem um cenário ainda mais perturbador e ameaçador.

Um novo thriller literário sensacional do autor best-seller de O aliciador e de O tribunal de almasO caçador da escuridão capta a bela atmosfera de Roma e explora seus segredos mais sombrios.

RESENHA 

Viemos ao mundo e morremos esquecidos.

A mesma coisa aconteceu com ele. Ele nasceu pela segunda vez, mas ele teve que morrer primeiro. O preço foi esquecer quem ele era. eu não Eu existo, ele repetia para si mesmo, porque era a única verdade que ele conhecia.

A bala que perfurou sua têmpora havia tirou o passado e, com ele, sua identidade. No entanto, não fez nada os centros gerais de memória e linguagem, e – estranhamente – ele falava vários línguas. Esse talento singular para línguas era a única coisa certa sobre si mesmo.

Enquanto, em Praga, esperava numa cama de hospital por para descobrir quem ele era, ele acordou uma noite e o encontrou ao lado da cama um homem de aparência suave, com cabelo preto repartido parte e o rosto de um menino. Ela sorriu para ele, proferindo apenas uma frase.

“Eu sei quem você é.”Essas palavras deveriam tê-lo libertado, mas em vez disso foram apenas o prelúdio para um novo mistério.

Marcus possui um dom singular, ou talvez seja uma maldição. Ele tem a habilidade de enxergar o mal disfarçado na aparente normalidade da vida cotidiana, captando perturbações quase imperceptíveis. Ele chama essas perturbações de "anomalias". Marcus consegue se conectar com os criminosos a ponto de interpretar sua psicologia com base nos detalhes dos locais dos crimes, revelando significados ocultos para os outros.

Marcus é membro de uma instituição prisional que está sendo investigada pela Igreja. Nessa instituição, encontra-se o maior arquivo de crimes da história humana. Entre todos os tipos de crimes, ele se concentra naquele que envolve um mal absoluto, um pecado mortal, a personificação do diabo. Há tantas maneiras de tentar expressar algo tão elusivo e assustador: o mal intrínseco à alma humana.

Mas, quem é de fato Marcus?

Existe um lugar onde o mundo da luz se encontra com aquele da escuridão. É onde tudo acontece: na terra das sombras, onde tudo é rarefeito, confuso, incerto. Você foi um guardião colocado para defender isso limitar. Porque de vez em quando alguma coisa acontece. Sua tarefa era mande-o de volta.

Há muito tempo você fez um juramento: ninguém o fará saiba da sua existência. Nunca. Você só poderá dizer quem você é a tempo ocorre entre o relâmpago e o trovão.

Você é o representante máximo de uma ordem sagrada. A penitenciária. Você esqueceu o mundo, mas o mundo também se esqueceu de você. Mas era uma vez, as pessoas chamavam vocês de caçadores das trevas.

Ele é conhecido como o caçador das trevas. No começo do romance, ele recebe o chamado para investigar o brutal assassinato de uma freira em uma floresta no interior do Vaticano. Marcus, também conhecido como o "penitencieiro", é identificado por figuras influentes do Vaticano como o indivíduo ideal para perseguir o mal onde quer que ele se esconda. A partir daí, desenrola-se uma história repleta de reviravoltas e segredos terríveis.

A investigação de Marcus começa nos jardins do Vaticano, onde uma freira é encontrada desmembrada. Durante suas investigações, ele se depara com outros crimes macabros, como o ataque a casais com rituais bárbaros e incompreensíveis. A tensão emocional é sempre alta, não há momentos de pausa e a cada capítulo surgem novas reviravoltas e mistérios.

Um objeto estranho é descoberto na cena do crime simbólico: uma boneca feita de sal. A emocionante história continua delineando a identidade do assassino, um louco homicida que "se não for detido, não Vai parar." Marcus, portanto, continua o suas investigações nas sombras, convencendo-se de que o assassino mata "por necessidade". Para entender e descobrir o que está por trás do massacre, precisaremos nos aprofundar mistérios obscuros. 

O leitor, lendo Carrisi, deve libertar sua mente de tudo limitação, deve aceitar pistas contínuas que mostram cada vez mais cenários perturbador e ameaçador. Você terá que, com fé, aceitar a existência do Instituto Hamelin, onde as crianças que mataram ou foram levadas eles mostraram tendências homicidas marcantes. Será uma instituição de saúde, de reeducação? Não! O objetivo do instituto é selecionar e apoiar os a criança mais “criminosa”, “mais perversa”.  

O monstro narra, através dos crimes, uma história conto. Seu impulso assassino tem um propósito, precisa de público, sim expressa através de figuras antropomórficas. Conheceremos a criança salgada, a filho da luz, filho do fogo, homem com cabeça de lobo. O que eles representam? São símbolos do Mal, estão ligados a eventos criminosos através do qual eles contam seu próprio conto de fadas pessoal, onde nem todos os homens eles apoiam os “mocinhos”, muitos estão do lado dos bandidos. Ontem como hoje, o homem sempre adorou a violência: no passado, os cidadãos do Coliseu acompanharam, com grande participação, o espetáculo dos gladiadores que eles se mataram. Hoje, com a mesma morbidade, são muitos os que seguem a eventos de notícias criminais.

Marcus tentará, e nós com ele, lutar contra o Mal, vivendo suas próprias esperanças e medos. Será impossível se desvencilhar este livro até que, num crescendo de tensão, você chega ao último linha. Mas mesmo depois de ler o final, envolvente e inesperado, há você perceberá que a palavra “fim” perde, com Carrisi, seu significado: O mal só perdeu uma batalha, não a guerra. Ao longo da história, outros personagens entram em cena, como uma jovem fotógrafa forense policial, seu namorado ingênuo e um oficial russo com um filho vítima da loucura de seu pai. Marcus se vê envolvido em um emaranhado de situações obscuras, sem saber ao certo quem está por trás das missões que lhe são atribuídas.

A última aventura do penitencieiro revela uma verdade surpreendente, tanto dentro como fora dos muros do Vaticano. Durante uma viagem à África, ele descobre revelações chocantes que colocam em xeque a existência do bem sem o mal. O autor revela em entrevista que algumas referências históricas do romance são verdadeiras e que existem arquivos secretos no Vaticano inacessíveis ao público.

Apesar de apresentar momentos fictícios e caricatos, a narrativa de Carrisi possui um ritmo envolvente e momentos de suspense bem construídos. O autor não se aprofunda nos aspectos psicológicos dos personagens, focando mais no desenvolvimento da trama e na interligação das investigações. No entanto, ele demonstra meticulosidade ao encaixar todas as peças do quebra-cabeça, utilizando recursos visuais, como listas de elementos encontrados nas cenas dos crimes.

Um livro incrível para nos acompanhar em todos os momentos.

[RESENHA #941] As sete luas de Maali Almeida, de Shehan Karunatilaka


APRESENTAÇÃO: Colombo, Sri Lanka, 1990. Maali Almeida descobre da pior maneira possível que existe vida após a morte: ele acorda no Interstício, um lugar cheio de almas confusas e perdidas. Nessa espécie de purgatório, ele descobre que foi assassinado e que seu corpo desmembrado está afundando no Lago Beira, mas não faz ideia de quem o matou. Numa época em que o acerto de contas é feito por esquadrões da morte, capangas e homens-bombas, a lista de suspeitos é enorme.

Maali era fotógrafo de guerra, viciado em apostas e, apesar de ter se relacionado com muitos homens, nunca se assumiu gay. Antes de morrer, ele tirou fotos que poderiam abalar o seu país e as guardou em envelopes, cada um representado por uma carta de baralho. Para que a morte dele não seja em vão, ele precisa entrar em contato com as pessoas que ama, guiá-las até o esconderijo das fotografias e dar sua cartada final. Só tem um problema: se ele quiser ir para a Luz, precisa fazer isso antes da sétima lua.

As sete luas de Maali Almeida é um romance cheio de fantasia e realidade. Shehan Karunatilaka, um dos autores mais proeminentes do Sri Lanka, usa seu humor mordaz e transforma os leitores em testemunhas da brutalidade da guerra civil no país. Ao vagarmos com Maali pelo além, somos confrontados com verdades perturbadoras sobre a vida e a morte.

RESENHA

O cenário é Colombo, no final de 1989, quando a guerra civil no Sri Lanka causa caos e morte. Maali Almeida, uma fotógrafa freelancer, acorda na vida após a morte, chamada de In Between, sem memória de como morreu. O In Between é exatamente o que o nome sugere - um lugar conectado ao mundo dos vivos e um centro lotado de burocracia para as almas que se preparam para seguir em direção à Luz. Maali tem sete luas, o mesmo que sete dias, para resolver seus assuntos antes de ficar preso para sempre no In Between, onde sua alma ficará exposta a todos os tipos de ghouls, demônios, fantasmas famintos e monstros como o Mahakali. A vida após a morte é habitada por rebeldes mortos que querem vingança, suicidas que continuam a pular de prédios, turistas mortos que continuam a passear e Ajudantes que tentam orientar os recém-mortos nesta fase de transição. Durante sua jornada, Maali conversa com vários compatriotas que, em sua vida após a morte, refletem sobre diversos temas, como a situação política do Sri Lanka, religião, família, injustiça, guerra e o que realmente importa na vida. É uma escolha deliberada de Karunatilaka permitir que muitas vítimas do Sri Lanka falem, em vez de sucumbir ao "doce esquecimento e ao sono sem sonhos".

A vida após a morte de Maali é tão complexa quanto a sua vida. Ele é obrigado a ver seu corpo sendo cortado e jogado no poluído Lago Beira por "lixeiros" - criminosos contratados para se livrar dos inúmeros corpos que resultam dos atos violentos que marcam a guerra civil. À medida que Maali compartilha aos poucos a história de sua vida com o leitor, descobrimos sobre as fotos que ele guardou cuidadosamente - evidências de atrocidades cometidas contra civis por esquadrões da morte do governo, e dos funcionários corruptos que organizam esses atos horríveis - que podem ser a chave para seu assassinato. Há também os relacionamentos complicados com seu melhor amigo, colega de quarto e namorada falsa, Jaki, e seu amante secreto DD, filho de um poderoso ministro do governo. Enquanto Jaki e DD estão determinados a encontrar seu amigo desaparecido, Maali tenta desesperadamente levá-los às fotos e negativos que irão abalar a sociedade de Colombo.

O romance de Karunatilaka é divertido, mas também sombrio, confrontando o leitor com a realidade de um conflito que durou mais de duas décadas. A narrativa volta constantemente aos eventos sangrentos de 1983 - o começo oficial da longa guerra civil que foi principalmente travada entre o governo cingalês dominante do Sri Lanka e o grupo militante Tigres de Libertação do Tamil Eelam (LTTE) que lutava por uma pátria independente Tamil no norte e leste do país. Como fotojornalista e 'fixador' de entrevistas para a Associated Press, Maali interage com todas as facções do conflito, fornecendo vários suspeitos que poderiam ter sido responsáveis ​​por sua morte. Mas o mais importante é que o papel de Maali como personagem permite a Karunatilaka revelar uma sociedade profundamente e prejudicialmente dividida por diferenças étnicas e políticas. Como Maali escreve a um jornalista americano para explicar as complexidades do conflito: "Não tente procurar os mocinhos porque não há nenhum".

A narração de Maali é feita em segunda pessoa, uma abordagem incomum, que tem o efeito de mergulhar e conectar mais intimamente o leitor às experiências de Maali. Além disso, enfatiza sua descoberta de que os mortos estão sempre por perto, sussurrando para os vivos ou visitando-nos em nossos sonhos, confundindo a linha entre o que são nossos próprios pensamentos e o que está sendo sussurrado para nós.

Maali testemunhou a crueldade das rebeliões no Sri Lanka. Como jornalista e fotógrafo, seu sonho era tirar fotos "que derrubassem governos. Fotos que acabassem com as guerras". Ele fotografou "o ministro do governo que viu os selvagens de 1983 queimarem casas tâmeis e matarem seus moradores", e fez "retratos de jornalistas e ativistas desaparecidos, amarrados, amordaçados e mortos em custódia".

Essas fotos estão escondidas debaixo da cama na casa de sua família. Agora, preso no mundo inferior, ele tem apenas sete luas - uma semana - para se comunicar com sua amiga Jaki e sua prima, convencê-los a recuperar as fotos e espalhá-las por Colombo, a maior cidade do Sri Lanka, para revelar a violência extrema do conflito. Maali é informado de que "cada alma tem sete luas para andar pelo Intermediário. Para recordar vidas passadas. E depois, esquecer. Eles querem que você esqueça. Porque, quando você esquece, nada muda". Maali não quer que seu papel como testemunha seja esquecido. Sua própria morte lhe mostrou a fragilidade da vida, e as fotos são seu legado para seu país e uma defesa contra a amnésia coletiva.

As Sete Luas de Maali Almeida é escrito na segunda pessoa, o que dá à narrativa um leve efeito de distanciamento, mas é compensado pelo humor sarcástico. Em um trecho, o narrador diz: "Você tem uma resposta para aqueles que acham que Colombo está lotada: espere até vê-la cheia de fantasmas". Outro pergunta: "Os animais têm vida após a morte? Ou seu castigo é renascer como humano?" Outra característica atraente é o uso vivo de símiles: o corpo espancado de um homem é descrito como tendo costelas quebradas "como um coco rachado".

As Sete Luas de Maali Almeida é um romance que merece ser lido, tanto pela sua qualidade literária quanto pela sua relevância temática. É uma obra que nos faz rir, chorar, temer e esperar, ao mesmo tempo que nos mostra uma realidade que não podemos ignorar. É uma obra que nos faz lembrar que, como diz Maali, “quando você esquece, nada muda”.

[RESENHA #934] Dom Quixote, de Miguel de Cervantes


Dom Quixote é uma obra-prima da literatura mundial escrita por Miguel de Cervantes. Publicado pela primeira vez em 1605, o livro é considerado um dos mais importantes da história da literatura e um marco na literatura espanhola. Com uma narrativa rica e complexa, Dom Quixote retrata a história de um cavaleiro errante que busca justiça e aventura em um mundo que ele próprio cria em sua mente.

A história de Dom Quixote é ambientada na Espanha do século XVII e gira em torno de um personagem chamado Alonso Quijano, um homem de meia-idade que enlouquece após ler muitos livros de cavalaria. Convencido de que é um cavaleiro andante, ele decide adotar o nome de Dom Quixote e parte em busca de aventuras, acompanhado por seu fiel escudeiro Sancho Pança.

A narrativa de Cervantes é extremamente rica em detalhes e apresenta uma variedade de personagens e situações. Ao longo da história, Dom Quixote se envolve em uma série de episódios cômicos e trágicos, nos quais ele enfrenta moinhos de vento que acredita serem gigantes, desafia cavaleiros imaginários e se apaixona por uma camponesa chamada Dulcineia del Toboso, que ele idealiza como uma princesa.

Uma das características mais marcantes de Dom Quixote é a forma como Cervantes brinca com a realidade e a ficção. O autor utiliza a figura de Dom Quixote para explorar os limites entre a loucura e a sanidade, questionando a natureza da realidade e a importância da imaginação. Ao longo da história, Cervantes faz com que os personagens questionem se Dom Quixote é realmente louco ou se ele está apenas vivendo em um mundo de fantasia.

Além disso, o livro também aborda temas como a honra, a lealdade, a justiça e a busca pelo ideal. Dom Quixote é retratado como um herói idealista que luta por seus princípios, mesmo que isso o leve a situações ridículas e perigosas. Por outro lado, Sancho Pança representa a voz da razão e da realidade, constantemente tentando convencer Dom Quixote de que suas aventuras são apenas ilusões.

A escrita de Cervantes é brilhante e cheia de humor. Ele utiliza uma linguagem rica e poética para descrever as aventuras de Dom Quixote, criando um contraste entre a grandiosidade dos ideais do cavaleiro e a realidade mundana em que ele vive. O autor também utiliza uma série de recursos narrativos, como diálogos, cartas e narrativas dentro da narrativa, para enriquecer a história e explorar diferentes perspectivas.

Além disso, Dom Quixote é uma obra que transcende o tempo e o espaço. Embora seja ambientado na Espanha do século XVII, a história e os personagens são universais e atemporais. A figura de Dom Quixote, com sua busca por justiça e sua luta contra as injustiças do mundo, continua a ressoar com os leitores até os dias de hoje.

Curiosidades

O nome original do livro é "El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha".
Foi publicado pela primeira vez em dois volumes, em 1605 e 1615.
O autor, Miguel de Cervantes, foi um soldado, escritor e dramaturgo espanhol.
O livro é considerado uma das obras-primas da literatura universal.

Período histórico

O livro foi escrito no período da Espanha Barroca, que se estendeu do século XVI ao XVII. Nesse período, a Espanha era um império poderoso, mas também estava em declínio. O livro reflete esse contexto histórico, ao satirizar os valores da cavalaria medieval, que já estavam ultrapassados.

Importância política

O livro foi importante para a formação da identidade espanhola. Ele ajudou a criar um senso de unidade nacional, ao satirizar os valores da nobreza e exaltar os valores do povo.

Personagens

Os personagens principais do livro são:
  • Dom Quixote: um fidalgo da Mancha que perde a cabeça com os romances de cavalaria.
  • Sancho Pança: um camponês que se torna escudeiro de Dom Quixote.
  • Dulcinéia del Toboso: a amada idealizada de Dom Quixote.

Importância e relevância social

  • O livro é importante por diversos motivos, entre eles:
  • É uma obra de humor e crítica social.
  • É uma reflexão sobre a natureza humana.
  • É um clássico da literatura universal

O livro é relevante para a sociedade moderna por diversos motivos, entre eles:
  • Seus temas são universais e ainda são relevantes hoje.
  • Sua crítica social é ainda atual.
  • É uma obra de arte que continua a encantar leitores de todas as gerações.

O livro “Dom Quixote” é uma obra complexa e rica, que pode ser interpretada de diversas maneiras. É uma obra que continuará a ser estudada e admirada por muitas gerações.

Em suma, Dom Quixote é uma obra-prima da literatura que merece ser lida e apreciada. Com sua narrativa rica e complexa, personagens memoráveis e temas universais, o livro de Miguel de Cervantes continua a encantar e inspirar leitores de todas as idades. Seja pela sua crítica à sociedade, pela sua reflexão sobre a natureza da realidade ou pela sua capacidade de nos transportar para um mundo de aventuras e imaginação, Dom Quixote é uma leitura indispensável para qualquer amante da literatura.

[RESENHA #933] A alma encantadora das ruas, de João do Rio



“A Alma Encantadora das Ruas” é uma obra-prima da literatura brasileira escrita por João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto. Publicado em 1908, o livro é uma coletânea de crônicas que retratam a vida nas ruas do Rio de Janeiro no início do século XX. Com uma escrita envolvente e uma abordagem sensível, o autor nos leva a uma jornada pelas ruas da cidade, revelando os personagens e os acontecimentos que compõem o cenário urbano.

João do Rio é um observador atento da cidade e das pessoas que a habitam. Ele descreve com sensibilidade e humor os diferentes tipos de personagens que circulam pelas ruas da cidade, desde os ricos e poderosos até os pobres e marginalizados.

O livro é dividido em três partes: “A rua”, “O que se vê nas ruas” e “O que se ouve nas ruas”. Na primeira parte, João do Rio descreve a paisagem urbana do Rio de Janeiro, com seus edifícios imponentes, seus bairros pobres e suas favelas. Na segunda parte, ele retrata as diferentes profissões e atividades que se realizam nas ruas, desde os vendedores ambulantes até os artistas e intelectuais. Na terceira parte, ele aborda as manifestações culturais e religiosas que acontecem nas ruas, como as festas populares e as procissões religiosas.

Com aproximadamente 3000 palavras, o livro nos apresenta uma série de crônicas que exploram diferentes aspectos da vida nas ruas. Desde os vendedores ambulantes e mendigos até os artistas de rua e prostitutas, João do Rio retrata com maestria a diversidade e a complexidade da sociedade carioca da época. O autor mergulha nas histórias e nas personalidades desses personagens, revelando suas lutas, seus sonhos e suas esperanças.

Uma das principais características do livro é a forma como João do Rio descreve as ruas do Rio de Janeiro. Ele utiliza uma linguagem poética e rica em detalhes para nos transportar para esse ambiente urbano. As ruas ganham vida nas palavras do autor, tornando-se personagens por si só. Ele descreve as cores, os cheiros, os sons e as sensações que permeiam as ruas, criando uma atmosfera única e cativante.

Além disso, o autor também aborda questões sociais e políticas que permeiam a vida nas ruas. Ele critica a desigualdade social, a falta de oportunidades e a marginalização dos mais pobres. João do Rio mostra como a cidade é um reflexo dessas desigualdades, revelando as contradições e os conflitos que existem nas ruas. Ele nos faz refletir sobre a condição humana e a importância de olhar para além das aparências.

Outro aspecto interessante do livro é a forma como o autor retrata os artistas de rua. Ele descreve suas performances, suas habilidades e sua relação com o público. João do Rio mostra como esses artistas são capazes de encantar e emocionar as pessoas, mesmo em meio à dureza da vida nas ruas. Ele ressalta a importância da arte como forma de expressão e como uma maneira de encontrar beleza e esperança em meio ao caos urbano.

Além disso, “A Alma Encantadora das Ruas” também nos leva a refletir sobre a própria natureza das ruas. João do Rio nos mostra como elas são espaços de encontro, de convivência e de troca. Ele descreve as relações que se estabelecem nas ruas, os encontros fortuitos, as conversas e os gestos de solidariedade. O autor nos faz perceber que, apesar de todas as dificuldades, as ruas também são lugares de conexão e de humanidade.


A alma encantadora das ruas, de João do Rio, foi publicada em 1908. O período histórico em que o livro foi escrito foi marcado por grandes transformações no Brasil. O país passava por um processo de modernização, com o desenvolvimento da indústria, da urbanização e da cultura.

No Rio de Janeiro, capital do país, essas transformações eram especialmente visíveis. A cidade estava se tornando uma metrópole cosmopolita, com um contraste marcante entre a riqueza e a pobreza.

Personagens

Os personagens da obra A alma encantadora das ruas, de João do Rio, são os diferentes tipos de pessoas que circulam pelas ruas do Rio de Janeiro no início do século XX. João do Rio é um observador atento da cidade e das pessoas que a habitam. Ele descreve com sensibilidade e humor os diferentes tipos de personagens, desde os ricos e poderosos até os pobres e marginalizados.

Alguns dos personagens mais emblemáticos da obra incluem:O flanêur: O flanêur é um personagem típico da Belle Époque. Ele é um observador da cidade, que se diverte caminhando pelas ruas e observando as pessoas. João do Rio é um flanêur, e ele usa sua perspectiva de observador para retratar a vida nas ruas do Rio de Janeiro.
O pobre: O pobre é um personagem comum nas ruas do Rio de Janeiro. Ele é representado por diferentes tipos de pessoas, desde os trabalhadores braçais até os moradores das favelas. João do Rio mostra a pobreza e a marginalização das pessoas pobres, mas também mostra sua força e sua capacidade de sobrevivência.
O artista: O artista é um personagem que representa a cultura e a criatividade da cidade. João do Rio descreve artistas de diferentes tipos, desde os músicos e pintores até os escritores e poetas. Ele mostra como a arte é uma forma de expressão e de resistência para as pessoas que vivem nas ruas.

Além desses personagens, João do Rio também retrata uma variedade de outros tipos de pessoas, como os vendedores ambulantes, os intelectuais, os políticos, os religiosos e os criminosos. Ele cria um mosaico de personagens que retrata a diversidade da vida nas ruas do Rio de Janeiro.


Os personagens da obra A alma encantadora das ruas são importantes porque eles ajudam a construir um retrato fiel da cidade no início do século XX. Eles mostram a diversidade, a riqueza e a complexidade da vida nas ruas do Rio de Janeiro.

João do Rio, um dos principais cronistas do início do século XX, foi um observador atento desse período de transição. Em suas crônicas, ele registrou a vida nas ruas do Rio de Janeiro, retratando as diferentes classes sociais, as manifestações culturais e os costumes da época.

A alma encantadora das ruas é um retrato da Belle Époque brasileira, um período marcado por mudanças e contrastes. O livro é uma obra importante da literatura brasileira, pois contribuiu para a construção da imagem do Rio de Janeiro como uma cidade vibrante e multicultural.

Alguns aspectos específicos do período histórico que são abordados no livro incluem:
O desenvolvimento da indústria e da urbanização: João do Rio descreve as mudanças que estavam acontecendo na paisagem urbana do Rio de Janeiro, com a construção de novos edifícios, a expansão dos transportes e o crescimento da população.

  • O contraste entre a riqueza e a pobreza: O livro mostra o contraste entre a vida luxuosa da elite e a pobreza da maioria da população. João do Rio descreve as favelas, os cortiços e os bairros pobres do Rio de Janeiro.
  • A chegada de novas culturas: O livro também aborda a chegada de novas culturas ao Brasil, como a cultura europeia e a cultura africana. João do Rio descreve as festas populares, as manifestações religiosas e as artes tradicionais.

A alma encantadora das ruas é um livro que continua a ser relevante nos dias de hoje. O livro oferece um olhar sobre um período importante da história brasileira e ajuda a compreender a formação da identidade cultural do país.

Em suma, “A Alma Encantadora das Ruas” é uma obra que nos transporta para o Rio de Janeiro do início do século XX e nos apresenta uma visão única da vida nas ruas. Com uma escrita envolvente e uma abordagem sensível, João do Rio nos leva a uma jornada pelos personagens e pelos acontecimentos que compõem o cenário urbano. O livro nos faz refletir sobre a condição humana, a desigualdade social e a importância da arte e da solidariedade. Uma leitura indispensável para todos que desejam conhecer mais sobre a alma encantadora das ruas.

[RESENHA #835] Maré de mentiras, de Roberto Campos Pellanda


Sinopse: Anabela Terrasini vive em Sobrecéu, a mais poderosa das cidades marítimas. A vida previsível que ela leva chega ao fim com a notícia: o pai, o duque de Sobrecéu, está morto. No vazio de poder, em meio a conspirações que transformam velhos aliados em inimigos, Anabela compreende que o perigo que ela — e Sobrecéu — correm é muito real. Theo, o garoto sem sobrenome, vive sob o mantra: Nunca se envolver e nunca tomar partido. Mas quando a pequena Raíssa, uma menina muda que é a sua companheira de golpes nas ruas de Valporto, é sequestrada, Theo decide tomar para si a missão de resgatá-la. Na jornada, talvez ele encontre mais do que imagina e descubra que é hora de enterrar o passado — e o seu mantra — de uma vez por todas. Em Tássia, o comandante reformado Asil Arcan vive assombrado pelo conflito perdido vinte anos antes. Para Asil, a conta dos mortos é sua — e apenas sua. Em meio à miséria de uma existência sem sentido, ele passa a ser atormentado por estranhas visões: em um salão em chamas, uma menina pede por socorro. E se o chamado for verdadeiro? E se, junto com ele, houver também a chance de um recomeço?

RESENHA

Maré de Mentiras é um livro de fantasia adulta, escrito por Roberto Campos Pellanda, que narra as aventuras e conflitos de três personagens em um mundo dividido por guerras, intrigas e religião. O autor, que é doutor em literatura comparada e professor universitário, cria uma obra rica em detalhes, inspirações históricas e elementos fantásticos, que prende a atenção do leitor do início ao fim.

Os protagonistas são Anabela, Theo e Asil, que vivem em diferentes partes do mundo e têm suas vidas transformadas por eventos que os colocam em perigo e em contato com forças misteriosas. Anabela é a filha do duque de Sobrecéu, a mais poderosa das cidades marítimas, que precisa lidar com a morte do pai, as conspirações na corte e a ameaça de uma invasão. Theo é um ladrão que vive nas ruas de Valporto, uma cidade portuária, e que parte em busca de sua amiga Raíssa, sequestrada por um grupo estranho. Asil é um comandante reformado que carrega a culpa pela derrota na Guerra Santa, vinte anos atrás, e que começa a ter visões de uma menina em chamas, que parece pedir sua ajuda.

O estilo do autor é fluente, envolvente e criativo, misturando ação, suspense, drama e humor na medida certa. Os personagens são bem construídos, com personalidades, motivações e conflitos que os tornam humanos e cativantes. O autor também explora temas como política, religião, amizade, amor, lealdade, traição, sacrifício e redenção, que dão profundidade e relevância à obra. Além disso, o autor cria um universo fantástico, com uma geografia, uma história, uma cultura e uma mitologia próprias, que fascinam e surpreendem o leitor.

O livro é o primeiro volume da série Mar Interno, que promete ser uma saga épica e emocionante, com reviravoltas, revelações e desafios para os personagens e para o mundo que eles habitam. O livro termina com um gancho que deixa o leitor ansioso pela continuação, que deve ser lançada em breve.

A simbologia do livro está presente em vários aspectos, como nas cores, nos nomes, nos animais e nos objetos. Por exemplo, o azul é a cor de Sobrecéu, que representa o céu, o mar e a nobreza. O vermelho é a cor de Tássia, que representa o fogo, o sangue e a guerra. Os nomes dos personagens também têm significados relacionados à sua personalidade ou ao seu destino. Anabela significa “cheia de graça”, Theo significa “deus” e Asil significa “protetor”. Os animais que aparecem no livro também têm um papel simbólico, como o dragão, que representa o poder, o mistério e o perigo, e o cavalo, que representa a liberdade, a força e a lealdade. Os objetos que os personagens usam ou encontram também têm um valor simbólico, como o colar de pérolas de Anabela, que representa sua herança e sua identidade, o anel de Theo, que representa seu passado e seu segredo, e a espada de Asil, que representa sua honra e sua culpa.

A importância e a relevância cultural do livro estão em sua capacidade de entreter, educar e inspirar o leitor, que pode se identificar com os personagens, aprender com suas lições e se maravilhar com suas aventuras. O livro também contribui para a valorização da literatura fantástica nacional, que tem crescido e se diversificado nos últimos anos, mostrando que o Brasil tem autores talentosos e originais, capazes de criar obras de qualidade e de alcance internacional.

Maré de Mentiras é, portanto, um livro imperdível para os fãs de fantasia, que buscam uma leitura envolvente, criativa e emocionante. O autor demonstra sua habilidade narrativa, sua imaginação fértil e sua sensibilidade artística, criando uma obra que merece ser lida, relida e recomendada. Maré de Mentiras é um livro que não decepciona, que surpreende e que encanta. É um livro que faz o leitor mergulhar em um mar de emoções e de mentiras, mas também de verdades e de esperanças.

Portal Fazia Poesia abre chamada para equipe de poetas de 2024


Uma das referência no cenário da poesia independente contemporânea, o portal Fazia Poesia está com inscrições abertas para a sua equipe de poetas, que integrarão sua plataforma no Medium, a partir de 2024. Os interessados podem participar pelo edital disponível no site faziapoesia.com.br, até o dia 1 de dezembro, ou até atingir o limite de 300 inscrições. O resultado será divulgado no dia 15 de janeiro de 2024 pelo Instagram do portal (@faziapoesia) e os selecionados também serão informados por e-mail.

"Este ano vamos selecionar cerca de 50 pessoas. Para a inscrição ser concluída é necessário preencher o formulário oficial, disponibilizado tanto no edital quanto no artigo publicado no portal, no qual o inscrito deverá enviar seus dados, responder algumas breves perguntas e submeter quatro poemas", explica o editor-chefe do portal, Alex Zani. A participação será permitida apenas a pessoas com mais de 18 anos que possuam uma conta na plataforma Medium, onde o portal é hospedado.

A chamada deste ano tem como tema “Memória” que está presente na proposta de exercício para escrita do poema inédito que deve ser submetido junto à inscrição e também em toda a identidade da chamada: "Adotamos como mascote do projeto os galos e as galinhas domésticas, que podem trazer um aspecto de nostalgia, lembrança, de boas memórias para as pessoas que tiveram uma infância no interior. Ao mesmo tempo em que significa um despertar, um literal “acordar” para a possibilidade de mostrar a poesia ao mundo, integrando a nossa equipe de poetas", conta Zani.

Criado em 2016, o portal Fazia Poesia hoje conta com uma equipe de mais de 250 poetas – que alimentam o veículo com dois a quatro poemas por dia – e mais de vinte mil acessos mensais. Dedicado a promover a poesia em um momento no qual a produção contemporânea ganha novos contornos e significados, o portal se destaca por ser um espaço de troca e de celebração desse gênero literário. Para 2024, o portal tem planos de promover ações para aproximar os integrantes da equipe de poetas, como a criação de um grupo de estudos e eventuais disparos de exercícios que possam servir de estímulo para a escrita de poemas. "Além disso, temos uma super novidade que é a criação de um selo editorial", revela o editor-chefe.

Para mais informações sobre a seleção e acesso ao edital, clique aqui.

[RESENHA #797] Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa

Grande sertão: veredas é um romance publicado em 1956 pelo escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967), considerado um dos mais importantes da literatura brasileira e universal. A obra faz parte da terceira fase do modernismo, caracterizada pela experimentação linguística e pela abordagem de temas existenciais.

O livro narra a vida de Riobaldo, um ex-jagunço que conta suas aventuras, seus conflitos, seus amores e suas angústias ao longo de uma extensa conversa com um interlocutor desconhecido. Riobaldo vive no sertão, um espaço geográfico e simbólico que representa o cenário das lutas entre os bandos de jagunços, mas também o palco das reflexões sobre o bem e o mal, o destino e a liberdade, Deus e o diabo.

A obra se destaca pelo estilo inovador de Guimarães Rosa, que cria uma linguagem própria, baseada na oralidade, na inventividade, no uso de arcaísmos, neologismos, regionalismos e estrangeirismos. O autor também explora os recursos sonoros, rítmicos e imagéticos da língua, criando uma prosa poética de grande beleza e expressividade.

Os principais personagens do romance são Riobaldo, o protagonista e narrador; Diadorim, seu amigo de infância e grande amor, que esconde um segredo; Joca Ramiro, o chefe dos jagunços que representa a honra e a justiça; Hermógenes, o inimigo de Riobaldo e Joca Ramiro, que encarna o mal; Medeiro Vaz, o sucessor de Joca Ramiro e mentor de Riobaldo; e Zé Bebelo, o fazendeiro que se rebela contra os jagunços e depois se alia a eles.

O romance é repleto de ensinamentos, que podem ser extraídos das falas de Riobaldo, das histórias que ele conta, das citações que ele faz de autores clássicos e populares, e das metáforas que ele usa para ilustrar suas ideias. Alguns exemplos de citações marcantes são:

- "Viver é muito perigoso..."

- "O diabo na rua, no meio do redemunho..."

- "O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais."

- "O sertão é do tamanho do mundo."

- "Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo."

O romance também é rico em simbologia, que pode ser percebida nos nomes dos personagens, nos animais, nas plantas, nas cores, nos números, nos gestos, nos objetos, nos rituais, nos mitos e nas lendas que compõem o universo sertanejo. Por exemplo, o nome Riobaldo remete ao rio e ao fogo, elementos que representam a vida e a morte, a purificação e a destruição, a fluidez e a paixão. O nome Diadorim significa "o que atravessa o rio", o que sugere uma travessia, uma transformação, uma passagem de um estado a outro.

O romance também tem uma importância e uma relevância cultural imensas, pois retrata a realidade e a cultura do sertão brasileiro, valorizando a sua diversidade, a sua riqueza, a sua originalidade e a sua resistência. Além disso, o romance dialoga com outras obras da literatura nacional e universal, como Os Sertões, de Euclides da Cunha; Macunaíma, de Mário de Andrade; Dom Quixote, de Miguel de Cervantes; e Fausto, de Goethe.

Guimarães Rosa foi um escritor, médico e diplomata, que nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 1908, e morreu no Rio de Janeiro, em 1967. Foi um dos maiores renovadores da literatura brasileira, criando uma obra única e original, que mescla o regional e o universal, o erudito e o popular, o real e o fantástico. Além de Grande sertão: veredas, escreveu outras obras importantes, como Sagarana, Corpo de Baile, Primeiras Estórias e Tutaméia.

Grande sertão: veredas é, sem dúvida, uma obra-prima, que merece ser lida, relida, estudada e admirada por todos os que amam a literatura e a arte. É um livro que nos desafia, nos emociona, nos ensina e nos encanta, com sua linguagem, sua história, seus personagens, seus temas e seus mistérios. É um livro que nos revela o sertão, o Brasil e o mundo, mas também nos revela a nós mesmos, em nossa complexidade e nossa humanidade.

[RESENHA #764] Cartas, de Caio Fernando Abreu

Devolvemos ao público este volume de correspondência de Caio Fernando Abreu, esgotado havia vários anos, depois da pioneira edição pela editora Aeroplano, de 2002, uma iniciativa de Heloisa Buarque de Hollanda, composta por cartas enviadas por Caio a Maria Adelaide Amaral, Hilda Hilst, Flora Süssekind, Cida Moreira, Gilberto Gawronski, Jacqueline Cantore, João Silvério Trevisan, Mario Prata, entre outros. A presente edição das cartas de Caio marca os vinte anos de sua morte, ocorrida em 1996, e vem atualizada e enriquecida pelo acréscimo de cartas e cartões.

RESENHA

Cartas, de Caio Fernando Abreu, é uma coletânea de correspondências do escritor gaúcho com diversos amigos, colegas, familiares e amores, entre os anos de 1968 e 1995. O livro, organizado por Italo Moriconi, foi lançado em 2016, vinte anos após a morte de Caio, e traz uma visão íntima e reveladora de sua personalidade, de sua trajetória literária e de sua época.

Caio Fernando Abreu é considerado um dos principais representantes da literatura brasileira contemporânea, com uma obra marcada pela temática LGBT, pela abordagem da vida urbana, pela angústia existencial e pela busca de sentido em um mundo fragmentado e hostil. Seu estilo é econômico, direto, poético e confessional, misturando ficção e realidade, sonho e pesadelo, humor e melancolia.

Nas cartas, o leitor pode acompanhar as diferentes fases da vida e da carreira de Caio, desde sua estreia como contista na revista Cláudia, em 1966, até sua consagração como autor premiado e admirado pelo público e pela crítica. As cartas também revelam seus conflitos pessoais, como sua homossexualidade, sua relação com a família, sua perseguição pela ditadura militar, seu exílio na Europa, sua descoberta do HIV e sua luta contra a AIDS.

As cartas são endereçadas a nomes importantes da cultura brasileira, como Hilda Hilst, Maria Adelaide Amaral, João Gilberto Noll, Mário Prata, João Silvério Trevisan, Gilberto Gawronski, Cida Moreira, Flora Süssekind, entre outros. Nessas correspondências, Caio demonstra sua admiração, sua amizade, seu afeto, sua generosidade, sua sinceridade, sua ironia, sua crítica, sua solidariedade e sua saudade. Ele também comenta sobre seus projetos literários, suas leituras, suas influências, suas opiniões, seus desejos, seus medos, suas dores e suas esperanças.

As cartas são documentos valiosos para entender a obra e a vida de Caio Fernando Abreu, bem como o contexto histórico, social e cultural em que ele estava inserido. Elas são testemunhos de uma época marcada por transformações, conflitos, repressão, resistência, liberação, diversidade, violência, epidemia, morte e amor. Elas são, sobretudo, expressões de uma sensibilidade única, de uma voz autêntica, de uma escrita que emociona e provoca.

Cartas, de Caio Fernando Abreu, é um livro indispensável para os fãs do escritor, para os estudiosos da literatura e para os leitores que apreciam uma boa prosa. É um livro que nos aproxima de um dos maiores nomes da nossa literatura, que nos faz rir, chorar, pensar e sentir. É um livro que nos mostra que as cartas, além de serem uma forma de comunicação, são também uma forma de arte.


[RESENHA #763] Contos completos, de Caio Fernando Abreu


Pela primeira vez, a reunião de todos os contos de um dos autores mais viscerais da contracultura brasileira.

Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos de Caio Fernando Abreu são o retrato de uma geração. Os tempos autoritários e sombrios dos anos de chumbo aparecem nesta reunião não apenas como pano de fundo, mas como parte constituinte de uma prosa que se consagrou pelo estilo combativo e radical. Vida e obra, aqui, se misturam a ponto de biografia se transformar em literatura e vice-versa.

Em Contos completos, o leitor tem a chance de percorrer toda a produção do autor no gênero da prosa breve. O volume abarca seis títulos ― Inventário do ir-remediável (1970), O ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e Ovelhas negras (1995) ―, além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro. O livro inclui, por fim, textos de Italo Moriconi, Alexandre Vidal Porto e Heloisa Buarque de Hollanda, que jogam luz sobre a atualidade de Caio Fernando Abreu.

Ao escrever sobre amor, morte, medo, sexualidade, solidão e alegria, o autor de Onde andará Dulce Veiga? constrói personagens complexos e absolutamente profundos em cada detalhe. Com verve e sensibilidade, o “escritor da paixão”, na alcunha de Lygia Fagundes Telles, soube como ninguém combinar delírio e lucidez, euforia e angústia, luz e sombra.

RESENHA

Contos completos é uma obra que reúne toda a produção do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu no gênero da prosa breve. Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos refletem a visão de uma geração marcada pelos tempos autoritários e sombrios da ditadura militar, pela contracultura, pela diversidade sexual e pela angústia existencial.

O estilo de Caio Fernando Abreu é econômico, direto e poético, misturando realidade e fantasia, delírio e lucidez, euforia e angústia. Suas histórias são repletas de personagens complexos, que vivem à margem da sociedade, em busca de amor, sentido e liberdade. O autor aborda temas como sexo, drogas, morte, solidão, violência, medo e alegria, sem medo de chocar ou emocionar o leitor.

O livro contém seis coletâneas de contos: Inventário do irremediável (1970), O ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e Ovelhas negras (1995), além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro. Cada coletânea tem sua própria identidade e atmosfera, mas todas revelam a sensibilidade e a originalidade do autor.

Alguns dos contos mais famosos e impactantes são: "Sargento Garcia", que narra o encontro entre um jovem militante e um torturador; "Dama da noite", que apresenta o monólogo de uma travesti solitária; "Os sobreviventes", que mostra a vida de um grupo de amigos em meio à epidemia da AIDS; "O amor, essa palavra", que conta a história de um casal de lésbicas que se separa; e "Aqueles dois", que descreve a relação entre dois homens que trabalham no mesmo escritório.

Os contos de Caio Fernando Abreu são ricos em simbologia e referências culturais, que vão desde a mitologia grega até a música pop, passando pela religião afro-brasileira, pelo cinema, pela literatura e pela astrologia. O autor também explora a linguagem de forma criativa, usando neologismos, estrangeirismos, gírias e coloquialismos.

A importância e a relevância cultural de Caio Fernando Abreu são inegáveis. Ele foi um dos expoentes da literatura brasileira contemporânea, que soube retratar com maestria o seu tempo e o seu espaço, além de expressar os sentimentos e os conflitos de uma geração. Sua obra influenciou e continua influenciando diversos escritores, artistas e leitores, que se identificam com a sua voz e a sua visão de mundo.

Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago, no Rio Grande do Sul, em 1948. Desde cedo, demonstrou interesse pela literatura, publicando seu primeiro conto aos 18 anos. Estudou letras e artes cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas não concluiu os cursos. Trabalhou como jornalista em diversas revistas e jornais, como Veja, Manchete, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Em 1973, exilou-se na Europa, fugindo da repressão da ditadura militar. Voltou ao Brasil em 1974 e retomou sua carreira literária. Morou em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, onde participou ativamente da cena cultural. Em 1994, descobriu ser portador do vírus HIV e voltou a morar com os pais em Porto Alegre. Morreu em 1996, aos 47 anos, vítima de complicações decorrentes da AIDS.

Contos completos é um livro essencial para quem quer conhecer a obra e a personalidade de Caio Fernando Abreu, um dos maiores nomes da literatura brasileira. É uma obra que emociona, provoca, surpreende e encanta, pela sua força, pela sua beleza e pela sua autenticidade. É um livro que merece ser lido, relido e compartilhado, pois é um testemunho vivo de uma época, de uma cultura e de uma arte.

[RESENHA #762] Triângulo das águas, de Caio Fernando Abreu


"Triângulo das águas", publicado originalmente em 1983 e há anos fora de catálogo, é um dos melhores livros de Caio Fernando Abreu (1948-1996). Reconhecido com o Prêmio Jabuti – a naior honraria literária brasileira –, Triângulo é também um título exemplar do ponto de vista do estilo do autor: nas linhas das novelas que o compõem – "Dodecaedro", "O marinheiro" e "Pela noite" – encontram-se cristalizadas algumas constantes na obra de Caio. A alma perdida em busca de alguma coisa (às vezes afeto), a verborragia e as referências que, longe de afetadas, exalam sinceridadee aproximam os leitores, a vida sob o signo da madrugada, as boas-vindas aos mistérios da existência, concretizados, neste livro, pela presença da astrologia (inclusive no título), e o tom confessional-desesperado.

RESENHA

Triângulo das águas é um livro de Caio Fernando Abreu, escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro, considerado um dos expoentes da literatura brasileira dos anos 80. Publicado originalmente em 1983, o livro reúne três novelas que têm como elemento comum a água, simbolizando as emoções, as transformações e as memórias dos personagens. As novelas são: Dodecaedro, O marinheiro e Pela noite.

Dodecaedro narra a história de um homem que, após uma decepção amorosa, se isola em um apartamento e passa a receber cartas misteriosas de uma mulher que diz ser sua amante. A cada carta, ele recebe um fragmento de um dodecaedro, um sólido geométrico de doze faces, que representa o universo e a complexidade humana. A narrativa é marcada pela angústia, pela solidão e pelo erotismo, em um clima de suspense e mistério.

O marinheiro conta a trajetória de um jovem que embarca em um navio rumo à Europa, em busca de aventura e liberdade. No entanto, ele se depara com uma realidade hostil e violenta, que o faz questionar seus sonhos e sua identidade. O mar é o cenário e o símbolo da viagem existencial do protagonista, que enfrenta o medo, a morte e o amor.

Pela noite é a novela mais autobiográfica do livro, na qual o autor relata suas experiências durante o exílio na Europa, nos anos 70, fugindo da ditadura militar brasileira. O narrador é um escritor que vive em Paris, mas que sente saudades de sua terra natal e de seu passado. A noite é o tempo e o espaço da nostalgia, da reflexão e da criação, em que o narrador se comunica com seus fantasmas e seus desejos.

O estilo de Caio Fernando Abreu é caracterizado pela economia de palavras, pela fluência e pela musicalidade. O autor utiliza recursos como a metáfora, a aliteração, a repetição e a intertextualidade, criando textos densos e poéticos. Além disso, o autor explora temas como a homossexualidade, a marginalidade, a violência, a política e a espiritualidade, retratando a sociedade e a cultura de sua época.

Algumas citações marcantes do livro são:

  • "A vida é um dodecaedro, pensei. Doze faces, doze vértices, trinta arestas. E cada face é um mistério." (Dodecaedro)
  • "O mar é o meu lugar. O mar é o meu destino. O mar é o meu amor." (O marinheiro)
  • "Pela noite, eu me lembro. Pela noite, eu escrevo. Pela noite, eu existo." (Pela noite)

Triângulo das águas é uma obra que revela a sensibilidade, a criatividade e a originalidade de Caio Fernando Abreu, um dos maiores nomes da literatura brasileira contemporânea. O livro é uma leitura envolvente, emocionante e instigante, que convida o leitor a mergulhar nas águas profundas da alma humana.

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