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Como identificar um texto ou gerado por inteligência artificial / ChatGPT?



Há alguns sinais que podem ajudar a identificar um texto gerado por IA. Alguns desses sinais incluem:

  • Falta de coerência: Os textos gerados por IA podem ser inconsistentes ou contraditórios. Isso ocorre porque eles são treinados em um grande conjunto de dados de texto, que pode conter informações conflitantes.
  • Falta de criatividade: Os textos gerados por IA podem ser repetitivos ou sem imaginação. Isso ocorre porque eles são treinados em um conjunto de dados de texto que já existe.
  • Falta de contexto: Os textos gerados por IA podem não fazer sentido fora do contexto em que foram criados. Isso ocorre porque eles são treinados em um conjunto de dados de texto que pode ser muito específico.

Além desses sinais gerais, há alguns recursos específicos que podem ajudar a identificar um texto gerado por IA. Por exemplo, os textos gerados por IA podem:

  • Usar linguagem formal ou rebuscada de forma inadequada: Os modelos de linguagem são treinados em um grande conjunto de dados de texto, que pode incluir exemplos de linguagem formal ou rebuscada. No entanto, eles podem usar essa linguagem de forma inadequada, por exemplo, em uma conversa informal.
  • Usar clichês ou frases feitas: Os modelos de linguagem são treinados em um grande conjunto de dados de texto, que pode incluir exemplos de clichês e frases feitas. No entanto, eles podem usar esses clichês e frases feitas de forma repetitiva ou sem sentido.
  • Usar linguagem que não é natural para humanos: Os modelos de linguagem são treinados em um grande conjunto de dados de texto, que pode incluir exemplos de linguagem que não é natural para humanos. Por exemplo, eles podem usar linguagem que é muito formal ou muito informal para uma determinada situação.

É importante ressaltar que esses sinais não são infalíveis. É possível que um texto gerado por IA não apresente nenhum desses sinais. No entanto, eles podem ser úteis para identificar textos que são mais prováveis de terem sido gerados por IA.

Aqui estão algumas dicas para identificar um texto gerado por IA:

  • Leia o texto com atenção: Preste atenção à coerência, à criatividade e ao contexto do texto.
  • Compare o texto com outros textos: Se você tiver acesso a outros textos gerados por IA, compare-os com o texto que você está tentando identificar.
  • Use ferramentas de análise de texto: Existem algumas ferramentas de análise de texto que podem ajudar a identificar textos gerados por IA.

Com um pouco de atenção, você pode aprender a identificar textos gerados por IA.

É possível uma IA identificar um texto gerado por outra IA?


Sim, é possível que uma IA possa dizer se um texto foi gerado por outra IA. Existem algumas técnicas que podem ser usadas para identificar textos gerados por IA, como:

  • Análise de linguagem: Essa técnica analisa o texto em busca de padrões que são comuns em textos gerados por IA. Por exemplo, os textos gerados por IA podem ser repetitivos ou usar linguagem formal ou rebuscada de forma inadequada.
  • Análise de estilo: Essa técnica analisa o texto em busca de padrões que são comuns em um determinado estilo de escrita. Por exemplo, os textos gerados por IA podem usar um estilo de escrita que é muito formal ou muito informal para uma determinada situação.
  • Análise de conteúdo: Essa técnica analisa o texto em busca de informações que podem ser usadas para identificar o modelo de IA que o gerou. Por exemplo, os textos gerados por IA podem conter erros ou inconsistências que são comuns em um determinado modelo de IA.

É importante ressaltar que essas técnicas não são infalíveis. É possível que um texto gerado por IA não apresente nenhum dos sinais que essas técnicas buscam. No entanto, elas podem ser úteis para identificar textos que são mais prováveis de terem sido gerados por IA.

Se você copiar um texto em uma IA, ela pode usar essas técnicas para tentar identificar se o texto foi gerado por outra IA. No entanto, é importante lembrar que a IA pode não ser capaz de dizer com certeza se o texto foi gerado por outra IA.

Uso da IA em trabalhos acadêmicos


A inteligência artificial (IA) tem sido cada vez mais usada em diferentes áreas, incluindo a educação. No âmbito acadêmico, a IA pode ser usada para gerar textos, traduzir idiomas, escrever código e até mesmo responder a perguntas.

No entanto, o uso de IA em trabalhos acadêmicos também pode representar um risco à integridade acadêmica. Isso ocorre porque a IA pode ser usada para gerar textos plagiados ou para obter resultados fraudulentos em pesquisas.

Plagio

Um dos principais riscos do uso de IA em trabalhos acadêmicos é o plágio. A IA pode ser usada para gerar textos que são indistinguíveis de textos originais. Isso significa que um aluno pode usar um modelo de IA para gerar um texto que seja considerado original, mas que na verdade seja um plágio.

           Fraude em pesquisas

A IA também pode ser usada para obter resultados fraudulentos em pesquisas. Por exemplo, a IA pode ser usada para gerar dados falsos ou para manipular resultados de experimentos. Isso pode levar a conclusões errôneas e a publicações fraudulentas.

            Implicações legais

O uso de IA para gerar trabalhos acadêmicos pode ter implicações legais. Em alguns países, o plágio é considerado um crime. Isso significa que um aluno que usa IA para gerar um texto plagiado pode ser processado criminalmente.

Além disso, o uso de IA para obter resultados fraudulentos em pesquisas também pode ter implicações legais. Em alguns países, a fraude científica é considerada um crime. Isso significa que um pesquisador que usa IA para obter resultados fraudulentos pode ser processado criminalmente.

O uso de IA em trabalhos acadêmicos pode ter benefícios, mas também riscos. É importante que os alunos e pesquisadores estejam cientes dos riscos e tomem medidas para mitigá-los.

Algumas medidas para mitigar os riscos

Para mitigar os riscos do uso de IA em trabalhos acadêmicos, é importante tomar as seguintes medidas:

  • Ser transparente sobre o uso de IA. Os alunos e pesquisadores devem informar aos seus professores ou supervisores quando usam IA para gerar trabalhos acadêmicos.
  • Usar apenas IA de fontes confiáveis. É importante usar modelos de IA que foram treinados em um conjunto de dados de alta qualidade.
  • Verificar a originalidade dos textos gerados pela IA. Os alunos e pesquisadores devem usar ferramentas de detecção de plágio para verificar a originalidade dos textos gerados pela IA.

Ao tomar essas medidas, os alunos e pesquisadores podem ajudar a garantir que a IA seja usada de forma ética e responsável no âmbito acadêmico.

A Serbian Film: censura à arte ou proteção à sociedade?



A Serbian Film (Srpski film) é um filme sérvio de terror de 2010 dirigido por Srđan Spasojević. O filme conta a história de Miloš, um ator pornô que está falido e aceita participar de um filme artístico para ganhar dinheiro. No entanto, ele logo descobre que o filme é na verdade um snuff film que envolve pedofilia, necrofilia e assassinato.

O filme é extremamente violento e perturbador, e contém cenas que podem ser consideradas ofensivas para alguns espectadores. O filme foi banido em muitos países, incluindo a Austrália, a Nova Zelândia e a Noruega.

O filme A Serbian Film é conhecido por seu enredo controverso e violento, que incomodou muitos espectadores e foi massivamente criticado. O diretor, Srdjan Spasojevic, alegou que a história contada não era voltada para chocar, mas sim, retratar elementos diretamente ligados a episódios que teria presenciado ao longo de sua vida.

Apesar disso, o filme foi proibido em vários países, com a justificativa de que ele estimulava a violência. Na Espanha, por exemplo, ‘A Serbian Film’ foi exibido em um festival e o diretor foi processado pelo Estado. Já no Reino Unido, a obra só foi liberada para ser transmitida nos cinemas após mais de 40 cortes de cenas, sendo considerado um dos filmes mais polêmicos já exibidos no país.

No Brasil, a produção foi censurada duas vezes. Em 2011, quando o filme foi lançado, uma liminar na Vara da Infância e da Adolescência chegou a ser pedida contra a exibição do longa no festival RioFan, no Rio de Janeiro. Logo depois, em 2012, um juiz aprovou a exibição da obra, depois de um grande número de cineastas, cinéfilos e críticos alegarem que a proibição seria uma forma de censura à arte.

O filme tornou-se um marco entre os piores já produzidos no mundo, e certamente, o mais inesquecível em todos os sentidos. A obra retrata cenas de abuso sexual, mutilação, estupro, necrofilia, pedofilia, assassinato, exploração, sadismo, masoquismo, dentre outras categorias absurdas da indústria cinematográfica.

A Serbian Film é um filme controverso, e há muitas interpretações diferentes sobre o seu significado. Alguns críticos acreditam que o filme é uma crítica à violência e à corrupção na sociedade sérvia. Outros acreditam que o filme é simplesmente uma exploração da violência e da depravação humana.

O filme foi lançado em 2010, e recebeu críticas positivas e negativas. Os críticos que elogiaram o filme o chamaram de “um filme perturbador e chocante que não é para os fracos de coração”. Os críticos que criticaram o filme o chamaram de “um filme repugnante e sem sentido”.

A Serbian Film é um filme que certamente não é para todos. É um filme extremamente violento e perturbador, e pode ser considerado ofensivo para alguns espectadores. No entanto, o filme é também um filme que é impossível de ignorar. É um filme que vai ficar com você por muito tempo depois de assisti-lo.

Aqui estão alguns dos temas principais do filme:

  • A violência e a depravação humana: O filme é repleto de cenas de violência e depravação humana. Essas cenas são apresentadas de uma forma gráfica e realista, o que pode ser muito perturbador para alguns espectadores.
  • A crítica à sociedade sérvia: Alguns críticos acreditam que o filme é uma crítica à violência e à corrupção na sociedade sérvia. O filme retrata uma sociedade em que a violência e a depravação são comuns, o que pode ser visto como uma crítica à situação política e social da Sérvia.
  • A exploração da violência e da depravação humana: Outros críticos acreditam que o filme é simplesmente uma exploração da violência e da depravação humana. O filme apresenta cenas de violência e depravação de uma forma que pode ser vista como sensacionalista e morbosa.

A Serbian Film é um filme que certamente vai causar polêmica. É um filme que é impossível de ignorar, mas que pode ser muito perturbador para alguns espectadores.

Assista ao trailer:

[REENHA #685] A vida afinal: conversas difíceis demais para se ter em voz alta, de Cynthia Araújo

 APRESENTAÇÃO

A partir de experiências profissionais e pessoais, e de um recorte de sua pesquisa de doutorado com pacientes com câncer metastático, Cynthia Araújo constrói uma reflexão sensível e contundente sobre o viver e o viver sob a perspectiva da morte. Como advogada da União, entre tantas atribuições, ela defendeu o Estado brasileiro em casos de fornecimento de medicamentos caros pelo SUS a pacientes com câncer. Centenas de processos e entrevistas com pacientes oncológicos depois, a autora levanta questões que interessam a cada um de nós, com câncer ou não, em A vida afinal.

Remédios que podem prolongar um pouco a vida de quem espera deles uma cura ou décadas inteiras pela frente — um abrir mão do presente com qualidade pela expectativa de um futuro que tantas vezes não vem. Escolheriam os mesmos tratamentos se soubessem o que realmente podem oferecer? Neste ensaio, o olhar da autora está voltado para as percepções sobre esse tempo a mais de vida de quem está próximo do fim e para a finitude que paira no ar de cada um. Sua escuta em depoimentos no Brasil e na Alemanha a conduzem pelo tortuoso caminho dos sentimentos, das emoções e das ações de quem não tem mais tanto tempo entre os seus afetos e sonhos.

RESENHA

A vida afinal é um livro escrito pela escritora e advogada Cynthia Araújo, publicado pela editora Paraquedas, selo da editora Claraboia.

O câncer é uma das doenças que mais matam no mundo. É conhecido por possuir tratamentos, mas não uma cura definitiva. Os medicamentos e as tecnologias atuais são, em sua maioria, uma tentativa de salvar a vida do paciente, o que nem sempre ocorre, levando em consideração o grau de avanço da doença pelo corpo. Um câncer metastático que está no auge de sua evolução requer paciência, compreensão e uma metodologia diferente das convencionais para o tratamento, não para a cura. Expor ao paciente de forma que ele entenda que está vivendo seus últimos dias é um dos processos mais complexos e difíceis da atualidade.

No Brasil, os registros dividem-se entre câncer de colon, próstata, mama e pele. Há, segundo estatísticas, 192 novos casos de câncer entre os homens a cada 100.000 habitantes, e entre as mulheres a taxa é de 179 casos a cada 100.000 habitantes. Em síntese, 51,4% para os homens e 48,6% para as mulheres.

A morte é um tabu. A única certeza que temos na vida é que ela um dia acabará, não importa o que você pensa sobre a vida ou como ela terminará, o fim chegará para todos. Cynthia desenvolve em sua obra uma perspectiva que ilumina os pensamentos e reflexões acerca da morte. Desenvolvido através de uma tese de doutorado, a obra desvendará os pensamentos acerca da morte e a ressignificação da vida durante diagnósticos ou vivência de câncer e doenças em estado terminal. Para a autora, realizar planos desmedidamente sem refletir sobre o caráter imprevisível da vida é uma forma de limitar o ser humano a viver a vida com mais afinco e verdade.

Para a autora, o mais necessário durante o progresso da doença é a clareza e exposição dos reais acontecimentos acerca da finitude da vida, preparando a pessoa para o momento cautelosamente, criando assim, a certeza de uma morte digna. Desta forma, o paciente pode se preparar para viver sonhos e metas realistas, não se pautando na incerteza do amanhã ou de uma cura que não virá. Entender que se está nos últimos dias ou meses de vida é crucial para se viver uma vida com mais afinco.

A autora descreve como seu papel como advogada da união influenciou sua decisão em abordar este tópico em uma tese de doutorado: “minha pesquisa investigou o papel da esperança em casos de doenças graves e refletiu sobre como a ilusão de sobreviver e projetar um futuro pode desviar a atenção do viver o presente da melhor forma possível (p.21).” Neste mesmo relato, a autora fala sobre como os processos de solicitação de medicamentos para tratamentos avançados de câncer eram previsíveis e todos com estado de urgência com características, em sua maioria, de metástase. Isso a fez refletir se, de fato, aqueles pacientes acreditavam mesmo em uma possibilidade de cura ou melhora. Como no caso de alguém na casa dos trinta anos que está se tratando com o terceiro quimioterápico, se realmente acreditava em uma melhora, ou no caso de uma idosa de oitenta anos com um tumor agressivo em uma condição tão frágil de vida e saúde realmente desejava receber mais tratamentos.

Seguindo o raciocínio, a autora declara que uma fala de um colega de profissão, o Dr. José Luiz Nogueira, acendeu em si uma confirmação de que suas teorias estavam certas. Em determinado momento de uma conferência, ela perguntou ao doutor sobre os medicamentos que eram liberados para os pacientes com câncer, e ele respondeu: “Olha, esses medicamentos que o senhor leu aqui, o paciente vai morrer. Todos. Com ou sem medicamento. Não tem mágica, não tem jeito, são pacientes com câncer em estágio avançado, metastático, péssimas condições. (p.21)”.

A tecnologia e os inúmeros tratamentos e medicamentos existentes não fomentam maior recuperação ou regressão para diversas doenças, mas podem, em suma, melhorar, mas não agir com efeitos ou milagres nos pacientes. Quando pensamos na morte — e pensamos raramente — sempre pensamos que ela chegará apenas para o idoso e para o debilitado ou adoecido, mas ela chega para todos, e pode ser em qualquer momento, e ter ciência da finitude da vida é uma forma de aproveitar todos os dias como se fosse o último, porque um dia será. E assim como rejeitamos a ideia de proximidade e noção da morte, rejeitamos diagnósticos de doenças e a previsibilidade da aproximação da morte próxima de nós — família, amigos, cônjuges, filhos, e nós mesmos.


Mesmo jovens. Mesmo jovens demais.

Mesmo saudáveis. Mesmo saudáveis demais.

Idealizamos que quem morre é sempre o outro. Até que não é mais.


Em síntese, a obra de Cynthia Araújo abre precedentes para um debate acerca da vida através da reflexão na morte, através do poder de valoração do dia-a-dia e da companhia de quem amamos, pois cada instante pode ser o último. A obra também questiona o papel do poder público, dos familiares e amigos durante o processo de descoberta e vivência de cânceres, em especial os metastáticos, em relação à exposição da verdade para o acometido pela doença. As reflexões também pautam-se na esperança que se é fomentada por promessas e omissão de informações para os pacientes, sejam por protocolos ou por pedido dos familiares. A vida afinal é uma obra poderosíssima que reflete a finitude da vida e o papel ético em relação à morte ao processo de vida nos últimos dias do paciente. Uma obra poderosa e necessária.

Sobre a autora

Cynthia Pereira de Araújo é advogada da União, membro da Advocacia-Geral da União desde 2009, e coordenou a atuação contenciosa na área de saúde de Minas Gerais (2014-2015). Mestre e doutora em Direito pela PUC-Minas, sua tese, Existe direito à esperança? Saúde no contexto do câncer e fim de vida, foi indicada pelo programa de pós-graduação da PUC-Minas ao prêmio Capes de Teses 2020. Em 2021, foi convidada para expor sua pesquisa no 9º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana Farber Cancer Institute.

Nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e mora em Belo Horizonte, em Minas Gerais, com o marido Daniel e a filha Beatriz, para quem compôs a música “Beatriz II”, lançada em 2022

[RESENHA #684] A próxima onda: Inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI, de Mustafa Suleyman e Michael Bhaskar

Arte gráfica / Editora Record / Todos os direitos reservados

APRESENTAÇÃO

Em breve o mundo estará cercado por inteligência artificial. As IAs organizarão rotinas, operarão negócios e ficarão responsáveis pelos principais serviços públicos. A humanidade passará a viver em um mundo de impressoras de DNA, computadores quânticos, patógenos artificialmente criados, armas autônomas, assistentes robôs e energia abundante.

Mas ninguém está preparado.

À medida que governos frágeis seguem no escuro em direção à catástrofe, o ser humano encara um dilema existencial: de um lado, males sem precedentes que podem emergir do surgimento incontrolável de novas tecnologias e possibilidades; de outro, a ameaça de uma supervigilância autoritária. Seria possível encontrar um meio-termo entre a catástrofe e a distopia?

Em A próxima onda, Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind, uma das principais empresas de inteligência artificial, explicíta o que as IAs representam para a próxima década, e como essas forças criarão imensa prosperidade, mas também podem colocar em risco os Estados nacionais, ou seja, a base da ordem global.

RESENHA

Suleyman, Mustafa. A próxima onda: inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI / Mustafa Suleyman, Michael Bhaskar ; tradução Alessandra Bonrruquer, - 1. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2023.

Este livro é uma obra inovadora em diversos momentos e por vários motivos. O primeiro e mais claro é o fato de que ele aborda a temática como sendo pessimista em relação ao futuro com a inteligência artificial e a biotecnologia. Diferente do que se espera, o autor não escreve uma obra descrevendo os efeitos como negativos em um todo, mas como uma ferramenta que não podemos parar, mas podemos moldar os seus efeitos sobre a sociedade e seu funcionamento.

Mustafa Suleyman é um pesquisador e empresário britânico de inteligência artificial, cofundador e ex-chefe de IA aplicada da DeepMind, uma empresa de inteligência artificial. Portanto, compreende-se que o autor fala de convicções pautando-se no conhecimento profundo do universo da IA. O título “A onda” é uma forma de expressar a rápida proporção social acerca da influência da inteligência artificial, como ocorreram com as NFTs ou com o metaverso, que, cada qual em seu período, gerou diversas especulações. A maioria delas levantando debates interessantes acerca de como somos moldados e dominados pelo mundo digital e pelas ondas dos virais sociais tecnológicos. Ele também a vê como parte de uma era tecnológica mais ampla, que está ligada à engenharia genética, especialmente à edição genética e à biologia sintética. Também apanhadas pelas correntes estão outras tecnologias potencialmente revolucionárias, como a computação quântica e a energia de fusão. Suleyman argumenta de forma convincente que nenhuma destas tecnologias se desenvolve isoladamente; elas procedem sinergicamente, à medida que o progresso numa área estimula o progresso nas outras.

O principal conteúdo e tese desta obra dialoga diretamente com o poder socioeconômico e político das grandes potências, que, como sabemos, poderão devastar a sociedade de formas avassaladoras, tudo com o poder em suas mãos através de uma tecnologia extremamente avançada e repleta de ganchos e macetes jamais vistos, trabalhando de forma autônoma e eficiente sem muito esforço ou programação.

Suleyman também diverge da linha mais comum da indústria tecnológica na forma como recorre de forma impressionante ao passado para nos ajudar a compreender o presente e a preparar-nos para o futuro. Vinhetas históricas sobre o progresso tecnológico, desde a Revolução Industrial ao motor de combustão e aos primórdios da Internet, estão envolventemente entrelaçadas ao longo do livro. Como demonstram estes exemplos, as ondas tecnológicas são quase imparáveis ​​— e, de qualquer forma, não deveríamos querer detê-las, porque a estagnação tecnológica não é a resposta. Como ele escreve astutamente: “A civilização moderna assina cheques que só o desenvolvimento tecnológico contínuo pode descontar”.

É particularmente interessante que Suleyman inclua uma discussão ampla e ponderada sobre medidas concretas e práticas que podemos tomar. Suas sugestões são notavelmente amplas e equilibradas. Ele rejeita veementemente o hiper-libertarianismo de magnatas da tecnologia como Peter Thiel, e defende uma regulamentação forte e a cooperação internacional, mas reconhece a natureza míope dos governos modernos e as inúmeras formas pelas quais a regulamentação falha. Em questões econômicas, ele não vai tão longe como algumas críticas contundentes aos fundamentos capitalistas da IA, mas vai muito mais longe do que a maioria na indústria tecnológica quando discute o papel dos incentivos financeiros no encorajamento da assunção de riscos perigosos. Ele também oferece algumas ideias intrigantes sobre política fiscal e reestruturação empresarial que merecem mais atenção.

Ainda não se sabe se o ChatGPT acabará sendo central para a onda que se aproxima ou apenas detritos levados para a costa pelas tecnologias que realmente importam. Em vez de nos concentrarmos nas aplicações que resistirão ao teste do tempo e nas start-ups que terão sucesso, devemos olhar para cima e reconhecer o que se aproxima rapidamente e que há muitas coisas que podemos fazer para nos prepararmos para isso. Suleyman fornece um guia muito necessário — e extraordinariamente atencioso, expansivo, historicamente enraizado e escrito de forma envolvente.

Ele acredita que dentro de alguns anos, os sistemas de IA entrarão no amplo mercado público, colocando um enorme poder computacional nas mãos de qualquer pessoa com alguns milhares de dólares e um pouco de experiência. Suleyman reconhece que isto poderia trazer benefícios notáveis, mas argumenta que os negativos são ainda maiores. Uma possibilidade assustadora é um indivíduo descontente usar IA pronta para uso para fabricar um vírus mortal e imparável. Outros cenários vão desde a perturbação dos mercados financeiros até à criação de inundações de desinformação.

Suleyman aceita que o gênio da IA ​​está muito fora da garrafa para ser colocado de volta; as questões agora são sobre contenção e regulação. Existe um modelo na estrutura estabelecida pelo setor biomédico para estabelecer diretrizes e limites morais sobre quais experimentos genéticos poderiam ser realizados.

[RESENHA #683] Humano, de Yan V.S. Machado

Arte gráfica / Este livro merece estar em um quadro, para que todos possam ver sua beleza.

APRESENTAÇÃO

Milênios atrás, os gregos avisaram: “Conhece-te a ti mesmo”. Mas duvido que alguém consiga ir até as profundezas de si e voltar para contar a história. Nós somos o grande mistério, escondendo nossas faces de nós mesmos e dos outros. Fingimos saber quem fomos, somos e podemos ser a cada minuto do dia, porém basta parar e refletir um pouco, e logo não queremos pensar mais. Talvez não exista nada a temer mais do que espelhos. Os reflexos que estão fora e, principalmente, os que estão dentro de nós. Somos fortes e fracos, tão complexos, mas tão simples. Rimos, choramos, nos apaixonamos com a mesma facilidade com que quebramos. No fim, somos humanos, e isso basta para dormirmos a noite, mesmo quando descobrimos que os monstros não estão embaixo, e sim em cima das camas. Não tenho ideia de como você lerá esses versos, se vão te fazer companhia em uma noite fria ou no calor de um ônibus lotado. Não sei se te tocarão com o mesmo significado que tinham quando brotaram de mim, porém não é essa a mágica da coisa? 

RESENHA

Humano, palavras lapidam pedaços de nós é uma obra de Yan Victor Silva Machado, também sua primeira obra. Publicado pela Alma, selo de poesia da editora Flyve, a obra tem como foco a análise da psiquê humana por meio da poesia. A obra se divide em quatro partes, que somam entre si uma unidade de sentido. O recurso psicológico adotado nas palavras do autor é reflexo do percurso metodológico do curso de psicologia que ele cursa.

Como descrito na apresentação da obra, este livro é uma busca pelo reconhecimento e conhecimento do eu interior. As poesias giram em torno dos mistérios que envolvem a tomada de decisão humana, bem como os caminhos obscuros e os percursos adotados perante a vida. A obra também analisará de forma concisa e objetiva os medos e os anseios da mente humana. A primeira divisão da obra, intitulada “monstros em nós”, é uma análise profunda da tomada de decisões e caminhos da mente humana por meio de erros, fracassos ou escolhas mal resolvidas. Como dito no poema “vozes”, “tenho medo que me destrua. A voz que escuto parece não ser sua”. Essa é uma confissão autodeclarada de alguém que está com problemas mal resolvidos em relação a si próprio e ao descontentamento do fim de uma relação. O desfecho de um grande ápice amoroso. Assim sendo, sua problemática segue o assombrando em “esse eco só vai continuar”. O problema descrito no poema de abertura segue sendo explorado no poema seguinte, “solos de vidro”, onde o autor faz alusão a uma flor que migrou do solo para um solo carregado de vidros, onde, claro, não pode florescer, pois, como o poema se finaliza, “solos de vidro não são para flores, pois solos de vidro não guardam amores”. Levando em consideração que toda a primeira parte carrega um forte sentimento de perda de identidade, de amor e de abandono, podemos, de fato, concluir que este capítulo remete a uma série de reflexões profundas acerca das relações humanas, das dependências emocionais e do agravamento de sentimentos por delírios e problemas emocionais, que, em síntese, precisam ser tratados, mas que, poeticamente falando, são lindos e intensos.

A segunda parte da obra intitulada “metanoia” é uma parte que aborda o processo de ressignificação e superação. O poema de abertura, “estações”, é a descrição perfeita de como somos acometidos por reflexões e pensamentos que moldam quem somos durante momentos específicos da nossa vida, como durante o processo de conhecimento de alguém para se amar. O poema nos fala sobre alguém que está precavido emocionalmente. Ele entende que essa pessoa trouxe um frescor e uma novidade que antes se fizeram ausentes, mas ele também entende que todo frescor pode se tornar em frio ou dependência. Então, diferente do narrado anteriormente no primeiro capítulo, aqui, há uma poderosa introspecção poética sobre amor próprio: “uma andorinha só pode não fazer verão, mas um coração bem ancorado não vai ser despedaçado por uma simples estação”. Já o poema ''ciclos'' é o reconhecimento de que tudo se finda, e claro, uma poderosa reflexão de que ''um círculo que se encerra traz renovação''.

A terceira parte da obra, “fragilidade”, fala sobre os resquícios de alguém maltratado pelo amor. O eu lírico do poema traz em suas palavras reflexões acerca dos impasses emocionais tomados pela vida, que tornaram as relações mais complexas e baseadas em insegurança. No poema “quebrado”, o autor nos diz: “Mas você me fez assim, deixou marcas em mim, me acorrentou, e o pior de tudo é que você me amou”. As marcas das relações passadas também ecoam por todos os poemas e se fazem ainda mais presentes no poema “anacronismo”: “Não consigo parar, não consigo seguir, só consigo sentir o presente esvair” e, novamente: “Mesmo quando devia me sentir completo, isso sempre acaba parecendo incerto”.

O quarto e último capítulo da obra, intitulado “histórias”, é o resumo de todos os outros efeitos. Aqui, o autor tece belíssimas reflexões de resiliência e autocrítica: “Quem construiu os degraus do passado?”; "Cada um carrega o seu próprio portal, um caminho só seu, um mundo individual”. Em síntese, o autor cria uma atmosfera altamente inflamável, seus poemas penetram a alma e o sentimento de impotência e fraqueza. Sua escrita é poderosa e verossímil, e não há o que se dizer, apenas sentir. Certamente, espero que o autor trilhe caminhos sob essa mesma ótica e perspectiva, pois brilhará na poesia como nunca alguém brilhou. Uma leitura apaixonante.

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