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[RESENHA #684] A próxima onda: Inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI, de Mustafa Suleyman e Michael Bhaskar

Arte gráfica / Editora Record / Todos os direitos reservados

APRESENTAÇÃO

Em breve o mundo estará cercado por inteligência artificial. As IAs organizarão rotinas, operarão negócios e ficarão responsáveis pelos principais serviços públicos. A humanidade passará a viver em um mundo de impressoras de DNA, computadores quânticos, patógenos artificialmente criados, armas autônomas, assistentes robôs e energia abundante.

Mas ninguém está preparado.

À medida que governos frágeis seguem no escuro em direção à catástrofe, o ser humano encara um dilema existencial: de um lado, males sem precedentes que podem emergir do surgimento incontrolável de novas tecnologias e possibilidades; de outro, a ameaça de uma supervigilância autoritária. Seria possível encontrar um meio-termo entre a catástrofe e a distopia?

Em A próxima onda, Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind, uma das principais empresas de inteligência artificial, explicíta o que as IAs representam para a próxima década, e como essas forças criarão imensa prosperidade, mas também podem colocar em risco os Estados nacionais, ou seja, a base da ordem global.

RESENHA

Suleyman, Mustafa. A próxima onda: inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI / Mustafa Suleyman, Michael Bhaskar ; tradução Alessandra Bonrruquer, - 1. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2023.

Este livro é uma obra inovadora em diversos momentos e por vários motivos. O primeiro e mais claro é o fato de que ele aborda a temática como sendo pessimista em relação ao futuro com a inteligência artificial e a biotecnologia. Diferente do que se espera, o autor não escreve uma obra descrevendo os efeitos como negativos em um todo, mas como uma ferramenta que não podemos parar, mas podemos moldar os seus efeitos sobre a sociedade e seu funcionamento.

Mustafa Suleyman é um pesquisador e empresário britânico de inteligência artificial, cofundador e ex-chefe de IA aplicada da DeepMind, uma empresa de inteligência artificial. Portanto, compreende-se que o autor fala de convicções pautando-se no conhecimento profundo do universo da IA. O título “A onda” é uma forma de expressar a rápida proporção social acerca da influência da inteligência artificial, como ocorreram com as NFTs ou com o metaverso, que, cada qual em seu período, gerou diversas especulações. A maioria delas levantando debates interessantes acerca de como somos moldados e dominados pelo mundo digital e pelas ondas dos virais sociais tecnológicos. Ele também a vê como parte de uma era tecnológica mais ampla, que está ligada à engenharia genética, especialmente à edição genética e à biologia sintética. Também apanhadas pelas correntes estão outras tecnologias potencialmente revolucionárias, como a computação quântica e a energia de fusão. Suleyman argumenta de forma convincente que nenhuma destas tecnologias se desenvolve isoladamente; elas procedem sinergicamente, à medida que o progresso numa área estimula o progresso nas outras.

O principal conteúdo e tese desta obra dialoga diretamente com o poder socioeconômico e político das grandes potências, que, como sabemos, poderão devastar a sociedade de formas avassaladoras, tudo com o poder em suas mãos através de uma tecnologia extremamente avançada e repleta de ganchos e macetes jamais vistos, trabalhando de forma autônoma e eficiente sem muito esforço ou programação.

Suleyman também diverge da linha mais comum da indústria tecnológica na forma como recorre de forma impressionante ao passado para nos ajudar a compreender o presente e a preparar-nos para o futuro. Vinhetas históricas sobre o progresso tecnológico, desde a Revolução Industrial ao motor de combustão e aos primórdios da Internet, estão envolventemente entrelaçadas ao longo do livro. Como demonstram estes exemplos, as ondas tecnológicas são quase imparáveis ​​— e, de qualquer forma, não deveríamos querer detê-las, porque a estagnação tecnológica não é a resposta. Como ele escreve astutamente: “A civilização moderna assina cheques que só o desenvolvimento tecnológico contínuo pode descontar”.

É particularmente interessante que Suleyman inclua uma discussão ampla e ponderada sobre medidas concretas e práticas que podemos tomar. Suas sugestões são notavelmente amplas e equilibradas. Ele rejeita veementemente o hiper-libertarianismo de magnatas da tecnologia como Peter Thiel, e defende uma regulamentação forte e a cooperação internacional, mas reconhece a natureza míope dos governos modernos e as inúmeras formas pelas quais a regulamentação falha. Em questões econômicas, ele não vai tão longe como algumas críticas contundentes aos fundamentos capitalistas da IA, mas vai muito mais longe do que a maioria na indústria tecnológica quando discute o papel dos incentivos financeiros no encorajamento da assunção de riscos perigosos. Ele também oferece algumas ideias intrigantes sobre política fiscal e reestruturação empresarial que merecem mais atenção.

Ainda não se sabe se o ChatGPT acabará sendo central para a onda que se aproxima ou apenas detritos levados para a costa pelas tecnologias que realmente importam. Em vez de nos concentrarmos nas aplicações que resistirão ao teste do tempo e nas start-ups que terão sucesso, devemos olhar para cima e reconhecer o que se aproxima rapidamente e que há muitas coisas que podemos fazer para nos prepararmos para isso. Suleyman fornece um guia muito necessário — e extraordinariamente atencioso, expansivo, historicamente enraizado e escrito de forma envolvente.

Ele acredita que dentro de alguns anos, os sistemas de IA entrarão no amplo mercado público, colocando um enorme poder computacional nas mãos de qualquer pessoa com alguns milhares de dólares e um pouco de experiência. Suleyman reconhece que isto poderia trazer benefícios notáveis, mas argumenta que os negativos são ainda maiores. Uma possibilidade assustadora é um indivíduo descontente usar IA pronta para uso para fabricar um vírus mortal e imparável. Outros cenários vão desde a perturbação dos mercados financeiros até à criação de inundações de desinformação.

Suleyman aceita que o gênio da IA ​​está muito fora da garrafa para ser colocado de volta; as questões agora são sobre contenção e regulação. Existe um modelo na estrutura estabelecida pelo setor biomédico para estabelecer diretrizes e limites morais sobre quais experimentos genéticos poderiam ser realizados.

[RESENHA #683] Humano, de Yan V.S. Machado

Arte gráfica / Este livro merece estar em um quadro, para que todos possam ver sua beleza.

APRESENTAÇÃO

Milênios atrás, os gregos avisaram: “Conhece-te a ti mesmo”. Mas duvido que alguém consiga ir até as profundezas de si e voltar para contar a história. Nós somos o grande mistério, escondendo nossas faces de nós mesmos e dos outros. Fingimos saber quem fomos, somos e podemos ser a cada minuto do dia, porém basta parar e refletir um pouco, e logo não queremos pensar mais. Talvez não exista nada a temer mais do que espelhos. Os reflexos que estão fora e, principalmente, os que estão dentro de nós. Somos fortes e fracos, tão complexos, mas tão simples. Rimos, choramos, nos apaixonamos com a mesma facilidade com que quebramos. No fim, somos humanos, e isso basta para dormirmos a noite, mesmo quando descobrimos que os monstros não estão embaixo, e sim em cima das camas. Não tenho ideia de como você lerá esses versos, se vão te fazer companhia em uma noite fria ou no calor de um ônibus lotado. Não sei se te tocarão com o mesmo significado que tinham quando brotaram de mim, porém não é essa a mágica da coisa? 

RESENHA

Humano, palavras lapidam pedaços de nós é uma obra de Yan Victor Silva Machado, também sua primeira obra. Publicado pela Alma, selo de poesia da editora Flyve, a obra tem como foco a análise da psiquê humana por meio da poesia. A obra se divide em quatro partes, que somam entre si uma unidade de sentido. O recurso psicológico adotado nas palavras do autor é reflexo do percurso metodológico do curso de psicologia que ele cursa.

Como descrito na apresentação da obra, este livro é uma busca pelo reconhecimento e conhecimento do eu interior. As poesias giram em torno dos mistérios que envolvem a tomada de decisão humana, bem como os caminhos obscuros e os percursos adotados perante a vida. A obra também analisará de forma concisa e objetiva os medos e os anseios da mente humana. A primeira divisão da obra, intitulada “monstros em nós”, é uma análise profunda da tomada de decisões e caminhos da mente humana por meio de erros, fracassos ou escolhas mal resolvidas. Como dito no poema “vozes”, “tenho medo que me destrua. A voz que escuto parece não ser sua”. Essa é uma confissão autodeclarada de alguém que está com problemas mal resolvidos em relação a si próprio e ao descontentamento do fim de uma relação. O desfecho de um grande ápice amoroso. Assim sendo, sua problemática segue o assombrando em “esse eco só vai continuar”. O problema descrito no poema de abertura segue sendo explorado no poema seguinte, “solos de vidro”, onde o autor faz alusão a uma flor que migrou do solo para um solo carregado de vidros, onde, claro, não pode florescer, pois, como o poema se finaliza, “solos de vidro não são para flores, pois solos de vidro não guardam amores”. Levando em consideração que toda a primeira parte carrega um forte sentimento de perda de identidade, de amor e de abandono, podemos, de fato, concluir que este capítulo remete a uma série de reflexões profundas acerca das relações humanas, das dependências emocionais e do agravamento de sentimentos por delírios e problemas emocionais, que, em síntese, precisam ser tratados, mas que, poeticamente falando, são lindos e intensos.

A segunda parte da obra intitulada “metanoia” é uma parte que aborda o processo de ressignificação e superação. O poema de abertura, “estações”, é a descrição perfeita de como somos acometidos por reflexões e pensamentos que moldam quem somos durante momentos específicos da nossa vida, como durante o processo de conhecimento de alguém para se amar. O poema nos fala sobre alguém que está precavido emocionalmente. Ele entende que essa pessoa trouxe um frescor e uma novidade que antes se fizeram ausentes, mas ele também entende que todo frescor pode se tornar em frio ou dependência. Então, diferente do narrado anteriormente no primeiro capítulo, aqui, há uma poderosa introspecção poética sobre amor próprio: “uma andorinha só pode não fazer verão, mas um coração bem ancorado não vai ser despedaçado por uma simples estação”. Já o poema ''ciclos'' é o reconhecimento de que tudo se finda, e claro, uma poderosa reflexão de que ''um círculo que se encerra traz renovação''.

A terceira parte da obra, “fragilidade”, fala sobre os resquícios de alguém maltratado pelo amor. O eu lírico do poema traz em suas palavras reflexões acerca dos impasses emocionais tomados pela vida, que tornaram as relações mais complexas e baseadas em insegurança. No poema “quebrado”, o autor nos diz: “Mas você me fez assim, deixou marcas em mim, me acorrentou, e o pior de tudo é que você me amou”. As marcas das relações passadas também ecoam por todos os poemas e se fazem ainda mais presentes no poema “anacronismo”: “Não consigo parar, não consigo seguir, só consigo sentir o presente esvair” e, novamente: “Mesmo quando devia me sentir completo, isso sempre acaba parecendo incerto”.

O quarto e último capítulo da obra, intitulado “histórias”, é o resumo de todos os outros efeitos. Aqui, o autor tece belíssimas reflexões de resiliência e autocrítica: “Quem construiu os degraus do passado?”; "Cada um carrega o seu próprio portal, um caminho só seu, um mundo individual”. Em síntese, o autor cria uma atmosfera altamente inflamável, seus poemas penetram a alma e o sentimento de impotência e fraqueza. Sua escrita é poderosa e verossímil, e não há o que se dizer, apenas sentir. Certamente, espero que o autor trilhe caminhos sob essa mesma ótica e perspectiva, pois brilhará na poesia como nunca alguém brilhou. Uma leitura apaixonante.

[RESENHA #682] O pior dia na história de Wall Street, de Diana B. Henriques


APRESENTAÇÃO

Apelidado de “Segunda-Feira Negra”, o dia 19 de outubro de 1987 foi de longe o pior da história de Wall Street. O índice Dow Jones, um dos principais indicadores do mercado financeiro dos Estados Unidos, caiu chocantes 22,6%, declínio percentual quase duas vezes maior que o do pior dia da crise de 1929. Nem mesmo os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o crash de 2008 e a decretação da pandemia de Covid-19 em 2020 causaram baque tão grande nos índices da Bolsa de Valores norte-americana em um único dia.


Os especialistas não são unânimes quanto ao motivo que levou à desvalorização tão brusca, mas concordam que novos protagonistas, como o uso de ferramentas computadorizadas nas negociações financeiras e o comportamento de manada, deram origem a um novo tipo de crise, que ainda ameaça a sobrevivência do mercado financeiro como o conhecemos hoje.

Partindo de extensa pesquisa e dezenas de entrevistas exclusivas, Diana B. Henriques conta uma história de oportunidades perdidas, ilusões de mercado e ações destrutivas que envolveu desde um escândalo na cotação da prata em 1980 até o papel das agências reguladoras de Washington, passando pela rivalidade entre as bolsas de Chicago e Nova York. Com o desenrolar dos acontecimentos, não foi possível evitar o iminente colapso do mercado, mesmo após heróis inesperados se colocarem na linha de frente para evitar desastre ainda maior.


Mais de trinta anos se passaram e investidores, reguladores e banqueiros parecem ignorar as lições de 1987, mesmo quando os sinais se repetiram de forma assombrosa, como na crise financeira de 2008. O pior dia da história de Wall Street apresenta esse episódio como uma forma não só de analisar os erros do passado, mas de alertar para a repetição deles.


RESENHA

O pior dia na história de Wall Street é um livro essencial para qualquer pessoa interessada em compreender as causas e consequências da crise financeira de 1987. A autora, Diana B. Henriques, é uma jornalista financeira premiada que oferece uma narrativa abrangente e informativa do evento.


O livro começa com uma descrição da segunda-feira Negra, o dia em que o Dow Jones caiu 22,6%, o maior declínio de um dia na história de Wall Street. Henriques então traça o caminho que levou a este evento, examinando as várias crises menores que o antecederam.


Ela mostra que a segunda-feira Negra foi o resultado de uma confluência de fatores, incluindo:


1. A desregulamentação do mercado financeiro na era Reagan, que levou a rápidas inovações financeiras com consequências imprevistas.


2. A adoção de novas tecnologias de negociação, que permitiram que as transações fossem executadas mais rapidamente e com menos supervisão.


3. O aumento da dominância dos investidores institucionais, que tomaram decisões baseadas em modelos matemáticos complexos.


Henriques também examina a resposta do governo e dos reguladores à crise. Ela argumenta que as autoridades foram lentas e ineficientes em sua resposta, e que as medidas que tomaram foram insuficientes para prevenir um colapso ainda maior.


O livro é escrito em um estilo claro e acessível. Henriques usa uma linguagem simples para explicar conceitos complexos, e ela evita jargões financeiros. Ela também fornece um contexto histórico valioso para a crise, mostrando como ela se relaciona com eventos anteriores e posteriores.


O pior dia da história de Wall Street é um livro importante que oferece uma visão perspicaz sobre uma das crises financeiras mais significativas da história. É uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que deseja entender as causas e consequências deste evento e aprender com os erros do passado.


O livro é um trabalho de pesquisa abrangente e bem escrito que oferece uma compreensão profunda da crise financeira de 1987. Henriques fornece uma visão equilibrada dos eventos, examinando as causas e consequências da crise de uma perspectiva histórica. O livro é uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada em compreender este evento importante.


O livro é um lembrete de que as crises financeiras são eventos complexos que podem ser causados por uma variedade de fatores. Ele destaca a importância da regulamentação do mercado financeiro para prevenir crises futuras. Ele também fornece uma visão perspicaz sobre a natureza dos mercados financeiros e a maneira como eles podem ser vulneráveis ​​às crises.


A pesquisadora publicou um estudo abrangente sobre um período crítico de 20 anos na história da indústria financeira. Ela argumenta que uma mudança fundamental ocorreu nesse período, com os mercados passando de um sistema voltado para os investidores individuais para um dominado por corporações gigantes. Essas corporações negociavam por conta própria, usando algoritmos de computador complexos e processadores de alta velocidade.


O estudo também fornece um relato detalhado das semanas que se seguiram ao crash de 1987. Henriques descreve as diferentes reações dos participantes do mercado, incluindo o choque, a negação e o pânico. Ela também destaca a importância da “rede de confiança, coragem e improvisação” que ajudou a evitar um colapso ainda maior.


A pesquisa de Henriques é um estudo importante sobre a evolução dos mercados financeiros. Ela fornece uma análise perspicaz das forças que levaram ao crash de 1987 e à crise financeira de 2007-8.

[RESENHA #681] Meditações, de Marco Aurélio

APRESENTAÇÃO

Conjunto de doze livros escritos originalmente em grego entre os anos 170 e 180, trata-se de diários repletos de anotações, aforismos, citações célebres e reflexões pessoais de um homem preocupado em encontrar a maneira mais correta de viver em sociedade e de acordo com a própria consciência.

O estoicismo, escola filosófica que Marco Aurélio integrava, preconiza a felicidade principalmente por meio do autocontrole e do autoexame ― faculdades que estão ao alcance de todos nós. A paz interior e o bem comum são possíveis mesmo diante das adversidaes, mas, para tal, é preciso equilíbrio, humildade e serenidade ― virtudes que podem ser conquistas pelo exercício da razão, a capacidade humana mais incrível de todas.

Seja no século 2 ou no 21, o mundo sempre apresentou desafios, guerras, discórdia, traições e corrupção de valores. Alguns indivíduos, no entanto, lutam bravamente para o aprimoramento do espírito, e o imperador-filósofo Marco Aurélio está nesse ilustre rol.

Meditações é um guia prático e filosófico para aqueles que desejam encontrar a felicidade e a paz interior, o bom convívio social e um mundo mais justo e harmonioso. Esta edição da Paz & Terra conta com prefácio inédito do historiador, professor e um dos maiores intelectuais brasilieros da atualidade, Leandro Karnal.

Uma aventura através de um clássico e em prol do bem viver.

RESENHA

Lúcio Aurélio Antonino Maximiliano, em latim Lucius Aurelius Antoninus Maximilianus, nasceu em 26 de abril de 121 e faleceu em 17 de março de 180, tendo sido imperador de Roma de 161 a 180. Foi um dos governantes de Roma conhecidos como os cinco notáveis imperadores e o último imperador da Pax Romana.

O período de governo de Lúcio Aurélio foi marcado por conflitos militares. No Oriente, o Império Romano enfrentou com sucesso um Império Parta revitalizado e o Reino insubordinado da Armênia. Lúcio derrotou os Marcomanos, Quados e Sármatas nas Guerras Marcomânicas; no entanto, esses e outros povos germânicos passaram a representar uma ameaça preocupante para o Império. Acredita-se que a perseguição aos seguidores do cristianismo no Império Romano tenha aumentado durante seu reinado. A Peste Antonina irrompeu em 165 ou 166 e causou uma devastação na população do Império Romano, resultando na morte de cinco milhões de pessoas.

Reflexões foi escrito em grego Koiné, intitulado Τὰ εἰς ἑαυτόν, literalmente "coisas para mim mesmo", é uma série de 12 volumes em que Lúcio Aurélio registra suas anotações pessoais sobre o estoicismo como fonte de orientação e autodesenvolvimento. Lúcio Aurélio enfrentava desafios, conspirações e obstáculos durante o dia, e à noite se entregava a uma profunda reflexão e registrava suas anotações pessoais antes de dormir.

O estilo de escrita que permeia o texto é simplificado, direto e reflete a perspectiva estoica de Lúcio, que não se considerava parte da realeza, mas sim um homem entre outros homens, permitindo ao leitor se relacionar com sua sabedoria.

Um tema central das reflexões é a importância de analisar o julgamento de si mesmo e dos outros em uma perspectiva cósmica. A aceitação da morte e a discussão sobre a existência ou não de uma divindade são temas recorrentes em todo o livro.

É relevante explicar o termo "daemon", amplamente utilizado ao longo do texto. Daemon (em grego δαίμων) pode ser traduzido como “divindade” ou “espírito”. O termo em latim é daemon, que deu origem à palavra em português “demônio”.

Algumas das citações mais marcantes da obra:

1. Do meu avô Verus [aprendi] bons costumes e a controlar o meu temperamento.

3. Com minha mãe, aprendi a devoção aos deuses, a generosidade e a abstinência, não apenas de más ações como também de maus pensamentos, além do estilo de vida simples, muito distante do excesso dos ricos.

10. Com Alexandre, o Gramático, a abster-me de encontrar defeitos e não repreender aqueles que proferiram barbarismos, solecismos ou expressões estranhas, mas introduzir de modo hábil na minha reposta ou confirmação a expressão que deveria ter sido empregada, ou propor alguma outra sugestão adequada, ou ainda investigar a coisa em si e não a palavra.

13. Com Catulo, a não ser indiferente quando um amigo faz críticas, mesmo quando essas são infundadas, mas a tentar fazer com que ele recupere sua disposição habitual. E a estar pronto para falar bem dos professores, como faziam Domício e Atenodoto, e a amar meus filhos com sinceridade.

4. [parte 2] lembra-te de quanto tempo adiaste tais coisas e quantas vezes recebeste uma oportunidade dos deuses, e ainda assim não a usaste. Deve perceber finalmente de que universo fazes parte e de que administrador universal tua existência fluiu. Um tempo limitado foi designado para ti. Se não fizeres uso dele para dissipar as nuvens de tua mente, ele passará, tu partirás, e não haverá uma segunda chance.

15. [parte 2] ''Lembra-te de que tudo é opinião'' é manifesto esse dito cínico Mônimo. É manifesta é também utilidade do que foi dito, desde que se compreenda o cerne daquilo o que foi dito.

2. [parte 4] Que nenhum ato seja feito sem propósito, nem de outro modo que não seja de acordo com os princípios perfeitos da arte.

17. [parte 4] Não ajas como se fosse viver dez mil anos. A morte paira sobre ti. Enquanto viveres, enquanto estiver em teu poder, sê bom.

27. [parte 4] Seja o universo bem-organizado ou um amontoado de caos, ele permanece sendo o universo. Mas seria possível haver determinada ordem em ti e a desordem no Todo. E sendo tudo de tal forma separado, difuso, simpático?

O AUTOR

Marco Aurélio Antonino Augusto (121, Roma/Itália – 180, Vindobona/Aústrai) foi um imperador romano, filósofo e escritor, sendo último grande expoente do estoicismo. Seu único livro, Meditações, foi escrito como um diário de autoaperfeiçoamento, e não se sabe se havia intenção de torná-lo público. Marco Aurélio é considerado no Ocidente um dos “Cinco Bons Imperadores”, símbolo magno da Era de Ouro do Império Romano. Após a sua morte, Roma mergulhou rapidamente em declínio.

[RESENHA #680] Até a última gota, de Danilo Brandão

APRESENTAÇÃO

Até a última gota é um livro-performance. As quatro narrativas que compõem a coletânea se encontram no conflito entre os dramas pessoais de seus protagonistas e os problemas que estão na ordem do dia da sociedade. Temas como desigualdade social, crise dos refugiados, machismo e transfobia se cruzam com questões intimistas como o luto, desejo e rancor. Portanto, aqui, o leitor encontrará mais do que apenas boas histórias.

Ele(a) vai encontrar estruturas inteligentes que desafiam visões bidimensionais do mundo. São narrativas densas, por vezes delirantes e vertiginosas, que buscam capturar o caos de uma sociedade sempre a ponto de explodir. Afinal, como se acalmar em um mundo com tantos temas urgentes? Um bom ponto de partida pode estar na leitura dessas histórias.

RESENHA

Até a última gota é um livro de ficção escrito pelo autor e jornalista brasileiro Danilo Brandão. O livro possui como foco uma narrativa contemporânea que visa trazer de forma clara as nuances descritas na prosa atual, apresentando uma narrativa lúdica acerca das vivências cotidianas de seus personagens centrais. As histórias abordam temas diversos e alternam entre as problemáticas e a frequência dos fatos que se tornaram comuns no Brasil nos últimos anos: machismo, transfobia, medo, insegurança e oportunismo. A prosa criada pelo autor é repleta de bom gosto, com intercalações pontuadas e classificações que nos lembram José Saramago - embora, mesmo assim, não negue a influência de outros autores - transformando o enredo em uma verdadeira via de mão dupla ao narrar os acontecimentos de forma crua e lúdica.

A obra se desdobra entre passado, presente e futuro, narrando com deslocamento de frases e contexto, o que requer uma leitura mais atenta do leitor que pode facilmente se perder da narrativa, uma vez que a escrita utiliza um recurso próprio de amostragem de acontecimentos, transmitindo através das pontuações (ou da ausência delas) os sentimentos de euforia dos personagens, criando uma atmosfera de vislumbre entre as críticas aguçadas e introspectivas em seus enredos.

O primeiro conto narra a vida de um repórter que carrega o fardo de sua mãe e decide realizar uma visita até a cidade de Roraima para cobrir uma matéria no jornal local sobre uma série de pessoas em situação de desabrigo, deixadas à própria sorte na rodoviária central da cidade.

O segundo conto, homônimo ao título da obra, conta a história de um personagem trans que reflete sobre questões sociais do livro “Ilíada” enquanto transita nas linhas de um metrô. Durante o percurso, o personagem encontra uma figura conhecida de seu destino e a partir daí, inicia-se uma série de reflexões sobre vida, preconceito, masculinidade tóxica e abandono parental.

O terceiro conto narra a história de um porteiro de uma clínica de reabilitação para viciados em drogas. A narrativa faz críticas severas ao apoio e assistência recebidos pelos internos, assim como ao oportunismo empregado pelos colaboradores do local, que, em sua essência, abusam continuamente dos residentes. Há vários pontos interessantes neste conto, a maioria deles ligados ao abandono familiar das vítimas dos vícios, bem como aos pensamentos e preconceitos enraizados na busca pela ressocialização. É claro que a obra aborda outras nuances críticas sociais, mas as mais evidentes estão relacionadas à internação e às problemáticas decorrentes de um local tomado pelo caos e abandono.

Em síntese, a obra do autor Danilo Brandão nos convida a refletir acerca do existencialismo e da pluralidade de acontecimentos que não são enxergados no Brasil. Histórias de abandono, ausência de oportunidades, vícios, transsexualidades, medo e inseguranças são pautas frequentes elaboradas pelo autor. Um livro contemporâneo carregado de energias críticas e simbólicas do retrato do Brasil que só se é enxergado por quem possui olhos atentos para a sociedade.

[RESENHA #679] Acorrentada pela mente, de Claudia Carvalho

APRESENTAÇÃO

Ser filha de uma portadora de doença psiquiátrica, além de não ser bom, traz muito sofrimento. Não é bom, porque você não pode contar com a mãe em nenhum momento, pois ela quem precisa de ajuda. Traz sofrimento, além de sensação de abandono, rejeição e, como se não bastasse, ainda tem o preconceito em todo lugar que você passa. Preciso destacar que os rótulos que recebi foram duros de aguentar, como: Aquela ali é a filha da doida; Claudia tem duas caras; Nossa, que gênio difícil a Claudia tem!; Será que ela é doida igual à mãe dela?

Sentia-me diferente o tempo todo e ficava com muito medo de ter herdado o transtorno afetivo bipolar que ela tinha. Minha mãe biológica não está mais entre nós, ela se foi aos 58 anos de idade e eu sinto muito, porque só agora percebo a dimensão do peso que ela carregava nos ombros. 

Espero profundamente que essa obra literária desperte pessoas que ainda não se atentaram para esse e outros transtornos que dificultam a vida, como, manter um relacionamento, permanecer num emprego, preservar amizades. Hoje me trato com psiquiatra, hipnoterapia, medicamentos, meditação e, a melhor parte, aprendi a me amar e a cuidar daquela criança que ficou abandonada lá atrás. Garanto que este livro irá te surpreender! 

RESENHA

Acorrentada pela mente é um livro biográfico escrito pela autora e jornalista capixaba Cláudia Carvalho, lançado através do selo Voe da Editora Flyve. O livro apresenta como proposta a exposição dos acontecimentos na vida da autora em relação à doença mental da mãe.

Já no primeiro capítulo a autora aborda sobre como sua mãe quase a abortou enquanto ainda estava internada em um manicômio, apresentando quadros graves e diversas tentativas de acabar com a gestação. A introdução é realizada em poucas linhas, sem grandes detalhes ou proporções, com uma apresentação trabalhada com poucos detalhes e pouco foco, o que não fomentam maiores esclarecimentos acerca deste período.

A narrativa segue uma ordem não-linear abordando temáticas sobre um episódio em que sua mãe tentou jogá-la de uma ponte para se afogar em um rio próximo, um episódio de hepatite A causados pela contaminação (e talvez ingestão) de água poluída por na época morar próximo de um ribeirão, abusos sexuais sofridos por parentes, depressão na primeira gravidez, a fome e os problemas decorrentes da ausência de apoio, auxílio ou socorro, o pai desconhecido, os períodos difíceis com os apelidos que as pessoas lhe davam pela condição de sua mãe, dentre tantos outros.

Por mais que obras biográficas sejam em sua essência impactantes, acredito que, a autora descreveu sua história com pouco foco e trabalho. As histórias de desenlaçam na mesma proporção e rapidez com as quais se diluem, não há um trabalho introdutório de cada episódio em sua vida, tudo é jogado ao ar de forma desmedida e sem nenhum empenho descritivo acerca dos períodos, talvez, por ausência de lembranças, pela pouca idade durante os períodos difíceis em sua vida, pela infância tomada ou por qualquer ausência de esforço de pesquisa que fomentasse grandes debates e descrições dos acontecimentos.

Ainda que a doença da mãe seja o ponto principal da narrativa, a obra em si, fala basicamente sobre a vida da autora e do impacto da doença da mãe em sua vida. Ela descreve períodos difíceis para lidar com os acontecimentos, tornando assim, o acontecimento central secundário, uma vez que toda noção de dor e sofrimento da mãe é basicamente eliminada, não havendo assim, noção da filha em relação à dor da mãe, criando assim, uma teia de acontecimentos que sempre retornam ao ponto de loucura da mãe, colocando-a como vilã e causadora de todos os problemas, uma vez que, um problema mental a impedia de participar da vida da filha como noutros lares.

A descrição chave da obra não está nos capítulos, mas na descrição da obra, quando a autora cita: Ser filha de uma portadora de doença psiquiátrica, além de não ser bom, traz muito sofrimento. Não é bom, porque você não pode contar com a mãe em nenhum momento, pois ela quem precisa de ajuda. Traz sofrimento, além de sensação de abandono, rejeição e, como se não bastasse, ainda tem o preconceito em todo lugar que você passa.

O que podemos perceber é que não, a autora não herdou a doença da mãe, apenas se afundou profundamente em uma depressão tomada por lembranças horríveis de seus períodos com sua mãe e as dificuldades da vida, o que a fez buscar ajuda e auxílio para retomar sua vida.

Uma obra interessante para uma leitura rápida, mas há diversos pontos que necessitam de uma repaginação, talvez, numa segunda edição com mais afinco, detalhes e confissões mais descritivas.

A AUTORA

Claudia Carvalho, 49, reside atualmente em Piúma, litoral sul do ES; é mãe de dois filhos, graduada em Letras/Língua Portuguesa-Literatura, amante da natureza, dos livros e apaixonada por uma boa conversa entre familiares e amigos.  Filha primogênita, criada por sua avó materna, em Guaçuí, sul do ES, devido sua mãe biológica apresentar, ainda na gestação, problemas psiquiátricos graves, Claudia teve uma infância e adolescência não muito fáceis. Filha de um pai desconhecido, fato que a incomodava muito na juventude e vida adulta também. Tudo sempre foi muito difícil de compreender. Mudanças constantes no humor, que a levavam ao fundo do poço e a traziam à superfície em longos ou curtos espaços de tempo.  Neste livro a autora fala sobre os momentos mais difíceis que marcaram sua alma. Aqui, nestas linhas, talvez você, leitor(a), se identifique com alguma situação e passe a se ajudar ou ajudar alguém que conheça com uma história parecida.   

[RESENHA #678] Sociologia da educação, de Nelson Piletti


O que a Sociologia tem a ver com a educação escolar? Muito! Pois a escola não está isolada em relação à comunidade e à sociedade em que está inserida. A escola é, até certo ponto, reflexo das condições e das exigências estabelecidas pela sociedade, em seu sentido mais amplo, e pela comunidade, no mais restrito. Por outro lado, no interior da escola, multiplicam-se os grupos sociais, formados por todos os agentes do processo educacional, que têm enorme influência sobre a educação e o comportamento dos alunos. Com linguagem acessível, Nelson Piletti estimula neste livro a reflexão sobre esse entrecruzamento de relações que se estabelece entre a sala de aula, a escola, a comunidade e a sociedade. O autor apresenta a contribuição da Sociologia da Educação por meio de dois aspectos: o teórico, de conhecimento da realidade educacional, e o prático, de mudança para melhor dessa mesma realidade a partir desse conhecimento. Além disso, no final de cada capítulo, traz textos complementares e questionamentos que se constituem em estímulo à pesquisa, à reflexão e à discussão.

RESENHA


Em sociologia da educação, o professor e autor Nelson Piletti estuda a importância de compreensão do círculo social em sala de aula para uma compreensão mais assertiva acerca da sociedade, como instrumento de fomento dos fenômenos na aprendizagem em detrimento das particularidades de cada aluno.

A obra desvencilha em seus capítulos a importância de se conhecer e estudar os reflexos particulares dos efeitos da sociedade e das comunidades na vida do aluno. Para tal, o professor fornece ferramentas acessíveis de estudo que viabilizem concisamente a interpretação dos sinais do aluno em suas dificuldades latentes em sala de aula, para que assim, torne-se, de forma facilitada, a compreensão real das problemáticas que refletem significativamente no desempenho do aluno nos processos de aprendizagem. O autor também estuda como se dá o processo de organização e hierarquização da sala de aula entre professor e aluno, criando, assim, discussões acaloradas do papel do profissional da educação no centro do seio do ensino em sala de aula.

Para que se torne facilitada a compreensão das realidades, o livro também carrega em si um capítulo dedicado a suprimir o isolamento do aluno, criando assim, um ambiente de cooperação entre alunos e o professor, para que assim, todos possam se inteirar e participar concisamente na aprendizagem do conteúdo por meio da participação mútua, isso pode ser elaborado de forma categórica mediante trabalhos de grupo ou numa simples disposição das cadeiras em sala de aula para uma maior participação e controle do aprendizado por meio da figura do profissional ao centro da sala, que assim, controla de forma mais assertiva a participação de todos os envolvidos em seu campo de visão.

Em síntese, a obra fornece detalhes e estudos que fomentam uma participação maior do professor, não apenas na ministração da aula propriamente referida, mas também na participação e observação dos fenômenos sociais em sala de aula e das diferentes visões e realidades presentes no seio escolar.

O estudo de sociedades com culturas diferentes desempenha um papel importante na análise sociológica. Ao compreendermos como diferentes culturas se reproduzem e educam seus indivíduos, podemos obter uma visão mais abrangente dos processos estruturais que compõem a educação na totalidade. A sociologia da educação é uma extensão da sociologia que se dedica a estudar a realidade socioeducativa, permitindo aos pesquisadores compreender que a educação ocorre no contexto da sociedade, e não apenas na sala de aula. Isso caracteriza a relação entre ser humano, sociedade e educação, explorando diferentes teorias sociológicas.

A sociologia da educação teve suas bases estabelecidas por pensadores como Marx e Engels, que discutiram o surgimento dessa disciplina em capítulos específicos de suas obras. Eles relacionaram a educação à produção, analisando as sociedades de sua época. Suas concepções surgiram durante a Revolução Industrial, quando propuseram a ideia de uma educação politécnica, que combinava a instituição escolar com o trabalho produtivo. Eles acreditavam que essa relação poderia ser um poderoso meio de transformação social.

O AUTOR
Nelson Piletti é graduado em Filosofia, Jornalismo e Pedagogia; mestre, doutor e livre-docente em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); ex-professor do ensino fundamental e médio; ex-professor de Sociologia do ensino médio e superior; professor aposentado do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da Faculdade de Educação da USP. Pela Contexto, é autor do livro Aprendizagem: teoria e prática, além de coautor de O Brasil no Contexto 1987-2017; Dom Helder Camara: o profeta da paz; Psicologia do desenvolvimento; Psicologia da aprendizagem; História da educação; Principais correntes da Sociologia da educação e Sociologia da educação: da sala de aula aos conceitos gerais.

[RESENHA #678] Fumo, de Juliano Costa

APRESENTAÇÃO

Fumo é o diário de alguém que tenta parar de fumar, mas acaba gostando tanto de escrever sobre cigarro que passa a questionar sua decisão. Ao longo das páginas e dos dias, a dúvida que surge é: escrever para parar de fumar ou fumar para continuar escrevendo?

RESENHA

Fumo, de Juliano Costa, é um emaranhado poético descritivo acerca do uso do cigarro. Assim como aconteceria com qualquer outro, aconteceu com o autor. O livro é parte da iniciativa do em parar de fumar enquanto registrava seu progresso em um diário, porém, ao iniciar seu processo, o autor interessou-se demasiadamente pela força da escrita, do que pelo dito exercício do cessar do cigarro, o que ocasionou em reflexões acerca da real necessidade de se parar. Assim surgiu este livro. O autor narra em diversas histórias uma série de acontecimentos que se casam com o uso do cigarro, suas nuances transitam entre amizade, trabalho e cotidiano e são carregadas de um sentimentalismo extremamente forte e exagerado acerca da vida, o que torna a leitura muito mais palpável e interessante do que se espera, e isso é uma poderosa armadilha para nos fazer cativar por sua escrita.

Publicado pela editora Patuá, a obra possui uma característica única que é parte crucial da narrativa: ela é crua. Já no primeiro conto, intitulado não me abandone jamais, o autor faz alusão do corpo a um barco de luxo. Assim como em um barco, onde as tarefas são cautelosamente distribuídas, e cada qual ultrapassa seus limites cientes das consequências, assim é o vício com o cigarro. O autor conta que sua jornada em busca de por fim ao vício durou 28 dias, e que agora, seria para valer. Suas metáforas acasalam-se perfeitamente com a noção de poder que o cigarro tem sob a vida e visão das pessoas em suas participações sociais.

Já o sexto conto consta com uma forte referência ao filme Harry Potter (a pedra filosofal), o autor descreve em detalhes as primeiras cenas, onde, o professor Dumbledore com sua varinha (aqui, isqueiro) suga na primeira cena todas as luzes dos postes, enquanto se aproxima dele uma senhora que logo se transforma de um gato para sua real figura (Sra. Mcgonagall), seguido do surgimento de uma moto que aterriza sob o asfalto (Hagrid). Seguindo:

[...] Dessa vez, minha mãe interceptou a correspondência e deu fim nela. No dia seguinte, dezenas de corujas pairavam sobre a minha casa, jogando os envelopes por toda a construção. [...] a partir desse momento tudo fez sentido e eu soube o que sempre fui aquilo o que me tornara: um fumante.

No dia 11, o autor descreve o retorno para casa de uma peça de teatro de Mel Lisboa, o autor descreve que, em um ponto de ônibus, encontrou-se com uma mulher que tirou do bolso um maço de malboro vermelho e o colocou na boca para fumar despreocupadamente pensando em absolutamente nada, com a mente vaga. Aquela cena faz o autor pensar em como sua vida estava triste e vazia, comparando aquele momento com um buraco na minha alma (p. 52).

O livro segue uma linha tênue de descrições cotidianas, sempre intercalando sua luta com o cigarro e as reflexões do autor, algo extremamente inusitado em termos de literatura, ainda que o tópico não seja novo, podemos notar que há sempre algo de inovador em cada linha, o autor transfere uma carga reflexiva e emocional forte para suas histórias breves, que poderiam, sem nenhuma dúvida, render cada uma um livro único. A atmosfera criada pelo autor é altamente penetrante e única, o que torna a leitura cada vez mais prazerosa e enriquecedora.

[RESENHA #677] Linguística aplicada, de Ana Elisa Ribeiro e Carla Viana Coscarelli

APRESENTAÇÃO

O ensino da língua portuguesa está presente durante toda a trajetória da educação básica. Assim, é um tema inescapável para professores e futuros professores. A Linguística Aplicada, por sua vez, busca compreender os usos da linguagem (ou das linguagens) e como ela é adquirida e usada para resolver problemas e situações da nossa vida. Esta obra, repleta de exemplos e atividades, apresenta uma cronologia do desenvolvimento da Linguística Aplicada, mostrando como ela influenciou e segue influenciando nossas concepções de educação e, mais especificamente, de ensino de português nas escolas.

Sobre a coleção: A sala de aula é o principal campo de atuação tanto do profissional graduado em Letras quanto em Pedagogia. A coleção Linguagem na Universidade, coordenada por Kleber Silva e Stella Maris Bortoni-Ricardo (ambos da UnB), abrange as questões de linguagens e suas interseccionalidades a partir de disciplinas que são obrigatórias nos currículos desses dois cursos. Com linguagem didática, leve e acessível, as obras são voltadas para estudantes de graduação, auxiliando o futuro professor em sua prática pedagógica.


RESENHA

O livro Linguística aplicada — ensino de português é um manual de ensino escrito para professores de língua portuguesa como um farol de ensino metodológico acerca da importância da compreensão do ensino de linguística em sala de aula. A obra possui como foco o desmembramento das problemáticas arraigadas no ensino de forma estrutural, desmistifcando e identificando os problemas decorrentes no ensino de língua portuguesa em sala de aula. 


A introdução da obra compreende na explicação básica do que é de fato o campo de estudo da linguística aplicada, fomentando assim, uma maior compreensão acerca do seu real significado e valor. A linguística aplicada (LA) é um campo de estudo transdisciplinar, indisciplinar e intercultural que identifica, investiga e busca soluções para problemas relacionados à linguagem na vida real.


Os objetivos da LA são:


Identificar problemas relacionados à linguagem;

Investigar esses problemas a partir de uma perspectiva linguística;

Desenvolver soluções para esses problemas.


A LA é uma área de estudo ampla e diversificada, que abrange uma variedade de tópicos, incluindo:


Ensino de línguas;

Tradução e interpretação;

Linguística forense;

Linguística clínica;

Linguística aplicada à informática;

Linguística aplicada à educação;

Linguística aplicada à saúde;

Linguística aplicada ao direito;

Linguística aplicada à mídia;

Linguística aplicada à tecnologia.


A LA é uma área de estudo em constante crescimento, que se desenvolve a partir de um diálogo entre a linguística e outras disciplinas, como a psicologia, a sociologia, a antropologia, a educação e a tecnologia.


Alguns exemplos de problemas relacionados à linguagem que a LA pode investigar e solucionar:


Como ensinar uma língua estrangeira de forma eficaz?

Como traduzir um texto de forma fiel e natural?

Como identificar e corrigir erros de linguagem?

Como melhorar a comunicação entre pessoas de diferentes culturas?

Como usar a linguagem para promover a inclusão social?


A obra também fomenta debates acerca do ensino de língua materna na sala de aula, como sendo banalizada e fora do eixo com regras preestabelecidas de decoração de regras de gramática normativa. Para tal, descreve-se uma linha tênue de explicação e raciocínio acerca do atual método de ensino em paralelo ao ensino correto de compreensão das competências linguísticas do alunado em sala de aula, através da análise da gramática, texto e dos gêneros textuais existentes no mundo, bem como no meio digital. As autoras usam de exemplos de linguísticas e estudiosos que acreditam que a pauta de ensino deve ser mais livre levando em consideração as competências existentes no conhecimento do alunado, atribuindo, assim, ao ensino uma linha de ordem cronológica de investigação dos problemas existentes na escrita e fala nas situações sociais cotidianas:


Vários autores criticam o ensino baseado na concepção normativa da lingua, como Luft, mas também os linguistas Mário Perini, Sírio Possenti, Rodolfo Ilari [...] atentam para aspectos relaionados ao uso da linguagem nas situações da vida, como as variantes linguisticas, a adequação à a situação e o registro (grau de formalidade), a dinamicidade (mutabilidade) das línguas, a competência e a criatividade dos falantes. (p. 29).

A obra também realiza uma investigação meticulosa acerca da participação das redes sociais na criação de textos e vídeos que fomentam um maior debate dos linguistas na investigação dos fenômenos. A obra em si, é uma forma de explicar de forma clara e mais abrangente a língua e suas propriedades, não apenas para os profissionais de língua portuguesa, mas para todo alunado com mente fechada em relação à fala.


Será que devemos manter cegamente a tradição ou pode ser melhor repensar nossa abordagem, trazendo contribuições de pesquisas, de estudos, de transformações nas tecnologias de produção e de recepção de textos?  (Texto da autora no site da contexto)

A ideia de letramento é apresentada como uma forma de pensar nos usos da língua e das linguagens, reconhecendo que existem diferentes formas de se expressar e que cada uma delas pode ser adequada a determinada situação. Não se trata de certo ou errado, mas de adequação, uso, objetivo e nuance. A autora argumenta que a forma como os linguistas aplicados pensam a linguagem tem influência direta na forma como o ensino de língua portuguesa é abordado, e questiona se devemos manter cegamente a tradição ou repensar a abordagem, considerando contribuições de pesquisas, estudos e transformações tecnológicas.


As autoras destacam a importância das tecnologias digitais, que permitem a produção de textos em diferentes linguagens e o uso de recursos como a hipertextualidade. Ela defende a necessidade de desenvolver habilidades relacionadas à produção e compreensão de textos, além de promover o pensamento crítico, para que as pessoas se envolvam nas atividades propostas de forma reflexiva, dinâmica e autônoma.


também ressalta a relação entre as questões abordadas pelos linguistas aplicados e os problemas sociais, destacando que a alfabetização e o letramento são temas essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade. A autora questiona se o preconceito linguístico não é uma forma de exclusão social e discute a relação entre linguagem e identidade. Ela enfatiza a importância da Linguística Aplicada na sociedade e apresenta o livro como uma forma de familiarizar as pessoas com essa área e suas questões, convidando os leitores para a leitura e o diálogo.


AS AUTORAS


Ana Elisa Ribeiro é professora titular do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), onde atua no ensino médio, no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens. É doutora em Linguística Aplicada e mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais, com alguns estágios pós-doutorais. É pesquisadora do CNPq e autora de diversos livros nos temas dos letramentos e da multimodalidade. 


Carla Viana Coscarelli é professora titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem mestrado e doutorado em Estudos Linguísticos pela UFMG. Fez pós-doutorado em Ciências Cognitivas pela University of California, San Diego, e em Educação pela University of Rhode Island. É coordenadora do Projeto de Extensão Redigir UFMG e desenvolve pesquisas sobre a leitura em ambientes digitais e letramento digital.

[ENTREVISTA] Debora Sapphire, autora de “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta”

Debora Sapphire fala sobre o processo de criação de seu segundo livro, bem como do seu primeiro na categoria juvenil, intitulado “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta”. A autora, também conhecida pelo romance “O Mistério da Mansão Walker”, revela detalhes sobre as novidades editoriais, futuros lançamentos, seu processo criativo e sua nova personagem.

1. Como surgiu a ideia para escrever “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta”?

A ideia de escrever “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta” surgiu a partir de um edital da Lura Editorial para uma antologia de contos de fadas que aquecem o coração. Decidi seguir caminhos diferentes para a publicação do conto e encontrei na Amazon uma forma de dar mais destaque à história.


2. Qual foi a inspiração por trás da personagem Ruby, a pequena bruxa ruiva?

A inspiração para criar Ruby veio do desejo de escrever uma personagem que a Debora adolescente ou criança gostaria de ler. Visualizei uma protagonista mirim com personalidade única para estrelar uma história cativante.


3. Como você abordou a temática do luto e da autodescoberta na história?

Abordei as temáticas de forma sensível e natural, pois são assuntos comuns na vida humana. O luto é uma experiência que todos enfrentamos em algum momento, e a autodescoberta é essencial para o crescimento e formação de um indivíduo.


4. Em sua opinião, qual é a importância de trazer personagens femininas fortes e independentes em livros infantojuvenis?

É fundamental trazer protagonistas femininas fortes e independentes na literatura infantojuvenil. Muitas vezes, os livros dessa faixa etária são escritos por homens e apresentam personagens masculinos como principais. É importante que meninas inteligentes, independentes e cheias de personalidade se vejam representadas nas histórias, independentemente da idade delas.


5. Como você equilibrou a magia e a realidade na trama do livro?

Busquei equilibrar a magia e a realidade na construção da narrativa. A ficção se apoia na realidade, mesmo sendo uma criação imaginária. Nesse sentido, trouxe influências da cultura wicca e abordei temas como violência doméstica, preconceito e diferenças culturais presentes em nossa sociedade.


6. Qual é a mensagem principal que você gostaria que os leitores tirassem de “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta”?

Embora haja uma mensagem central, acredito que cada leitor pode interpretar e tirar diferentes mensagens preciosas dessa história. No entanto, acredito que a principal seja valorizar o que já temos em vez de idealizar algo diferente, e que o autoconhecimento é fundamental para encontrar nosso lugar no mundo.


7. Como foi o processo de criação dos personagens secundários, como a raposa e o caçador?

Apesar de serem personagens secundários, a raposa desempenha um papel importante na história, sendo o espírito familiar da pequena bruxa. O processo de criação desses personagens foi tranquilo, pois ambos têm relevância na trama do conto, seja de forma direta ou indireta.


8. Quais são os desafios de escrever para o público infantojuvenil?

Escrevi o livro pensando em um público amplo, incluindo jovens e adultos. Não houve limitação em escrever apenas para o público infantojuvenil, pois desejava que a história pudesse ser apreciada por todas as idades.


9. Como você acredita que a literatura pode contribuir para o desenvolvimento das crianças e adolescentes?

Acredito que a literatura desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das crianças e adolescentes. Essa fase é decisiva para a construção psicológica e emocional de um indivíduo, e os livros podem contribuir para a formação de caráter, além de estimular a criatividade e a imaginação.

10. Quais são as suas maiores influências literárias ao escrever um livro do gênero fantasia?

Como leitora ávida de histórias de fantasia, minhas maiores influências vêm das leituras que fiz ao longo de minha vida. Essas influências moldaram minha escrita e meu amor pelo gênero fantástico.


11. Você teve que fazer alguma pesquisa específica para escrever sobre bruxas e magia?

Confesso que criar histórias sobre bruxas e magia se tornou uma especialidade minha. Por isso, é um tema confortável para mim escrever sobre. No entanto, mesmo sendo uma parte característica das minhas histórias e trazendo essa identidade como escritora, eu sempre faço pesquisas antes de compor uma trama para construir uma narrativa verossímil.


12. Como você desenvolveu a narrativa reflexiva e acolhedora presente em “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta”?

Para desenvolver a narrativa reflexiva e acolhedora em “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta”, sem dúvida, foi preciso me colocar no lugar do leitor. Eu queria transmitir emoções e sensações ao leitor durante a leitura dessa história, e para isso, eu precisava sentir essas emoções primeiro.


13. Quais são as suas técnicas para criar um mundo de fantasia envolvente e cativante?

Olha, eu não tenho técnicas específicas para criar um mundo de fantasia envolvente e cativante. Como mencionei anteriormente, a história precisa me conquistar e cativar antes, enquanto me coloco no lugar do leitor. Uma vez que isso acontece, sei que as chances desse mundo ser capaz de envolver e cativar outros leitores são altas.


14. Você já tinha em mente que “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta” seria um livro infantojuvenil desde o início do processo de escrita?

Sim, primeiramente porque é um gênero em que eu já tinha interesse em me aventurar. Minha mãe é pedagoga e professora do ensino infantil, então eu já tinha o desejo de escrever um livro que ela pudesse usar em sala de aula. Com certeza, ainda haverá versões ilustradas e adaptação em quadrinhos do livro no futuro. Além disso, assim que surgiu a oportunidade de embarcar nesse projeto, eu não perdi tempo. E quando falo em oportunidade, também me refiro a investimento financeiro.


15. Como você lida com o feedback dos leitores, especialmente quando se trata de um livro voltado para crianças e adolescentes?

Eu procuro lidar com o feedback dos leitores das minhas obras de forma aberta, compreendendo que cada experiência de leitura é única. Gosto da frase: "cada leitor só consegue ler com os olhos que tem". A experiência de leitura, tanto positiva quanto negativa, depende exclusivamente do leitor. Meu trabalho como escritora já foi entregue e passou pelas mãos de diversos outros profissionais para oferecer um resultado de qualidade aos leitores. Geralmente, a recepção dos livros voltados para o público infantojuvenil é mais acolhedora. São os adultos arrogantes que costumam complicar as coisas em relação ao feedback (risos).


16. Quais são os seus maiores desafios ao escrever um livro para essa faixa etária?

Penso que um dos maiores desafios ao escrever um livro para essa faixa etária é manter a linguagem acessível e moderada para estimular a imaginação e a memória afetiva dos jovens leitores. Hoje em dia, é necessário ter cuidado ao abordar temas sensíveis. Também há a proposta de trazer diversidade e aprendizados ao introduzir reflexões relevantes de maneira lúdica.


17. Como você acredita que “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta” se diferencia de outros livros do mesmo gênero?

Acredito que “A Pequena Bruxa e a Raposa da Floresta” se diferencia, em primeiro lugar, por ser escrito por uma escritora que é uma bruxa de verdade. Portanto, trouxe muito da filosofia da cultura wicca para esse livro, apesar da mistura de fantasia e magia presente na história. Em segundo lugar, mesmo sendo uma obra infantojuvenil, o livro possui uma complexidade que apenas os adultos serão capazes de entender melhor. Ou seja, aqueles que lerem o livro quando crianças ou adolescentes e relerem quando adultos irão compreender muito mais coisas presentes entre as linhas dessa história. Isso se dá pela expansão do repertório do leitor.


18. Quais são seus planos futuros como autora? Podemos esperar mais histórias envolvendo a personagem Ruby?

É interessante dizer que, como escritora, costumo publicar surpresas, pois gosto de surpreender meu público com uma nova história. Apesar de meses e até anos de planejamento por trás de uma publicação, eu sou mais reservada no sentido de não revelar muito para as pessoas. No entanto, se houver novas histórias envolvendo a personagem Ruby, isso dependerá da recepção do público.

Posso revelar que ainda haverá a publicação física do meu livro de estreia do ano passado, “O Mistério da Mansão Walker”. E já estou trabalhando no segundo livro dessa duologia, que será o desfecho. Aqui, em primeira mão, revelo que essa sequência de "O Mistério da Mansão Walker" já tem título: “O Segredo de Forestland”, com lançamento previsto para 2024.


19. Que conselho você daria para jovens escritores que desejam entrar no mundo da literatura infantojuvenil?

Um conselho que eu daria para jovens escritores que desejam entrar no mundo da literatura infantojuvenil (e não só para eles), é que se eles têm uma história para contar e acreditam que ela fará diferença na vida de alguém, de um leitor ou leitora, então contem essa história da melhor maneira possível, sempre escrevendo de forma responsável.


20. Qual é a importância da literatura infantojuvenil na formação de leitores e na promoção do hábito da leitura desde a infância?

Essa é uma questão muito importante, pois, como eu já disse anteriormente, a literatura infantojuvenil é essencial na formação do caráter dos novos leitores. Incentivar a leitura de bons livros e criar o hábito de ler desde a infância é fundamental para construir uma sociedade mais empática, criativa, benevolente, bem informada, justa e tolerante.

A AUTORA

Debora Sapphire é o pseudônimo de uma influencer literária, resenhista e colunista. Bacharel em Comunicação Social. Mora no interior de SP.

Atualmente, ela fecha trabalhos de publicidade como profissional freelancer no mercado editorial. É uma jornalista entusiasta da literatura e leitora beta nas horas vagas.

Além de trazer consigo um senso crítico considerável para abordar com autoridade assuntos sociais e temas atemporais necessários a fim de levar reflexão importante aos leitores

Escritora de "O Mistério da Mansão Walker". Adora escrever sobre protagonistas complexas e em suas histórias reina o empoderamento feminino.

Aos 26 anos, já realizou diversas parcerias e entrevistas com autores nacionais ao longo dos últimos cinco anos. E segue em sua página do blog Amante da Arte da Literatura e nas redes sociais como @sapphiredebbie, divulgando autores nacionais contemporâneos em prol da valorização de toda a ampla literatura nacional. Curadora @clubeliteraturanacional.

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