Responsive Ad Slot

30 realities sobre compra, reforma e venda de propriedades

Comprar, reformar e vender propriedades pode ser uma experiência emocionante e desafiadora. Existem inúmeros aspectos a serem considerados ao embarcar nesse processo, desde a escolha do imóvel ideal até a realização de reformas adequadas para valorizá-lo no mercado. Neste artigo, vamos explorar 30 realidades sobre compra, reforma e venda de propriedades, fornecendo dicas e insights valiosos para quem deseja se envolver no mercado imobiliário. Desde questões legais e financeiras até tendências do mercado, há muito a ser aprendido para alcançar o sucesso nesse setor competitivo.

Irmãos à obra

No reality canadense Irmãos à Obra, os irmãos gêmeos idênticos Drew Scott e Jonathan se reúnem a cada episódio para ajudar diferentes famílias a encontrarem suas casas dos sonhos. Enquanto Drew é um especialista em imóveis que faz buscas em casas negligenciadas e negocia suas compras, seu irmão, Jonathan, é um empreiteiro licenciado que depois renova as casas. Entre encontrar, comprar e transformar propriedades em verdadeiros lares, os dois enfrentam o desafio de convencer hesitantes compradores de casas a assumirem um risco radical em um cronograma e orçamento rigorosos. Será que os irmãos são capazes de agradar a todos?

Irmãos à obra: O duelo

Jonathan e Drew Scott, de "Irmãos à Obra", competem entre si orientando duas equipes em desafios semanais de reformas residenciais, cujo objetivo é aumentar o valor dos imóveis. A equipe que conseguir a maior valorização é a vencedora.

Ame-a ou deixe-a: Vancouver

Esta série é sobre proprietários que deixaram de amar a casa de seus sonhos. Suas necessidades superaram o prazer de viver na residência pela qual se apaixonaram, o que os coloca diante de um dilema: continuar na casa recém-reformada ou vendê-la.

Reforma à venda: Atlanta

O casamento de Ken e Anita Corsini tem a missão de reformar casas em péssimas condições em Atlanta e torná-las habitáveis novamente.

Reforma à venda

Na esperança de obter lucro, a equipe de Tarek e Christina compra propriedades decadentes e as reformam.

24 horas para redecorar

O arquiteto e decorador Renato Mendonça mostra que não é preciso trocar tudo para renovar um ambiente. Ele transforma um cômodo de uma casa ou apartamento em apenas 24 horas, mantendo pelo menos metade dos objetos e mobiliário.

Imóveis que cabem no bolso

A corretora de imóveis e designer Egypt Sherrod, ao lado de seu marido, o construtor Mike Jackson, conciliam suas vidas profissionais e pessoais ocupadas enquanto ajudam os clientes a conseguir sua casa perfeita.

Ame-a ou deixe-a: Reino Unido

Phil e Kistie convencem moradores à reformar ou vender suas propriedades em uma disputa calorosa: Você vai amar a reforma ou a deixar ir e partir para uma nova morada?

Reforma em família

Karen e Nina, mãe e filha, formam um time perfeito. As duas se encarregam de reformar casas antigas em sua cidade, Indianápolis. Elas compram todas as casas que veem deterioradas e reformam-nas, deixando-as irreconhecíveis.

Em busca da casa perfeita

Compradores recebem diversos conselhos de agentes para encontrar as casas perfeitas.

Desafio da renovação

Duas equipes exploram feiras de antiguidades para ver quem consegue ganhar mais dinheiro transformando objetos usados em produtos rentáveis. Quem lucrar mais com a venda leva prêmios em dinheiro.

A sonhada casa do lago

Compradores com orçamento apertado aprendem a encontrar a propriedade de seus sonhos, à beira de lagos, em locais mais acessíveis.

Reformar para vender: Tarek e Heather 

Tarek é o mentor de flippers novatos, ajudando-os a desviar de erros dispendiosos enquanto correm para conseguir uma propriedade renovada no mercado.

Combinando Estilos

Kele e Christina ajudam casais com ideias de design opostas a mudar seus estilos para criar uma casa de sonho única que todos possam amar.

Casas exuberantes: Mundo

O designer de interiores Laurence Llewelyn-Bowen junta-se a vencedores da loteria à procura de uma casa dos sonhos. De castelos exóticos a chalés reformados, Laurence os ajuda a entrar no mercado imobiliário no Reino Unido e na Europa.

Christina reforma: novos ares

Christina começa um novo capítulo em sua vida enquanto expande seu negócio de design em todo o país e cria raízes em uma fazenda no Tennessee.

Para chamar de lar

Ben e Cristi Dozier ajudam os proprietários a criar raízes com espaços exclusivos em Pagosa Springs, Colorado.

Negócios imobiliários com Brittany

A corretora de imóveis Brittany Picolo-Ramos ajuda compradores em potencial a encontrar a casa dos seus sonhos na histórica Nova Orleans.

Te devo essa, reforma das estrelas

As celebridades de Hollywood expressam sua profunda gratidão às pessoas que impactaram suas vidas ao surpreendê-las com reformas residenciais. As celebridades conversam com Drew e Jonathan Scott para imaginar um plano de design e criar espaços lindamente personalizados.

Reforma inspirada

A designer Veronica Valencia e a sua equipa de especialistas realizam renovações impressionantes inspiradas nas histórias únicas da história familiar dos proprietários, pesquisando o passado dos seus clientes para personalizar designs especificamente adaptados à sua herança pessoal.

Restaurando casas de Fazenda

Jonathan Knight restaura casas antigas mantendo a história dos lugares, mas dando-lhes nova vida.

Restaurações de emergência

As irmãs e especialistas em restauração de emergência Kirsten Meehan e Lindsey Uselding resgatam casas em Minneapolis, EUA, que recentemente passaram por desastres inesperados e trágicos.

Nate e Jeremiah: Bem vindo ao lar

Nate Berkus e Jeremiah Brent ajudam famílias que acabaram de se mudar para um novo lar a deixar de lado as coisas que não precisam mais.

Desafio dos corretores

Dois casais começam com um orçamento de mil dólares e tentam usá-lo para trocar de casa e ganhar um milhão de dólares em seis meses.

Vidas alteradas, casas renovadas

Luke Caldwell e Clint Robertson reformam casas para pessoas que crescem e mudam a todo tempo.

Joe Mazza: O homem das casas

O inspetor Joe Mazza, junto com o designer Noel Gatts, ajuda famílias a encontrar e reformar a casa dos seus sonhos. A cada episódio, Joe revela segredos, listas de verificação e soluções que ajudam os compradores.

Reformando com o coração

Os sócios Keith Bynum e Evan Thomas querem fazer parte da restauração da icônica cidade americana de Detroit. Os visionários compram propriedades degradadas e abandonadas e as transformam em casas baratas e elegantes.

Reforma por dentro e por fora

Carmine Sabatella e Mike Pyle transformam casas com reformas fantásticas. Enquanto Carmine se encarrega do interior dos imóveis, Mike trabalha na parte externa. Eles trabalham para equilibrar o orçamento com as prioridades dos clientes.

Reformar ou se mudar com Ty Pennigton

Ty Pennington ajuda as famílias a decidir se devem mudar ou reformar. Ty Pennington ajuda as famílias em dificuldades a decidir se devem mudar ou reformar. Ele cria soluções para as áreas problemáticas enquanto seu designer convidado mostra à família como fazer uma nova casa funcionar para eles.

Resenha: O templo dos meus familiares, de Alice Walker

Arte digital

APRESENTAÇÃO

Escrito logo após A cor púrpura, o aclamado romance de Alice Walker O templo dos meus familiares estreia na José Olympio com nova tradução depois de quase 30 anos fora das prateleiras.  Em O templo dos meus familiares, Alice Walker nos apresenta povos cuja história é antiga e cujo futuro ainda está por vir. Escrito logo após A cor púrpura, livro vencedor do Pulitzer e do American Book Award, este romance contribuiu para consagrar Walker como uma das escritoras mais importantes dos Estados Unidos.Aqui conhecemos Lissie, uma mulher de muitas vidas Zedé, uma professora latino americana condenada por apoiar a revolução de seu país, mas que foge para São Francisco após dar à luz sua filha Carlotta Arveyda, o grande músico com quem Carlotta tem uma forte conexão, por ambos serem imigrantes Suwelo, um historiador, e sua ex esposa Fanny, que se apaixona por espíritos e está em busca da própria libertação. Orbitando essas histórias, estão as avós de Fanny Celie e Shug, as amadas personagens de A cor púrpura.Definido pela própria autora como um romance dos últimos 500 mil anos, O templo dos meus familiares entrelaça o passado e o presente numa complexa tapeçaria de histórias, explorando, com traços do realismo mágico, os temas do colonialismo, da opressão e da recuperação espiritual. Brilhante …. Parte romance, parte história visionária, parte tratado revolucionário, este livro vai encantar, chocar … e inspirar os fãs de Alice Walker. — USA TodayUma das melhores escritoras estadunidenses da atualidade. — Washington PostUma celebração da vida e das emoções cotidianas. — Los Angeles TimesAlice Walker é uma escritora extraordinariamente talentosa. — New York Times.

RESENHA

Publicado em 1989, O Templo dos Meus Familiares é um romance de Alice Walker que conta com diversas narrativas, incluindo as histórias de Arveyda, um músico em busca de suas origens; Carlotta, sua esposa latina exilada; Suwelo, um professor negro de História Americana que reconhece falhas dos homens de sua geração em relação às mulheres; Fanny, sua ex-esposa prestes a conhecer seu pai pela primeira vez; e Lissie, uma personagem vibrante com uma história repleta de passados.

Carlota, uma refugiada latino-americana, tem sua vida virada de cabeça para baixo ao conhecer Arveyda, um astro do rock que se encanta pela arte de sua mãe, Zedé. O relacionamento dos dois gera dois filhos e enfrenta diversas crises, até que Arveyda acaba se apaixonando pela própria Zedé. Esse acontecimento inesperado acaba unindo ainda mais as vidas dessas mulheres, revelando segredos do passado de Zedé e sua relação com a escravidão.

Por outro lado, Mary Jane, uma americana branca que ajuda Zedé, acaba se casando com um homem negro na África, em um casamento de conveniência. Sua ligação com a terra e com uma antepassada chamada Eleandra a leva a descobrir mais sobre si mesma e sobre a conexão entre pessoas de diferentes origens. A história de Eleandra, que se torna a ponte entre culturas e mundos distintos, revela a importância do entendimento e da empatia na construção de laços verdadeiros entre as pessoas.

Olá, o homem com quem Mary Jane se uniu em matrimônio é o pai de Fanny. Aqueles que leram A Cor Púrpura certamente se recordam de Celie, Natie e Olivia, a filha de Celie que foi adotada por missionários e levada para a África. Fanny, por sua vez, é filha de Olivia e atua como professora de Literatura Feminina, tendo Suwelo como seu esposo. Fanny enfrenta constantemente a batalha contra o ódio que nutre pelos brancos, em especial pelos loiros, em uma jornada para libertar-se das convenções sociais que pregam certezas como o casamento, mostrando a Suwelo como a relação deles pode ser mais autêntica e livre após o divórcio.

“Lembraremos da dor por muito tempo, mas a própria dor, como era naquele ponto de intensidade que nos fez sentir como se devêssemos morrer dela, eventualmente desaparece. Nossa memória disso se torna seu único vestígio. As paredes permanecem. Eles crescem musgo. São barreiras difíceis de ultrapassar, de chegar aos outros, de chegar às partes fechadas de nós mesmos.” - Alice Walker, O Templo do meu Familiar

Suwelo conhece a Sra. Lissie, uma mulher com experiência de muitas vidas passadas, que lhe traz ensinamentos profundos. Uma das lições mais marcantes é a importância de abrir todas as portas de sua vida, enfrentando seus traumas para se tornar uma pessoa verdadeiramente resolvida e completa. Fanny também passa por um processo de autoconhecimento, recordando sua infância e as barreiras impostas pelo racismo, que a fizeram fechar as portas para o mundo exterior.

Quando Fanny viaja para a África para encontrar seu pai e irmã, Suwelo se envolve com Carlota, em um relacionamento puramente físico, sem profundidade ou conexão verdadeira. No entanto, eles permanecem ligados, talvez refletindo a crença da Sra. Lissie sobre os laços humanos, que perduram mesmo quando não estão plenamente resolvidos. A cada encontro, Lissie reencarna em corpos diferentes, convivendo mais tempo com aqueles cujas relações ainda não foram completamente esclarecidas, na esperança de que o amor e a aceitação mútuas possam ser alcançados. Suwelo ainda tem muito a aprender e a compreender, enquanto Lissie revela através de fotografias quem ele foi em vidas passadas.

“Não se pode amaldiçoar uma parte sem condenar o todo. É por isso que a Mãe África, amaldiçoada por todos os seus filhos, negros, brancos e entre eles, está morrendo hoje e, depois dela, a morte chegará a todas as outras partes do globo.”

Fanny se apaixona por espíritos, acreditando que as pessoas que conhece e ama estão em outra dimensão. No entanto, ela se conecta com Arveyda, um músico que se torna real. Suwelo, ao tentar conhecer Carlota, encontra a si mesmo e relembra os pais falecidos em um acidente. "O homem africano branco nasceu sem melanina, se sentindo amaldiçoado, projetando isso nos negros. Fanny reflete sobre viver no presente para criar um mundo futuro desejado. Em outra narração, uma mulher branca fala sobre sua visão do mundo.

Através dos personagens das mulheres negras Lissie e latina/primeira nação Zede, Walker explora sociedades africanas e americanas pré-colonização, com estruturas anarquistas, matriarcais ou segregadas. Ela o faz em um estilo realista, poético e mágico, reimaginando mitos e relações entre diferentes grupos e até mesmo espécies. Alguns revisores podem não ter compreendido ou apreciado esse aspecto do livro, mas eu acredito que Walker está abrindo possibilidades para um resgate da memória popular, e não necessariamente para um futuro utópico. Considerando que a narrativa histórica foi moldada pela kyriarquia, não devemos aceitar sua interpretação. Se os mitos e as narrativas dominantes nos influenciam, é crucial reescrever aqueles que nos prejudicaram. Em particular, eu admiro como Walker reescreve a história de Adão e Eva para abordar o racismo no cristianismo ocidental e deslocar a culpa da mulher. Esta é sua resposta ao que foi mencionado acima. O homem branco ainda persiste, mesmo após sua partida, então é necessário substituí-lo. Precisamos de um antídoto para o veneno que ele deixou para trás.

Eu admiro a perspectiva de Alice Walker em encontrar beleza em todas as coisas, mesmo diante da verdade dolorosa. Suas crenças nos valores simples do amor, cuidado, prazer, saúde e integridade espiritual são inspiradoras. Ao contrário de muitos autores privilegiados, Walker não tem uma visão elitista e é extremamente sensata em suas obras. Sua forma de descrever e valorizar os corpos, especialmente os das mulheres negras, desafia os padrões de beleza branca e magra que dominam a sociedade. Isso é evidenciado quando um personagem masculino interpreta de forma sexualizada a mesma mulher que Walker descreveu anteriormente de maneira diferente. A habilidade de Walker em desconstruir as normas de beleza estabelecidas é evidente e refrescante.

Arte digital

Ao deparar-me com a história da vida de Lissie como uma criança/mulher africana vendida como escrava, enquanto estava sentado no metro, senti a necessidade de parar e refletir. A narrativa das mães que sacrificavam seu leite para alimentar crianças e curar feridas, após terem seus próprios bebês levados ou mortos, tocou profundamente o meu coração. A medida que avançava na leitura, me deparei com relatos sobre mulheres sendo estupradas, engravidadas e traficadas por um valor ainda maior. A crueldade dos tempos de escravidão me deixou paralisado no trem, incapaz de continuar a leitura. Mesmo já tendo conhecimento sobre esses acontecimentos, a narrativa de Walker trouxe à tona emoções profundas em mim pela primeira vez, ressaltando como a memória coletiva e os memes moldam nossa essência. Isso me fez refletir sobre como minha própria riqueza e conforto derivam do sofrimento e exploração das pessoas escravizadas no passado.

Acredito que este livro, em vários aspectos, trata sobre viver, e Walker claramente está indignada com a situação dos negros, que foram privados de saúde e conexão com a Terra devido à pobreza, escravidão e roubo de suas terras. Um dos personagens que mais gosto do livro é Fanny Nzingha, neta de Celie, a protagonista de A Cor Púrpura. Ela participa de discussões sérias sobre o colonialismo e parece ser a crítica do livro, enquanto Lissie representa esperança e restauração. Fanny é a voz da consciência desperta e furiosa diante da injustiça. O livro aborda questões profundas sobre liberdade e justiça, e a ilusão de liberdade sem substância nos Estados Unidos. Os políticos eleitos pela maioria branca têm um grande impacto na liberdade dos negros, que muitas vezes sentem que estão sempre correndo no mesmo lugar. A obra é brilhantemente rica em ideias e vai além do que posso descrever em uma revisão. Recomendo a leitura e também a postagem no blog Gradient Lair, que aplica uma filosofia semelhante à de Walker para criticar o feminismo mainstream.

Alice Walker nos apresenta uma obra única e profunda em O Templo dos Meus Familiares. Sua escrita poética e mágica entrelaça passado e presente, explorando temas complexos como colonialismo, opressão e recuperação espiritual. A autora traz à tona questões urgentes sobre liberdade, justiça e a busca por identidade em uma narrativa envolvente e cheia de camadas. A forma como Walker desafia os padrões de beleza e valoriza a experiência das mulheres negras é inspiradora, e sua habilidade de reescrever mitos e narrativas dominantes é poderosa. É um livro que vai além da simples leitura, provocando reflexões profundas sobre a história, a sociedade e a humanidade. Definitivamente uma leitura enriquecedora e transformadora.

Resenha: Famílias inter-raciais: tensões entre cor e amor, de Lia Vaine Schucman

Arte digital

O livro "Entre a Cor e o Amor: Famílias Inter-raciais" de Lia Vainer Schucman, realiza uma análise aprofundada através de entrevistas com cinco famílias inter-raciais. O objetivo é compreender como as questões de cor, raça e racismo são vivenciadas e interpretadas pelos diferentes membros da família e como são transmitidas entre gerações. O livro também aborda as dimensões psicológicas das experiências, mostrando que dentro dessas famílias é possível desenvolver estratégias de resistência ao racismo, acolher e processar a violência, mas também é um ambiente onde o racismo pode ser legitimado e perpetuado. A autora conclui apontando a importância de reconhecer os danos causados pela desigualdade na vivência social da raça e na racialização dos indivíduos, bem como a necessidade do letramento racial como uma forma de adotar um novo modo de ser, agir e pensar para superar a branquitude.

As relações familiares podem ser tanto fontes de amor e afeto quanto de violência e repressão racial. A questão torna-se ainda mais complexa em famílias inter-raciais, onde o combate ao racismo se torna urgente. Lia Vainer Schucman analisa como a raça influencia dinâmicas, discursos e hierarquias dentro das famílias, como no caso dos Alves, onde a identidade racial de um membro é negada pela mãe, perpetuando assim o racismo internalizado.

O livro-estudo revela relatos de diferentes famílias inter-raciais, mostrando tanto o sofrimento causado pela violência racial quanto a conscientização coletiva sobre a questão. São discutidos conceitos como as "máscaras brancas" de Fanon e a "dupla consciência" de Du Bois, além da dificuldade de classificação racial e da fluidez da identidade mestiça. Famílias inter-raciais se destaca por sua linguagem acessível e sensível, abordando a importância de combater o racismo para reduzir a desigualdade e a crise social no Brasil.

As famílias que participaram das entrevistas têm suas vozes amplificadas, revelando suas histórias e como o racismo permeia as relações afetivas. Lia Schucman, de forma original, destaca como o racismo se enraíza nas estruturas familiares, moldando hierarquias de poder. O livro não apenas explora a complexidade das relações familiares, mas também examina como a raça influencia essas dinâmicas. A autora convida o leitor a percorrer os caminhos que levam das palavras aos afetos, e finalmente à compreensão de uma sociedade marcada pelo racismo estrutural. A coragem de Schucman em abordar temas incômodos e pessoais é admirável, colocando-a como uma das principais pesquisadoras brasileiras da questão racial. Seu trabalho transcende a psicologia social, servindo de referência para diversas áreas das ciências humanas. Ao analisar as tensões raciais nas famílias, a autora enfatiza a subjetividade como um aspecto político fundamental, ressaltando a importância de compreender a interseção entre política, afeto e raça. Em última análise, a transformação social e a luta contra a desigualdade exigem uma compreensão profunda da economia racial dos afetos, reconhecendo que o amor também é uma questão política.

A obra de Lia Vainer Schucman apresenta uma abordagem inovadora ao tema do racismo no Brasil, ao incorporar uma perspectiva psicanalítica nas dinâmicas familiares inter-raciais. Através de entrevistas com famílias inter-raciais, Lia explora a forma como a cor, a raça e o racismo são vivenciados afetivamente e transmitidos entre gerações. Enquanto o racismo no Brasil tem sido estudado principalmente em suas dimensões socioculturais, Lia destaca a importância das experiências intrapsíquicas e interpessoais no contexto familiar.

Em seu livro, Lia demonstra como a cor da pele ganha significados diversos dentro das famílias, influenciada pela complexidade das relações afetivas. A cor e a raça não são objetividades simples, mas reflexos das relações conscientes e inconscientes que permeiam o tecido familiar e a sociedade hierarquizada em que vivemos. A obra destaca as dinâmicas psíquicas de afetos e identificações que moldam a percepção da cor da pele e do racismo, enfatizando a importância da Psicanálise para compreender e desconstruir tais processos.

O livro de Lia Schucman é um convite para refletir sobre as manifestações do racismo no âmbito familiar e social, oferecendo insights valiosos para o enfrentamento dessas questões. Sua obra destaca a interseção entre as dimensões sociológicas, psíquicas e relacionais do racismo, apontando para a necessidade de uma abordagem integrada para compreender e superar as desigualdades e privilégios que marcam nossa sociedade.

Arte da capa / Fósforo

A obra, em síntese, aborda as relações afetivo-sexuais inter-raciais no Brasil, evidenciando um aumento significativo ao longo dos anos. Dados censitários apontam um crescimento de 8% para 31% de casamentos inter-raciais entre 1960 e 2010, sendo a configuração mais comum a do homem negro com a mulher branca. No entanto, há poucos estudos na psicologia brasileira sobre a estrutura das famílias inter-raciais em relação às hierarquias raciais. A literatura existente sobre casamentos inter-raciais no Brasil tende a focar mais nos sujeitos negros dessas relações, deixando de lado os aspectos relacionados aos brancos nessas uniões. Poucos estudos abordam a racialização dos filhos de casais inter-raciais, refletindo a complexidade histórica e social da mestiçagem no Brasil.

Por fim, discute a ideologia do branqueamento como estratégia racista de embranquecimento da nação brasileira, destacando a ambiguidade da identidade do mestiço e sua relação com estereótipos e representações raciais negativos. Considera-se a dificuldade dos mestiços em se identificar como negros devido à influência dessa ideologia, o que perpetua a exclusão das experiências e identidades mestiças na discussão racial brasileira.

O capítulo "Minha mãe pintou meu pai de branco" aborda o mecanismo de negação da negritude em famílias inter-raciais, destacando dois casos específicos. Em um dos casos, a mãe nega a negritude do filho, mesmo ele se identificando como negro, o que é um exemplo de negação. Em outro caso, uma filha relata como a mãe sempre tentou esconder qualquer traço de negritude, como trançar os cabelos do lado negro da família. A negação é um mecanismo complexo que demonstra como pessoas brancas em famílias inter-raciais podem não reconhecer a negritude do outro, mesmo se relacionando afetivamente com negros. Isso perpetua estereótipos e preconceitos raciais, evidenciando a dualidade do racismo no Brasil.

A entrevista com uma das famílias, sobretudo, por Mariana revela a violência racista que ela sofreu dentro de sua própria família, principalmente por parte de sua mãe, que cantava músicas racistas para ela na infância. Mariana é filha de uma mãe branca e um pai negro, e ela descreve sua família como inter-racial, com diferentes tonalidades de pele e características físicas. Mariana se identifica com o fenótipo de seu pai e se considera a mais negra da família, sendo inclusive chamada de "Nega" desde pequena. O relato de Mariana evidencia a importância de confrontar e contestar o racismo familiar para construir uma identidade negra positiva e autêntica. Em uma dinâmica familiar marcada por conflitos raciais, a entrevista com Mariana revelou como a temática da raça influenciou sua criação. Sua mãe, Ivone, constantemente fazia comentários racistas, chamando Mariana e seu pai de macacos e utilizando termos pejorativos. Mesmo seu pai, um homem negro, internalizou o racismo da sociedade e se colocou em uma posição de inferioridade. Curiosamente, Ivone se envolvia apenas com homens negros, possivelmente buscando uma sensação de superioridade. Mariana relatou que a mãe fazia comentários sexualizados sobre homens negros, o que sugere uma relação ambígua entre desejo e dominação. A família de Mariana reproduz as hierarquias raciais presentes na sociedade, destacando como o racismo pode influenciar profundamente as relações familiares.

A autora segue em uma transição latente da democracia racial para a descoberta do racismo na vida do outro, uma família de casamento inter-racial revela a negação do racismo por parte do patriarca, mesmo diante de evidências de discriminação. A aparente harmonia da família é quebrada quando a esposa e filhos revelam a existência do racismo sofrido por ele, evidenciando mecanismos de defesa e proteção contra a dor do preconceito. A entrevista revela as contradições entre a construção social da democracia racial e a experiência da realidade racista no Brasil, mostrando a necessidade de reconhecer e enfrentar as desigualdades raciais.

Em síntese, a obra foi responsável por analisar como membros de famílias inter-raciais lidam com questões de raça e racismo dentro do contexto familiar. Cinco famílias foram estudadas, cada uma mostrando diferentes formas de responder às hierarquias raciais presentes na sociedade brasileira. Foram identificadas complexidades nas relações familiares, incluindo negação da alteridade, processos identificatórios, vivências racistas na infância e sensibilidades antirracistas. As famílias foram consideradas como espaços importantes para lidar com o racismo, incluindo desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e acolhimento. Os relatos de exclusão racial dentro das famílias reforçaram a importância de abordar abertamente a questão do racismo, especialmente em contextos psicológicos.

A obra "Entre a Cor e o Amor: Famílias Inter-raciais" de Lia Vainer Schucman é uma leitura essencial para quem busca compreender a complexidade das relações familiares inter-raciais e como o racismo se manifesta dentro desses contextos. A autora apresenta um estudo profundo e sensível, destacando a importância de reconhecer e confrontar o racismo nas relações afetivas. O livro traz à tona questões cruciais sobre identidade, pertencimento e resistência, oferecendo insights valiosos para a transformação social. Lia Schucman demonstra uma abordagem original e perspicaz, consolidando seu trabalho como uma contribuição significativa para o debate sobre raça e afeto no Brasil.

Resenha: S. Bernardo, de Graciliano Ramos

Arte digital

APRESENTAÇÃO

S. Bernardo mais do que apenas um romance, é uma imersão profunda na alma do Brasil rural do século XX, uma obra que figura entre os grandes tesouros da literatura em língua portuguesa.

Nesta obra-prima literária de Graciliano Ramos, somos transportados para o intrincado universo de Paulo Honório, um homem de origens modestas que ascende ao status de poderoso fazendeiro em meio às vastas terras áridas do Nordeste brasileiro. Em sua jornada, Graciliano não apenas desvenda os infortúnios e as conquistas de Honório, mas também revela os meandros do mandonismo político que moldou a região nas primeiras décadas do século XX.

"Em S. Bernardo, Graciliano Ramos atinge o auge de sua maestria estilística, revelando um escritor no auge de seus recursos", destaca o crítico literário Antonio Candido. Esta é uma história onde cada página é carregada com reflexões profundas sobre identidade, memória e o sentido da vida.

Esta edição especial da Global Editora, garante o tratamento cuidadoso merecido por esta obra singular. Com posfácio composto por um estudo crítico assinado pela professora, pesquisadora e escritora Regina Zilberman, que oferece uma análise envolvente ao relacionar Dom Casmurro, de Machado de Assis, com S. Bernardo.

RESENHA

Arte digital

São Bernardo é uma obra escrita por Graciliano Ramos em 1934, que faz parte do grupo de obras do Ciclo da Seca, característico do movimento Modernista da 2ª Geração (1930-1945). O livro aborda a situação difícil do Nordeste brasileiro, afetado pelas secas periódicas, as quais resultaram no êxodo rural, pobreza e lutas pela sobrevivência dos sertanejos.

Apesar de abordar essa temática, São Bernardo se destaca das demais obras da época pelo estilo narrativo em primeira pessoa, com um enfoque psicológico. O narrador-personagem, Paulo Honório, conta a história de sua ascensão de guia de cegos no interior de Alagoas até se tornar um poderoso latifundiário, sem escrúpulos ou ética.

Com uma narrativa sincera e intensa, Paulo Honório relembra sua vida enquanto fuma seu cachimbo na mesa da sala de jantar, escrevendo suas memórias. Após envolver-se em brigas e ser preso, ele decide tomar a fazenda São Bernardo, onde costumava trabalhar como empregado. Para isso, ele manipula Luís Padilha, herdeiro da fazenda, de forma a levá-lo à ruína financeira e obrigá-lo a vender a propriedade por um valor irrisório.

Paulo Honório tornou-se o proprietário de São Bernardo e conseguiu fazer a fazenda prosperar, expandindo seu território ao armar contra seu vizinho Mendonça, sendo o mandante de seu assassinato. Com auxílio de políticos locais, advogados e outras personalidades, ele ampliou sua rede de relacionamentos para garantir seus interesses.

Ao se casar com Madalena, uma jovem professora honesta, sincera e humana, a rotina da fazenda e a vida de Paulo Honório mudaram significativamente. Entretanto, a preocupação da esposa com o bem-estar dos empregados e suas críticas às atitudes do marido o deixaram inquieto, levando-o a crises de ciúme e agressividade. O nascimento do filho não foi capaz de acalmar as desconfianças de Paulo Honório, que ficava obcecado com a ideia da infidelidade de Madalena. Em um ciúme doentio, ele acusava constantemente a esposa de traição, levando-a a um estado de abatimento.

Em uma noite, ao flagrar Madalena escrevendo uma carta endereçada a outro homem, Paulo Honório perdeu o controle e em meio a uma discussão acalorada, ela o chamou de assassino. Convencido de que a esposa tinha amantes, ele mergulhou em delírios e aumentou o sofrimento e a solidão de Madalena, que se sentiu humilhada e desamparada.

Em uma tarde sombria, Paulo Honório se depara com uma folha de carta no chão, escrita pela sua esposa. Intrigado, ele decide procurar Madalena e a encontra na Igreja. Exigindo explicações, ela revela que aquela folha é parte de uma carta que está em seu escritório. Madalena pede perdão por todos os aborrecimentos e confessa que o ciúme arruinou a vida deles. No dia seguinte, ao retornar para casa, Paulo encontra Madalena. Ela havia cometido suicídio, deixando para trás uma carta de despedida que agora estava completa com a página que ele havia encontrado.

Com a morte de Madalena, a fazenda começa a declinar e a Revolução de 1930 se inicia. Paulo Honório enfrenta dificuldades nos negócios e se vê sozinho e abandonado. Refletindo sobre sua vida, ele percebe o quão desumanizado foi e confronta sua própria brutalidade. Incapaz de se transformar, Paulo busca um novo significado para sua existência.

S. Bernardo é uma obra magistral que nos leva a uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira e a natureza humana. Graciliano Ramos, com sua escrita elegante e envolvente, nos apresenta um retrato vívido do poder e da solidão, explorando temas complexos como identidade, memória e amor. A narrativa em primeira pessoa nos permite mergulhar na mente torturada de Paulo Honório, um protagonista ambíguo e intrigante, que nos faz questionar nossas próprias convicções e valores. Esta edição especial da Global Editora, enriquecida pelo estudo crítico de Regina Zilberman, acrescenta ainda mais profundidade e contexto a essa obra-prima da literatura brasileira. Sem dúvida, S. Bernardo é um tesouro que merece ser apreciado e revisitado, pois sua relevância e impacto perduram ao longo dos anos.

Resenha: Vidas secas, de Graciliano Ramos

Arte digital

APRESENTAÇÃO

Certa vez Graciliano Ramos disse que uma de suas missões pessoais era registrar, através da ficção, a intensidade trágica do cotidiano de retirantes do início do século XX que buscavam esperança longe da seca nordestina. Tarefa magistralmente executada com o livro Vidas secas.

Construída pela escrita precisa e penetrante do autor, a narrativa é permeada pelo desamparo e pela desesperança. Um enredo impactante, uma história de coragem, de encontros, de saberes e de dissabores de seres humanos e animais que persistem à procura de seu lugar no mundo.

Peça fundamental da literatura nacional, Vidas secas é um retrato em várias dimensões do Brasil a partir do relato da história de uma família sertaneja. O casal Fabiano e Sinha Vitória, seus dois filhos, "o menino mais novo" e "o menino mais velho", e a cachorra Baleia tentam fugir de uma situação de extrema pobreza e carência. Cada personagem é a encarnação de tantas e tantas pessoas que sofrem com as desigualdades e dramas de nosso país.

Para fazer jus a sua relevância, o volume conta composfácio de Alfredo Bosi, um dos maiores críticos literários brasileiros.

RESENHA

Nova edição do livro pela Global Editora

O livro vidas secas, do autor Graciliano Ramos, narra a história de uma família de retirantes que caminha exausta e faminta em busca de sombra e água no sertão. O pai, Fabiano, a mãe, Sinha Vitória e os dois filhos, que são apresentados unicamente como 'filho mais velho' e 'filho mais novo', e a cachorra, comicamente chamada baleia, devido à desnutrição . A obra se inicia com o pai, Fabiano, irritando-se com a lentidão dos passos do filho mais novo, chegando a cogitar abandoná-lo durante o percurso em busca de sombra, água e alimento. A família, ao chegar a uma fazenda abandonada, encontram um preá morto e acendem uma fogueira para cozinhar a carne. Fabiano, otimista, imagina um futuro próspero para sua família naquele local. A esposa, Sinha Vitória, e os filhos encontram alívio temporário da sede e fome. A cachorra Baleia aguarda pacientemente sua vez de comer os ossos do animal. A narrativa termina com a esperança de uma nova vida para a família naquela terra.

Graciliano Ramos retrata, em "Vidas Secas", uma trama repleta de personagens em negação, enfrentando obstáculos físicos e sociais, sem apelar para discursos políticos panfletários. No ambiente de imposição arbitrária e relações de trabalho baseadas na obediência e dominação, o romance flerta com o sistema patriarcal e a reprodução do latifúndio, onde os camponeses são alheios aos seus direitos. Sem participação política, vivem em condições semelhantes à escravidão ou a práticas feudais.

O livro permite um estudo do contexto político e social do Brasil nos anos 1930, destacando-se pela estética literária. A montagem da obra permite a apreciação das histórias individualmente. "Mudança" apresenta a família fugindo da seca, ambientando-nos no sertão. "Fabiano" analisa o pai que luta para sustentar a família, enquanto "Cadeia" aborda o poder estatal e opressor, ressaltando as dificuldades enfrentadas pelo grupo de pessoas marginalizadas.

O quarto capítulo do romance "Vidas Secas", intitulado "Sinhá Vitória", é tão impactante quanto o segundo, pois destaca a importância da matriarca da família na narrativa. Ela é retratada como uma figura sábia que não aceita a pobreza e a miséria como algo natural, mas sim como um obstáculo a ser superado. Nos capítulos seguintes, conhecemos mais sobre os filhos da família: o mais novo deseja seguir os passos do pai e se tornar um homem do sertão, enquanto o mais velho se interessa pela linguagem e seus significados.

Em "Inverno", a natureza castiga os personagens com chuvas intensas que ameaçam inundar a casa da família. Apesar de ser um momento de aparente calmaria, todos sabem que uma seca devastadora está por vir. Na festa de Natal da cidade, em "Festa", a família se sente inferiorizada diante das pessoas mais abastadas e aparentemente felizes. Esse encontro desperta sentimentos de humilhação e melancolia, que culminam em um dos momentos mais intensos do livro: a morte da cadela Baleia, um dos personagens mais marcantes da literatura brasileira.

No décimo capítulo de "Vidas Secas", intitulado "Contas", Sinhá Vitória mostra sua astúcia ao perceber que o dono da fazenda está enganando Fabiano nos cálculos, aproveitando-se de sua falta de instrução. Diante disso, Fabiano se sente inferiorizado diante do poder opressor e conclui que é um renegado. No capítulo seguinte, "O Soldado Amarelo", Graciliano Ramos aborda o autoritarismo militar, mas mostra o soldado em desvantagem no espaço de Fabiano, na caatinga.

No penúltimo capítulo, "O Mundo Cheio de Penas", a família sente a seca se aproximando cada vez mais, refletindo sobre sua condição e se preparando para a "Fuga", desfecho cíclico da narrativa que revela a luta pela sobrevivência da família ao retornar ao sertão.

"Vidas Secas" é um livro essencial para os brasileiros, com seu estilo conciso e incisivo. Graciliano Ramos constrói os capítulos como contos que se unem para formar a estrutura do romance, destacando-se na construção dos personagens como Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos, Baleia, o papagaio, o fazendeiro e o soldado amarelo. Esses personagens juntos representam as ideias do Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre e alcançam um apuro político e estético que o coloca como uma das obras-primas da literatura brasileira do século XX.

Vidas Secas de Graciliano Ramos é uma obra que expõe de forma crua e realista a exploração e miséria enfrentadas pelos trabalhadores rurais no sertão brasileiro. O autor mostra de forma contundente como Fabiano é enganado e oprimido pelo seu patrão, sendo obrigado a aceitar condições desumanas e injustas.

A situação de Fabiano como homem bruto o torna vulnerável à exploração e ao abuso de poder por parte daqueles que detêm o controle sobre ele. A obra denuncia a falta de assistência e compaixão por parte das autoridades e da sociedade em geral, que ignoram a miséria e o sofrimento daqueles que mais precisam de ajuda.

A morte de Baleia, que simboliza a única fonte de conforto e lealdade para a família, é um momento tocante que revela a profunda humanidade e compaixão que falta nos personagens humanos da história. A linguagem regional e a escrita próxima da fala tornam a narrativa ainda mais envolvente e realista, fazendo com que o leitor se sinta parte da dura realidade retratada.

Em suma, Vidas Secas é uma obra poderosa e impactante que questiona as injustiças sociais e a opressão enfrentada pelos mais vulneráveis na sociedade brasileira. Uma leitura obrigatória para quem deseja entender as profundas desigualdades e desafios enfrentados pelos trabalhadores rurais no Brasil.

ENEM: Quais são os livros que mais caem no exame?


O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das maiores provas de avaliação educacional do Brasil e conta com uma vasta gama de conteúdos que podem cair na prova, incluindo obras literárias. Neste artigo, vamos explorar quais são os livros que mais caem no Enem, ajudando os estudantes a se prepararem da melhor forma possível para o exame.

"O Cortiço" - Aluísio Azevedo

Pobreza, corrupção, injustiça, traição são elementos integram O cortiço, principal obra do Naturalismo brasileiro. Nela, Aluísio Azevedo denuncia as mazelas sociais enfrentadas pelos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro no século XIX. É um romance que convida a analisar por meio da observação crítica do cotidiano das personagens a animalização do ser humano, questão que se mostra, mais do que nunca, atual.

"Memórias Póstumas de Brás Cubas" - Machado de Assis

Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Com essas palavras, o narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas resume a sua vida. O tom assumido na obra, bem como as técnicas empregadas na composição romanesca, são alguns dos fatores que justificam o lugar de Machado de Assis entre os maiores escritores do século XIX. Neste romance repleto de digressões filosóficas, o escritor se vale da posição privilegiada de Brás Cubas, que, como defunto autor, narra as suas desventuras e revela as contradições da sociedade brasileira do século XIX, por meio de uma análise aprofundada de seus personagens.

"Dom Casmurro" - Machado de Assis


Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira. Nas páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira.

"Vidas Secas" - Graciliano Ramos


Lançado originalmente em 1938,  Vidas secas  retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. O pai, Fabiano, caminha pela paisagem árida da caatinga do Nordeste brasileiro com a sua mulher, Sinha Vitória, e os dois filhos, que não têm nome, sendo chamados apenas de “filho mais velho” e “filho mais novo”. São também acompanhados pela cachorrinha da família, Baleia, cujo nome é irônico, pois a falta de comida a fez muito magra.

Vidas secas  pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como “regionalista” ou “romance de 30”. Denuncia fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. É o romance em que Graciliano alcança o máximo da expressão que vinha buscando em sua prosa: o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro."Iracema" - José de Alencar

"Mayombe" - Pepetela

Escrito no período em que Pepetela participou da guerra pela libertação de seu país, Mayombe é uma narrativa que mergulha fundo na organização dos combatentes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), trazendo à tona seus questionamentos, contradições, medos e convicções. Os bravos guerrilheiros que lutam no interior da densa floresta tropical confrontam-se não somente com as tropas portuguesas, mas também com as diferenças culturais e sociais que buscam superar em direção a uma Angola unificada e livre.

"A Hora da Estrela" - Clarice Lispector


A nordestina Macabéa, a protagonista de A hora da estrela, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera.

"Quincas Borba" - Machado de Assis


O romance a ascensão social de Rubião que, após receber toda a herança do filósofo louco Quincas Borba - criador da filosofia "Humanitas" e muda-se para a Corte no final do século XlX. Na viagem de trem rumo à capital, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, qua percebe estar diante de um ingênuo - e agora rico - provinciano: impressão que também é compartilhada por todos os que estão ao seu redor. As desventuras de Rubião e sua relação com os amigos parasitários dão a tônica da obra, que critica o convívio social e os valores morais e éticos vigentes na época.

"Sagarana" - João Guimarães Rosa

"Sagarana" traz cenários e personagens típicos do interior do país, mais especificamente do sertão de Minas Gerais. A linguagem inventiva do livro é outro aspecto que distinguiria para sempre o autor no campo da literatura brasileira. Ao mesmo tempo em que incorpora fragmentos essenciais da oralidade sertaneja, pescando regionalismos e recuperando antigas expressões de linguagem do sertão, Rosa inova com a criação de neologismos cuidadosamente lapidados. Dentre os nove contos que fazem parte do livro, destacam-se os célebres “A hora e vez de Augusto Matraga”, “Conversa de bois” e “O burrinho pedrês”

"Capitães da Areia" - Jorge Amado


Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.


© all rights reserved
made with by templateszoo