Meu nome é Eliane. Escrevo desde que conheci os livros,
fiquei fascinada e já comecei a criar meus livrinhos com folha de papel sulfite
e publicar poemas no jornal do bairro em que morava na adolescência. Sou
fascinada por histórias que sejam boas e que te envolvam de verdade. Fico
impressionada de quanto as histórias enriquecem nossas vidas, aprendemos com as
experiências de outros, com seus erros e acertos, com seus sentimentos e
vivências. Conseguimos uma sabedoria que vai além. Acho que boas histórias
falam com a nossa alma, com aquilo que há de menos evidente nos nossos corações
ou nas nossas sombras.
Ops, era para falar de mim e já estou falando de
histórias... Sou paulistana, vivo em São Paulo com meu marido, meus filhos Ale
e Zizi e meus cachorros Lucke e Rocky. Adoro brigadeiro e doces em geral. Nada
melhor que uma xícara de café com um brigadeiro do lado. Gosto do ar livre e de
tudo aquilo que me faz sonhar acordada.
- Há quanto tempo você escreve, como começou?
Eu escrevo desde que descobri os livros e o prazer em que há em se contar uma boa história. Gosto de escrever histórias que tenham alguma mensagem escondida no meio de uma trama muito louca e cheia de reviravoltas. Acredito que podemos aprender muito com filosofia e adoro
que meus personagens tenham seus dilemas filosóficos. A vida é um prato cheio para gente explorar nas histórias. Meu primeiro livro publicado foi Pacto Secreto em 2011. Depois disso escrevi a continuação do Pacto Secreto: Prazer Secreto e História Secreta, que no final, juntei em um livro só e dei a esse livro o nome de Pacto Secreto que acabei de publicar e que vai te pegar pelo pé.
Além disso escrevi nesse ínterim outros livros: Café Forte
que é um suspense policial. Morra por mim que é um thriller psicológico.
#Acredite que é uma fantasia fofa. Menino Laranja que é uma distopia. E coração
voador que é um livro infantil com uma mensagem linda sobre como olhar a vida.
- Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?
Eu preciso me apaixonar pela ideia e pela mensagem que eu
quero que os personagens explorem. Por exemplo: no Pacto Secreto eu quis
explorar a ideia de que somos muito mais fortes do que entendemos, somos
divinos, quis meu livro mergulhado em humanismo. Mas como mostrar isso? Senão
mostrar uma heroína que desafia o diabo no seu próprio jogo?
No livro Morra por Mim eu quis que meu protagonista, André
Vasques, fosse anjo, mas fosse também um monstro. E nessa mistura vemos André
lutando para ajudar aqueles que ele chama de corações puros a irem embora para
junto de Deus quando a existência se torna insuportável e, ao mesmo tempo,
vemos um monstro que tem a frieza necessária para se afeiçoar a suas vítimas e
depois a incentivá-las a ir embora daqui. No livro, vemos a luta do anjo e do
monstro que todos temos dentro de nós mesmos e acompanhamos a escolha de André.
- Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?
Clarice Lispector e Nelson Rodrigues me inspiraram muito. O
jeito que Clarice ingressa na alma humana é apaixonante. Mas amo suspense e a
rainha do crime: Agatha Christie me fascinou com suas tramas bem boladas.
- Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?
O maior desafio foi transformar Pacto Secreto, Prazer Secreto e História Secreta em um único livro. Sempre é difícil ao escritor ver as folhas que escreveu irem embora para dar lugar a um livro mais enxuto e fluído.
- Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?
Para mim é tempo. A vida é tão corrida hoje em dia que nos
falta tempo para refletir, para pensar e para criar boas histórias.
- Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?
Meu primeiro livro foi Pacto Secreto. Meu pai faleceu em
2009. Em 2010 quebrei o punho, fiquei de molho e Pacto Secreto veio para mim de
presente. Pacto Secreto é toda a influência do meu pai que me colocava com 7
anos para ver filmes com a Profecia, o Retrato de Dorian Gray e o bebê de
Rosemary, tem um quê de terror, mas é muito mais um suspense que vai te pegar
pelo pé.
- Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?
André Vasques do Morra por Mim. Entrei tanto dentro de sua
mente que quase parece que ele existe e está andando por aí.
- Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?
Eu tento não ter referências. Acho que se nos apegarmos
demais, sem querer vamos pegar alguma coisa que não é nossa e colocar no livro.
Por isso eu tenho o cuidado de não ler livros enquanto estou escrevendo para
não verem uma voz ali na escrita que não seja a minha.
- Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?
Estar só. É sempre só que tenho as melhores ideias.
- Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?
Faço anotações para quando tenho a ideia. Justamente para
ela não fugir de mim.
- O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?
Dou uma volta. Deixo o livro de lado. Uma hora dá aquela
vontade de correr para ele e finalizar a história.
- A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?
Eu mostrava muito ao meu irmão, mas agora o Wattpad me ajuda
muito. Mas ainda mando ao meu irmão. Ele sempre foi um incentivador.
- Qual a parte mais complicada durante a escrita?
O início do livro. Sabe quando a história não engatou e
ninguém tem ideia do que se trata o livro?
- Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?
Eu tenho que escrever um pouco todos os dias por pura falta
de opção. Meu sonho é ficar uma semana em um café de Paris, enlouquecida,
escrevendo e tomando café. Quem sabe um vinho tinto para acompanhar?
- Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?
A vida é o zue é. Me pergunto muito no que eu posso
melhorar, sabe?
- A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?
Sou mulher de um livro só. Rsss. Paro de ler, paro de pensar
em outras histórias e mergulho de cabeça no meu novo projeto.
- O que motiva você a continuar escrevendo?
Eu amo escrever e sempre escreverei, nem que eu seja minha
única leitora.
- Que conselho você daria para quem está começando agora?
Mergulhe no seu livro, faça dele a sua maior aventura.
Divirta-se!
- Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?
Meu principal desafio é como livros em um ambiente com
tantos atrativos digitais podem continuar existindo. Como despertar essa
paixão?
Sabe, antigamente quando não havia televisão, internet, os
livros eram o maior barato. Hoje com tantos filmes, séries, jogos eletrônicos,
podcasts e etc como levar alguém a ler? Eu acho que esse é um grande desafio.
De toda maneira, fico feliz quando me lembro que as histórias podem ser
contadas em diversas formas como filmes e séries!
- Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?
Hoje o celular deu um poder a cada escritor e a cada leitor.
Antigamente era a Editora quem definia quem publicaria, hoje os leitores que
determinam. Isso é incrível. A dificuldade é como potencializar isso a favor do
escritor que não é marqueteiro e que quer mesmo é escrever! Hahaha para mim
esse é o grande desafio.
- Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?
O pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry pela mensagem
e por alcançar a todos leitores
Caim, de José Saramago pelo humor cítrico e pela audácia
O velho e o mar, Hemingway pela força do potencial humano
O Alquimista, de Paulo Coelho pela mensagem que transcende
um público
Cai o Pano, de Agatha Christie pela trama
Laços de Família, de Clarice Lispector pela escrita perfeita
Memórias de Subsolo, de Fiódor Dostoiévski pelo mergulho no ser humano
- Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?
Solte a franga. Silencie o julgador que há dentro de você e
deixe rolar a história que ela se escreverá sozinha.
- O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?
Espero conseguir aprimorar meu lado marqueteira. E escrever um novo livro que está cozinhando aqui dentro de mim.
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