Academia Mineira de Letras entrega Prêmio AML 2025 a Maria do Carmo Ferreira por “Poesia reunida”, no dia 28 de outubro

 

A Academia Mineira de Letras realiza, no dia 28 de outubro, às 19h30, a cerimônia de entrega do Prêmio Academia Mineira de Letras 2025, que consagra o livro Poesia reunida (Martelo Casa Editorial, 2024), de Maria do Carmo Ferreira, como a grande obra vencedora desta edição. A solenidade contará com a presença dos organizadores Fabrício Marques e Silvana Guimarães, do sobrinho da poeta, Rogério Ferreira Cardoso, e do presidente da AML, Jacyntho Lins Brandão. O Prêmio Academia Mineira de Letras, que tem patrocínio da Fundação Lucas Machado (Feluma), concede R$ 40 mil à autora laureada. A distinção é concedida anualmente por indicação dos acadêmicos da AML e reconhece livros lançados por autores mineiros — ou radicados em Minas Gerais há pelo menos cinco anos — no ano anterior à premiação.


Publicada pela primeira vez em formato de livro, Poesia reunida, de Maria do Carmo Ferreira reúne 231 poemas distribuídos em três volumes — Cave CarmenCoram populo e Quantum satis — e marca a consagração de uma das vozes mais inventivas da poesia mineira. A edição, organizada por Fabrício Marques e Silvana Guimarães, resgata a produção poética de Maria do Carmo Ferreira, autora elogiada por Augusto de CamposDécio Pignatari e Sebastião Nunes, por essa obra que permaneceu inédita em livro durante décadas.


Realizado por Fabrício Marques e Silvana Guimarães, o trabalho de reunir a poesia dispersa da autora foi árduo: “o conjunto de poemas era enorme, não estava organizado e exigiu uma seleção apurada. Toda a poesia dela é muito bem elaborada, inventiva e audaz. A tarefa obrigou-nos também a fazer uma revisão rigorosa, considerando o Acordo Ortográfico de 1990 e os neologismos que a autora criou em diversas línguas”, acrescentam. Convencer a poeta a autorizar a publicação não foi simples. No posfácio de Cave Carmen, Silvana lembra: “Eu não me conformava com o verbo desistir. E insistia na publicação de seu livro, na importância que ele teria para a poesia, fazia das tripas coração para convencê-la, mas ela permanecia inflexível. Muitas vezes, desligou o telefone na minha cara, pedindo-me que não ligasse mais para falar desse ‘assunto’”. A persistência deu resultado, e agora a trilogia conquista seu primeiro prêmio — justamente em Minas Gerais, terra natal da poeta. Depois de anunciado o resultado do Prêmio AML, Poesia Reunida ainda tornou-se semifinalista do Prêmio Jabuti, um dos prêmios literários mais importantes do país.


Para Rogério Ferreira Cardoso, sobrinho da poeta, este é um reconhecimento histórico para a tia, que está hospitalizada e já com um gradual declínio da consciência, há um ano e meio. “É muito importante, embora ela não tenha procurado esse reconhecimento em vida; ela escreveu muito e divulgou pouco. E, na verdade, quem mais se beneficia é o público, por conhecê-la e ter acesso a toda a sua obra”, afirma. Rogério destaca ainda que Maria do Carmo foi “uma poeta muito à frente do seu tempo e de muito recurso, porque estudou muito”. Formada em Letras e Literatura, com mestrado na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, em 1972, Maria do Carmo foi a única da família a se enveredar para as Letras e poderia ter seguido carreira acadêmica no exterior. 


A cerimônia de premiação será aberta ao público e representa um momento de celebração da literatura mineira, reafirmando o compromisso da Academia Mineira de Letras com a valorização da produção literária do Estado e de suas figuras mais notáveis. O Prêmio Academia Mineira de Letras 2025 acontece graças ao patrocínio da Fundação Lucas Machado (Feluma).


ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS: TRADIÇÃO EM PREMIAÇÕES LITERÁRIAS

Desde muito cedo as Academias de Letras brasileiras tinham como uma de suas missões o reconhecimento da produção escrita contemporânea por meio da concessão de prêmios literários. No que diz respeito à Academia Mineira de Letras, em seus primeiros movimentos de premiação, em 1943, laureou João Camilo de Oliveira Torres com o Prêmio Diogo de Vasconcelos, pela obra O homem e a montanha: introdução ao estudo das influências da situação geográfica para a formação do espírito mineiro (publicada em 1944). Em 1947, uma outra condecoração, de nome Prêmio Bernardo Mascarenhas, foi atribuída a Paulo Tamm, pelo livro João Pinheiro (1947).


Tudo indica que apenas em 1947 foi encontrado o mecenas que permitiu a criação do prêmio anual, o empresário Othon Linch Bezerra de Melo. Assim, no mesmo ano foi estabelecido, pela AML, o regulamento do “Prêmio Othon Linch Bezerra de Melo – Academia Mineira de Letras” no valor de Cr$20.000,00, a ser concedido anualmente a obra de autor mineiro publicada no ano imediatamente anterior. O prêmio agraciou, em 1948, Murilo Rubião pela sua obra O ex-mágico (1946). Assim, a partir de 1948 até 1969, o prêmio foi concedido regularmente, exceção feita ao ano de 1958, em que “não foi conferido a ninguém, em virtudes de tramitação do processo, através de incidentes vários”. 


Dentre os premiados, destacam-se Lúcia Machado de Almeida premiada em, 1953, com a obra Passeio a Sabará; Afonso Ávila, em 1954, foi premiado por Açude; Zilah Corrêa de Araújo, com Uma flor sobre o muro, recebeu a premiação, em 1956; Maria Luiza Ramos, em 1959, com Psicologia e estética de Raul Pompéia; Ângela Vaz Leão, em 1961, premiada por História de palavras; Maria José de Queirós, em 1963, por Do indianismo ao indigenismo. Dos agraciados, alguns se tornaram acadêmicos posteriormente, como nos casos de Henriqueta Lisboa (premiada em 1950, com ingresso na AML em 1963), Wilton Cardoso de Sousa (premiado em 1951 e tornado acadêmico em 1983), Edison Moreira (premiação, 1952; ingresso, 1965), Waldemar Pequeno (premiado em 1955, ingresso em 1973), Maria José de Queiroz (agraciada em 1963, ingresso em 1968).


A primeira referência ao nome “Prêmio Academia Mineira de Letras” remonta a 1950, quando foi ele concedido a Emílio Moura, pelo livro de poemas O espelho e a musa, publicado no ano anterior, sem que se saiba tratar-se de premiação avulsa ou já do prêmio que passa a ser atribuído com mais regularidade a partir de 1966. É de 1964 o registro de que a Academia Mineira de Letras havia recebido, naquela data, doação de um lote de ações do Banco da Lavoura de Minas Gerais. Entre os destaques desta nova fase, estão: Mário Palmério, premiado em 1966 por Chapadão do Bugre (1965); André Carneiro, em 1967, por Espaçopleno (1966); Moacyr Scliar, em 1968, por O Carnaval dos Animais (1968); Wilmar Silva, em 2002, por Arranjos de Pássaros e Flores (2001); e Murilo Badaró, em 2004, por Vida e Obra de Afonso Arinos de Melo Franco (2006).


Em 2023 a Academia Mineira de Letras retomou a premiação, com apoio de Fernando Moreira Sales, premiando Laura Cohen, por Caruncho (2022). Em 2024, premiou José Eduardo Gonçalves, por Pistas Falsas (2023). Em 2025, a Academia Mineira de Letras conta com o patrocínio da Fundação Cultural Lucas Machado, Feluma e premia Maria do Carmo Ferreira, Poesia reunida (2024).


SOBRE A AUTORA E OS ORGANIZADORES DA OBRA PREMIADA


Nascida em Cataguases, Minas Gerais, em 1938, Maria do Carmo Ferreira, a “Carminha”, teve sua veia poética influenciada pelo pai, dentista e autor de sonetos, e pela irmã Celina Ferreira, que a apresentou aos clássicos brasileiros e hispano-americanos. Estudou, viveu em São Paulo, Europa e EUA, tornou-se mestre em Literatura Comparada pela Universidade de Illinois, depois se fixou no Rio de Janeiro e, posteriormente, em Niterói. Trabalhou por mais de 30 anos na Rádio MEC, criando e coordenando programas literários. Foi publicada em revistas como JoséImãInvenção e Poesia Livre, e teve 78 poemas editados no Suplemento Literário de Minas Gerais entre 1966 e 2002. Incentivada por Murilo Rubião, aproximou-se do grupo concretista de São Paulo, estreando na revista Invenção em 1967. Tradutora de autores como Emily Dickinson, Yeats, Mallarmé e Neruda, viu na internet uma nova forma de expressão antes de afastar-se da poesia, em 2009.


Fabrício Marques nasceu em Manhuaçu (MG). É poeta e jornalista, doutor em Literatura Comparada pela UFMG (2004). Publicou quatro livros de poemas, além de, entre outros, Fuera del alcance de la memoria (antologia de poemas, edição bilíngue/espanhol-português, trad. Agustín Arrosteguy, Vallejo&Co, 2019, com apoio da FBN), e o ensaio Aço em Flor: a Poesia de Paulo Leminski (Belo Horizonte: Autêntica, 2001; 2. ed. Belo Horizonte/Campinas: UFMG/Unicamp, 2024). Dirigiu em 2004 o histórico Suplemento Literário de Minas Gerais.


Silvana Guimarães nasceu em Belo Horizonte (MG), onde vive. Escritora, é formada em Ciências Sociais pela UFMG. Foi pianista e especialista em transporte público. É editora da Germina — Revista de Literatura & Arte e do coletivo Escritoras Suicidas. Revisou e organizou incontáveis livros de poesia alheios. Participou de várias antologias poéticas nacionais e estrangeiras. O corpo inútil, no prelo, é o seu primeiro livro de poesia. Segundo ela, provavelmente, o único.






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