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Imagem: Primevideo/Reprodução |
"Outro Pequeno Favor" (Another Simple Favor), lançado em 1º de maio de 2025 diretamente no Amazon Prime Video, é a aguardada sequência do thriller cômico de 2018, "Um Pequeno Favor". Dirigido novamente por Paul Feig e com roteiro de Jessica Sharzer, baseado nos personagens criados por Darcey Bell, o filme reúne Anna Kendrick e Blake Lively reprisando seus papéis como Stephanie Smothers e Emily Nelson. Ambientado na glamourosa ilha de Capri, na Itália, a trama envolve um casamento extravagante, um assassinato e uma série de reviravoltas que tentam recapturar a energia excêntrica do original. Com um elenco estelar que inclui Henry Golding, Andrew Rannells e novos rostos como Allison Janney, o filme aposta na química entre suas protagonistas e em um tom exagerado para entreter. No entanto, apesar de momentos divertidos, "Outro Pequeno Favor" luta para superar as limitações de sua trama sobrecarregada e a sombra do sucesso cult do primeiro filme. Esta crítica analítica explora o enredo, os personagens, a direção, os temas e o impacto cultural da sequência, com base em avaliações críticas e uma análise detalhada de seus elementos cinematográficos.
A trama de "Outro Pequeno Favor" começa alguns anos após os eventos do primeiro filme. Stephanie Smothers (Anna Kendrick), agora uma vlogueira de sucesso e investigadora amadora, está prestes a lançar um livro sobre suas experiências com Emily Nelson (Blake Lively), a "Mulher Loira Sem Rosto". Emily, recém-libertada após cumprir uma pena de prisão por seus crimes no filme original, reaparece na vida de Stephanie com um novo "pequeno favor": ser madrinha de seu casamento com Dario Esposito (Michele Morrone), um rico empresário italiano, na ilha de Capri. O que começa como uma proposta aparentemente inofensiva — uma chance para Stephanie impulsionar sua imagem pública e as vendas de seu livro — rapidamente se transforma em um labirinto de traições, chantagens e um assassinato que sacode o idílico cenário italiano.
A narrativa segue a mesma fórmula do primeiro filme, com uma mistura de suspense, comédia e drama, mas eleva o tom novelesco a novos patamares. Após Stephanie aceitar o convite, acompanhada de amigos como Sean (Henry Golding) e Dennis (Andrew Rannells), ela se vê envolvida em um esquema que inclui ameaças de processos judiciais, segredos do passado de Emily e um misterioso assassinato durante as festividades do casamento. A trama é pontuada por flashbacks que revelam as manipulações de Emily, enquanto Stephanie tenta desvendar o que está acontecendo, usando suas habilidades de investigação adquiridas no primeiro filme. O desfecho, repleto de reviravoltas, inclui revelações sobre identidades falsas, motivações financeiras e uma resolução que, como descrito pelo Arroba Nerd, lembra "um Poderoso Chefão fashionista".
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Imagem: Reprodução |
Embora a premissa de um casamento italiano ofereça um cenário visualmente atraente, a trama sofre com um excesso de reviravoltas, muitas das quais carecem de originalidade ou lógica, como apontado na crítica do Observatório do Cinema. O filme tenta equilibrar o humor sarcástico com momentos de tensão, mas o ritmo irregular e a falta de um clímax satisfatório prejudicam sua coesão. A decisão de resolver o mistério central de forma abrupta, semelhante ao que foi criticado no primeiro filme pelo Omelete, diminui o impacto emocional das revelações. Além disso, a narrativa depende fortemente da nostalgia do original, reciclando dinâmicas como a amizade improvável entre Stephanie e Emily, sem adicionar camadas significativas à sua relação. Apesar disso, a trama mantém o espectador entretido com seu ritmo acelerado e diálogos afiados, especialmente nas interações entre as protagonistas.
Stephanie, interpretada por Anna Kendrick, continua sendo o coração da narrativa. No primeiro filme, ela evoluiu de uma mãe tímida e certinha para uma investigadora confiante, e em "Outro Pequeno Favor", essa transformação é consolidada. Agora uma figura pública com um canal de vlogs bem-sucedido e um livro em andamento, Stephanie é mais assertiva, mas mantém sua essência ingênua e ansiosa por aprovação. Kendrick brilha ao equilibrar o humor autodepreciativo com momentos de coragem, especialmente nas cenas em que confronta Emily. Sua performance é um dos pontos altos do filme, como destacado pelo IMDb, que elogia sua habilidade de transmitir vulnerabilidade e astúcia.
No entanto, o desenvolvimento de Stephanie é limitado pelo roteiro. Sua decisão de aceitar o convite de Emily, apesar de conhecer suas manipulações, é justificada por chantagem emocional, mas parece inconsistente com sua suposta inteligência. A crítica do AdoroCinema observa que Stephanie "permanece refém da fascinação por Emily", o que impede uma evolução mais profunda. Suas ações, como investigar o assassinato em Capri, são envolventes, mas muitas vezes servem apenas para avançar a trama, sem explorar suas motivações internas ou conflitos psicológicos.
Emily, vivida por Blake Lively, é novamente a força magnética do filme. Após sair da prisão, ela retorna com o mesmo charme enigmático e uma aura de femme fatale, agora adaptada ao glamour italiano. Lively se diverte no papel, entregando falas sarcásticas e olhares maliciosos com facilidade, como descrito pelo Arroba Nerd. Sua personagem é descrita como uma vigarista incorrigível, cuja nova identidade como noiva de um magnata esconde segredos ainda mais sombrios. A figurinista Renee Ehrlich Kalfus, que já havia se destacado no primeiro filme, cria para Emily um guarda-roupa de alta costura que reflete sua personalidade dominante, com ternos elegantes e vestidos que contrastam com as roupas mais práticas de Stephanie.
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Image: Primevideo |
Apesar do carisma de Lively, Emily sofre com a repetição de sua dinâmica do primeiro filme. Suas manipulações, embora divertidas, não surpreendem tanto quanto antes, e o filme não explora suficientemente seu passado ou as consequências de sua prisão. A crítica do Observatório do Cinema aponta que Emily "permanece uma caricatura", sem nuances que poderiam enriquecer sua jornada. Sua relação com Stephanie, embora central, é menos complexa do que no original, reduzida a um jogo de gato e rato que privilegia o espetáculo em detrimento da profundidade.
O elenco de apoio inclui nomes como Henry Golding (Sean), Andrew Rannells (Dennis), Allison Janney (como uma figura misteriosa ligada ao passado de Emily) e Michele Morrone (Dario). Sean, o ex-marido de Emily, agora professor universitário, tem um papel reduzido, servindo mais como apoio emocional para Stephanie do que como um personagem ativo. Rannells entrega momentos cômicos como Dennis, mas sua presença é subaproveitada, funcionando como alívio cômico genérico. Janney, uma adição bem-vinda, traz gravidade a suas cenas, mas sua personagem é introduzida tardiamente e não tem tempo suficiente para impactar a narrativa. Morrone, conhecido por "365 Dias", adiciona charme como Dario, mas seu papel é mais decorativo do que essencial. A falta de desenvolvimento desses personagens, como apontado pelo AdoroCinema, reforça a dependência do filme na dupla principal.
Paul Feig, conhecido por comédias como "Missão Madrinha de Casamento" e pelo primeiro "Um Pequeno Favor", retorna com sua assinatura estilística: uma mistura de humor ácido, estética vibrante e um toque de exagero. Em "Outro Pequeno Favor", ele abraça o cenário italiano com entusiasmo, usando a beleza de Capri — suas falésias, vilas luxuosas e mares cristalinos — como pano de fundo para a trama caótica. A fotografia, com cores saturadas e enquadramentos que destacam o glamour, cria uma atmosfera que, segundo o Arroba Nerd, evoca um "noir fashionista". A trilha sonora, repleta de pop italiano e canções francesas reminiscentes do primeiro filme, reforça o tom brincalhão, mas às vezes parece deslocada em momentos de maior tensão.
Feig demonstra amadurecimento ao equilibrar suspense e comédia, mas, como no original, o filme desliza para o pastelão no terço final, o que pode frustrar quem espera um thriller mais sério. A crítica do IMDb observa que a direção "prioriza o entretenimento em detrimento da coerência", especialmente nas sequências de ação, como uma perseguição improvisada em Capri, que parece mais cômica do que tensa. A edição é ágil, mas as transições entre flashbacks e o presente nem sempre são fluidas, criando momentos de confusão narrativa. Apesar disso, Feig acerta ao extrair o melhor de Kendrick e Lively, cujas interações são o verdadeiro motor do filme.
"Outro Pequeno Favor" explora temas como manipulação, amizade tóxica, poder feminino e a busca por reinvenção. A relação entre Stephanie e Emily continua sendo o cerne da narrativa, refletindo a tensão entre admiração e desconfiança. O filme sugere que ambas, apesar de suas diferenças, são movidas por ambições semelhantes: Stephanie quer fama e validação, enquanto Emily busca controle e riqueza. Essa dualidade, como apontado pelo Observatório do Cinema, é o que torna sua dinâmica tão cativante, mesmo que menos profunda do que no primeiro filme.
A sequência também aborda a ideia de segundas chances, com Emily tentando reconstruir sua vida após a prisão e Stephanie enfrentando o desafio de manter sua relevância como influenciadora. No entanto, essas reflexões são tratadas de forma superficial, com o filme optando por reviravoltas sensacionalistas em vez de explorar as consequências emocionais de suas escolhas. A crítica do AdoroCinema destaca que o filme "celebra o caos sem questioná-lo", o que pode ser visto como uma força ou uma limitação, dependendo do espectador.
Outro tema presente é a sátira ao mundo da fama e das redes sociais. Stephanie, agora uma figura pública, enfrenta pressões para manter sua imagem, enquanto Emily usa sua persona para manipular aqueles ao seu redor. O filme toca em questões como a construção de narrativas pessoais e a superficialidade da cultura digital, mas não aprofunda essas ideias, usando-as mais como pano de fundo para o humor.
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Imagem: Reprodução |
"Outro Pequeno Favor" estreou no Prime Video em meio a expectativas elevadas, impulsionadas pelo sucesso cult do primeiro filme, que se tornou um fenômeno na Netflix. Com uma aprovação de 80% no Rotten Tomatoes, baseada em críticas iniciais exibidas no festival SXSW 2025, o filme foi bem recebido por sua energia divertida e a química entre Kendrick e Lively. O Arroba Nerd elogiou sua abordagem "fashionista" e comparou sua extravagância a uma versão cômica de "O Poderoso Chefão", enquanto o Observatório do Cinema destacou a capacidade do filme de manter o espectador entretido, apesar de suas falhas narrativas.
No entanto, a recepção não foi unânime. O IMDb aponta que a sequência "não inova tanto quanto o original", reciclando ideias e dependendo demais da nostalgia. A controvérsia envolvendo Blake Lively, devido a uma batalha judicial relacionada a seu filme anterior, "É Assim que Acaba" (2024), também afetou a divulgação, com a Amazon desativando comentários em trailers nas redes sociais, como relatado pelo IMDb. Apesar disso, posts no X, como os de @FilmeFanatic, indicam que fãs do primeiro filme apreciaram a continuação, especialmente pela estética visual e pelo humor.
O lançamento direto no streaming reflete uma tendência crescente de sequências de filmes cult que encontram nova vida em plataformas digitais. O sucesso do primeiro "Um Pequeno Favor" na Netflix, como mencionado pelo Observatório do Cinema, provavelmente justificou a produção da sequência, mesmo sem o mesmo impacto nas bilheterias. Em 2025, o filme ressoa com audiências que buscam entretenimento leve e escapista, mas sua falta de profundidade pode limitar seu impacto a longo prazo.
Comparado ao primeiro "Um Pequeno Favor", a sequência mantém o mesmo tom irreverente, mas perde em originalidade. Enquanto o original se destacou por sua mistura única de suspense e comédia, "Outro Pequeno Favor" amplifica o exagero, às vezes em detrimento da coerência narrativa. A crítica do Omelete, que deu ao primeiro filme 4/5 por sua inovação, sugere que a sequência, embora divertida, não alcança o mesmo nível de frescor. A dinâmica entre Stephanie e Emily, embora ainda cativante, é menos surpreendente, já que o público já conhece suas personalidades.
O filme também pode ser comparado a outros thrillers cômicos, como "Garota Exemplar" (2014), que equilibra melhor suas reviravoltas, ou "Entre Facas e Segredos" (2019), que usa o cenário de um mistério para explorar dinâmicas familiares com mais profundidade. A sequência de "Um Pequeno Favor" se assemelha mais a "Morte no Nilo" (2022), com sua ambientação luxuosa e elenco estelar, mas carece da mesma elegância narrativa. Sua abordagem novelesca, embora intencional, às vezes parece forçada, como apontado pelo AdoroCinema.
"Outro Pequeno Favor" é uma sequência que entrega exatamente o que promete: uma montanha-russa de reviravoltas, humor ácido e a química irresistível entre Anna Kendrick e Blake Lively. Ambientado no cenário deslumbrante de Capri, o filme abraça sua estética glamourosa e seu tom exagerado, oferecendo momentos de pura diversão. No entanto, sua trama sobrecarregada, reviravoltas previsíveis e falta de desenvolvimento emocional impedem que supere o charme inovador do original. Paul Feig demonstra habilidade em extrair o melhor de seu elenco, mas a narrativa carece da sutileza que poderia elevar o filme além do entretenimento passageiro.
Para fãs do primeiro filme, "Outro Pequeno Favor" é uma adição bem-vinda, repleta de referências e piadas que celebram a amizade caótica de Stephanie e Emily. Sua estreia no Prime Video, em um contexto de crescente popularidade de thrillers cômicos no streaming, garante que encontrará um público ávido por escapismo. No entanto, aqueles que buscam uma história mais coesa ou uma exploração mais profunda de seus temas podem se sentir desapontados. Como um "pequeno favor" ao espectador, o filme oferece risadas e glamour, mas, como Emily Nelson, esconde suas falhas sob uma fachada brilhante. Em última análise, é uma continuação que diverte, mas não deixa uma marca tão indelével quanto sua predecessora.
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