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CRÍTICA: Um pequeno favor (2018)


"Um Pequeno Favor" (A Simple Favor), lançado em 2018, é um thriller cômico dirigido por Paul Feig, conhecido por sua habilidade em mesclar humor e narrativa envolvente em filmes como "Missão Madrinha de Casamento" (2011). Baseado no romance homônimo de Darcey Bell, com roteiro adaptado por Jessica Sharzer, o filme combina suspense, comédia e drama, centrado na improvável amizade entre duas mulheres: Stephanie Smothers (Anna Kendrick), uma mãe solteira e vlogueira, e Emily Nelson (Blake Lively), uma sofisticada relações-públicas com uma vida aparentemente perfeita. A trama, que começa com um misterioso desaparecimento, desdobra-se em um jogo de manipulações, segredos e reviravoltas, conquistando tanto críticos quanto público por sua originalidade. Com um elenco de apoio que inclui Henry Golding e Andrew Rannells, o filme se destaca pela química entre suas protagonistas e por um tom que oscila entre o sarcástico e o absurdo. Esta crítica analítica explora o enredo, os personagens, a direção, os temas abordados e o impacto cultural de "Um Pequeno Favor", com base em avaliações de fontes confiáveis e uma análise detalhada de seus elementos cinematográficos.

A história de "Um Pequeno Favor" é ambientada em uma cidade suburbana de Connecticut, onde Stephanie Smothers, uma mãe viúva e excessivamente dedicada, mantém um vlog de culinária e dicas para mães. Sua vida certinha muda quando ela conhece Emily Nelson, mãe de um colega de escola de seu filho, que exsuda glamour e mistério. Apesar de suas diferenças — Stephanie é ingênua e organizada, enquanto Emily é cínica e desleixada —, as duas desenvolvem uma amizade improvável, marcada por martínis à tarde e confidências. A trama dá uma guinada quando Emily pede a Stephanie um "pequeno favor": buscar seu filho na escola. Após isso, Emily desaparece sem deixar rastros, desencadeando uma investigação que revela camadas de mentiras, traições e segredos sombrios.

O enredo segue uma estrutura de thriller, com Stephanie assumindo o papel de detetive amadora para desvendar o paradeiro de Emily. A narrativa é impulsionada por flashbacks, pistas falsas e revelações que mantêm o espectador intrigado. A busca de Stephanie a leva a confrontar Sean (Henry Golding), o marido de Emily, e a descobrir detalhes perturbadores sobre o passado da amiga, incluindo fraudes, assassinatos e identidades falsas. A história é pontuada por momentos de humor, como as interações desajeitadas de Stephanie com outros pais da escola, e por um tom que flerta com o exagero, reminiscente de novelas ou filmes noir clássicos. O desfecho, repleto de reviravoltas, resolve o mistério de forma satisfatória, embora alguns críticos, como o Omelete, tenham apontado que o excesso de reviravoltas pode parecer forçado.

A força do enredo está em sua capacidade de equilibrar suspense e comédia sem perder o ritmo. A crítica do AdoroCinema elogia a trama por sua "ousadia em abraçar o absurdo", enquanto o Rotten Tomatoes, com 84% de aprovação, destaca sua habilidade de manter o público adivinhando. No entanto, a narrativa não está isenta de falhas. Algumas reviravoltas, como as relacionadas ao passado de Emily, dependem de coincidências improváveis, e a resolução final, embora divertida, sacrifica certa plausibilidade em favor do impacto dramático. Ainda assim, a história cativa por sua energia e pela maneira como subverte expectativas, transformando um thriller doméstico em uma sátira elegante.

Stephanie é o ponto de entrada do espectador, uma personagem que começa como um estereótipo de mãe suburbana — organizada, ansiosa por aprovação e ligeiramente ridícula em sua dedicação ao vlog. Anna Kendrick entrega uma performance brilhante, equilibrando humor autodepreciativo e vulnerabilidade. À medida que a trama avança, Stephanie revela camadas de resiliência e astúcia, transformando-se de uma figura passiva em uma investigadora determinada. Sua evolução é um dos pontos altos do filme, como destacado pelo IMDb, que elogia Kendrick por tornar Stephanie "adoravelmente desajeitada, mas surpreendentemente corajosa".

O arco de Stephanie é convincente porque reflete sua luta para superar a insegurança e encontrar sua própria força. No entanto, sua ingenuidade inicial, como aceitar cegamente os favores de Emily, pode parecer exagerada, especialmente considerando as consequências. A crítica do Cineplayers observa que Stephanie "funciona como um espelho para o público", mas sua transformação às vezes é apressada, com poucas cenas explorando o impacto emocional de suas descobertas. Ainda assim, Kendrick carrega a narrativa com carisma, tornando Stephanie uma protagonista memorável.

Imagem: Primevideo/Reprodução

Emily é a alma enigmática do filme, uma femme fatale moderna que combina charme, perigo e sarcasmo. Blake Lively está magnética no papel, usando sua presença física e entrega afiada para criar uma personagem que é ao mesmo tempo sedutora e aterrorizante. Emily é introduzida como uma mulher de carreira bem-sucedida, com um apartamento chique e um guarda-roupa de tirar o fôlego — cortesia da figurinista Renee Ehrlich Kalfus, que mistura ternos masculinos com toques de alta costura. À medida que a trama se desenrola, o público descobre que Emily é uma mestra da manipulação, com um passado repleto de crimes e segredos.

A força de Emily está em sua ambiguidade. O filme nunca esclarece completamente suas motivações, o que a torna fascinante, mas também frustrante. A crítica do Arroba Nerd aponta que Lively "rouba a cena com uma performance que equilibra humor e ameaça", mas o roteiro não aprofunda suficientemente sua psicologia, deixando-a como uma vilã carismática em vez de uma figura tridimensional. Sua relação com Stephanie, marcada por uma mistura de admiração e manipulação, é o cerne emocional do filme, e a química entre as duas atrizes eleva até mesmo as cenas mais implausíveis.

O elenco de apoio inclui Henry Golding como Sean, o marido de Emily, e Andrew Rannells como Darren, um pai da escola. Golding, em um de seus primeiros papéis após "Podres de Ricos", traz charme e ambiguidade a Sean, mas seu personagem é subdesenvolvido, funcionando mais como uma peça do quebra-cabeça do que como uma figura com profundidade própria. Rannells oferece alívio cômico como parte do grupo de pais fofoqueiros, mas seu papel é limitado. Outros personagens, como a chefe de Emily (Linda Cardellini), aparecem brevemente, mas deixam impacto com atuações sólidas. A crítica do Observatorio do Cinema observa que o elenco de apoio "acrescenta textura ao mundo do filme", mas a narrativa foca tanto nas protagonistas que os secundários raramente têm chance de brilhar.

Paul Feig demonstra domínio ao criar um thriller que é ao mesmo tempo elegante e acessível. Sua direção em "Um Pequeno Favor" é marcada por uma estética vibrante, com uma paleta de cores que contrasta o mundo pastel de Stephanie com o glamour sombrio de Emily. A fotografia, assinada por John Schwartzman, utiliza enquadramentos amplos para destacar o isolamento dos subúrbios e close-ups para capturar as nuances das performances. A trilha sonora, com canções francesas dos anos 60, como "Une Histoire de Plage" de Brigitte Bardot, adiciona um toque retro que reforça o tom irônico, como elogiado pelo AdoroCinema.

Feig equilibra habilmente o suspense e a comédia, usando o humor para aliviar a tensão sem comprometer o mistério. Cenas como as conversas de Stephanie e Emily regadas a martínis são exemplos perfeitos de sua habilidade em criar diálogos afiados que revelam tanto quanto escondem. No entanto, a crítica do Omelete aponta que o filme "escorrega para o exagero" no terço final, com reviravoltas que priorizam o choque em detrimento da lógica. A edição é ágil, mas algumas transições entre flashbacks e o presente podem confundir, especialmente quando a narrativa introduz múltiplas linhas temporais.

Imagem: Reprodução

O figurino é um elemento central, funcionando quase como um personagem. Os looks de Emily, que misturam alfaiataria masculina com acessórios luxuosos, refletem sua personalidade dominante, enquanto as roupas práticas de Stephanie, como cardigãs e saias rodadas, sublinham sua ingenuidade inicial. A crítica do IMDb destaca que o figurino "amplifica a narrativa", criando um contraste visual que reforça a dinâmica entre as protagonistas.

"Um Pequeno Favor" explora temas como amizade, manipulação, identidade e as fachadas que construímos. A relação entre Stephanie e Emily é o núcleo temático do filme, representando uma dança entre admiração e desconfiança. Stephanie vê em Emily uma figura aspiracional, enquanto Emily usa a ingenuidade de Stephanie para seus próprios fins. Essa dinâmica, como apontado pelo Arroba Nerd, reflete a complexidade das amizades femininas, especialmente quando marcadas por inveja e poder.

O filme também satiriza a cultura suburbana e a obsessão por aparências. O vlog de Stephanie, com suas receitas e dicas banais, é uma crítica às redes sociais e à busca por validação online, enquanto a vida aparentemente perfeita de Emily revela as rachaduras por trás do glamour. A crítica do Observatorio do Cinema observa que o filme "zomba das convenções sociais sem ser didático", usando o humor para questionar normas de gênero e classe.

Outro tema importante é a reinvenção. Tanto Stephanie quanto Emily, de maneiras diferentes, tentam escapar de suas limitações — Stephanie, de sua vida monótona, e Emily, de seu passado criminoso. O filme sugere que a identidade é fluida, mas também perigosa, especialmente quando usada para manipular. No entanto, essas ideias são exploradas de forma mais superficial do que poderiam, com o foco nas reviravoltas diminuindo o espaço para reflexões mais profundas.

"Um Pequeno Favor" foi um sucesso moderado nas bilheterias, arrecadando cerca de US$97 milhões globalmente com um orçamento de US$20 milhões. Sua verdadeira consagração veio no streaming, especialmente na Netflix, onde se tornou um fenômeno cult, como relatado pelo AdoroCinema. No Rotten Tomatoes, o filme mantém 84% de aprovação, com críticos elogiando sua originalidade e as atuações de Kendrick e Lively. O Omelete deu 4/5, destacando sua "energia única", enquanto o Cineplayers reconheceu sua habilidade de entreter, mesmo com falhas narrativas.

A recepção do público foi igualmente entusiástica, com posts no X, como os de @CineLover, celebrando a química das protagonistas e o tom irreverente. O filme ganhou popularidade por sua estética visual e diálogos memoráveis, tornando-se referência em discussões sobre thrillers femininos. Sua influência é evidente na sequência, "Outro Pequeno Favor" (2025), que capitalizou o status cult do original.

O impacto cultural de "Um Pequeno Favor" também se reflete em sua abordagem às dinâmicas femininas. Ao contrário de muitos thrillers, que opõem mulheres como rivais, o filme celebra a complexidade de sua amizade, mesmo que tóxica. Em 2018, essa representação ressoou com audiências que buscavam narrativas centradas em mulheres multifacetadas, contribuindo para o sucesso duradouro do filme.

"Um Pequeno Favor" pode ser comparado a outros thrillers com protagonistas femininas, como "Garota Exemplar" (2014), que também explora manipulação e segredos, mas com um tom mais sombrio. A comédia do filme o aproxima de "Entre Facas e Segredos" (2019), embora com uma abordagem mais estilizada. Sua estética noir e humor sarcástico evocam clássicos como "Pacto Sinistro" (1951), mas adaptados a um contexto moderno. Comparado a outros trabalhos de Feig, como "As Bem-Armadas" (2013), "Um Pequeno Favor" é mais ambicioso em sua narrativa, mas menos consistente em sua execução.

A adaptação do romance de Darcey Bell também diferencia o filme, que toma liberdades criativas para amplificar o humor e o glamour. Enquanto o livro é mais introspectivo, o filme opta por uma abordagem exagerada, o que, segundo o IMDb, foi essencial para seu apelo visual e comercial.

"Um Pequeno Favor" é um thriller cômico que se destaca por sua originalidade, atuações cativantes e estética vibrante. Anna Kendrick e Blake Lively entregam performances que elevam o material, transformando uma história de mistério em uma celebração da complexidade feminina. A direção de Paul Feig, com seu equilíbrio de suspense e humor, cria uma experiência envolvente, mesmo que o excesso de reviravoltas e a falta de profundidade emocional sejam limitações. A trama, com sua mistura de noir e sátira, oferece uma crítica inteligente às aparências e à cultura digital, enquanto mantém o espectador entretido com diálogos afiados e uma narrativa cheia de surpresas.

O sucesso do filme, tanto nas bilheterias quanto no streaming, reflete sua capacidade de ressoar com audiências que buscam entretenimento inteligente e visualmente atraente. Como um marco no gênero de thrillers femininos, "Um Pequeno Favor" abriu portas para narrativas que celebram mulheres imperfeitas e suas relações complicadas. Sua influência é evidente no culto que inspirou e na sequência que gerou, consolidando seu lugar como uma joia moderna do cinema. Para quem busca um mistério com estilo, humor e coração, "Um Pequeno Favor" é, sem dúvida, um grande prazer.

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