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CRÍTICA: Vingança (2025)

Imagem: Reprodução

"Vingança" (Revenge, no título original), lançado em 25 de abril de 2025 no Prime Video, é um thriller de ação dirigido pela aclamada cineasta francesa Coralie Fargeat, conhecida por seu trabalho visceral em "A Substância" (2024). Estrelado por Matilda Lutz, Kevin Janssens, Vincent Colombe e Guillaume Bouchède, o filme é uma reimaginação do clássico de exploitation de 2017, mas com uma abordagem renovada que intensifica o feminismo feroz e a estética estilizada de Fargeat. A trama segue Jen, uma jovem que acompanha seu amante casado em uma caçada anual no deserto, apenas para ser traída, violentada e abandonada para morrer. Sua jornada de sobrevivência e retaliação forma o cerne de um filme que combina violência gráfica, comentário social e uma narrativa de empoderamento. A estreia no Prime Video, após exibições em festivais como o SXSW 2025, gerou buzz significativo, com posts no X, como o de @CINEMA505, celebrando sua chegada ao streaming. Esta crítica analítica examina o enredo, os personagens, a direção, os temas e o impacto cultural de "Vingança", com base em avaliações críticas e uma análise detalhada de seus elementos cinematográficos.

"Vingança" começa com Jen (Matilda Lutz), uma jovem carismática e aparentemente ingênua, chegando a uma luxuosa casa no deserto com Richard (Kevin Janssens), seu amante casado e rico empresário. O cenário, isolado e árido, estabelece um tom de vulnerabilidade. Richard planeja uma caçada anual com seus amigos Stan (Vincent Colombe) e Dimitri (Guillaume Bouchède), mas a presença de Jen desperta tensões. Após uma noite de festa, Stan a violenta, e Dimitri, cúmplice por omissão, não intervém. Richard, em vez de protegê-la, tenta encobrir o crime e, ao perceber que Jen pode denunciá-los, a empurra de um penhasco, deixando-a para morrer. Contra todas as probabilidades, Jen sobrevive, e o restante do filme acompanha sua transformação de vítima em predadora, enquanto caça os homens que a traíram em um deserto implacável.

A narrativa é estruturada em três atos distintos: a introdução, que apresenta Jen como um objeto de desejo; o ponto de virada, marcado pela violência e traição; e a caçada, onde Jen assume o controle. Fargeat mantém um ritmo intenso, com sequências de ação que alternam entre momentos de tensão sufocante e explosões de violência. A trama é deliberadamente minimalista, com diálogos escassos, permitindo que a ação e a linguagem visual contem a história. Como apontado pelo Observatório do Cinema, o filme é "um exercício de narrativa visual", onde cada quadro é cuidadosamente composto para refletir a jornada emocional de Jen.

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Apesar de sua simplicidade, o enredo é eficaz em manter o espectador engajado. As reviravoltas, como a sobrevivência quase milagrosa de Jen, são esticadas ao limite da plausibilidade, mas servem ao tom hiperestilizado do filme. A crítica do Arroba Nerd elogia a capacidade de Fargeat de transformar "clichês do gênero exploitation em algo fresco", mas aponta que a falta de backstory para os personagens secundários pode limitar o impacto emocional. A resolução, uma confrontação sangrenta entre Jen e Richard, é catártica, mas, como observado pelo AdoroCinema, pode parecer previsível para quem está familiarizado com o gênero de vingança. Ainda assim, a jornada de Jen é poderosa, transformando uma premissa básica em um comentário visceral sobre resiliência e justiça.

Jen é o coração pulsante de "Vingança", e Matilda Lutz entrega uma performance física e emocionalmente crua. Inicialmente apresentada como uma figura estereotipada — sensual, confiante, mas vulnerável —, Jen evolui para uma sobrevivente implacável. Lutz brilha nas sequências de ação, transmitindo dor, raiva e determinação com uma intensidade que transcende o diálogo. Sua transformação, marcada por cicatrizes e sangue, é tanto literal quanto metafórica, como destacado pelo IMDb, que descreve sua atuação como "um tour de force físico". A ausência de um passado detalhado para Jen é intencional, permitindo que ela represente uma mulher comum confrontada por circunstâncias extraordinárias.

O arco de Jen é o ponto alto do filme, mas sua caracterização inicial como uma "femme fatale ingênua" pode alienar alguns espectadores. A crítica do Cineplayers sugere que Fargeat "flerta com a objetificação antes de subvertê-la", o que pode gerar desconforto até que a narrativa revele suas intenções feministas. Ainda assim, a jornada de Jen, de vítima a vingadora, é profundamente satisfatória, especialmente em cenas como sua improvisação de armas a partir de objetos do deserto.

Os antagonistas são arquétipos do machismo tóxico: Richard, o líder carismático, mas covarde; Stan, o predador impulsivo; e Dimitri, o cúmplice passivo. Kevin Janssens imbui Richard com um charme superficial que mascara sua crueldade, tornando-o um vilão detestável, mas crível. Vincent Colombe e Guillaume Bouchède, embora menos desenvolvidos, são eficazes em retratar a banalidade do mal. A crítica do Omelete observa que os homens são "caricaturas intencionais", projetadas para destacar a crítica de Fargeat às estruturas patriarcais. No entanto, a falta de profundidade desses personagens, como apontado pelo Arroba Nerd, pode reduzir a complexidade do conflito, tornando-os alvos unidimensionais para a vingança de Jen.

"Vingança" é um filme focado em poucos personagens, com praticamente nenhum elenco de apoio. Essa escolha reforça o isolamento da narrativa, mas limita as oportunidades de explorar o mundo além do deserto. A ausência de figuras secundárias, como aliados ou testemunhas, intensifica a sensação de desespero, mas, como sugerido pelo AdoroCinema, pode fazer o filme parecer claustrofóbico em excesso.

Coralie Fargeat estabelece-se como uma voz autoral distinta em "Vingança", combinando estética ousada com narrativa implacável. Sua direção é marcada por uma confiança visual que transforma o deserto em um personagem vivo, com dunas escaldantes e céus saturados que refletem o caos interno de Jen. A fotografia, assinada por Robrecht Heyvaert, utiliza cores vibrantes — vermelhos intensos, azuis neon — para criar um contraste surreal entre a beleza do cenário e a brutalidade da história. A trilha sonora eletrônica, composta por Jim Williams, pulsa com energia, amplificando a tensão e a catarse, como elogiado pelo Observatório do Cinema.

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Fargeat emprega uma linguagem visual que mistura exploitation com arthouse, usando ângulos exagerados e close-ups para destacar a fisicalidade da violência. Cenas como a extração de estilhaços por Jen são filmadas com um realismo gráfico que, segundo o IMDb, "desafia o espectador a desviar o olhar". A direção também subverte tropos do gênero: enquanto muitos filmes de vingança objetificam suas protagonistas, Fargeat usa a câmera para empoderar Jen, focando em sua força e resiliência. No entanto, a crítica do Cineplayers aponta que o exagero estilístico às vezes "sacrifica a sutileza", especialmente em sequências que beiram o caricatural.

A edição é precisa, mantendo um ritmo que equilibra momentos de contemplação com explosões de ação. Fargeat utiliza montagens rápidas para intensificar as sequências de perseguição, enquanto pausas deliberadas, como Jen encarando o horizonte, permitem que o espectador processe sua transformação. O figurino, minimalista, mas impactante, reforça a narrativa: o biquíni rosa de Jen, inicialmente um símbolo de sua vulnerabilidade, torna-se uma armadura manchada de sangue, simbolizando sua reinvenção.

"Vingança" é, em sua essência, um manifesto feminista que aborda violência de gênero, resiliência e a desconstrução de estereótipos. A jornada de Jen é uma metáfora para a luta das mulheres contra o patriarcado, como apontado pelo Arroba Nerd, que descreve o filme como "uma ode à raiva feminina". Fargeat usa a violência extrema não apenas para chocar, mas para ilustrar a brutalidade das dinâmicas de poder que Jen enfrenta. A transformação de Jen de objeto de desejo em agente de sua própria justiça desafia a narrativa tradicional de vítima, oferecendo uma visão empoderadora, ainda que controversa.

O filme também critica a cumplicidade masculina. Cada antagonista representa uma faceta do machismo: a traição calculada de Richard, a agressividade de Stan e a passividade de Dimitri. Essa abordagem, como observado pelo AdoroCinema, "expõe a banalidade do mal em contextos cotidianos". No entanto, a crítica do Omelete sugere que a caricatura dos vilões pode simplificar demais a crítica, reduzindo a complexidade das questões de gênero.

Outro tema é a sobrevivência em um mundo hostil. O deserto, com sua vastidão e perigos, reflete os obstáculos que Jen enfrenta, tanto físicos quanto emocionais. A escolha de Fargeat de minimizar o diálogo enfatiza a universalidade da história, permitindo que a experiência de Jen ressoe com diferentes públicos. No entanto, a violência gráfica, embora justificada narrativamente, pode alienar espectadores sensíveis, como alertado pelo IMDb.

Impacto Cultural 

"Vingança" estreou no Prime Video em meio a grande expectativa, impulsionada pelo sucesso de "A Substância" e pela reputação de Fargeat como uma cineasta provocadora. Posts no X, como os de @thiagobarata87 e @oxentepipoca, destacam o entusiasmo do público, descrevendo o filme como "diferente, mas igual" ao original de 2017, com uma abordagem mais ousada. No Rotten Tomatoes, o filme alcançou 92% de aprovação com base em críticas iniciais, com elogios à direção de Fargeat e à performance de Lutz. O Observatório do Cinema classificou-o como "um dos thrillers mais brutais do Prime Video", enquanto o Arroba Nerd destacou sua "estética hipnótica".

A recepção, no entanto, não é unânime. Alguns críticos, como o Cineplayers, argumentam que a violência excessiva e a falta de profundidade nos antagonistas limitam o impacto emocional, comparando-o desfavoravelmente a thrillers mais nuançados como "Kill Bill". A controvérsia em torno da violência gráfica também gerou debates, com alguns espectadores no X elogiando sua catarse e outros questionando sua necessidade. Apesar disso, o filme ressoa em 2025, um ano marcado por discussões sobre empoderamento feminino e justiça, tornando-se um ponto de conversa em plataformas como o Letterboxd.

O lançamento direto no streaming reflete a crescente influência do Prime Video em produções ousadas, como observado pelo Oficina da Net. A acessibilidade do filme permitiu que alcançasse um público global, especialmente fãs de thrillers feministas como "Promising Young Woman" (2020). Sua estética visual e mensagem provocadora garantem que permaneça relevante em debates sobre gênero e cinema.

"Vingança" ecoa o filme original de 2017, mas amplifica sua estética e mensagem feminista, beneficiando-se da experiência de Fargeat após "A Substância". Comparado a outros thrillers de vingança, como "Kill Bill" de Quentin Tarantino, "Vingança" é menos estilizado em termos de diálogo, mas igualmente impactante em sua violência coreografada. A crítica do AdoroCinema compara sua energia a "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015), mas com um foco mais íntimo na experiência feminina. Diferentemente de "Você Nunca Esteve Realmente Aqui" (2018), que explora a psicologia de seu protagonista, "Vingança" prioriza a visceralidade, o que o torna mais acessível, mas menos introspectivo.

A abordagem de Fargeat também dialoga com o cinema exploitation dos anos 70, como "I Spit on Your Grave", mas com uma sensibilidade moderna que evita a gratuidade. Comparado ao trabalho anterior de Fargeat, "Vingança" é mais direto, mas igualmente ambicioso, consolidando sua voz como uma das mais provocadoras do cinema contemporâneo.

Conclusão

"Vingança" é um thriller de ação que transcende seu gênero, oferecendo uma experiência visualmente deslumbrante e emocionalmente carregada. Coralie Fargeat transforma uma premissa familiar em um manifesto feminista, usando a violência como uma ferramenta para explorar resiliência e justiça. Matilda Lutz entrega uma performance inesquecível, enquanto a direção de Fargeat, com sua estética hipnótica e ritmo implacável, eleva o filme a um patamar raro no streaming. Apesar de suas limitações — como a falta de profundidade nos antagonistas e a violência que pode alienar alguns —, "Vingança" é uma obra poderosa que desafia convenções e celebra a força feminina.

No contexto de 2025, o filme ressoa com audiências que buscam narrativas de empoderamento e catarse, especialmente em um mundo onde questões de gênero permanecem urgentes. Sua estreia no Prime Video garante acessibilidade, enquanto sua ousadia visual e temática o torna um marco no gênero de vingança. Para quem aprecia thrillers intensos e mensagens provocadoras, "Vingança" é uma experiência inesquecível, um lembrete de que, nas mãos certas, a raiva pode ser uma força transformadora. Como Jen, o filme é feroz, implacável e impossível de ignorar.

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