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A formação do Brasil em Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre

Foto: Divulgação

APRESENTAÇÃO

Em 1933, após exaustiva pesquisa, Gilberto Freyre publica "Casa-grande & Senzala", livro que revoluciona os estudos no Brasil, tanto pela novidade dos conceitos quanto pela qualidade literária. É considerado o livro capital da cultura brasileira. Passados 80 anos, continua sendo um clássico da nossa literatura, mostrando, com beleza e vigor, a formação do povo brasileiro pela mistura de raças e culturas. A atual edição possui introdução de Fernando Henrique Cardoso.


RESENHA

Foto: Divulgação

O clássico obra de Gilberto Freyre, Casa-grande & senzala, analisa a formação do povo brasileiro, destacando suas características positivas e negativas, bem como as peculiaridades de sua origem. O autor ressalta a sociedade patriarcal brasileira, descrevendo aspectos cotidianos na colônia, como a escassez de escolas e a criação das crianças no meio selvagem.

Freyre também compara o estilo de colonização portuguesa com a espanhola e inglesa. Ele investiga a miscigenação no Brasil, que ocorreu intensamente devido à falta de mulheres brancas na colônia. A obra aborda o mito da promiscuidade brasileira, erroneamente atribuída aos indígenas e escravos, assim como a opressão contra as mulheres.

O autor também destaca a influência da igreja católica na colônia, mencionando a proibição de negros e mestiços ao sacerdócio. Casa-grande & senzala é uma análise profunda sobre a sociedade brasileira e suas origens.

O livro aborda a formação do Brasil a partir de dois pilares fundamentais. O primeiro destaca a influência da monocultura latifundiária e do sistema escravocrata na colonização, onde Portugal não se preocupou em distribuir terras de forma equitativa, resultando em uma enorme concentração de propriedades. Devido à resistência dos índios em realizar trabalhos repetitivos, os africanos foram trazidos como escravos para trabalhar nos latifúndios.

Um aspecto interessante do livro é a análise da fusão das culturas africana e indígena, que se mesclaram e influenciaram elementos como vestimentas, culinária, comportamento e crenças. Essa mistura cultural, somada à presença europeia, resultou na formação do povo brasileiro, caracterizado pela diversidade cultural.

O comportamento dos portugueses foi essencial nesse processo, pois, ao contrário de outros europeus, demonstraram ser mais receptivos a influências externas e permitiram a miscigenação de culturas, como já haviam feito anteriormente com a cultura árabe dos mouros. Essa abertura para a diversidade é apontada como um dos motivos que contribuíram para a ausência de conflitos étnicos profundos no Brasil, apesar do passado escravocrata. Embora o racismo ainda persista, a resolução pacífica em comparação com outros países é destacada como uma característica positiva do Brasil. O segundo eixo fundamental do livro, intitulado "Casa-Grande e Senzala", aborda a divisão entre os poderes político, econômico e social na sociedade brasileira. Enquanto a Casa-Grande representava o centro do poder, com todos os privilégios e luxos, a Senzala era o lugar onde os escravos viviam desprovidos de direitos e sujeitos aos abusos dos senhores. Essa divisão criou um contraste entre os aceitos e relegados, deixando marcas profundas na estrutura social do país.

A cultura da Casa-Grande, de mandar e de privilégios, perdurou mesmo após a abolição da escravidão em 1888. O livro Raízes do Brasil destaca que os habitantes da Casa-Grande mantinham essa mentalidade no trato dos cargos públicos, beneficiando apenas amigos e negando oportunidades ao restante da população. Esse sistema de compadrio perpetuou desigualdades e injustiças na sociedade brasileira por muito tempo.

O livro expõe a complexidade do povo brasileiro, tanto em termos culturais quanto de formação. É importante considerar nosso passado para entender as dificuldades atuais do país, especialmente em relação às decisões políticas que parecem beneficiar apenas os governantes. A confusão entre interesses públicos e privados, talvez herança da Casa-grande e do compadrismo de Freyre, é um tema recorrente. A resistência a reformas e a manutenção do status quo também podem ter raízes históricas. A leitura de "Casa grande e senzala" pode ajudar a compreender melhor a realidade brasileira.

No geral, Casa-grande & senzala é uma obra fundamental para compreender a formação e a complexidade da sociedade brasileira. Freyre conseguiu analisar de forma profunda as raízes do Brasil, destacando tanto aspectos positivos quanto negativos. Sua abordagem da miscigenação, das influências culturais e da estrutura social do país é extremamente relevante até os dias de hoje. A obra nos leva a refletir sobre as origens das desigualdades e injustiças presentes na sociedade brasileira, e nos ajuda a compreender melhor os desafios que o país enfrenta atualmente. Em suma, Casa-grande & senzala é um livro que merece ser lido e estudado por todos que desejam compreender a essência do Brasil.

[RESENHA #1015] A arte da guerra, de Sun Tzu

Foto: Arte gráfica


APRESENTAÇÃO

O que faz de um tratado militar, escrito por volta de 500 a.C., manter-se atual a ponto de ser publicado praticamente no mundo todo até os dias de hoje? Você verá que, em A arte da guerra, as estratégias transmitidas pelo general chinês Sun Tzu carregam um profundo conhecimento da natureza humana. Elas transcendem os limites dos campos de batalha e alcançam o contexto das pequenas ou grandes lutas cotidianas, sejam em ambientes competitivos – como os do mundo corporativo – sejam nos desafios internos, em que temos de encarar nossas próprias dificuldades. Se você não conhece a si mesmo nem o inimigo, sucumbirá a todas as batalhas. Sun Tzu


RESENHA


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A obra "A Arte da Guerra", escrita por Sun Tzu no século V a.C., originalmente concebida como um manual estratégico militar, encontrou diversas aplicações não relacionadas ao campo de batalha. Atualmente, é utilizada em áreas como Negócios, Esportes e até mesmo Relacionamentos. Composto por 13 capítulos distintos, cada um abordando um aspecto específico do planejamento e gestão de conflitos, o livro analisa detalhadamente fatores e variáveis individuais que podem surgir, oferecendo orientações para se preparar para cada situação. Trata-se, portanto, de uma obra abrangente que considera todas as complexidades e cenários possíveis.  O autor explora aspectos como a importância da preparação, do planejamento e da flexibilidade em situações de conflito. Sun Tzu destaca a necessidade de conhecer o inimigo e a si mesmo para alcançar a vitória, além de enfatizar a importância da astúcia e da estratégia sobre a força bruta.

O livro traz uma detalhada explicação e análise dos militares chineses do século V aC, abordando desde armas, condições ambientais e estratégias até classificação e disciplina. Sun destacou a importância dos agentes de inteligência e espionagem no esforço de guerra, sendo considerado um dos melhores estrategistas e analistas militares da história, cujos ensinamentos e estratégias influenciaram o treinamento militar avançado em todo o mundo.

A obra foi traduzida para o francês e publicada em 1772 pelo jesuíta francês Jean Joseph Marie Amiot, sendo republicada em 1782. Uma tradução parcial para o inglês foi tentada pelo oficial britânico Everard Ferguson Calthrop em 1905 sob o título "A arte da guerra". A primeira tradução comentada para o inglês foi concluída e publicada por Lionel Giles em 1910. Líderes militares e políticos como Mao Zedong, Takeda Shingen, Võ Nguyên Giáp, Douglas MacArthur e Norman Schwarzkopf Jr. são citados como tendo se inspirado no livro.

A obra analisa os cinco princípios essenciais (o Caminho, as estações, o terreno, a liderança e a gestão) e os sete fatores que influenciam os resultados das batalhas militares. Ao refletir, avaliar e comparar esses aspectos, um líder pode prever suas chances de sucesso. Ignorar esses cálculos essenciais certamente resultará em fracasso devido a ações inadequadas. O texto enfatiza a gravidade da guerra para o Estado e adverte que não deve ser declarada sem uma ponderação cuidadosa. Neste texto, é abordado o entendimento da economia da guerra e a importância de conquistar compromissos decisivos de forma rápida para o sucesso nas campanhas militares. É ressaltado que para alcançar o sucesso, é necessário limitar os custos da competição e do conflito.

Definindo a fonte de força é definida como uma unidade, não em tamanho. Os cinco fatores necessários para o sucesso em qualquer guerra são discutidos em ordem de importância: Ataque, Estratégia, Alianças, Exército e Cidades. O livro também defende as posições existentes é crucial até que um comandante seja capaz de avançar com segurança a partir dessas posições. Reconhecer oportunidades estratégicas é fundamental, assim como evitar criar oportunidades para o inimigo.

Esses princípios são essenciais para alcançar a vitória em qualquer confronto, garantindo a maximização da força e minimizando as vulnerabilidades. Explique como as oportunidades de um exército surgem a partir das vulnerabilidades do inimigo e como lidar com as mudanças no campo de batalha. Destaque os perigos do confronto direto e discuta estratégias para vencê-los. Enfatize a importância da flexibilidade nas respostas do exército e a capacidade de se adaptar às mudanças nas circunstâncias. Descreva as diferentes situações enfrentadas por um exército ao avançar em território inimigo e como avaliar as intenções do adversário. Analise as áreas de resistência e os tipos de posições terrestres, destacando suas vantagens e desvantagens.

"A arte da guerra" é uma leitura essencial para aqueles que querem entender as dinâmicas do poder e da competição, ensinando lições valiosas sobre liderança, tomada de decisão e resolução de conflitos. Ao longo dos séculos, o livro continua a ser uma referência para estrategistas e líderes em todo o mundo, demonstrando a atemporalidade e a relevância de seus ensinamentos.

[RESENHA #1014] O showman: Os bastidores da guerra que abalou o mundo e forjou a liderança de Volodymyr Zelensky, de Simon Shuster

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APRESENTAÇÃO

Das coxias dos programas de auditório na Ucrânia às trincheiras da guerra contra a Rússia, Simon Shuster, jornalista correspondente da revista Time, retrata a vida e a liderança em tempos de guerra do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Baseado em quatro anos de reportagem, extensivas viagens ao front com o presidente e dezenas de entrevistas com ele, a esposa, os amigos e inimigos, os conselheiros, os ministros e os comandantes militares, O showman conta a história intimista e reveladora da evolução de um comediante a símbolo de resiliência, e de como ele conseguiu o apoio de tantos Estados democráticos à sua causa.

Realista sobre as falhas iniciais de Zelensky em garantir a paz e sobre sua disposição para silenciar dissidências políticas, o livro faz um retrato complexo de um homem lutando para romper o que considera um ciclo histórico de opressão, iniciado muitas gerações antes da sua. Mesmo com o avanço da guerra, Zelensky não deixa de lado a sua visão para o futuro do combate e, por meio de suas ações, cria estratégias surpreendentes para conter os russos e manter o Ocidente ao seu lado.

Como reportagem, O showman oferece a perspectiva essencial de testemunha ocular da história sobre um dos principais conflitos que definem o nosso tempo. Como estudo de liderança e determinação do ser humano, é um livro atemporal e universal.


RESENHA


Foto: Arte digital

Nove meses após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia em 2022, o correspondente da revista Time, Simon Shuster, foi convidado a entrar no comboio presidencial, onde poucos jornalistas haviam estado antes. Este acesso não implica que “Showman” seja uma biografia, embora fale abertamente da ascensão de Zelensky ao poder, o início da guerra, os problemas da Ucrânia contra a Rússia e as divergências políticas. Shuster fornece uma visão única dos bastidores da liderança de um país em guerra, com foco em Zelenskyy, que passou de artista satírico a presidente durante um período tumultuado em sua nação. O livro equilibra respeito e simpatia por esse homem corajoso e empático, enfrentando enormes desafios para proteger seu país, com uma visão crítica necessária a qualquer líder com tamanho poder e responsabilidade, que inevitavelmente cometerá erros de consequências duradouras.


A biografia do Showman é mais detalhada e profunda do que a maioria dos jornalistas conseguem obter dos políticos. Shuster é um biógrafo honesto e experiente, nascido em Moscou e criado nos EUA. Ele foi o primeiro repórter estrangeiro a chegar à Crimeia durante a tomada de Putin em 2014 e passou meses na equipe presidencial de Zelenskiy após sua eleição.


Apesar de seu relacionamento próximo com Zelenskiy, Shuster mantém sua integridade jornalística, escrevendo sobre os desafios e contradições do presidente. Ele destaca a coragem de Zelenskiy em enfrentar a invasão russa e sua determinação em manter a Ucrânia independente. No entanto, a posição política de Zelenskiy é desafiada pela crescente influência de Putin e pela falta de apoio dos EUA.


Enquanto Zelenskiy continua sua luta pela soberania ucraniana, a narrativa da biografia destaca sua busca por paz e seu desejo de negociar com Putin, mesmo após as atrocidades cometidas pelas forças russas. No entanto, a realidade brutal da guerra sugere que a paz será difícil de alcançar e que a Rússia continuará a representar uma ameaça para a Ucrânia.


Apesar dos desafios e sacrifícios, Zelenskiy permanece determinado em seu objetivo de livrar a Ucrânia da influência russa. Sua coragem e liderança são elogiadas, mas o preço da guerra tem sido alto. Enquanto a União Europeia e a OTAN podem oferecer alguma estabilidade futura, a batalha pela independência continuará a ser árdua e incerta.


O livro "O Showman: Os bastidores da guerra que abalou o mundo e forjou a liderança de Volodymyr Zelensky" de Simon Shuster é uma leitura poderosa e envolvente que nos leva para dentro dos bastidores de um dos momentos mais cruciais da história contemporânea.


A narrativa do livro é instigante e muito bem construída, conseguindo capturar a complexidade dos eventos que levaram à ascensão de Volodymyr Zelensky ao cargo de presidente da Ucrânia. A partir de uma abordagem jornalística minuciosa, Shuster nos apresenta não apenas os fatos, mas também os personagens envolvidos e as nuances políticas e sociais que moldaram esse cenário.


A capacidade do autor de contextualizar os eventos dentro de um panorama mais amplo, abordando a geopolítica e as relações internacionais, enriquece ainda mais a leitura e nos permite compreender a magnitude do impacto que a guerra teve não apenas na Ucrânia, mas em todo o mundo.


Além disso, a escrita de Simon Shuster é fluida e envolvente, tornando a leitura do livro uma experiência realmente cativante. A pesquisa detalhada e a profundidade com a qual ele aborda os temas fazem com que "O Showman" se destaque como uma obra de grande relevância para quem deseja entender melhor os desdobramentos da guerra na Ucrânia e o papel desempenhado por Zelensky.


Em suma, "O Showman: Os bastidores da guerra que abalou o mundo e forjou a liderança de Volodymyr Zelensky" é um livro essencial para aqueles interessados em política internacional, jornalismo investigativo e história contemporânea. Uma leitura que impacta, provoca reflexões e nos faz questionar sobre os desafios da liderança em tempos de crise. Recomendo fortemente a todos que buscam uma leitura instigante e esclarecedora.


[RESENHA #1013] O fabuloso e triste destino de Ivan e Ivana, de Maryse Condé

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APRESENTAÇÃO

Ivan e Ivana são irmãos gêmeos tão parecidos, que um olhar desavisado é capaz de confundi-los. Quando nasceram, em Dos d’Âne, um vilarejo pobre em Guadalupe, a pequena ilha caribenha, trouxeram alegrias infinitas à sua mãe, Simone, já acostumada ao advento de múltiplos em sua família. Inseparáveis, eles desfrutam das delícias do mundo nos primeiros anos de vida: o mar, a areia, a música e os carinhos.

O tempo, porém, deixou marcas muito diferentes em cada um. Ivana logo se revela doce e servil – sonha em ser enfermeira ou policial para ajudar as pessoas. Ivan, por outro lado, se revolta com a condição em que vê a si e aos seus – a miséria e o racismo lhe ferem fundo, e ele não consegue compreender por que o mundo é assim. Apesar da distância que se cria entre eles, o amor dos irmãos é tão forte que assusta e chega até mesmo a levantar suspeitas.

O destino dos dois é desenhado entre o fatal e o arbitrário. Quais os caminhos que uma única alma em dois corpos pode traçar? Quais escolhas delineiam as consequências de nossos atos? E quais fatores fogem do nosso controle? Quantas versões cabem em uma história?

Maryse Condé, a premiada escritora caribenha, alia o maravilhoso e o trágico nestas páginas ao misturar a vida singular a grandes questões globais. A autora trata com lirismo temas como racismo, sexismo, desigualdades sociais e econômicas, migração e terrorismo jihadista. O caos contemporâneo emerge entre dúvida, fé, violência e amor. Um livro fabuloso e triste para ressoar em todos – mesmo muito depois terminadas suas páginas.


RESENHA

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Originalmente publicado em 2017 em francês, A vida maravilhosa e trágica de Ivan e Ivana é um romance picaresco que narra as aventuras transcontinentais dos gêmeos desde sua infância em Guadalupe, passando pelo tempo no Mali com o pai ausente, até chegarem em Paris nos dias de hoje. O livro aborda questões como colonialismo, radicalização, migração e exploração, mostrando como esses temas estão interligados. Com uma estrutura circular, o romance questiona se tudo começa e termina no útero.

Neste romance contemporâneo, a história dos irmãos gêmeos Ivan e Ivana começa com o nascimento em Dos d'Âne, um lugar esquecido por Deus em Guadalupe, que é comparado a um sapo atropelado à beira da estrada. Sua única conexão com a elegância está na cor verde esmeralda da cana-de-açúcar que a mãe deles corta. Guadalupe não é um país, mas sim um departamento ultramarino da França, e é visto por um jihadista como mais um lugar a ser libertado.

Ivan, o ingênuo, abandona o circo em protesto contra a crueldade com os animais, enquanto Ivana se dedica à leitura. Em uma ilha com altos índices de desemprego e onde recém-nascidos são negligenciados, Ivana mantém seu otimismo e destaca-se na escola. Condé, porém, destaca a necessidade de fechar os olhos para certas realidades a fim de encontrar a felicidade em Guadalupe.

O narrador acompanha a trajetória de Ivan, que se depara com a radicalização devido aos golpes do destino e as injustiças da vida. Ao se juntar ao pai, um músico mandingo no Mali, os gêmeos se veem em um país sob toque de recolher, dominado por gangues islâmicas que proíbem a música e destroem os estúdios de gravação. Ivan é recrutado para o Exército das Sombras, se converte ao Islã e tem seu passaporte roubado.

Resgatado e seduzido para um ménage à trois por um casal de expatriados, Ivan acaba sendo entregue novamente às mãos dos motociclistas traficantes que o roubaram. Depois de enfrentar diversas dificuldades, os gêmeos se estabelecem em um subúrbio sombrio de Paris. Ivana inicia sua formação na academia de polícia, enquanto Ivan se torna professor do Alcorão para jovens árabes franceses.

Quando um amigo morre sob custódia policial, Ivan é atingido por uma série de revezes que culminam em um banho de sangue terrível. No entanto, sua reabilitação é promovida pelos empáticos escritores de um livro chamado "O Terrorista Relutante".

Condé não faz concessões. O tapete é constantemente puxado de debaixo de nossos pés com uma mistura de verdades estranhas e golpes irônicos. Os alvos variam desde um policial aposentado, com ordens para mirar na cabeça e eliminar qualquer ameaça, até ensinamentos distorcidos sobre a escravidão praticada pelos sultões árabes. Sobre um mundo dividido em dois campos, o romance levanta questões sobre a falsa ideia de vitimização e a brutalidade em ambos os lados.

Com milhões de pessoas em movimento, Ulisses, um migrante somali, faz uma escolha desesperada ao optar por se prostituir em vez de ficar preso em um campo de migrantes. A referência cultural perdida para Ivan sobre sua nova morada na Rue Voltaire é apenas uma das muitas ironias presentes na história.

A provocativa diversão de Condé esconde um desafio: será que o Ocidente está realmente buscando de forma sincera as raízes do radicalismo jihadista, ou está, de alguma forma, fechando os olhos para os males evidentes que contribuem para alimentar o seu fascínio? A frase de despedida do romance, "você pode pegar ou largar", nos deixa a reflexão.

[RESENHA #1012] E se os gatos desaparecessem do mundo, de Genki Kawamura

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APRESENTAÇÃO

Com os dias contados, um carteiro jovem e solitário de repente se vê diante de um grande dilema existencial.

Sem contato com a família, morando sozinho e tendo apenas o gato como companhia, ele não estava preparado para receber o diagnóstico de uma doença em fase terminal e a notícia de que teria apenas alguns meses, talvez até semanas, de vida. Entretanto, antes que possa se conformar com a fatalidade do destino, o Diabo aparece em sua casa e lhe faz uma proposta irrecusável: para cada coisa que o homem estiver disposto a fazer desaparecer do mundo, ele ganhará um dia extra de vida. E assim começa uma semana inusitada.

Porém, o que a princípio parecia simples se transforma em tormento. Afinal, como decidir o que faz a vida valer a pena? Como distinguir o que é dispensável daquilo que se ama? Enfrentando essas questões cruciais, o protagonista lida com um Diabo excêntrico e maquiavélico e embarca em uma jornada que o levará ― junto de seu querido gato ― aos limites entre a vida e a morte.

Em Se os gatos desaparecessem do mundo , Genki Kawamura presenteia o público com um romance sensível e fascinante que traz à tona a importância da vida e do mundo que nos cerca, permeado por reflexões primordiais e contundentes.


RESENHA


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Neste romance situado no Japão, o narrador anônimo está contando os seus últimos dias. Trabalhando como carteiro, ele recebe a responsabilidade de cuidar do gato após a morte de sua mãe há quatro anos. À beira da morte, o narrador reflete sobre o propósito da vida. O título assustador de SE OS GATOS DESAPARECEM DO MUNDO esconde uma história emotiva sobre a existência e os sacrifícios que estaríamos dispostos a fazer por apenas mais um dia.


O diabo se apresenta ao narrador, informando-lhe que está nos estágios finais do câncer e tem apenas seis meses de vida restantes. O demoníaco personagem, que ostenta um visual de praia, é o 107º cliente do narrador e está determinado a fazer um acordo. Essa situação levanta questões sobre quais outras coisas desapareceram sem que percebêssemos e o que isso revela sobre a natureza dos objetos criados pelos seres humanos. Até mesmo a noção de tempo é posta em xeque nessa história.


Durante o desenrolar do romance, o narrador anônimo concorda em trocar alguns dias extras pela remoção de certos objetos do mundo. O primeiro item a desaparecer são os telefones celulares. O diabo lhe concede a oportunidade de fazer um último telefonema e, diante da escolha de quem ligar, o narrador entra em reflexão sobre o significado desses objetos para os seres humanos e como a vida poderia ser afetada se fossem tirados para sempre. A narrativa dos desaparecimentos me convenceu e a reflexão do narrador sobre eles pareceu muito pertinente. Ela leva o leitor a refletir sobre a vida sem esses objetos e como as invenções modernas influenciaram a humanidade e moldaram a natureza humana. Por exemplo, o narrador observa: "Quando o ser humano inventou o celular, também inventou a ansiedade de não tê-lo".


E onde entram os gatos nessa história? A mãe do narrador era uma amante de gatos e transmitiu esse amor, juntamente com seu gato, para ele. Quando o primeiro gato da família torna-se parte da vida deles e falece, a mãe entra em depressão - até que chega para fazer companhia. Enquanto enfrenta seus medos de morte iminente e reflete sobre a importância dos objetos que desaparecem para os humanos, ele lembra-se com carinho de sua mãe como a figura que manteve a família unida. Após a morte dela, quatro anos antes do início do romance, ele perde o contato com o pai. Além de tentar reconstruir o relacionamento com o pai, é a mãe quem o ensina a lidar com as adversidades da vida e fornece uma perspectiva única sobre os gatos. Ele sempre recorda de uma frase da mãe sobre os gatos que vivem com humanos: “Podemos pensar que possuímos gatos, mas não é assim. Eles simplesmente nos permitem desfrutar de sua companhia.”


Apesar de se tornar um pouco previsível ao longo da leitura, o desfecho do romance é profundamente comovente e emocionante. A escrita de Kawamura é marcada por uma simplicidade genuína que revela uma apreciação pela vida. O protagonista relutantemente enfrenta a inevitabilidade da morte, mas percebe que é hora de se despedir e resolver questões pendentes. A morte traz a oportunidade de encerrar assuntos inacabados e refletir sobre o que realmente importa na vida. Essa jornada emocionante é acentuada pelo estilo narrativo simples que valoriza cada palavra, tornando a leitura envolvente e rápida.


Se os Gatos Desaparecerem do Mundo é uma sobre a jornada de um jovem para aceitar o fim e fazer as pazes com ele. E, claro, também é sobre Gatos. Recomendo especialmente para os amantes de felinos, fãs de ficção japonesa ou aqueles interessados em escritos especulativos sobre a vida e a morte.

[RESENHA #1011] Pensamento criativo: colocando a imaginação para trabalhar, de Michael Michalko

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APRESENTAÇÃO

O especialista em criatividade e autor best-seller Michael Michalko mostra que — em todos os campos de atuação, nos negócios, assim como na ciência e no governo, nas artes e até mesmo na vida cotidiana —, a criatividade natural é limitada pelos preconceitos da lógica e pelas estruturas de categorias e conceitos aceitos.

Com exercícios detalhados, estratégias ilustradas e exemplos inspiradores do mundo real, Pensamento criativo ensina os leitores a liberar o pensamento e literalmente expandir a imaginação, aprendendo a sintetizar assuntos diferentes, a pensar paradoxalmente e a contar com a ajuda da mente subconsciente. Ele ainda revela atitudes e abordagens que diversos gênios têm em comum e que qualquer pessoa pode copiar.

Fascinantes e divertidas, as estratégias de Michalko facilitam o tipo de pensamento súbito que muda a vida para melhor.




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RESENHA

Michael Michalko é um dos especialistas em criatividade mais aclamados do mundo. Como oficial do Exército dos EUA, Michael organizou uma equipa de especialistas em inteligência da OTAN e académicos internacionais em Frankfurt, Alemanha, para pesquisar, recolher e categorizar todos os métodos conhecidos de pensamento inventivo. A sua equipa aplicou os métodos a vários problemas militares, políticos e sociais da OTAN e produziu uma variedade de ideias inovadoras e soluções criativas para problemas novos e antigos. Mais tarde, Michael aplicou essas técnicas de pensamento criativo a problemas do mundo corporativo com sucesso notável. As empresas com as quais trabalhou ficaram entusiasmadas com os resultados inovadores alcançados e, desde então, Michael tem trabalhado no desenvolvimento e ensino de workshops e seminários de pensamento criativo para clientes corporativos em todo o mundo.

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O livro colocando a imaginação para trabalhar, do autor Michael Michalko trata-se de uma exploração prática da criatividade e de suas aplicações, com o objetivo de estimular o potencial criativo inato em cada indivíduo. O autor Michalko argumenta que a educação tradicional suprime a originalidade ao limitar o pensamento dos alunos à repetição de informações do passado e às ideias de pensadores anteriores. Ele destaca que os verdadeiros "gênios" são aqueles capazes de fazer conexões entre diferentes assuntos para criar novas abordagens e conceitos. A técnica conhecida como "combinação conceitual" pode ser utilizada para estimular um pensamento espontâneo e criativo, o qual é essencial para a inovação tanto no mundo dos negócios quanto na vida em geral.

Cheio de atividades que estimulam a mente a pensar de maneiras diferentes, lidar com contradições e acessar o poder do subconsciente, o livro Pensamento Criativo pode ajudar os leitores a identificar onde sua criatividade está parada - e dar o impulso necessário para voltar a fluir. Michalko compartilha relatos de indivíduos que exploraram a imaginação de forma impactante para gerar ideias inovadoras e revolucionárias em diversos campos, como negócios, artes e inovação.

A primeira parte do livro explora a natureza e a importância do pensamento criativo, incentivando os leitores a desafiarem padrões previsíveis de pensamento e a se tornarem pensadores originais e solucionadores de problemas. Exemplos inspiradores, como o engenheiro elétrico James Crocker, o inventor do Hubble, e Louis Braille, criador do sistema de leitura para cegos, são apresentados como modelos. Da Vinci também é citado como mestre artista e inventor que utilizava elementos simples ao seu redor como fonte de inspiração.

A segunda parte discute as características do pensador criativo, destacando a importância da intenção, dos padrões de fala e do fingimento no processo de desenvolvimento da criatividade. Michalko desafia os leitores a identificarem e superarem obstáculos que possam estar limitando sua criatividade, encorajando-os a assumir riscos, a manter-se em movimento contínuo e a transformar desafios em oportunidades de inspiração.


Compre a obra no site da editora Hábito: https://www.editorahabito.com.br/shop/Pensamento-Criativo-p613304649

Pobres criaturas | Emma Stone brilha em roteiro épico de Yorgos Lanthimos

Foto: Reprodução


É difícil imaginar que, este ano, haverá um filme mais engraçado, sujo ou peculiar do que o último filme de Yorgos Lanthimos, sua segunda colaboração com a estrela Emma Stone. Descrever "Pobres criaturas", adaptado por Tony McNamara do romance de Alasdair Gray, como criativamente desinibido, é pouco para o passeio selvagem e inventivo que o filme nos proporciona. Impulsionado pela corajosa atuação de Stone, o filme narra a jornada de Bella Baxter, uma folha em branco que se transforma na mulher definitiva que se fez sozinha.

Esta jornada é acompanhada por uma trilha sonora deliciosamente excêntrica de Jerskin Fendrix. Um motivo inquieto e desafinado de quatro notas tocado em cordas de violino esfoladas abre o filme e retorna em várias encarnações, soando em certo ponto como um hipopótamo acasalando com um harmônio. A evolução gradual da música para uma maior complexidade e sofisticação, reflete de forma brilhante o crescimento intelectual de Bella.


Foto: Reprodução


O trabalho das diversas equipes de design do filme e a sempre curiosa câmera de Robbie Ryan são igualmente importantes. O apetite de Bella por novidades se reflete na produção de filmes que provocam um sentimento de admiração e descoberta no público. Desde a extravagância peculiar dos figurinos de Holly Waddington ao design de produção desequilibrado de Shona Heath e James Price, Poor Things é um carnaval de estranheza infinitamente fascinante. Os detalhes do design de produção são especialmente notáveis, como as vinhetas acolchoadas de cetim marfim nas paredes do quarto de Bella na casa de Godwin - um toque elegante e opulento na cela acolchoada.

O mundo exterior, por sua vez, é fortemente influenciado pelo design art nouveau. No entanto, em vez da flora e fauna que inspiraram os artistas originais, o design aqui se baseia em temas mais terrosos. Observando atentamente, é possível notar a abundância de imagens fálicas, aninhadas entre os arabescos de Falópio e os botões vulvicais. Trata-se de um playground de pervertidos cheio de obscenidades subliminares. Não há lugar onde eu preferiria passar meu tempo.

Ramy Youssef interpreta Max McCandless, um jovem assistente médico sério que se apaixona por Bella, mesmo com seu comportamento anárquico. No entanto, Bella foge com um canalha sedutor interpretado por Mark Ruffalo, em uma jornada por diferentes cidades como Lisboa, Alexandria e Paris, em busca de sexo e aventura.

Cada cidade é retratada de forma fantástica, lembrando o estilo de Wes Anderson ou dos antigos filmes mudos de Georges Melies. Bella, uma figura ingênua e inconsequente, se recusa a se vitimizar e não cede aos homens que tentam se aproveitar dela, revelando a corrupção e hipocrisia ao seu redor.


Foto: Reprodução

Embora haja um tom humorístico nas interações de Bella com seus clientes idosos e malcheirosos em um bordel em Paris, algumas partes do filme têm um olhar voyeurístico desconfortável, expondo Bella ao olhar masculino lascivo.

A colaboração entre Lanthimos e Stone é alquímica, elevando um ao outro em ousadia artística. O desempenho físico de Stone é notável, não apenas pelas cenas de nudez e sexo, mas pela forma como ela incorpora a personagem de Bella. Seu uso magistral do corpo e expressões faciais é essencial para nossa imersão na jornada da personagem.

"Pobres Criaturas" é uma obra-prima do cinema contemporâneo, que desafia convenções e nos leva a uma viagem inesquecível e fascinante. Yorgos Lanthimos e Emma Stone entregam performances impecáveis, complementadas pela trilha sonora única de Jerskin Fendrix e pelo excelente trabalho das equipes de design. O filme é um verdadeiro marco de criatividade e ousadia, que certamente ficará marcado na história do cinema como uma obra à frente de seu tempo. Uma experiência cinematográfica única e imperdível.

Entrevista com Nando Bernal, autor de ❝Belas virgens mortas❞

Foto: Acervo Pessoal / Divulgação


Em uma entrevista exclusiva, o autor Nando Bernal nos leva aos bastidores de sua misteriosa trama em Belas Virgens Mortas. Com um talento admirável para o suspense e uma forte influência da literatura policial, Bernal nos revela os segredos por trás de sua obra e como a sua paixão pela escrita desde a infância o levou a se tornar um renomado romancista. Conheça mais sobre a mente brilhante por trás desse intrigante enredo e mergulhe em um mundo repleto de reviravoltas e mistérios irresistíveis.

Confira a entrevista na íntegra:

Foto: Capa da obra / divulgação

1. Quando você decidiu se tornar um escritor?

R.: Foi algo que nasceu sem que eu tenha percebido e foi criando raízes. Na escola, quando era criança, perguntavam o que seríamos e eu, que nem sabia bem o que era Literatura além dos gibis, dizia: “escritor”. Era uma espécie de intuição, um sentimento antes da certeza.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

R.: O suspense dramático 'Belas Virgens Mortas - Primavera'. Passa-se no interior do Brasil e tem como pano de fundo a luta entre o conservadorismo e as questões atuais da nossa sociedade. Já o concluí e agora estou trabalhando na continuação, onde novas reviravoltas e outros crimes acontecem.


3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

R.: Leio outros autores, assisto a séries e filmes e anoto ideias interessantes. Acredito que essas informações vão se juntando no meu subconsciente e se manifestam em meus sonhos. Já sonhei com enredos inteiros. 'Belas Virgens Mortas' é baseado em duas personagens centrais com as quais sonhei. Ao acordar, desenhei o perfil delas no papel e desenvolvi a história a partir desse ponto.


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

R.: Sempre fui fã de Ágatha Christie e Sidney Sheldon. Gosto de romances policiais que contam a história de famílias e envolvem dramas humanos. Acredito que são temas com os quais todos se identificam.


5. Existe algum ritual para escrever um livro? Qual funciona para você?

R.: Gosto de adiantar todas as tarefas domésticas para me dedicar por três a quatro horas exclusivamente ao processo criativo. Gosto de saber que não deixei nada pendente, pois escrever é um prazer e prefiro descansar depois de desligar o notebook.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

R.: Até agora, publiquei ‘Belas Virgens Mortas – Primavera’. O maior desafio para mim foi selecionar as ideias necessárias para tecer uma trama crível que não se estendesse demais. Cortar grandes partes do texto para valorizar outras foi a parte complicada; é como renunciar a um filho para salvar outros, é um processo doloroso.


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

R.: Sou sistemático; gosto de ter um processo claro antes de começar a escrever. O fio condutor do meu romance sempre é o motivo pelo qual ele é escrito, até o final. A partir daí, coloco no papel os personagens necessários. Depois, reúno anotações feitas ao longo dos últimos meses – baseadas em livros e filmes que gostei – e seleciono aquelas relevantes para o enredo. Em seguida, monto a estrutura: ao contrário da maioria dos autores, escolho o título nessa fase; também divido em partes e capítulos – é uma base para não ultrapassar os limites de páginas, por exemplo. Só então começo a escrever de fato.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

R.: Meu grande desafio é encontrar tempo para escrever. Parece que as pessoas pressentem que estamos em um novo livro e vêm nos sobrecarregar com compromissos e pedidos. A inspiração surge quando consigo me isolar do resto do mundo. Preciso me fechar no meu quarto, cercado de tudo o que me é familiar, e o processo criativo flui.


9. O que podemos esperar para seus próximos livros?

R.: Tenho muitas ideias e acredito que o romance policial deve ser tão rico em romance quanto em mistério. Pretendo escrever histórias que se passam no Brasil, conectando-se à realidade do leitor e, ao mesmo tempo, fazendo-o mergulhar em um mundo imaginativo. Portanto, esperem ser desafiados e terem suas emoções mexidas!


10. Como você vê a vida dos autores no cenário político atual?

R.: A falta de apoio à Cultura que predominou no governo anterior parece estar lentamente ficando para trás. No entanto, ainda há muito a ser feito. No Brasil, não conheço um escritor que não tenha uma profissão paralela para se sustentar. É uma luta constante tentar viver apenas como escritor. Precisamos urgentemente de políticas públicas que promovam e valorizem a nossa Literatura, que é uma das mais ricas do mundo.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever seu primeiro livro?

R.: Se envolva profundamente com sua história e mergulhe em cada detalhe. Cultive a disciplina e reserve pelo menos duas horas por dia para escrever sem interrupções. O livro é como um filho: demanda tempo, energia e respeito, e no fim, retribui com muito afeto e autovalor.

Entrevista com Edgar farinon, autor de "A Busca do Triunfo"

Foto:Divulgação / Acervo pessoal do autor

Entrevistamos o renomado professor e palestrante Edgar Farinon, autor de best-sellers como "A Busca do Triunfo" e "Oratória - a arte de se comunicar". Com uma vasta experiência na área de treinamentos e palestras, Farinon compartilha conosco sua trajetória de sucesso e os segredos para uma vida plena, tanto material quanto espiritual. Em uma conversa envolvente, ele nos revela suas inspirações, projetos futuros e a importância de colocar em prática as técnicas e ensinamentos presentes em suas obras. Acompanhe essa entrevista exclusiva e descubra como alcançar o sucesso em todas as áreas da sua vida.


Confira a entrevista na íntegra:



1. Quando decidiu se tornar um escritor?

Ler e escrever sempre fizeram parte da minha vida. Desde que aprendi no primeiro ano escolar, gostava de escrever pequenas frases.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

Quando era adolescente, comecei um livro sobre minha vida, mas logo pensei que não tinha conteúdo suficiente para uma biografia e desisti.


3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

O tema é autoajuda, o que é muito amplo. Para o enredo, começo e deixo a imaginação fluir.


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

Eu leio muito, então todo conhecimento que adquiro acaba influenciando minha escrita. Assim como outros escritores, não tenho um autor específico como base.


5. Existe algum ritual para escrever um livro? Qual funciona para você?

Eu gosto de escrever de madrugada, pois o silêncio me ajuda a criar mais. Acredito que cada pessoa deve tentar diferentes formas e escolher a que melhor se adapta.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

Lancei "A Busca do Triunfo", que começou a vender rapidamente em todo o mundo. Esse foi complexo porque era o primeiro. Depois, lancei "Oratória - a arte de se comunicar", que chegou a quarto lugar mais vendido na categoria durante o lançamento. O próximo será a tradução para o inglês e será o mais complexo por causa das diferenças na aplicação da oratória em diferentes países.


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Sim, faço anotações abaixo do que estou escrevendo e também uso o bloco de notas do celular quando estou fora.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

Não pode faltar solidão. Preciso estar sozinho. Quando falta inspiração, faço outra coisa até que ela retorne.


9. O que podemos esperar para seus próximos livros?

Estou concluindo um livro que trata do poder e da capacidade mental para realizar coisas, seguindo a linha de "A Busca do Triunfo". O próximo livro será sobre relacionamentos humanos, também utilizando uma história para transmitir técnicas de desenvolvimento.


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

Esse é um tema complexo que prefiro não comentar, pois cada autor tem uma experiência diferente. Para mim, isso não interfere, pois busco caminhos diferentes e sigo aqueles que trazem resultados.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever seu primeiro livro?

Escreva sem contar para ninguém. Lance sem avisar a ninguém. Dessa forma, os críticos não terão a oportunidade de dizer que você não é capaz. Encontre apoiadores discretos que se tornarão amigos próximos, enquanto outros amigos podem se afastar. Estranho, mas verdadeiro.

O meme do mal: explicação do enredo

Foto: Divulgação

No mundo atual, é comum ver notícias e desafios se espalhando pela internet rapidamente, alcançando destaque mundial em questão de horas ou minutos. O novo filme de terror psicológico "O Meme do Mal", disponível no catálogo do Star+, é uma adaptação sinistra da lenda da Momo, que ganhou notoriedade em 2018 por estar associada a um desafio que levou crianças e adolescentes a se ferirem ou até mesmo cometerem suicídio. Assim como na lenda, no filme tudo começou com uma notícia falsa sendo divulgada na internet, tornando-se uma lenda.

A trama segue Melinda Jaynes, uma blogueira que cria uma lenda sobre um suposto desafio online envolvendo uma entidade chamada Grimcutty, responsável por induzir crianças e adolescentes a se machucarem e até mesmo tirarem a própria vida. Quando o conteúdo viraliza, os pais ficam alarmados e diversas crianças começam a ter visões da sinistra criatura, gerando um surto psicótico. Os pais, incluindo os protagonistas Asha e Kamram, proíbem os filhos de acessarem a internet, mesmo sem saberem sobre o desafio ou a criatura, causando mais pânico entre as crianças.

Foto: Divulgação

A preocupação dos pais faz com que a criatura, visível apenas para os jovens, os persiga até a morte súbita. Asha, após avistar a criatura, decide investigar sua origem e como detê-la, já que todos ao seu redor estão sofrendo com essa maldição. O filme explora o medo dos pais pelo acesso dos filhos à internet e como isso pode impactar a segurança das crianças.

Do ponto de vista analítico, podemos dizer que o enredo busca explicitar a insegurança que os filhos enfrentam com o cuidado excessivo dos pais, que os fazem se sentir retraídos ou tomarem atitudes trágicas em busca de uma atenção real, que em síntese, não esteja carregada de proibições ou limitações, mas em uma relação de confiança.

Ao final, a personagem Asha revela que a histeria causada pelos pais pode levar a consequências trágicas. O desafio não era um grito de socorro dos jovens, mas sim uma maldição real provocada pela criatura demoníaca Grimcutty. O filme explora a influência da internet na vida dos jovens e os perigos dos desafios virais, como o da Baleia Azul e da Momo.

Apesar das críticas negativas, o filme traz reflexões sobre a superproteção dos pais e o impacto da internet na juventude, embora falhe em criar um clima de terror eficaz.

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