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[RESENHA #1001] é que essa pequenez do (nosso) universo sempre me assustou um pouco, de Rafaella Pastore Miotto


SINOPSE

"É Que Essa Pequenez do (Nosso) Universo Sempre Me Assustou Um Pouco" é uma jornada poética e introspectiva que mergulha nos mais profundos sentimentos e reflexões sobre o universo, o lugar que ocupamos nele e a sua imensidão (ou a falta dela). Desde o primeiro texto, somos apresentados a uma escritora que se vê refletida nas palavras que ela própria compõe. Ao abordar a solidão e a dor que carrega consigo, a autora revela a sua própria luta interna, compartilhando as dificuldades enfrentadas para superar as mágoas e tristezas. Ela explora a ideia de que cada pessoa é responsável por salvar-se, por encontrar sua própria luz em meio à escuridão, assim como também oferecer uma mão amiga a si mesma. Ao longo do livro, a prosa poética continua a explorar essas questões existenciais, levando os leitores a uma jornada tocante e profunda. Com uma linguagem poética rica em emoções e simbolismos, o livro convida o leitor a refletir sobre a vastidão do universo e nossa conexão com ele, destacando como nossa pequenez nesse cosmos pode ser assustadora, mas ao mesmo tempo, uma fonte inesgotável de maravilhas e descobertas interiores. "É Que Essa Pequenez do (Nosso) Universo Sempre Me Assustou Um Pouco" é uma obra que ressoa com aqueles que buscam uma conexão mais profunda consigo mesmos e com o universo, desvendando as complexidades da alma humana e as reflexões sobre nossa existência no vasto e misterioso cosmos.


RESENHA

"É Que Essa Pequenez do (Nosso) Universo Sempre Me Assustou Um Pouco" é uma obra poética que mergulha nas profundezas da alma humana, explorando temas como solidão, dor e a busca pela redenção interior. A autora, Rafaella Pastore Miotto, revela sua própria luta interna através de textos que transbordam emoção e reflexão.

A obra é narrada em forma de diário, ela não possui uma cronologia objetiva ou direta, nem liga-se em particular com outros acontecimentos, pelo contrário, os textos escritos pela autora somam-se em reflexões poéticas e sugestivas por ela elaboradas em períodos distintos com datação e hora definida.

Através da obra, somos levados a refletir sobre a nossa insignificância diante da vastidão do universo e das tragédias que assolam a humanidade. A autora questiona a apatia e a indiferença do ser humano diante da destruição que ele mesmo causa, destacando a necessidade urgente de olhar para dentro de si e encontrar a redenção.

A linguagem poética rica em simbolismos e metáforas convida o leitor a mergulhar em suas próprias emoções e reflexões, desvendando as complexidades da existência e a conexão profunda com o universo. "É Que Essa Pequenez do (Nosso) Universo Sempre Me Assustou Um Pouco" é uma obra que ressoa com aqueles que buscam uma compreensão mais profunda de si mesmos e do mundo ao seu redor, tocando nas feridas da alma e abrindo caminho para a cura e a transformação.

Os textos apresentados são intensos e carregados de emoção, explorando diferentes temas de forma poética e sincera. A autora demonstra uma sensibilidade profunda ao abordar sentimentos como a explosão emocional e o medo de sonhar.

No texto da página 8, a autora descreve a sensação de transbordar de emoções e se entregar por completo a alguém, mostrando vulnerabilidade e entrega total. A linguagem poética e a intensidade das emoções transmitem ao leitor a força e a profundidade dos sentimentos ali presentes. Já no texto da página 9, a autora explora o medo dos sonhos e a necessidade de proteção e segurança, especialmente destacando a presença reconfortante de alguém amado para acalmar os medos. A transição do medo para a coragem e a insegurança diante da distância iminente evidenciam a complexidade das relações interpessoais e a importância de conexões genuínas.

Os textos conseguem dialogar com o leitor através de uma linguagem íntima e poética, abordando questões universais de forma singular e emocionante. A autora demonstra habilidade em explorar temas profundos e complexos, convidando o leitor a refletir sobre suas próprias emoções e vivências. Em suma, os textos apresentam uma análise crítica positiva por sua capacidade de transmitir emoções com intensidade e sensibilidade.

No texto da página 11, a autora expressa sentimentos de ansiedade, pânico e desconexão com o presente. Ele descreve a sensação de estar no limite, enfrentando crises internas e buscando por si mesmo. Utiliza metáforas como a ideia de se transformar em poeira espacial para transmitir a intensidade de suas emoções. 

A citação "nem todos que vagueiam estão perdidos" sugere uma reflexão sobre a jornada de autoconhecimento e as dúvidas sobre a própria identidade. A autora questiona sua existência e o significado de sua busca interior, comparando-se a uma pessoa-formiga vista pelos olhos de uma criança de dentro de um avião, o que sugere uma visão diminuída de si mesmo e a sensação de estar perdido no mundo.  A última parte do texto revela um desejo de transformação, de explodir e se tornar micro partículas subatômicas na esperança de se encontrar. Essa imagem sugere uma busca por algo mais profundo e uma vontade de se reconectar consigo mesmo.  Em suma, o texto aborda temas como ansiedade, identidade, busca interior e a sensação de estar perdido, transmitidos através de metáforas e reflexões poéticas.

"É Que Essa Pequenez do (Nosso) Universo Sempre Me Assustou Um Pouco" é uma obra que convida o leitor a mergulhar nas profundezas da alma humana, explorando questões universais de solidão, dor e redenção. A autora, Rafaella Pastore Miotto, revela sua própria jornada de luta interna através de textos poéticos intensos e carregados de emoção. Por meio de uma linguagem rica em simbolismos e metáforas, somos levados a refletir sobre nossa insignificância diante da vastidão do universo e a necessidade de olhar para dentro de nós mesmos em busca de cura e transformação. Os textos apresentados transmitem uma sensibilidade profunda ao abordar sentimentos como entrega total, medo dos sonhos, ansiedade e identidade, convidando o leitor a se conectar com suas próprias emoções e vivências. Em suma, esta obra ressoa com aqueles que buscam compreender a complexidade da existência e encontrar um caminho para a verdadeira redenção interior.

[RESENHA #1000] Escamas de Mil peixes, de Maitê Lamesa

 





Escamas de Mil Peixes é cardume de poesias escritas entre 2009 e 2023, entroncamento de rios que correram apartados no tempo e no espaço, até serem transpassadas por uma lâmina que afia nos dentes a vontade de falar e que afina a voz de um peixe solitário. É dessa forma que Maitê dosa as diversas forças necessárias para o arremesso dos poemas, escamas que se propõem a refletir as incontáveis nuances da poesia: a coragem da escrita, subjetividades que se cruzam com a coletividade, amores, dissabores, o correr do tempo, a voz feminina e maternal, o mar e a morte. São poemas que se revelam nas margens inacessíveis, na superfície embriagante do oceano e, sobretudo, nas profundezas de um rio turvo, na pele de peixe. Não são paisagens paradisíacas que estão em jogo, mas as paisagens para além do alcance da vista: os vales escondidos, as fossas abissais, as cavernas de morcegos, locais onde se opera um sutil descolamento a partir do encontro entre essa paisagem (realidade) e o pensamento. É um convite à poesia como a outra margem do rio, das pessoas, da vida e que, assim como ele, segue inventando caminhos possíveis por onde correr.

RESENHA






Escamas de Mil peixes é o primeiro livro da autora jauense Maitê Lamesa. A obra, descrita pela autora como um cardume de poesias é um convite à experimentação. Aqui, Lamesa, reúne textos de diferentes épocas de sua vida, em um forte movimento de coragem [metaforicamente acionada como o salto de um peixe nas águas de um rio]. A obra é uma miscelânea simbólica orientada por eixos poéticos que descrevem suas nuances entre metáforas em relação aos peixes e o movimento das águas que narram a vida como poemas que vão contra a maré, como correntezas que seguem um fluxo inconstante, como felicidade, luto, maternidade, crescimento, dor e mememórias.

A obra é dividida em sete capítulos: Os poros por onde nascem as escamas; pele de peixe; nadando contra a correnteza; um peixe de água salgada; descamado; desova; lambaris e um rio marrom onde moram os peixes. A voz do peixe usada pela autora é uma forma de trazer a tona em sua obra uma voz marginalizada e sufocada, quanto para descrever a coragem de descer o rio em uma jornada.

Nas palavras de Tatiana Lazzarotto, escritora e jornalista: O livro é dividido em muitas partes – muitas escamas – e há muitas mulheres em suas páginas. Uma que lava a louça, outra que observa a chuva. Ou uma mulher-estátua, que testemunha o esquecimento. Mas em “Desova”, quem canta é a indelegável mãe e todas as nuances de suas três letras, e é à Teresa que este livro é dedicado. Testemunhemos a poesia de Maitê como a multiplicação dessas mulheres-cardume, por meio de suas imagens-milagres. Uma poeta que nasce assim é um acontecimento.


Confira alguns trechos do poema da autora:


Campo de lavandas

é como andar por um campo de lavandas

escrever estas linhas recuadas

frutos de um pensamento único

uma sensação inacabada



recorte de sonhos em papel colunado

com emoções preenchi um dos lados

o outro resta branco com reminiscências

é o fundo do armário



as bolinhas brancas de naftalina

são as entrelinhas das ideias minhas

e o que não escrevi, já está escrito

num dia porvir, n´algum canto vivido



uma só coluna basta

para que flutuem as miragens

junto com as lavandas pendentes – lilases

esbanjando a alma calma

de quem faz poesia

para que balancem com o vento



depois de tantas elocubrações

em puro, em puríssimo devaneio

resta sempre uma coluna aberta

esperando as palavras certas

costuradas às emoções no meio




O poema Campo de lavandas é uma metáfora sobre o processo criativo do poeta, que compara a escrita de versos com o andar por um campo de flores aromáticas e coloridas. O poeta expressa seus sentimentos e pensamentos em uma coluna de papel, deixando a outra em branco para representar o que ainda não foi dito ou vivido. As bolinhas de naftalina são as entrelinhas, as ideias que não são explicitadas, mas que estão presentes na poesia. O poeta também fala das miragens, as imagens que surgem na sua mente e que se misturam com as lavandas, símbolo da calma e da beleza. O poeta reconhece que sua obra é fruto de um devaneio, de uma fantasia, mas que sempre há espaço para novas palavras e emoções. O poema é uma celebração da poesia como forma de expressão e de arte.




da (r) dos

Lançando dados

sobre o tabuleiro

são dardos que atiro

no alvo certeiro



Jogo o jogo

e pego em armas

se preciso for



Sempre foi assim

se não estou em guerra

estou nos jogos de azar

O poema da (r) dos é uma reflexão sobre a vida como um jogo de riscos e desafios, onde o poeta lança dados e dardos, buscando acertar seus objetivos. O poeta se mostra disposto a lutar e a se defender, se necessário, mas também reconhece que sua sorte depende do acaso. O poeta usa a repetição da letra R e do som /d/ para criar um efeito sonoro de força e determinação. O poema também sugere uma contradição entre a guerra e os jogos de azar, que podem ser vistos como formas de violência e de diversão, respectivamente. O poeta afirma que sempre viveu assim, entre a tensão e a aventura, sem saber o que o destino lhe reserva. O poema é uma expressão da coragem e da incerteza do poeta diante da vida.

O poema “Peles mortas” expressa a sensação de vazio e desilusão após o fim de um relacionamento amoroso. O autor usa a metáfora da poeira para representar os vestígios da união que se desfez com o vento, ou seja, com a força das circunstâncias. A poeira paira no apartamento, simbolizando a memória e a nostalgia que ainda persistem no ambiente. O autor também usa a palavra “inútil” para mostrar o quanto ele se sente frustrado e desesperançado com a mistura de suas peles mortas, que não gerou nada de positivo ou duradouro. O poema transmite uma atmosfera de tristeza, solidão e desapego.

O poema “Ofício mãe” é uma homenagem à maternidade e ao papel da mulher na sociedade. O autor usa várias imagens e metáforas para exaltar a força, a dedicação e a importância da mãe, que é vista como uma caçadora, uma guardiã, uma oficiala, uma soberana, uma credora, uma horta e uma aorta. O autor também mostra as dificuldades e os desafios que a mãe enfrenta no seu cotidiano, como o cansaço, o casamento, a cria, as costas costuradas, o colo ocupado, os sustentáculos, as articulações, os músculos, os tendões e as fibras do coração. O poema transmite uma atmosfera de admiração, gratidão e reconhecimento pelo ofício mãe, que é o responsável pela renovação, pelo futuro e pelo legado da humanidade.

O poema “Mulher-peixe” pode ser interpretado como uma metáfora da identidade e do conflito de uma mulher que se sente dividida entre dois mundos: o das águas e o do ar. Ela é uma sereia, uma figura mítica que representa a sedução, a beleza e a ambiguidade. Ela deseja respirar o ar, mas ao mesmo tempo teme perdê-lo. Ela se arrisca a sair das águas, mas se afoga na tentativa. Ela é um peixe fora d’água, uma expressão que significa alguém que não se adapta ou não se sente à vontade em um ambiente. O poema transmite uma atmosfera de angústia, solidão e incompreensão.

A obra fala de diversos assuntos como a escrita;. maternidade; luto ; sentimentos internos; resiliência; força; coragem; memórias; solidão e calmaria. Como toda poesia lúdica, estas, por sua vez, nos possibilitam uma gama de inúmeras interpretações que nos conectam com suas linhas como em uma onda interminável onde uma maré se alterna conforme o movimento das águas.

Uma obra atemporal.

A AUTORA

Maitê Lamesa é natural de Jaú/SP, e atualmente reside em São Paulo, capital. Formada em Direito (Universidade Estadual de Londrina) e mestra em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (UNESP-UNICAMP-PUC/SP), assumiu a escrita em 2022, quando a publicação tornou-se urgência face a face, face à fase de silêncios agudos: da maternidade, da pandemia e do campo, onde morou durante esse período. Integra o portal Fazia Poesia e o Coletivo Escreviventes. Este Escamas de Mil Peixes é um livro de poesia e, também, seu livro de estreia.

[RESENHA #999] Nosso livro, de Josy Souza

Foto: Arte gráfica / Divulgação

SINOPSE: Você sempre imaginou que sua história daria um livro? Então você vai se identificar com esse pequeno conto.

A protagonista desse conto seria também a protagonista de seu primeiro livro, mas teve um problema com o coautor (por quem ela estava secretamente apaixonada) que, por um mau entendido, desapareceu. Mesmo assim, ela acredita que aquela história não pode terminar assim. Que precisa de um final feliz.

E o destino concorda com ela.


RESENHA

A história é narrada por uma personagem que não se identifica, ela e sua amiga Samy participam assiduamente de um clube do livro, onde conhecem Gustavo, motivo pelo qual Samy participa verdadeiramente do clube do livro, e Bryan, primo do Gustavo. A história se desenvolve após as duas amigas iniciarem conversas com os rapazes, que, em síntese, eram bem mais velhos que as garotas. A diferença de idade entre Gustavo e Samy é gritante, ele tem 25 anos e ela 16, o que é desaprovado em todos os sentidos pela amiga que não concorda com a paixão desenvolvida pela pequena Samy.


Samy é muito linda, mas também muito jovem. Ela tem dezesseis anos e Gustavo tem vinte e cinco. Mesmo que ele esteja realmente interessado nela, não acho que isso funcionaria e nunca curti a ideia. Mas nunca disse isso a minha amiga para não decepcioná-la. Mas agora eu estava preocupada. (p.9)


Ela lê livros nas horas vagas sentada próximo à flores e escreve pequenos contos, um dia, ela encontra Bryan sentado no seu local de leitura, e ambos iniciam uma paixão latente e adolescente pelo amor em comum aos livros, e ali, se iniciava um romance e o começo de um novo livro.


Samy então marca um encontro com Gustavo e leva a amiga junto em um encontro surpresa com Bryan. O encontro termina de forma abrupta e os dias se passam, mas eles não se encontram novamente. Ela então termina o livro e vende alguns exemplares com um final diferente do que ela havia tido - um final feliz.


O conto traz como ensinamento a importância de respeitar a idade e maturidade nas relações amorosas. Mostra também a importância de valorizarmos a amizade e o apoio dos amigos, mesmo quando não concordamos com suas escolhas. Além disso, destaca a importância de seguir em frente, mesmo diante das decepções, e a importância de buscar um final feliz, seja na vida ou na ficção.


Compre o conto: Amazon / Loja oficial da Códice Editorial

Conheça a obra: É que essa pequenez do (nosso) universo sempre me assustou um pouco, de Rafaella Pastore Miotto

Foto: Divulgação


Capaz de se conectar com o leitor de maneira rápida através de sua prosa fluida e livre de amarras, Rafaella Pastore Miotto derrama nas páginas de seu primeiro livro toda a sua jornada de autoconhecimento enquanto filha, irmã, tia, sobrinha, amiga, cidadã, namorada, ser humano... e em tantos outros papeis nos quais a vida nos encaixa (ou pelo menos tenta).

Com uma narrativa poética e carregada de sensibilidade, a autora nos leva a refletir sobre o nosso tamanho perante tantas maravilhas e tristezas que contemplam a nossa permanência por aqui. Por meio de suas dores, amores e batalhas que travou interna e externamente, Rafaella explora cada versão que encontra em si mesma, permitindo que os leitores também experimentem se colocar em perspectiva através de suas palavras.


“É que essa pequenez do (nosso) universo sempre me assustou um pouco” aborda ainda ansiedade, solidão e desigualdade, mas também nos lembra sempre que somos a nossa própria fonte de luz em meio à escuridão que por tantas vezes insiste em nos perseguir.

 “A grandeza de tudo é um dos meus maiores interesses desde que eu me conheço por gente. A imensidão dos nossos seres e seus derivados sempre me tocou de uma forma única. Mas a pequenez do nosso universo… Esse oposto do enorme desconhecido que nos rodeia, denominado cosmos, é o que realmente me fascina.” - Rafaella Pastore Miotto




Lançamento do livro LGBT + NA LUTA: Avanços e retrocessos, de Laura A. Belmonte


O lançamento do livro "LGBT+ na luta: avanços e retrocessos" promete ser um marco na literatura sobre a história da população LGBT+ e sua jornada de luta por direitos e igualdade. Escrito pela renomada historiadora Laura A. Belmonte, o livro aborda de forma detalhada os desafios enfrentados pela comunidade LGBT+ ao longo dos séculos, assim como os avanços conquistados com muita determinação e resistência.

A autora, que tem uma vasta experiência acadêmica e ativista, traça um panorama abrangente das estratégias de luta adotadas pela comunidade LGBT+, destacando as vitórias emocionantes e as derrotas esmagadoras que marcaram a trajetória dessa luta. Com uma abordagem interseccional, Belmonte ressalta a importância de considerar o sexo, a cultura, a classe social, a raça, a região e o contexto na análise dos avanços e retrocessos da causa LGBT+.

Além disso, o livro apresenta um olhar comparativo sobre os avanços institucionais e práticos em diferentes países, destacando aqueles que se destacaram na promoção dos direitos LGBT+. Também são explorados os principais desafios enfrentados pela comunidade LGBT+ nos dias de hoje, evidenciando a importância da continuidade da luta por igualdade e respeito.

Laura A. Belmonte, conhecida por seu trabalho acadêmico e ativismo em defesa dos direitos LGBT+, traz uma expertise única para esta obra que certamente se tornará uma leitura indispensável para todos aqueles interessados na história e na luta da comunidade LGBT+. O lançamento do livro promete abrir novos horizontes para o debate sobre diversidade e inclusão, reforçando a importância da união e da persistência na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. A luta continua - aqui e no resto do mundo.

Compre o livro no site oficial da editora contexto: https://www.editoracontexto.com.br/lgbt-na-luta?lgbtnaluta-leitores

A história fascinante por trás da Mona Lisa


A Mona Lisa é uma das obras mais icônicas e enigmáticas da história da arte. Pintada por Leonardo da Vinci, entre 1503 e 1506, durante o Renascimento, a obra retrata uma mulher com um leve sorriso, olhando diretamente para o espectador.

A mulher retratada na pintura é Lisa Gherardini, uma jovem florentina de família nobre. Ela se casou com um rico comerciante, Francesco del Giocondo, e teve cinco filhos. A obra foi encomendada por Francesco como um retrato de sua esposa, uma prática comum entre a elite da época.

A relação entre Leonardo da Vinci e Lisa Gherardini é desconhecida, mas muitos acreditam que o pintor estabeleceu uma conexão especial com a modelo, capturando não apenas sua beleza física, mas também sua personalidade misteriosa e enigmática. O resultado foi uma das pinturas mais famosas e estudadas da história.

A Mona Lisa é considerada uma obra-prima da pintura renascentista, destacando-se pela técnica inovadora de sfumato, que cria uma transição suave entre as cores e tons, e pelo realismo impressionante da figura humana. Além disso, a expressão enigmática da mulher na obra tem sido objeto de inúmeras interpretações e teorias ao longo dos séculos.

A relevância da Mona Lisa vai além de sua beleza e mistério. A pintura é um símbolo da capacidade humana de criar obras atemporais e impactantes, capazes de transcender as barreiras do tempo e do espaço. Para muitos, a Mona Lisa é um tesouro cultural e artístico, que continua a fascinar e inspirar pessoas de todo o mundo.



Quem é a mulher na obra Mona Lisa?

O nome da mulher no quadro da Mona Lisa é Lisa Gherardini, também conhecida como Lisa del Giocondo. Ela era uma nobre italiana que viveu em Florença no século XVI e foi casada com um comerciante chamado Francesco del Giocondo. A obra foi pintada por Leonardo da Vinci entre os anos de 1503 e 1506, durante o Renascimento. A identidade da mulher no quadro foi confirmada através de pesquisas e estudos históricos. Lisa Gherardini foi imortalizada na pintura devido à sua beleza e expressão enigmática, que tem cativado espectadores ao longo dos séculos.

Quem foi Lisa Gherardini?

Lisa Gherardini era filha de Antonmaria di Noldo Gherardini e Lucrezia del Caccia terceira esposa com quem se casou em 1476. Era a mais velha de sete filhos, tinha três irmãs, uma delas chamada Ginevra, e três irmãos, Giovangualberto, Francesco e Noldo. Lisa nasceu em Florença, na Via Maggio, apesar de por muitos anos os historiadores pensarem que ela havia nascido numa das propriedades rurais da família em Villa Vignamaggio e recebeu o nome de Lisa, uma esposa de seu avô paterno.

A família viveu primeiro perto da Igreja da Santa Trindade e depois num espaço alugado perto da Basílica do Espírito Santo, mudando-se para onde hoje é conhecido como Via dei Pepi e depois para Santa Croce, um dos seis bairros centrais da cidade, onde viviam perto de Ser Piero Da Vinci, o pai de Leonardo. Eles também possuíam uma pequena casa de campo em Poggio a Caiano, cerca de 32 km ao sul da cidade. Noldo, o avô de Lisa, tinha arrendado uma pequena fazenda do hospital de Santa Maria Nuova e a família passava alguns verões lá, numa casa chamada Ca' di Pesa. Durante algum tempo Lisa Gherardini possuiu ou arrendou seis fazendas na região de Chianti, que produziam trigo, vinho e azeite de oliva, e onde criavam animais domésticos.

Em 5 de maio de 1495, Lisa casou-se com Francesco di Bartolomeo di Zanobi del Giocondo, um comerciante, tornando-se sua segunda esposa, com a idade de quinze anos. O dote dela foi de 170 florins e a pequena fazenda de San Silvestro, perto da casa de campo da família sinal de que seus familiares não eram ricos e de que o casal uniu-se por amor. A propriedade ficava entre Castellina e San Donato, em Poggio, perto de duas fazendas pertencentes a Michelangelo. O casal vivia uma vida de classe média. O casamento deu a Lisa um status social mais elevado, já que a família do marido tinha mais posses que a dela; por outro lado, imagina-se que Francesco tenha se beneficiado por Lisa ter um nome de família antigo e tradicional. Eles viveram em uma casa de cômodos compartilhados, até que Francesco, em 5 de março de 1503, conseguiu dinheiro para comprar uma casa melhor, vizinha da antiga casa de sua família na Via della Stufa. Leonardo deve tê-la pintado por esta época.



Centro de Florença: Francesco e Lisa viviam na Via della Stufa em vermelho, a cerca de 1 km do rio Arno. Os pais de Lisa moravam próximo ao rio, primeiro ao norte e depois ao sul dele em azul.

O casal teve cinco filhos: Piero, Camilla, Andrea, Giocondo e Marietta, quatro deles entre 1496 e 1507. Lisa também criou Bartolomeo, o filho da primeira mulher de seu marido, que tinha um ano quando a mãe morreu. A madrasta de Lisa, Caterina di Mariotto Rucellai e a primeira mulher de Francesco, Camilla, eram irmãs e membros da proeminente e tradicional família Rucellai.

Camila e Marietta tornaram-se freiras e Camila adotou o nome de irmã Beatrice morrendo com apenas dezoito anos e sendo enterrada na basílica de Santa Maria Novella. Lisa tinha boas relações com o Convento de Sant'Orsola, de grande reputação em Florença, onde internou Marietta em 1521. Sua filha adotou o nome de Sóror Ludovica e tornou-se um membro respeitado da instituição religiosa, assumindo com o tempo posições de responsabilidade. Francesco tornou-se uma autoridade na cidade. Foi eleito para o Dodici Buonomini em 1499 e para a Signoria em 1512, onde tornou-se um Priori em 1524. Ele deve ter tido relações comerciais ou políticas com os Médici, pois, neste mesmo ano, na época em que a cidade mais temia o retorno da família do exílio, foi preso e multado em mil florins. Em setembro, com a chegada dos Médici, foi libertado.

Em junho de 1534, Francesco fez seu testamento e nele devolvia a Lisa o seu dote de casamento, além de lhe dar roupas e joias, cuidando de seu futuro. Também a colocou como guardiã legal da filha Ludovica e, em caso de impedimento, de seu filho Bartolomeo. Nele, escreveu: "Dada a afeição e o amor do autor do testamento por Mona Lisa, sua amada esposa; em consideração pelo fato de que Lisa sempre agiu com um espírito nobre e como esposa fiel, desejando que ela possa preencher todas as suas necessidades …"

Existem duas versões de estudiosos consideradas para a morte de Francesco e Lisa. Numa delas, ele morreu vitimado pela praga de 1538. Lisa adoeceu e foi levada por sua filha para Sant'Orsola, onde morreu quatro anos depois, em 1 de julho de 1542, com a idade de 63 anos. Outra, afirma que ele viveu até os oitenta anos, morrendo em 1539 e que Lisa deve ter vivido até 1551, quando tinha 71 ou 72 anos. Seus restos estariam enterrados no convento de Santa Úrsula.

Como surgiu o quadro Mona Lisa?

Como outros florentinos de posses, a família de Francesco era amante e patrona das artes. Seu filho Bartolommeo pediu a Antonio di Donnino Mazzieri que pintasse um afresco no mausoléu da família na Basilica della Santissima Annunziata. Andrea del Sarto havia feito uma pintura da Madona para outro membro da família.

Francesco então encomendou uma pintura de São Francisco de Assis a Domenico Puligo e um retrato de sua mulher a Leonardo Da Vinci. Acredita-se que ele tenha feito a encomenda do quadro de Lisa para comemorar o nascimento de Andrea e a compra da nova casa da família.

Mona Lisa preenchia os requisitos morais dos séculos XV e XVI do retrato de uma mulher de virtudes. Ela é retratada como uma fiel mulher pelos gestos - com sua mão direita pousada sobre a esquerda. Da Vinci também a apresenta como uma mulher na moda e bem sucedida, talvez um pouco mais do que realmente era. Seu costume e o véu negro eram influenciados pela alta moda espanhola da época e não uma imagem de luto pela morte de sua primeira filha, como alguns estudiosos aventaram. O retrato tinha os padrões de tamanho dos encomendados pela burguesia e patronos da época, sendo esta extravagância explicada como uma tentativa de ascensão social do casal.

Da Vinci não teve encomendas nem rendimentos durante a primavera de 1503, o que talvez explique seu interesse em fazer um retrato particular, mas no fim do ano, ele tentou adiar seu trabalho em Mona Lisa por ter recebido uma encomenda para pintar a A Batalha de Anghiari, que tinha um valor superior, e que foi contratado para entregar em fevereiro de 1505. Em 1506, ele considerou a pintura de Lisa inacabada, não recebeu o pagamento e nunca o entregou a seu cliente Francesco. Suas pinturas viajaram com ele por toda a vida e estima-se que a tenha completado finalmente por volta de 1516, na França. O título da pintura data de 1550. Um pintor com ligações com a família Gherardini, Giorgio Vasari, escreveu: "Leonardo comprometeu-se a pintar, para Francesco del Giocondo, o retrato de Mona Lisa, sua esposa. Os nomes da pintura em italiano (La Gioconda) e em francês (La Joconde) são tanto o nome de casada de Lisa quanto seu apelido. Em português, significa A Feliz ou A Alegre. 

Através dos anos, surgiram diversas especulações ligando o nome de Lisa a pelo menos quatro pinturas e sua identidade a pelo menos dez pessoas diferentes. No final do século XX, a pintura havia se transformado num ícone mundial, usado em mais de trezentas outras pinturas e cerca de 2.000 anúncios publicitários ao redor do mundo, aparecendo em média em um anúncio por semana.

Em 2005, um pesquisador-especialista da biblioteca da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, descobriu uma anotação num canto de margem de um livro sobre Cícero, na coleção da livraria, que confirmava a visão tradicional de que Lisa era a retratada no quadro. Na anotação, datada de 1503, um oficial da chancelaria florentina, Agostino Vespucci, comparava Da Vinci ao grande pintor clássico Apeles e comentava que ele no momento pintava o retrato de Lisa del Giocondo, permitindo ligar a data à obra de arte com exatidão.

A pintura, oficialmente catalogada e anunciada pelo Museu do Louvre como Lisa Gherardini, esposa de Francesco del Giocondo, tem estado em custódia da França desde o século XVI, quando foi adquirida pelo rei Francisco I, um patrono das artes; após a Revolução Francesa, em 1789, ela tornou-se patrimônio do povo francês.

Em fevereiro de 2014, investigadores italianos começaram a efetuar testes de ADN a ossos que se pensa serem de Lisa Gherardini. O esqueleto a ser analisado foi encontrado em 2013 no convento de Sant'Orsola, onde se pensa que Lisa Gherardini terá morrido por volta do ano de 1551.

O ADN será depois comparado com o de ossos de familiares de Giocondo, que se encontravam na Basílica Santissima Annuziata.

Caso se perceba que pertencem à mesma família, a equipa liderada pelo historiador Silvano Vinceti irá utilizar a caveira, do esqueleto encontrado no convento de Sant'Orsala, para efetuar uma reconstrução facial computorizada e verificar se apresenta semelhanças com a figura pintada por Da Vinci.

Atualmente, cerca de seis milhões de pessoas visitam por ano a pintura no Louvre, onde ela faz parte da coleção nacional francesa.

[RESENHA #998] Os miseráveis, de Victor Hugo

Um clássico da literatura mundial, esta obra é uma poderosa denúncia a todos os tipos de injustiça humana. Narra a emocionante história de Jean Valjean ― o homem que, por ter roubado um pão, é condenado a dezenove anos de prisão. Os miseráveis é um livro inquietantemente religioso e político, com uma das narrativas mais envolventes já criadas.

RESENHA

A história se passa na França, durante a primeira metade do século XIX. Neste período, o país está imerso em um clima de profundo descontentamento social devido à restauração da monarquia na França após a queda do Império Napoleônico na Batalha de Waterloo. A Revolução Francesa de 1789 havia consolidado na sociedade a ideia de um país mais equitativo, baseado nos princípios de "igualdade, fraternidade e liberdade". A reintrodução de um sistema antiquado como a monarquia é acrescida de uma situação de extrema pobreza e desigualdade social. Neste contexto, algumas células revolucionárias começam a surgir gradualmente buscando acabar de uma vez por todas com a monarquia na França.

Os miseráveis começam com a história de Jean Valjean, um ex-presidiário que foi encarcerado por roubar um pão. Após ser libertado, ele percebe que é tratado como um pária onde quer que vá, até que o bispo Myriel o ajuda a reconstruir sua vida. Valjean adota o nome de Senhor Magdalena e se torna um bem-sucedido dono de fábrica. No entanto, ele é perseguido pelo obstinado oficial de polícia Javert, que acredita que nenhum criminoso pode se reformar.

Fantine é uma jovem pobre e bonita que se apaixona por um jovem estudante presunçoso, que a abandona logo após ela dar à luz sua filha. Fantine chama esta menina de Cosette e a deixa aos cuidados dos Thenardier para poder procurar trabalho. Os Thenardier tratam Cosette com crueldade e exigem de Fantine grandes somas de dinheiro pelo cuidado de sua filha. Após descobrirem que sua filha é ilegítima, Fantine perde seu emprego na fábrica de Valjean e é obrigada a se prostituir.

O oficial Javert prende Fantine depois dela agredir um jovem que lhe atirou uma bola de neve na blusa. Valjean intercede e leva Fantine a um hospital; após o incidente da bola de neve, ela adoece gravemente. Valjean promete a Fantine que cuidará de sua filha Cosette, mas logo descobre que um homem chamado Champmathieu foi erroneamente identificado como ele e foi condenado à prisão perpétua por ser um criminoso reincidente. Depois de refletir muito sobre isso, Valjean decide testemunhar no tribunal e esclarecer que na verdade ele é Valjean. Fantine falece e Valjean é novamente preso.

Valjean foge da prisão após cair de uma corda e resgata Cosette dos malvados Thenardier. Juntos, eles começam uma nova vida em Paris, mas logo são interrompidos por Javert, que descobre que Valjean conseguiu escapar da prisão com vida. Os dois se refugiam no convento de Petit-Picpus, e Cosette cresce para se tornar uma jovem.

Marius é um jovem rico que adora seu avô Gillenormand. No entanto, Gillenormand separou Marius de seu pai, Georges Pontmercy, devido às diferenças políticas irreconciliáveis entre os dois homens. Marius achava que seu pai o havia abandonado, mas o gentil porteiro Mabeuf revela a verdade a ele, e Marius começa a idolatrar seu pai (que já está morto). Isso resulta em uma briga entre Marius e seu avô Gillenormand, e Marius começa uma nova vida. Ele se torna amigo da sociedade revolucionária ABC e se apaixona por uma bela jovem que vê em um jardim de Luxemburgo (Cosette). Marius não consegue encontrar essa jovem novamente e fica desesperado.

Valjean e Cosette tentam levar uma vida tranquila, longe dos problemas do passado. No entanto, eles não conseguem: os Thenardier tentam extorquir Valjean sequestrando-o, mas Marius intervém e o salva. A filha mais velha dos Thenardier, Eponine, se apaixonou por ele. Marius só tem olhos para Cosette, e os dois iniciam um relacionamento quando Marius deixa um caderno com cartas de amor no jardim dela. Seu romance é interrompido quando Valjean decide que ele e Cosette devem deixar a França e se mudar para a Inglaterra, devido à agitação social.

Desesperado, Marius se junta a um levante contra o governo. Ele encontra seus amigos da sociedade ABC em uma barricada, onde estão lutando contra a polícia e o exército. Javert tentou se infiltrar em suas fileiras como espião, mas foi descoberto e amarrado a um poste. Eponine morre protegendo Marius na barricada.

Valjean, que descobriu o amor de Marius por Cosette, se junta ao grupo na barricada. Ele se oferece como voluntário para executar Javert, mas depois o deixa ir, deixando Javert desconcertado. Valjean volta justo quando o exército está sitiando a barricada. Valjean pega Marius, que está gravemente ferido, e os dois escapam pelos esgotos. Javert está esperando Valjean na saída, mas em vez de prendê-lo, ele mostra misericórdia e permite que Valjean leve o ferido Marius para um lugar seguro (Marius nunca descobre a identidade do homem que o salvou). Desgostoso e horrorizado por ter falhado em sua missão, Javert comete suicídio.

Marius se recupera de seus ferimentos e, com a bênção de Gillenormand e Valjean, casa-se com Cosette. Valjean confessou seu passado criminoso a Marius, que não consegue acreditar que o homem tenha sido um criminoso. À medida que Valjean e Cosette se distanciam um do outro, Marius e Cosette consolidam sua união. A vida de Valjean perde sentido sem Cosette e sua saúde se deteriora. No entanto, o heroísmo de Valjean é revelado para Marius quando o Sr. Thenardier, sem saber, revela que foi Valjean quem o salvou na noite em que a barricada caiu. Marius e Cosette chegam a tempo de consolar Valjean em seu leito de morte, e o idoso falece em paz, com a satisfação de ter vivido uma boa vida.

"Os Miseráveis" é uma obra-prima da literatura que aborda temas profundos como redenção, misericórdia e bondade. Victor Hugo conseguiu capturar de forma magistral a essência da natureza humana em meio a uma sociedade marcada pela desigualdade social e injustiças. A complexidade dos personagens, suas lutas internas e a evolução ao longo da narrativa são incrivelmente bem construídas, cativando o leitor do início ao fim. O enredo envolvente, os dilemas morais enfrentados pelos protagonistas e a descrição vívida da Paris da época transportam o leitor para dentro da história de forma emocionante. Uma leitura obrigatória para todos que apreciam uma trama envolvente e reflexiva.

[RESENHA #998] Fascismo eterno, de Umberto Eco


Publicado pela primeira vez em 1997, no livro Cinco escritos morais, esta nova edição chega aos leitores em um momento de ascensão mundial do flerte com o fascismo ― que, como denuncia Eco, longe de ser apenas um momento histórico vivo na Itália, na Europa (e no Brasil) do século XX, é uma ameaça constante à nossa sociedade. Esta reflexão, importante e necessária, ensina a pensar sobre o sentido da história e a importância da memória.

"O Ur-fascismo, ou fascismo eterno, ainda está ao nosso redor, às vezes em trajes civis. Seria muito confortável para nós se alguém surgisse na boca de cena do mundo para dizer: 'Quero reabrir Auschwitz, quero que os camisas-negras desfilem outra vez pelas praças italianas!'. Infelizmente, a vida não é tão fácil assim! O Ur-fascismo pode voltar sob vestes mais inocentes. Nosso dever é desmascará-lo e apontar o dedo para cada uma de suas novas formas - a cada dia, em cada lugar do mundo." - Umberto EcoFascismo Eterno é um livro escrito por Umberto Eco, renomado intelectual italiano, que retrata de forma brilhante os aspectos históricos, sociais, políticos, geográficos e antropológicos relacionados ao fenômeno do fascismo. Publicado originalmente em 1995, esse ensaio provocativo é uma análise profunda e perspicaz sobre o fascismo e suas vertentes. 

RESENHA

O enredo do livro gira em torno da ideia de que o fascismo não é apenas uma memória distante e um episódio isolado da história, mas sim uma ideologia intrinsecamente ligada aos aspectos humanos. Eco explora diferentes períodos históricos e exemplos emblemáticos de regimes fascistas, como o fascismo italiano de Mussolini e o nazismo de Hitler, para demonstrar como o fascismo pode se manifestar de diferentes formas em diferentes contextos.

Os personagens principais dessa obra são os próprios regimes fascistas e suas lideranças. Eco analisa detalhadamente suas características, simbologia e manipulação de massa, destacando a importância da propaganda e do culto à personalidade na manutenção do poder.

A simbologia é um dos aspectos mais marcantes do livro. Eco discute amplamente o uso de símbolos e ícones nas ideologias fascistas, como a suástica nazista e a águia romana, e como esses símbolos podem ser usados como ferramentas de manipulação.

A mensagem principal que Eco busca transmitir em Fascismo Eterno é que o fascismo não é um evento isolado e distante, mas uma ameaça constante que pode surgir novamente a qualquer momento, especialmente em ambientes de crise política e social. Ele argumenta que é necessário estar constantemente vigilante para evitar a recorrência de ideologias totalitárias e autoritárias.

Umberto Eco nasceu em 1932, na cidade de Alessandria, na Itália. Além de escritor, foi professor universitário, filósofo, linguista e semioticista. Ele se destacou pela sua vasta obra literária, que mescla ficção e ensaios, e por sua análise afiada sobre fenômenos sociais e culturais.

Comparando Fascismo Eterno com outras obras de Eco, podemos perceber uma abordagem semelhante em relação à análise profunda de temas complexos. Em obras como "O Nome da Rosa" e "O Pêndulo de Foucault", Eco utiliza o suspense e a trama fictícia para explorar questões filosóficas e históricas.

[RESENHA #992] A arte de ser feliz: lições de filosofia, psicologia e espiritualidade para uma vida plena, de Vitor Zindacta


A arte de ser feliz: lições de filosofia, psicologia e espiritualidade para uma vida plena, de Vitor Zindacta, é um livro que propõe um caminho para alcançar a felicidade, baseado em conceitos de diversas áreas do conhecimento humano. O autor afirma que a felicidade não depende apenas das circunstâncias externas, mas principalmente da atitude interior de cada pessoa. Ele sugere que é possível cultivar uma visão positiva da vida, superar os obstáculos e desafios, encontrar um propósito e um sentido para a existência, desenvolver relacionamentos saudáveis e harmoniosos, e se conectar com uma dimensão espiritual que transcende o materialismo e o egoísmo.

O livro é dividido em quatro partes, cada uma abordando um aspecto da felicidade: a felicidade como um estado de espírito, a felicidade como uma escolha, a felicidade como um projeto e a felicidade como uma experiência. Em cada parte, o autor apresenta lições práticas, exemplos, exercícios, reflexões e citações de pensadores, filósofos, psicólogos, religiosos e artistas que ilustram e fundamentam seus argumentos. O autor também compartilha suas próprias vivências e aprendizados, mostrando como aplicou os princípios da felicidade em sua trajetória pessoal e profissional.

A arte de ser feliz é um livro que convida o leitor a uma jornada de autoconhecimento, transformação e realização, oferecendo ferramentas e orientações para que cada um possa descobrir e expressar sua essência, sua vocação e sua missão de vida. É um livro que inspira, motiva e desafia o leitor a buscar a felicidade não como um fim, mas como um meio de contribuir para um mundo melhor.

[RESENHA #991] Esboço de uma teoria da cultura, de Zygmunt Bauman


O livro Ensaios sobre o conceito de cultura, originalmente intitulado Culture as práxis (Cultura como práxis), foi escrito por um Bauman anterior à sua fama por abordar a liquidez da era moderna. Nesta obra, composta por três capítulos, Bauman revisita a evolução do conceito de cultura desde a filosofia grega antiga até o pós-estruturalismo. O primeiro capítulo explora a cultura como conceito, enfatizando sua natureza ambígua e sua incorporação em três universos discursivos distintos: hierárquico, diferencial e genérico. Bauman introduz o conceito hierárquico de cultura, destacando sua origem e a importância da educação e refinamento na sociedade. Ele discute a ideia de que a cultura é uma propriedade humana que pode ser adquirida, transformada e moldada. Para Bauman, a cultura hierárquica é carregada de valores e serve como um ideal a ser alcançado.

Bauman analisa que, para os antigos gregos, o ideal cultura-natureza não se dividia como estamos acostumados hoje em dia. O que era moralmente bom também era esteticamente belo e mais próximo da verdade da natureza. A unidade preordenada da realização era expressa no conceito de kalokagathia, que combinava o belo e o bom, discutido por todos os pensadores do período clássico. A parte "bom" do conceito correspondia aproximadamente às palavras admirar e louvar. Quanto à questionável hierarquia da cultura em geral e da kalokagathia em particular, Bauman destaca a análise de Gellner sobre a "bobilidade", que é um artifício sociológico através do qual a classe privilegiada absorve parte do prestígio de certas virtudes valorizadas sem precisar praticá-las. Existe uma relação estreita entre a noção de bobilidade e a lógica estrutural dos processos vivos, mas a avaliação do papel da hierarquia em uma sociedade conflituosa depende do contexto estrutural que é escolhido como referência.

Os conflitos em torno da noção hierárquica de cultura podem refletir o descontentamento dos grupos marginalizados. No entanto, atualmente, o conceito hierárquico não está mais ligado à antiga kalokagathia. O intelecto e o dinheiro podem impulsionar a mobilidade social ascendente, e Bauman argumenta que a cultura em sua forma hierárquica foi reinventada em favor dos eruditos e intelectuais.

A cultura como conceito diferencial é utilizado para explicar as diferenças entre as comunidades humanas, situando-se entre os conceitos residuais das ciências sociais. Historicamente, antropólogos têm utilizado este conceito para compreender e compartilhar as verdades culturais de diferentes grupos sociais. Por outro lado, o conceito genérico de cultura aborda a dicotomia entre o mundo humano e o mundo natural, destacando os atributos que distinguem a espécie humana. Neste contexto, a cultura é considerada uma característica universal e exclusiva dos seres humanos, sendo uma abordagem específica e humana para a vida. Alguns defensores deste conceito estão mais alinhados com a abordagem tradicional, mas situados na transição histórica do mundo animal para o mundo humano.

O segundo capítulo do livro aborda a Cultura como Estrutura, destacando que a estrutura é oposta à desordem e consiste em um conjunto de regras que regem as transformações entre elementos interconectados. Bauman vê a estrutura como o ordenamento das interações na sociedade, sendo essencial para a dinâmica sociocultural. Ele argumenta que a estrutura é fundamental para a cognição e o conhecimento, sendo composta por regras históricas que guiam a atividade mental e prática do ser humano. A estrutura social é percebida como uma lei transcendental e uma fonte de liberdade criativa. Bauman acredita que a abordagem estrutural da práxis humana oferece uma solução para a dualidade da cultura e da estrutura social. No terceiro capítulo, ele explora a cultura como práxis, destacando que o conceito transcende a dualidade entre subjetivo e objetivo. A cultura atua no encontro entre o humano e o mundo real, objetivando a subjetividade. Bauman defende que a cultura representa a práxis humana e eleva a autopercepção da condição humana além da experiência privada.

Mais tarde, Bauman começa a explorar a relação entre cultura e natureza com a teoria de Lévi-Strauss, que, em busca da universalidade entre todas as formas de cultura, inicia seu estudo antropológico com a proibição do incesto, que é o ponto de encontro mais evidente entre natureza e cultura. Ele discute o nojo e os tabus sociais relacionados aos produtos das necessidades fisiológicas humanas e chega à fronteira entre "nós" e "eles", que pode gerar um forte sentimento de xenofobia ou preconceito contra os marginalizados quando o outro é tratado com aversão. Neste caso, o outro é visto como viscoso, um termo frequentemente utilizado para se referir à ambiguidade percebida no estranho.

No entanto, antes da percepção humana da viscosidade, existe a práxis. A relação entre ambas proporciona um projeto que resulta em uma pesquisa rica e descobertas significantes. A perspectiva defendida no livro sugere a reorganização de várias descobertas adquiridas sob diferentes estruturas analíticas, embora em parte exija o estabelecimento de um novo projeto, que vai além do escopo do estudo em questão.

Bauman discute a cultura e a sociologia, examinando como esta última estudou o campo cultural ao longo de sua trajetória científica. Ele conclui que a cultura é singularmente humana, pois apenas os seres humanos podem reivindicar um significado mais profundo. As normas e ideais oferecem a única perspectiva a partir da qual essa condição é vista como a realidade humana e adquire dimensões humanas. O professor polonês sugere que essa perspectiva deve ser adotada pela sociologia para elevar-se ao patamar das humanidades, além de ser uma ciência, a fim de resolver um antigo dilema e entrar em contato direto com a práxis humana.

Bauman vê a cultura como a inimiga da alienação, uma vez que liberta o humano de um estado de revolta constante, abrindo portas para uma multiplicidade de realidades e permitindo a expressão de vontades e desejos anteriormente reprimidos. Ele argumenta que à medida que a práxis humana mantém sua natureza de revolta incontrolável, as profecias de um mundo sem significado perdem sua validade.

Na reedição realizada quase três décadas após a publicação original, Bauman acrescentou uma introdução na qual atualiza e analisa o livro com uma compreensão mais aprofundada das transformações culturais e sociais, abordando temas como o multiculturalismo. Ele reformula o paradoxo da cultura, explicando que o que serve para preservar um padrão também enfraquece seu poder, já que a cultura se autoperpetua à medida que o impulso de modificar, alterar e substituir o padrão persiste.

Atualizou e adaptou sua visão de cultura à sua teoria sobre a liquidez da modernidade no livro A Cultura no Mundo Líquido, originalmente publicado em 2011. No texto, o autor aborda a transformação da cultura de estimulante para tranquilizante em meio aos processos que modificaram a modernidade para sua fase líquida. Bauman enfatiza como a cultura passou a servir à manutenção do status quo e à reprodução monótona da sociedade. Apesar do pessimismo do autor em relação à modernidade líquida, ainda é possível enxergar a cultura como impulsionadora de mudanças, como demonstrado na luta feminista presente na música, literatura e audiovisual contemporâneo. O estudo aprofundado dos fenômenos culturais atuais poderia proporcionar uma melhor compreensão do impacto das manifestações de revolta, levando em consideração como a sociedade de consumo transforma a cultura em produto a ser consumido.

A análise dos três conceitos apresentados no primeiro capítulo do livro abordado nesta resenha revela a persistência do conceito hierárquico. Mesmo na música popular, considerada menos sofisticada que a clássica, há uma clara distinção de status entre diferentes artistas. Um exemplo disso é a diferenciação de refinamento existente entre a tropicália e o sertanejo, evidenciando a aplicação da intelectualidade na hierarquia cultural, mesmo que o aspecto financeiro também influencie. 

Quanto ao conceito diferencial, Bauman observou fatores que inspiraram Canclini a escrever sobre a mistura de culturas na era da globalização. A obra analisada nesta resenha reflete as preocupações de Bauman, indo além do formalismo acadêmico ao criticar a xenofobia e os preconceitos contra as classes marginalizadas. No entanto, dada a complexidade e multiplicidade do termo cultura, novos estudos são necessários para aprofundar e atualizar as questões abordadas.

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