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[RESENHA] O continente, Érico Veríssimo



“O Continente – parte 1”, VERÍSSIMO, Érico, 379 Páginas, Editora Globo.

2. Resumo da Obra
“O Continente – parte 1”

O Sobrado I: Envolve-se em torno da revolução federalista no Rio Grande do Sul, em 24 de junho de 1995, apresentando o personagem Licurgo Cambará, dono do sobrado, uma casa antiga de família localizada em Santa Fé. Em meio à guerra, dentro do sobrado encontram-se a família de Licurgo: Alice (esposa), Maria Valéria (cunhada), Florêncio Terra (sogro), Bibiana Terra (avó), Toríbio e Rodrigo (filhos) e seus comandados do lado legalista. A casa está a dias cercada pelas tropas maragatas do coronel Amaral e por isto encontram-se em escassez de água e comida. Alice, mulher de Licurgo está à beira do parto. Insistem para Licurgo se entregar. No quarto, antes do dormir, Rodrigo mostra a seu irmão um punhal que pertencia ao avô deles, e diz que deseja se defender com o mesmo.
A Fonte: Narra as missões jesuítas em meados de 1745, quando uma índia estuprada por bandeirantes dá a luz a um menino que Pe. Alonzo batiza de Pedro. Este tem visões e prevê acontecimentos como a morte do líder indígena Sepé Tiaraju. Diz ser filho da Virgem Maria com quem dá longos passeios. Ainda criança presencia a Guerra Guaranítica e o fim das missões. Ganha um punhal de prata de Pe. Alonzo, o mesmo que permanece na história da família que com ele se inicia. Pedro é a fonte de onde a história da família Terra terá continuidade.
O Sobrado II:  No dia 25 de junho de 1895, Alice entra em trabalho de parto e a criança nasce morta. Maria Valeria informa Licurgo que era uma menina.
Ana Terra: A Narrativa volta ao passado, entorno de 1760, apresentando a família Terra. Maneco Terra é um tropeiro que já havia sonhado em habitar os campos do sul. De São Paulo, desce com sua família até uma propriedade no Continente de São Pedro. É casado com Dona Enriqueta, com a qual possui três filhos: Horácio, Antonio e Ana Terra. Vivem isoladamente sendo a cidade mais perto Rio Pardo a três dias de carreta. Ana Terra mostra-se com saudade da cidade nos tempos de menina. Se torna moça e não tem relacionamentos. Em 1777, com cerca de 25 anos, ao lavar as roupas no poço, depara-se com o corpo de um homem, quase morto, atirado a terra. Avisa ao pai e aos irmãos que vão verificar, trazendo o desconhecido até a casa, onde recupera-se. Seu nome era Pedro Missioneiro, o mesmo que fugira das missões durante a Guerra Guaranítica. Com a permissão de Maneco Terra, constrói uma meia água na propriedade e ajuda nas atividades. Ana Terra e Pedro vivem um breve romance. Ana fica grávida de Pedro, o qual tem uma visão que irá morrer e quando Ana pede para este fugir ele lhe entrega um punhal de prata e diz que cumprirá seu destino. Ao saber do fato seu pai ordena que Horácio e Antonio matem Pedro. Maneco Terra declara sua filha morta aos seus olhos. D. Henriqueta ampara Ana, a qual nunca mais consegue saber o real fim de Pedro. Dona Enriqueta, já envelhecida vem a falecer em 1778. Ana dá a seu filho o nome de Pedro Terra. Horácio casa com uma açoriana e muda-se para Rio Pardo onde abre uma venda. Antonio casa-se com Eulália, desta relação sendo fruto Rosa que nasce em 1789. Circula a noticia de que castelhanos estão atacando na região. Meneco, que já possuía dois escravos que o ajudavam na plantação de trigo, ordena os homens a pegar em armas ao ver a aproximação dos castelhanos. Ana, Eulália, Rosa e Pedrinho correm para o mato. Ana sabendo que a procura dos castelhanos eram riquezas e mulheres para se divertir ordena para que os três se escondam e só saiam a sua ordem. Aqueles homens veriam as roupas femininas na casa e procurariam mulheres no mato próximo, se Ana estivesse lá acreditariam na existência de apenas uma mulher na casa. Os invasores destroem a casa, matam todos os homens e violentam Ana Terra até seu desmaio. Ao acordar Ana depara-se com a cena de destruição da propriedade, grita por Eulália e pelas crianças os quais saem do esconderijo. Permanecem na propriedade por dois dias, enterrando os mortos. Ao passar um homem de viagem com sua família pela terra, Ana acorda com este que os leve até seu destino. Seriam três meses de viagem para chegarem até um novo povoado, nas terras de um Coronel Amaral, que se formava na região missioneira. Lá chegam e se instalam, construindo depois de alguns tempos uma pequena meia água. O povoado chamava-se Santa Fé, onde Pedro cresce a Ana torna-se parteira conhecida na localidade. Eulália casa-se novamente e vai morar em Rio Pardo. Ana Terra envelhece, Pedro Terra parte para a guerra e volta em 1804 quando casa-se com Arminda com a qual tem dois filhos: Juvenal Terra (1804) e Bibiana Terra (1806).
O Sobrado III: Ainda em 25 de junho de 1995, Licurgo obriga-se em razão do cerco, a enterrar sua filha que nasceu morta no porão do sobrado.
Um Certo Capitão Rodrigo: Chega até o povoado de Santa Fé um gaúcho que se instala na venda de Nicolau. Sendo de seu gosto muita farra, bebida, mulheres e carreiras, todos o aconselham a não esquentar banco no local que é habitado por gente direita e de família. No dia de finados depara-se pela primeira vez com Bibiana Terra, pela qual se encanta a primeira vista, estando no cemitério junto de seu pai e sua mãe visitando o tumulo de sua avó Ana Terra. Rodrigo tenta puxar assunto com Pedro, este que desde a chegada do capitão no povoado nunca gostou de sua presença. O Padre aconselha Rodrigo a deixar o local, porém este afirma fazer o contrario. Assim Pe. Lara aconselha que Rodrigo fale com Ricardo Amaral, considerado autoridade em Santa Fé, o qual não aceitara sua presença, para que tente mudar a visão que Amaral possui por este. Rodrigo tem a tentativa em vão, pois Ricardo não aceita sua permanência, porém, o capitão diz que ficará do mesmo modo. Bento Amaral, neto de Ricardo também gosta de Bibiana Terra a qual não o corresponde em sentimentos. Sem nenhuma progressão com Bibiana e cada vez mais ao desgosto de Pedro, Rodrigo fala ao padre que deseja casar-se com Bibiana, construir uma família e abrir uma venda em sociedade com Juvenal em Santa Fé. Pe. Lara sabendo que Bibiana também tem amores por Rodrigo, conversa com Pedro para consentir no casamento dos dois. Mesmo não gostando de Rodrigo, Pedro pede a Bibiana se é de seu desejo casar-se com o capitão e essa afirma que sim. Casam-se em 1829 e logo após nascem Anita e Bolívar. Dois anos depois o Capitão começa a sentir falta da liberdade e da sua vida antes de pai de família. Começa a gastar mais do que tem em farra e jogos. No ano de 1833 chega até a cidade duas famílias de imigrantes alemães, da qual pertence Helga, moça que Rodrigo torna-se amante. No mesmo ano, passa um inverno rigoroso e Anita, filha de Rodrigo vem a falecer. O Capitão abatido começa a dar mais tempo para a família e se preocupar com seu bem estar, deixando de lado seu comportamento dos últimos tempos. Em 1834 nasce Leonor Terra Cambará, fato que alegra um pouco Rodrigo e já corre o boato que uma guerra estaria próxima de estourar. Em 1835 Rodrigo parte para a Revolução Farroupilha, como que estivesse saindo para uma festa, pois lhe agradava uma peleia. Um ano depois os conflitos chegam até a região de Santa Fé. Rodrigo era do lado farroupilha. Já as autoridades de Santa Fé e o líder Amaral eram do lado imperial. Todos os moradores se escondem nas casas a leste para fugir do conflito, porém Juvenal consegue apenas tirar seus sobrinhos da casa, pois Bibiana insiste em ficar. Esta sente que Rodrigo irá lhe procurar. E é o que ocorre. Depois de rever Bibiana, Rodrigo avisa que tomará de assalto o casarão dos Amarais. O Capitão lidera os farroupilhas na tomada e estes vencem a batalha. Entretanto Pe. Lara tem a missão de dar a notícia a Bibiana que seu amor falecera em luta. Bibiana já sabia, desde que conheceu seu capitão sempre lhe dissera que Cambará macho não morria em cama, morria com espada na mão. No dia de finados, Bibiana visita o túmulo de Rodrigo com seus filhos, mas sabe que homens como seu marido nunca estarão mortos.
O Sobrado IV: Na noite de 25 de junho de 1895, os republicanos do sobrado declamam versos enquanto que o cerco permanece e preocupa cada vez mais. Maria Valéria, cunhada de Licurgo fica a pensar como este deve estar se sentindo sabendo que sua amante, Ismália está lá fora a mercê dos maragatos. Alice, enfraquecida do parto, acorda e grita por sua filha. Alucinada, diz estar ouvindo os ratos que estão em cima do corpo da pequena. Licurgo a acalma “Sossega Alice. É o vento...”.

3. Elementos da Narrativa

Protagonista:
No primeiro momento mostra como protagonista a personagem Ana Terra, mulher de fibra e coragem que enfrenta vários desafios até sua instalada em Santa Fé. Amou apenas um homem em toda sua vida, Pedro Missioneiro e criou seu filho sozinha.
No segundo momento, após a morte de Ana e dando continuidade na família Terra, a protagonista da história torna-se Bibiana Terra, sua neta. Carregando muito de sua avó consigo, Bibiana também vive um desfecho com muita garra. Enfrentando seu pai Pedro para ficar com seu único e grande amor, Capitão Rodrigo, com o qual inicia a família Terra-Cambará.

Antagonista:
Depois da chegada em solo santafesensse, os personagens antagonistas que tomam postos são pertencentes da família Amaral. Ricardo Amaral, praticamente dono do povoado e seu neto Bento Amaral que sofre de amores por Bibiana Terra.

Tempo Cronológico:
“O Continete 1” narra em tempo cronológico a história de uma família que inicia em 1745 com o nascimento de Pedro Missioneiro, até 1836 com a morte do Capitão Rodrigo Cambará, sendo assim um espaço de tempo de 91 anos. Porém também mostra nos capítulos que se referem a “O Sobrado” ( I, II, III e IV) os dias 24,25 e 26 de junho de 1895, onde a família Terra-Cambará já esta em sua quinta geração, com Licurgo Cambará, neto de Bibiana Terra, vivendo um cerco em luta com os maragatos.

Tempo psicológico:
A todo momento os personagens viajam em tempos psicologicos, principalmente quando Bibiana Terra recorda sua avó, Ana Terra, ou quando Rodrigo Cambará recorda seus tempos de soldado, andando a galope pelos campos, respirando liberdade, jogando e se divertindo com chinas. O personagem Pedro Terra também vive tempos psicológicos pensando em sua vida e em como criou sua filha Bibiana, recordando a garra de sua mãe e os tempos que chegara em Santa Fé.

Espaço:
O Tempo e o Vento é uma trilogia de cunho regionalista. No primeiro livro “O Continete 1”, foca a povoação do Continente de São Pedro do Rio Grande, nome pelo qual era conhecido o Rio Grande do Sul, localizado no sul do Brasil, em tempo que esta terra era uma terra de ninguém, pouco valorizada posta algumas vezes em disputas entre Portugal e Espanha. No primeiro momento, o espaço em que os personagens habitam é numa estância, onde Ana vive o romance com Pedro Missioneiro. A cidade mais perto da estância é Rio Pardo que fica a três dias de carreta. Após a destruição da propriedade por castelhanos, a história adquire um novo espaço geográfico, narrando as próximas gerações da família em Santa Fé, um povoado na região missioneira que começa a se formar no final do século XVIII. A partir daí, todo o desenrolar da trama se passa em solo santafesensse, no noroeste do hoje, estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Conflito:
No enredo das páginas de “O Continente”, volume 1, podemos citar mais de um conflito:
• O primeiro é quando Ana Terra conta para sua mãe, sobre o filho que estaria carregando no ventre, e a partir daí o sobreviver de Pedro Missioneiro, o pai da criança, é incerto.
• Mais tarde podemos citar o trecho em que a família de Ana Terra encontra-se em grande pavor ao saber que os castelhanos estavam perto suas terras.
• Outro conflito acontece quando Capitão Rodrigo e Bento Amaral vão para as coxilhas disputar uma peleia, na qual todos sabiam que apenas um deles sairia com vida.

Clímax:
• Quando Ana conta para sua mãe sobre o fruto das noites que fugia e passava com Pedro Missioneiro, não se dá conta de que o pai e os irmãos escutavam tudo. Quando finalmente percebe a única coisa que consegue fazer é debruçar –se no colo da mãe e chorar enquanto os irmãos pegavam as armas e iam à busca do tal índio.
• Outro ponto auto da história é quando a família Terra fica sabendo da notícia de que os castelhanos estariam por perto. Os homens (Maneco Terra, Horácio Terra e os dois escravos da família) preparam suas armas e mandam as mulheres (Ana e Eulália) e os filhos (Pedrinho e Rosa) se refugiarem no mato. Ana Terra sabia que os castelhanos vinham atrás de riquezas e também para se aproveitarem das mulheres, e por isso, ela fez com que Eulália ficasse com as crianças escondida no mato, pois sabia que quando os castelhanos invadissem o local e percebessem (pelos objetos contidos na casa) que naquele lugar vivia uma mulher, iriam procurá-la nas redondezas da mata. Ela sabia que se estivesse no local seria violentada, mas que seria a única. E decidiu ficar ali, dentro de casa esperando, para que a vida de Pedrinho, Eulália e Rosa fosse salva.
• Estava acontecendo um casamento na vila e Capitão Rodrigo decidira que naquela noite dançaria com Bibiana e tentaria se aproximar da moça. Bento Amaral também a queria e por isso cercou-a a noite toda, porém isso não parecia ser nenhum empecilho para o Capitão que foi tirá-la para dançar. Bento se intrometeu e disse para Rodrigo que ela já tinha par para aquela dança e então se iniciou uma discussão que desencadeou num combate, cujo só um dos dois sairia vivo.

Desfecho:
• Os irmãos Terra saem armados. Ana Terra fica desesperada, chorando e torcendo para que Pedro já estivesse longe dali. Um tempo depois Antônio e Horácio chegam a casa e jogam uma pá no chão, seus corpos estavam tomados de suor, deixando subentendido o assassinato do pai do filho que Ana esperava.
• Ana acorda de um desmaio aterrorizante e sentindo muita dor começa a lembrar-se do que teria acontecido: fora violentada por vários daqueles malditos castelhanos. Levantando-se com muito esforço, estava fraca e muito dolorida, ela se depara com todos os quatro mortos: o pai, o irmão e os dois escravos. Lembrou-se do que dissera para os que tinham se escondido na mata e foi encontrá-los. Estavam a salvo! Por último, o que restou-lhe fazer foi enterrar os corpos.
• Foi de baixo do pessegueiro que saíram em direção às coxilhas. O combinado foi usarem apenas armas brancas. Capitão Rodrigo disse que deixaria em Bento sua marca. O que todos não esperavam é que Bento teria uma atitude covarde de levar uma arma de fogo e atirar à queima roupa no seu atual rival, que teve um encontro com sua morte, mas que depois de algum tempo estava pronto para outra.

Linguagem:
O livro é narrado em terceira pessoa e sempre busca uma aproximação da linguagem tradicional e nativa. Também devemos fazer menção a vários trechos onde o Português se confunde com o Espanhol, buscando assim uma aproximação dos fatos ocorridos em cada detalhe que o autor menciona. Não podendo esperar menos do autor e poeta, Érico Veríssimo, nos deparamos com alguns trechos onde a poesia carregada de história, conhecimento e sentimentos se fazem presentes.

Personagens:
Ana Terra: Mulher de fibra, guerreira e destemida. Com coragem e sem medo enfrenta sua sina que muitas vezes é composta por tristezas e momentos de solidão.

Pedro Missioneiro: Nascido em 1745 de uma índia estuprada por um bandeirante a qual morreu ao dar a luz, foi criado por padres jesuítas nos povos das missões. Tinha visões e previu acontecimentos como a morte do líder Sepé Tiaraju. Ainda menino presenciou a guerra guaranítica e fugiu da missão com um punhal de prata, vivendo sozinho ao Deus dará, lutando em batalhas.

Maneco Terra: Pai de Ana Terra. Senhor conservador de pensamentos autoritários. Antigo tropeiro de mulas, residiu em São Paulo antes de trazer sua família até o Continente de São Pedro.

Dona Enriqueta Terra: Mãe de Ana Terra.

Antonio e Horácio Terra: Irmãos de Ana Terra.

Eulália: Cunhada de Ana Terra, esposa de Antonio.

Rosa: Sobrinha de Ana Terra. Filha de Eulália e Antonio.

Pedro Terra: Fruto do breve romance de Ana Terra com Pedro Missioneiro. Cresceu no povoado de Santa Fé. Homem que prezava o bem da família e queria um futuro digno para sua filha.

Arminda: Esposa de Pedro, mãe de Juvenal Terra e Bibiana Terra.

Juvenal Terra: Nascido em 1804. Filho de Pedro e Arminda, irmão de Bibiana.

Bibiana Terra: Nascida em 1806. Filha de Pedro e Arminda. Era muito apegada a sua avó Ana Terra da qual herdou muito do perfil. Decidida e confiante em si. Mulher de garra que enfrenta seu pai para casar-se, cria seus filhos e espera seu marido que parte para a guerra.

Capitão Rodrigo Cambará: Oriundo da família Cambará sempre metida em guerras e em batalhas. Corre o continente no lombo de seu cavalo respirando liberdade. Sempre de um lugar para outro, amante de carreiras, jogos de carta, farra e chinas. Homem de palavra, que cumpre o que promete.

Bolívar Terra: Primeiro filho de Bibiana e Rodrigo.

Anita Terra: Irmã de Bolívar, falece ainda bebe por consequência de um inverno rigoroso.

Leonor Terra: Filha caçula de Bibiana e o Capitão.

Florêncio Terra: Filho de Juvenal Terra, sobrinho de Bibiana que cresce se criando junto ao primo Bolívar.

Ricardo Amaral: Chefe Político de Santa Fé. Dono de muitas terras aos redores. Quem incentivou o inicio da povoação naquela terra. Autoritário e respeitado pelos moradores. Habita um casarão de pedra.

Bento Amaral: Neto de Ricardo Amaral. Tem amores por Bibiana Terra antes mesmo da chegada de Rodrigo ao povoado. Institui o mesmo autoritarismo que o avô.

Pe. Lara: Único padre da localidade de Santa Fé. Convive com insônia toda noite. Muitas vezes perambula pela cidadezinha nas madrugadas de verão. Torna-se amigo de Rodrigo.

Nicolau: Dono da única venda de santa fé anterior a sociedade de Rodrigo e Juvenal. Dá pouso para o capitão nos primeiros dias de sua estada em santa fé.

Helga: Moça filha de imigrantes alemães. Torna-se amante de Rodrigo Cambará por um breve tempo.

Resenha: pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido


Resenha FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

“Não sou esperançoso por pura teimosia, mas por imperativo existencial e histórico” (FREIRE, 2011, p.14). Paulo Freire (1921-1997) representa um dos maiores e mais significantes educadores do século XX. Sua pedagogia mostra um novo caminho para a relação entre educadores e educandos. Caminho este que consolida uma proposta político-pedagógica elegendo educador e educando como sujeitos no processo de conhecimento mediatizados pelo mundo, visando a transformação social e construção da sociedade justa, democrática e igualitária.
A obra de Paulo Freire é constituída de quatro momentos, os quais se contemplam em um contexto relacionado às experiências, formação, e a inspiração das ideias do autor para a construção de suas pedagogias. A esperança é ressaltada nas Primeiras Palavras de Paulo Freire, como um elo entre os sonhos e a realidade. Assume, nesse primeiro instante, um compromisso de provar a necessidade de a esperança ter seu espaço na educação. Pois, através das relações históricas, econômicas e sociais é perceptível a real importância que a mesma tem, ao passo que não é inegável que se vive hoje um momento de lutas por um mundo melhor.
Numa segunda tomada, o autor remonta as experiências vividas desde a infância à adolescência até o início de sua carreira no SESI, onde relata que foi nessa etapa de sua vida que a Pedagogia do Oprimido começa aflorar. A partir de angústias e saudades o autor compreende que é preciso disciplinar as dores e os sentimentos para que a desesperança não impere sobre a vida humana. E é por essas e outras, que Paulo Freire define que o professor é mais do que simples professor, ele é um alfabetizador e acima de tudo um educador.
Partindo de um princípio de que o educando trás consigo a “experiência feito”, que segundo o autor é um conhecimento já adquirido da pessoa, é fundamental o educador estabelecer uma troca dessas experiências. Mas que não seja uma estagnação nessa primeira etapa, que através dessa abordagem a discussão cresça por meio de uma elaboração de conhecimento conjunto.
Mediante alguns aspectos da Pedagogia do Oprimido, que norteiam a Pedagogia da Esperança, tais como alfabetização para vida, luta de classes, educação crítica, leitura de mundo, linguagem no processo de mudança, percebe-se que a esperança, motivo dessa obra, é a mesma que o autor possuía ao escrever a Pedagogia do Oprimido. Essa situação se definha na terceira etapa da obra, onde Paulo Freire retoma o porquê de se trabalhar uma educação voltada aos oprimidos, pois para ele a educação deve preparar os educandos para a vida, numa proposta de transformação da realidade de opressão que se vive na sociedade atual.
A Pedagogia do Oprimido remete-se á movimentos sociais, revoluções em prol da mudança e transformação. Pois os dominantes, caracterizados pelos capitalistas, influenciam todo um sistema existente na sociedade. E a educação é um dos meios usados para a manipulação, através de “donos da verdade que ensinam tão somente para reprimir, mostram-lhe a verdade, e ensinam que eles dominam e ponto”, sem abrir espaço para o outro lado da moeda.
Paulo Freire destaca-se também, que a história é movida pela “luta de classes”, e o que dá subsídio para essas luta é a esperança de um futuro de igualdade plena. Sem sonhos não há futuro diferente, não havendo futuro novo, a educação torna-se um adestramento.
Num último momento, repensa sua obra anterior, a do Oprimido, caracterizando que o medo que aflige as classes dominadas, pode retardar o processo de evoluções, no entanto as lideranças devem ser formada através da linguagem e palavras que deem suporte à uma luta imunizada quanto à esse medo e desesperança.
Paulo Freire é bem claro quando expõe que a esperança e a educação são interlocutoras para as ações e atitudes da sociedade, principalmente os oprimidos que são reprimidos. A liberdade é uma consequência, o opressor se libertará, quando libertar o oprimido. A obra é de tamanho fascínio para o leitor, pois suas palavras parecem estar delineando a vida daqueles que são contra as injustiças desse.

Torna-se cada vez mais clara, para os professores, a necessidade de investigar, de desenvolver formas sempre mais criativas de ensinar. Mas, para que isso se torne realidade, é necessário que os educadores adentrem a essa educação problematizadora, consolide sua proposta pedagógica partindo do ponto que educador e educando são sujeitos do processo de construção do conhecimento mediatizados pelo mundo.
Paulo Freire, em Pedagogia da Esperança, provou que é possível educar para responder aos desafios da sociedade, sendo a educação desta forma, um instrumento de transformação global do homem e da sociedade, tendo como essência a dialogicidade.
A importância deste livro, para os professores e para os sujeitos envolvidos com a educação, é que ele mostra a necessidade de se ter um compromisso permanente e sistemático em prol da educação e da conquista da autonomia das “classes oprimidas”.

Resumo da obra ou ideias do autor

Paulo Freire (1921-1997) representa um dos maiores e mais significantes educadores do século XX. Sua pedagogia mostra um novo caminho para a relação entre educadores e educandos. Caminho este que consolida uma proposta político-pedagógica elegendo educador e educando como sujeitos do processo de construção do conhecimento mediatizados pelo mundo, visando à transformação social e construção da sociedade justa, democrática e igualitária.
Conhecido mundialmente por sua coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação, que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para aquisição dos instrumentos de leitura e escrita, quanto para a sua libertação, fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.
A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização conscientizadora e, por isso, foi acusado de subverter a ordem instituída. Foi preso após o Golpe Militar de 1964 e, depois de 732 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se no Chile, onde encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas ideias, desenvolveu durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno de Reforma Agrária. Foi aí que escreveu, em 1968, a sua principal obra: Pedagogia do Oprimido, obra essa que Freire retoma para repensá-la, revivê-la em 1992, na Pedagogia da Esperança.
Pedagogia da esperança é a obra que vamos nos ater para análise. Um livro que recupera da história vivida os temas provocados pela Pedagogia do Oprimido, no qual o autor faz um delineamento sistemático de sua teoria.
A obra está dividida em sete partes, além das primeiras palavras e notas que apresentam alguns detalhes para melhor esclarecimento aos leitores e leitoras, no decorrer da leitura.
Em Primeiras Palavras, o autor refere-se à obra de forma encantadora, quando diz tê-la escrito com raiva, com amor, sem o que não há de esperança. Uma defesa de tolerância que não se confunde com a convivência, da radicalidade da pós-modernidade progressista e uma recusa à conservadora, neo-liberal.
Preocupado com o contexto da educação brasileira, já na primeira parte, Paulo Freire declara a urgência da democratização da escola pública, da formação permanente de seus educadores, entre os quais, ele incluía vigias, merendeiras, zeladores. Uma formação permanente científica, frisando as práticas democráticas, resultando a ingerência dos educandos e de suas famílias nos destinos da escola.
Para o autor, educadores e educadoras progressistas devem construir uma postura dialógica e dialética, trabalhando o processo do ato de aprender, fundamentado na consciência da realidade vivida pelos educandos, do seu "aqui", do seu "agora", e, jamais reduzir-se ao simples conhecer de letras, palavras e frases vazias de significado, alheias ao seu mundo. A participação do sujeito no processo de construção do conhecimento, não é algo mais democrático, mas algo eficaz.
Na segunda parte, Freire recorre à Pedagogia do Oprimido, texto que retoma, na sua "maioridade", para "re-ver", "re-pensar", para "re-dizer".
Durante toda a obra o autor refere-se a várias críticas, das quais a Pedagogia do Oprimido foi passiva, e é nesta segunda parte, que ele aproveita de forma singela para agradecê-las. Um mestre como Freire só poderia ter reagido assim: revendo criticamente a sua prática, teorizando e tornando prática sua teoria.
O autor enfatiza que, "educadores e educadoras progressistas precisam ser coerentes com seu sonho democrático, respeitando seus educandos e jamais, os manipulem, mas os levem a aprender ao aprender a razão dos objetos ou dos conteúdos, atravpes de uma séria disciplina intelectual, que segundo Freire, tem sido forjada desde à Pré-escola".
Na terceira parte da obra, o autor esclarece-nos como constituir essa disciplina intelectual mencionada na segunda parte, pois esta não pode gerar de um trabalho feito nos alunos pelo professor (educação-bancária) mas por meio do diálogo e incentivo do mesmo, ultrapassa-se as "situações-limites", o educador - educando chegam a uma visão totalizante, permitindo que a disciplina seja construída e assumida pelos alunos. E declara que a educação deve estar centrada no educando e não no educador. O aluno deve ser o senhor de sua própria aprendizagem.
A cada parte da obra, o autor vai mostrando seu sonho, seu desejo ardente de abrir espaços para os seres humanos desprovidos do poder, para que estes venham ser produtores de sua própria voz, protagonistas de sua história.
Para Freire, a educação verdadeira é aquela que visa a humanização, ou seja, que busca na construção de uma vida social mais digna, livre e justa, partindo sempre da realidade do educando. Por isso, sugere aos educadores e educadoras, a construção de uma postura dialógica e dialética, não mecânica, de forma humilde, mas esperançosa, contribuindo para a transformação das realidades sociais, históricas e opressoras que desumanizam a todos.
Na quarta parte, Freire declara que não é mecanicista, pois sua perspectiva é dialética, atenta à realidade, que é dinâmica, imprescindível, marcada pela contradição, e ressalta, aos mecanicistas e idealistas que só é possível entender o que se passa na relação de opressores com oprimidos, por meio do entendimento dialético.
O autor dirige-se novamente aos educadores e educadoras progressistas, no que diz respeito à questão dos conteúdos programáticos da educação, e afirma que, não há outra posição para eles em face às questões dos conteúdos, senão lutar incessantemente em favor da democratização da escola, como necessariamente, de um lado a do conteúdo e de outro da de seu ensino.
Freire também fala nesta quarta parte sobre fatos, acontecimentos de tramas que participou, cartas que recebeu, visitas que fez a outros países e, nos quais momentos e lugares, teve a oportunidade de participar de debates, que quase sempre giravam em torno das linhas e entrelinhas da Pedagogia do Oprimido. "O medo da liberdade".
O pensamento de Paulo Freire rompeu uma relação cristalizadora de dominação, buscando pensar a realidade dentro do universo do educando, construindo uma prática educacional, considerando a linguagem e a história da coletividade. E declara o autor: "esta é uma esperança que nos move". (p. 126).
Na quinta parte, Freire faz relatos muito interessantes como: uma conversa que teve em Genebra com um trabalhador imigrante espanhol, sobre um programa de educação infantil que eles haviam organizado e executavam com seus filhos. Sobre sua primeira visita à África, à Zâmbia e à Tanzânia. E também, da visita que fez a doze estados dos Estados Unidos, a convite das lideranças religiosas ligadas ao Conselho Mundial de Igrejas. Em todos os encontros que realizou nestes lugares, os debates giraram em torno da Pedagogia do Oprimido.
Na sexta parte, Paulo Freire aborda um tema que já discutira também na Pedagogia do Oprimido, unidade na diversidade, afirmando ser uma longa e difícil caminhada, as "minorias", no fundo, repita-se, maioria, em contradição com a única minoria, a dominante, teriam muito o que aprender.
Elucida o autor, "ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, sem aprender a refazer, a retocar o sonho, por causa do qual a gente se pôs a caminhar". (p. 155).
Analisando essa maravilhosa declaração de Freire, é possível observar que ela fazia parte do seu dia a dia, pois ao escrever este livro, estava re-fazendo, re-tocando o sonho que se pôs a caminhar.
Prossegue Freire, destacando que há um outro aprendizado demasiado importante, mas, ao mesmo tempo, demasiado difícil de ser feito. Ele se refere ao aprendizado de que a compreensão crítica das chamadas minorias de sua cultura, não se esgota nas questões de raça e de sexo, mas demanda também a compreensão nela do corte de classe. Em outras palavras, além da cor da pele, da diferenciação sexual, há também a cor da ideologia.
A multiculturalidade, para o autor, esta não se constitui na justaposição de culturas, muito menos no poder exacerbado de uma sobre as outras, mas na liberdade conquistada, sem medo de ser diferente, de ser cada um "para si", somente como se faz possível crescerem juntas e não na experiência da tensão permanente, provocada pelo todo-poderosismo de uma sobre as demais.
Freire relata também uma outra jornada com momentos marcantes, a sua primeira visita ao Caribe, com um programa de encontros e debates em várias ilhas, dos quais permitiu ao autor perceber o quanto estava distante da vida concreta, do cotidiano de camponeses e camponesas.
Ressalta Freire, que em fins de 1979 e no início dos 1980, esteve duas vezes novamente no Caribe. Dessa visita dá destaque a três encontros que o impressionou: o primeiro foi o encontro que teve com o ministro; o segundo foi o que teve com os funcionários administrativos do Ministério da Educação, desde serventes e motoristas até as secretárias dos diferentes departamentos, passando pelas datilógrafas; o terceiro momento que o tocou foi com o Mr. Bishop, de quem destaca a simplicidade, o gosto da liberdade e o respeito à liberdade dos outros como suas principais qualidades.
Na visita que o autor fez à Austrália, destaca a oportunidade que teve de conviver com intelectuais que, no lado certo de Marx, alcançando por isso mesmo, corretamente, a relação dialética mundo-consciência, perceberam as teses defendidas na Pedagogia do Oprimido e não o consideraram um livro idealista.
O autor percorreu grande parte da Austrália, discutindo com trabalhadores de fábricas, professores e alunos universitários, com grupos religiosos. Entres estes, não importava se eram católicos ou protestantes, o tema gerador era a Teologia da Libertação.
Na sétima e última parte, o autor fala de sua passagem por Fiji, nos anos 70, onde teve um encontro com estudantes na Universidade Pacífico Sul, discutindo com eles aspectos da Pedagogia do Oprimido, e ressalta que em 1992, em Itabuna - Bahia, na Universidade Santa Cruz, revive os mesmos aspectos discutidos em 1970 em Fiji. As distâncias temporais que separaram as duas reuniões, afirma o autor, que tiveram algo de semelhante, tinham motivações parecidas: moviam-se atiçados pelo gosto da liberdade e tinham a Pedagogia do Oprimido como um ponto de referência.
O autor afirma ter deixado propositalmente, para encerrar esse ensaio, com uns poucos comentários à sua última visita ao Chile, pois declara ser esta uma das visitas que lhe deixou marcas mais vivas. Fixa-se em dois momentos, que os considera os mais importantes desta visita: no clima extraordinário de luta político-ideológica e na confrontação de classe que alcançava níveis de sofisticação por parte das classes dominantes e de aprendizado por parte das classes populares.
Nesta parte o autor fala também de seu percurso pela Argentina, no qual é surpreendido pelo ímpeto renovador com que as Universidades se estavam entregando ao esforço de recriar-se.
Freire faz referências em relação às Universidades, afirmando que estas devem girar em torno de duas preocupações fundamentais, que se derivam as outras e que tem apenas dois momentos que se relacionam permanentemente: um é o momento em que conhecemos o conhecimento existente, produzido; o outro, o momento em que produzimos o novo conhecimento. E ressalta que "na verdade, porém, toda docência implica pesquisa e toda pesquisa implica em docência". Para ele, ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses momentos do ciclo gnosiológico "o em que se ensina e se aprende o conhecimento existente e o que se trabalha o conhecimento ainda não existente" (FREIRE, 1997:31)
Assim, a docência/discência e a pesquisa são indissociáveis práticas no dia a dia da práxis pedagógica que se quer constituidora de sujeitos históricos, socialmente situados.
Encerrando o ensaio, Freire relata a visita que fizeram, ele e Nita a El Salvador, em julho de 1992. Nesta visita o autor foi convidado por camponeses e camponesas, para com esperança festejar um hiato de paz na guerra. A eles e a elas se juntaram professores e professoras da Universidade de El Salvador, que lhe outorgou o título de Honoris causa.
O autor destaca nesta parte algumas de suas visitas às diferentes zonas do país, e ressalta que em uma destas assistiu uma sessão de um "Círculo de Cultura", em que militantes armados se alfabetizavam, aprendiam a ler palavras fazendo a releitura do mundo. É esse o tipo de alfabetização, que afirma Freire, sempre ter defendido, um aprendizado de leitura e de escrita das palavras, que faziam na compreensão do discurso e que emergia ou fazia parte de um processo maior e mais significativo - o da assunção da cidadania, o da tomada da história.
Além dos capítulos mencionados, a obra apresenta as Notas, que foram muito bem organizadas por Ana Maria Freire, para aclararem e amarrarem aspectos importantes dos textos de Paulo Freire. Ela foi muito feliz na forma com organizou e transmitiu Notas, possibilitando ao leitor uma compreensão mais fácil de alguns termos utilizados na Pedagogia da Esperança.
Considerando o que foi exposto pelo autor em Pedagogia da Esperança, caberia-nos concordar que esta obra veio realmente reforçar as categorias básicas, propostas por Freire na década de 60 em Pedagogia do Oprimido, podemos afirmar que elas não mudaram. O que mudou foi a forma histórica de colocá-las em prática, os temas geradores, a realidade dos educandos como ponto de partida, a escola com o espaço de construção do conhecimento e de organização da comunidade, o respeito à autonomia dos educandos e também do educador, e a necessidade de formação permanente para os educadores, instigando-lhes a consciência crítica, levando-os a serem perquiridores em suas práxis. Estas formulações o autor viveu-as em 60 e reviveu-as em 90, mas se mantêm atuais.
A busca agonizante pela mudança faz parte hoje do cenário da educação brasileira, em pleno século XXI, tão viva quanto Freire retrata em seus escritos da década de 60. Esta angústia pela mudança parece ser o salto axiológico que o professor e a escola precisam dar, no sentido desta tomada de consciência que os fará buscar novas possibilidades. Enquanto isso não acontecer, como afirma Freire, sem a problematização da realidade, das práticas políticas, sociais e escolares, parece difícil que aconteça a superação da consciência ingênua e do senso comum que caracterizam os saberes escolares.
Sair das pretensas certezas e aventurar-se pelo caminho enredado das dúvidas, dos questionamentos contínuos e da busca incansável, sempre será difícil e, para muitos, talvez signifique uma espécie de insanidade mental. No entanto, sabe-se que o profissional, nos dias atuais, e dentre todos, principalmente o educador, não pode dar-se ao luxo de sentar-se à margem da história, esperando que ela aconteça, sem interferir. Afinal, afirma Paulo Freire (1997:110), "ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo".
Torna-se cada vez mais clara, para os professores, a necessidade de investigar, de desenvolver formas sempre mais criativas de ensinar. "O que existe hoje no mundo não deve ser entendido como algo eterno ou impossível de ser modificado" (ZITKOSKI, 2000). Mas, para que isso se torne realidade, é necessário que os educadores adentrem à essa educação problematizadora, consolide sua proposta pedagógica partindo do ponto de que educador e educando são sujeitos do processo de construção de conhecimentos mediatizadores pelo mundo.
Afinal, podemos observar por meio dessa obra, que Paulo Freire provou que é possível educar para responder aos desafios da sociedade, sendo a educação, desta forma, um instrumento de transformação global do homem da sociedade, tendo como essência a dialogicidade.
É preciso compreender que não se trata de petrificar as obras de Paulo Freire, nem mesmo os métodos colocados por ele da década de 60 e repensado na década de 90, pois a educação também é histórica. A questão central é aprender a concepção de educação na qual se fundamenta. Não há uma teoria do conhecimento e um método que não se contentem com ideias. Trata-se de um compromisso permanente e sistemático em prol da emancipação e da conquista da autonomia das classes oprimidas, que "estão sendo" historicamente.
Posicionamento crítico
Os ideais de Paulo Freire eram todos voltados para a possibilidade da libertação dos homens e das mulheres por meio de uma educação onde todos pudessem aprender a ler as palavras fazendo releitura do mundo.
Freire sempre defendeu uma alfabetização que não fosse neutra, mas que formasse e conscientizasse os homens e as mulheres para a assunção de sua cidadania e para a tomada da história em suas mãos. Para o autor, "todo ato de educação é um ato político". As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários.
Um dos assuntos mais atrativos dentro de Pedagogia da Esperança é o fato de estar explícita a repulsa de Paulo Freire "contra toda espécie de discriminação, da mais explícita e gritante à mais hipócrita, não menos ofensiva e imoral". Ele sempre reagiu, quase instintivamente, contra toda palavra, todo gesto, todo sinal, de discriminação racial, de discriminação contra os pobres. Por tudo isso, fica clara toda a sua intenção de revolucionar a história da educação por onde quer que ele vivesse ou passasse. Seus exemplos são seguramente possíveis de serem seguidos.
Paulo Freire representa para a educação vigente um marco para a democratização de um ensino, onde os educadores são mediadores do processo e os educandos as pessoas mais importantes na construção de uma sociedade mais democrática e progressista.
Indicações de leitura
A obra em questão nos remete a uma reflexão onde todos os envolvidos com a arte de educar, possam se valer dos exemplos bem posicionados da visão política do grande pensador Paulo Freire.
Pedagogia da Esperança é um convite às transformações que são necessárias em nossa sociedade. É também e principalmente, um convite a experimentar o que realmente ele abordava como sendo ESPERANÇA.
Segundo Freire
Sem um mínimo de esperança não podemos sequer começar o embate mas, sem o embate, a esperança, como necessidade ontológica, se desarvora, se desendereça e se torna desesperança que, às vezes, se alonga em trágico desespero. Daí a precisão de uma certa educação da esperança. É que ela tem uma tal importância em nossa existência, individual e social, que não devemos experimentá-la de forma errada, deixando que ela resvale para a desesperança e o desespero. Desesperança e desespero, consequência e razão de ser da inação ou do imobilismo.
Referência
FREIRE, Paulo (2000). Pedagogia da Esperança. São Paulo: Paz e Terra.

[RESENHA] Sociedade em rede (A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura), de Manuel Castells


Manuel Castells. A Era da Informação: economia sociedade e cultura, vol. 3, São Paulo: Paz e terra, p. 411 – 439.

SINOPSE: Edição revista e ampliada, com capa e projeto gráfico novos do primeiro volume da aclamada trilogia A Era da Informação Este tomo busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era da informação. Baseado em pesquisas feitas nos Estados Unidos, Ásia, América Latina e Europa, este livro procura formular uma teoria que dê conta dos efeitos fundamentais da tecnologia da informação no mundo contemporâneo. Aqui Manuel Castells examina os processos de globalização que marginalizavam e agora ameaçam tornar insignificantes países e povos inteiros – excluídos das redes de informação. Mostra que, nas economias avançadas, a produção se concentra hoje em uma parcela instruída da população com idade entre 25 e 40 anos. Sugere que o resultado dessa tendência progressiva pode não ser o desemprego em massa, mas sim a flexibilização extrema do trabalho, a individualização da mão de obra e, em consequência, uma estrutura social altamente segmentada. Castells conclui examinando os efeitos e as implicações da transformação tecnológica na cultura da mídia, na vida urbana, na política global e no tempo. Escrito por um dos maiores cientistas sociais da atualidade, A sociedade em rede é o primeiro volume da trilogia A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, composta ainda de O poder da identidade e de Fim de milênio.

Janete Cordeiro Lorenzoni*

A grandiosa obra de Castells analisa a sociedade, o surgimento de um novo mundo na era da informação. Busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era da informação que é concebida em meados do século XX. Identifica os processos de globalização que marginalizavam pessoas, comunidades e nações e que com a era da informação torna insignificantes todos os que estão excluídos das redes de informação. Há um abismo cada vez maior entre a elite da informação e as demais pessoas que se fecham em comunidades como forma de resistência a essa forma de dominação.
A conclusão geral do livro formado por uma trilogia de volumes, escrito por um dos maiores cientistas sociais da atualidade, traz a análise que se desdobra na identificação de uma nova estrutura social marcada pela presença e o funcionamento de um sistema de redes interligadas.

O resultado da interação de vários processos como o da revolução tecnológica da informação, a crise e reestruturação do capitalismo e estatismo e a manifestação dos movimentos sociais e culturais, foram o berço desta nova era. A partir daí ocorreram a fragmentação do trabalho e flexibilização dos direitos do trabalhador, exclusão social, separação entre a lógica de mercado e a experiência dos trabalhadores, além da crise do Estado-nação.
Como alternativas para combater tais padrões de dominação na sociedade, surgem as “comunas de identidade e resistência” que ao invés de constituir a sociedade e transformá-la, poderão fragmentar-se e aumentar ainda mais a distância entre a elite da informação e as demais pessoas.

O século XXI será marcado por grandes descobertas, transformações na organização da sociedade ,expansão da economia global e por uma “perplexidade consciente”. Porém “não há mal eterno”, a transformação social é possível com ações conscientes e responsáveis. O estudo de Casttels identifica o caminho que a sociedade está trilhando como consequência de suas próprias ações. O modo de desenvolvimento econômico que visualiza uma transformação social, não substitui o atual capitalista, mas a sua transformação marcada pela presença e o funcionamento de um sistema de redes interligadas. A Era da Informação representa a capacidade humana de produzir para o desenvolvimento do bem estar para as pessoas e estas de forma harmônica com a natureza.

Tudo isso seria possível se não houvesse desigualdade social. Desigualdade esta agravada por um sistema econômico perverso que nas suas adaptações seja por necessidades exigidas pela globalização seja pela Era da Informação, ou por outras mutações, não perde o seu objetivo, o seu foco que é a garantia de acúmulo de capital à custa da compra de trabalho. É neste quadro que se faz necessário transformar a realidade não apenas mudá-la. E disso depende de participação cidadã em todos os espaços e instâncias da sociedade inclusive no espaço da “informação”.
A obra de Castells, pela sua análise abrangente, é material importante e relevante não só para o mundo acadêmico como também para gestores de governos, pois é capaz de agregar várias dimensões passíveis de reanálise, que poderão servir de base para formação de políticas públicas em ralação a temas importantes elencados pelo autor como as transformações estruturais do mundo do trabalho, a diversidade cultural, exclusão social, segregação de comunidades, etc.

Manuel Castells nasceu na Espanha em 1942 e é, desde 1979, catedrático de sociologia e planejamento urbano e regional na Universidade de Califórnia, Berkeley. Foi também professor da École Pratique dês Hautes Études em Sciencies Sociales em Paris, catedrático e diretor do Instituto de Sociologia de Novas Tecnologias da Universidade Autônoma de Madri, professor do Conselho Superior de Pesquisas Científicas em Barcelona e professor visitante em 15 universidades da América Latina. Publicou 20 livros em várias línguas. É membro da Academia Européia.
*Acadêmica do Curso de Serviço Social da Unijui.
(Cruz Alta, 2010)

[RESENHA] O Trauma do Nascimento: De Weimar a Weimar, Otto Frank


FRANK, Otto. O Trauma do Nascimento: De Weimar a Weimar. In: A cultura de Weimar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.


O texto O trauma do Nascimento de Peter Gay tem por objetivo demonstrar os eventos políticos, culturais e sociais no momento em que Weimar se torna a República sede da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.

Apesar de a Alemanha ter saído derrotada na Primeira Guerra, Weimar representava a esperança da resiliência. Voltada para os movimentos culturais e artísticos, Weimar apresentou um novo tipo de arte, uma nova mentalidade, apesar da repressão dos opositores a este novo modelo de sociedade que estava em formação. Segundo o autor, tal pensamento modernista já existia mesmo antes da criação de Weimar, o que ocorreu foi a liberação de tais ideais.

Porém, apesar dessas mudanças no cenário intelectual em contrapartida, o cenário político continuava instável, pois assim como havia populações favoráveis à cultura Weimar, também existiam os opositores em grande número.

De acordo com Peter Gay o cenário político entrava em crise, vejamos:

“Os primeiros quatro anos da República foram de crise quase ininterrupta, uma época verdadeiramente de distúrbios. A Guerra Civil sangrenta, o ressurgimento dos militares como um fator político, o insucesso em desacreditar a aliança aristocrata-industrial que havia dominado o Império, a frequência dos assassinatos políticos e a impunidade dos assassinos políticos, a imposição do tratado de Versalhes, o Putch Kapp, e outras tentativas de subversão interna, a ocupação do Ruhr pela França, a inflação astronômica – todos esses fatores davam novo alento aos monarquistas, aos militaristas fanáticos, aos anti-semitas e xenófobos de toda a espécie (...)”. (pg.24).

Portanto, apesar da vitória da constituição da República Weimar, a mesma ainda estava vivendo sob tais espectros políticos e principalmente militares que ameaçavam voltar. As guerras internas de diferentes grupos ideológicos também colocavam à prova a estrutura político-social de Weimar, pois o resultado de tal embate ideológico partidário definiria o futuro da Alemanha.

Outro fator que o autor aponta é a assinatura do Tratado de Versalhes se tratava do reconhecimento de culpabilidade do resultado da Primeira Guerra, e também perderia o domínio sobre a “Alsácia-Lorena, o Corredor Polonês, o norte de Schleswig-Holstein, e outras pequenas áreas (...)” (pg.30). Tal reconhecimento engendrou uma série de movimentos sociais contra a assinatura do Tratado, o mesmo significaria humilhação pública.

O que vemos nos últimos parágrafos é o declínio paulatino do sistema político de Weimar. O ressurgimento do Exército alemão, segundo o autor, foi de responsabilidade dos governantes de Weimar, o que deu início a uma série de assassinatos políticos, partidários espartaquistas (comunistas), e judeus.

A partir desta abertura, foram inseridos na administração pública e outros setores a disseminação dos ideais nazifascistas e, por conseguinte a dominação da Alemanha.

[RESENHA] A aventura da universidade, Cristovam Buarque


Resenha: A AVENTURA DA UNIVERSIDADE - Capítulo 1: O Destino da Universidade - Editora Paz e Terra, 2000 - 2ª Edição. Autor: BUARQUE, Cristovam.

Cristovam Buarque é pernambucano, formado no curso de Engenharia Mecânica. Fez doutorado em Economia na Sorbonne e em 1968 iniciou uma brilhante carreira de professor universitário. Desde 1979 reside no Brasil, onde foi reitor da Universidade de Brasília no período de 1985 a 1989.

Sua biografia compreende décadas na cena política brasileira, em que atuou como reitor, governador, ministro da Educação, senador da República. Seu percurso intelectual compreende mais de mil artigos e 23 livros publicados sobre assuntos vinculados às grandes questões que atravessam a agenda social do país e do mundo. Seu horizonte se mantém o da educação sem fronteiras, o da modernidade sem exclusão, o da solidariedade entre os povos.
Resenha
Na obra 'A Aventura da Universidade', mais especificamente o capítulo 1, o autor tem como principal objetivo criticar a postura da universidade frente as novidades e os desafios que surgiram ao longo dos séculos, desde que foi criada. Para introduzir essa crítica, logo no início da leitura, o autor traz um fato histórico muito conhecido: a viagem inusitada e aventurada de Cristovão Colombo para a tão idealizada terra das "Índias". Este acontecimento é narrado frizando como foi recebida a proposta pelos intelectuais e formadores das universidades naquele tempo, que rejeitaram totalmente a ideia porque consideravam ser impossível o sucesso da navegação por calcularem que o diâmetro da Terra era maior do que o suposto por Colombo; mesmo assim a viagem foi feita e Colombo não encontrou as índias, porém descobriu um novo mundo, até então desconhecido e que não teria sido possível caso não tivesse sido corajoso o suficiente para desafiar aqueles que lhe diziam ser algo fadado ao fracasso. O medo do desconhecido dos sábios poderia ter custado uma das maiores descobertas já feitas e isso seria um atraso enorme pela busca do conhecimento, que é uma finalidade da universidade. Muito crítico e enfático, o autor diz que 'a universidade de Salamanca teve pavor ao erro, apego aos dogmas da época, medo da aventura e de navegar em direção ao novo'.
A partir desta introdução crítica ao tema que será abordado no decorrer do texto, o autor começa a elencar diversos erros, contradições, conformismos, conservadorismos, omissões e medos que as universidades cometeram ao longo dos séculos seguintes. Um dos principais erros da universidade apontados pelo autor, ocorre no período Renascentista (período de transição da humanidade na qual se deixa de ter a igreja e a religião como resposta para todas questões da vida e passa a valorizar o racionalismo, a ciência e a arte, baseada nos pensamentos gregos e romanos) onde as universidades são originadas, porém não se tornam o lugar onde se densenvolvem e ocorrem as ideias renascentistas. Segundo ele, diversos inventores, pensadores, pintores e intelectuais importantes da época ficaram a margem das universidades porque esta se limitou a pensar somente até onde o que a base e estudos gregos forneciam, qualquer coisa que estivesse além disso, não era permitido. Logo então, a universidade passou a ser uma barreira para o avanço do conhecimento, contrariando o propósito pelo qual foi criada. O mesmo se deu, na passagem para o modernismo e capitalismo, onde a universidade não soube acompanhar o ritmo do liberalismo e do capitalismo, deixando de fora grandes inventores deste período como Ford. A universidade, segunto o autor, 'já era científica, mas não conseguia ser inventiva'.
No decorrer do século XX, com a grande influência do capitalismo, a universidade se 'domestica' e acaba se tornando o centro de geração do saber da sociedade de consumo e é dominada pelas técnicas capitalistas de conhecimento. Os cursos se voltaram a formação de carreiras técnicas, a criação de currículos e consquistas de diplomas que formam profissionais para um saber utilizado em prol do próprio sistema que as criou, para servi-lo. A universidade deixa de ser um lugar para se criar novas ideias, para se tornar um instrumento de progresso técnico. Não há espaço para mudanças, transições, revoluções.
Nos tempos mais atuais, ou seja, no final do século XX, o autor descreve doze sustos que os homens tiveram ao perceber os acontecimentos deste século, dentre eles estão: 'o susto eufórico do imenso avanço técnico que foi realizado ao longo de apenas cem anos', 'o susto trágico da percepção de que o conhecimento do homem conquistou tanto poder, porém não serviu para construir uma utopia, muito pelo contrário' (segundo ele, todo este conhecimento serviu principalmente para engrandecer a desigualdade, a ganância e a violência entre os homens) e 'o susto da descoberta da necessidade de ética na regulação do poder técnico e no direcionamento do crescimento econômico'. Baseado nestes 'sustos', o autor diz que é possível (apesar de incerto) a construção de um novo modelo de civilização, na qual essa 'utopia' seja então alcançada, mas para isso a universidade tem que mudar. Não se pode cometer novamente os erros de se apegar as crenças e dogmas, de não se aventurar em conhecer um mundo novo, também não deve se conformar e ser domesticada. O medo do desconhecido, da mudança, do novo só faz com que a universidade juntamente com a humanidade se afaste cada vez mais da construção de uma nova forma de sociedade. Para o autor, 'a universidade deverá ser o campo desta luta, se a comunidade aceitar o gosto pela aventura e viver a grande paixão que representa enfrentar as dificuldades e desafios, que são a razão de ser uma instiruição voltada para fazer avançar o pensamento'.

11 dicas para ler mais rápido (e ainda entender o que você lê)



1. VISUALIZE O TEXTO.

Assistir ao trailer de um filme antes de assisti-lo fornece contexto e permite que você saiba o que esperar. Da mesma forma, visualizar um texto antes de lê-lo prepara você para obter uma compreensão rápida do que está prestes a ler. Para visualizar um texto, escamei-o do início ao fim, prestando atenção especial aos títulos, subtítulos, qualquer coisa em negrito ou fonte grande e marcadores. Para obter uma compreensão mais ampla, dê uma olhada nos parágrafos introdutórios e finais. Tente identificar frases de transição, examine quaisquer imagens ou gráficos e descubra como o autor estruturou o texto.

2. PLANEJE SEU ATAQUE.

Abordar estrategicamente um texto fará uma grande diferença na eficiência com que você pode digerir o material. Primeiro, pense sobre seus objetivos. O que você quer aprender lendo o material? Anote algumas perguntas que você deseja responder no final. Em seguida, determine o objetivo do autor ao escrever o material, com base em sua prévia. O objetivo do autor, por exemplo, pode ser descrever toda a história da Roma Antiga, enquanto seu objetivo é simplesmente responder a uma pergunta sobre o papel das mulheres romanas na política. Se seu objetivo é mais limitado em escopo do que o do autor, planeje apenas encontrar e ler as seções pertinentes.

Da mesma forma, varie seu plano de ataque com base no tipo de material que você está prestes a ler. Se você for ler um texto jurídico ou científico denso, provavelmente deve planejar ler certas passagens mais lenta e cuidadosamente do que leria um romance ou revista.

3. SEJA ATENTO.

Ler rapidamente com boa compreensão requer foco e concentração. Minimize ruídos externos, distrações e interrupções e fique atento quando seus pensamentos divagar enquanto você lê. Se você notar que está fantasiando sobre sua próxima refeição, em vez de se concentrar no texto, leve sua mente de volta ao material. Muitos leitores lêem algumas frases passivamente, sem foco, e passam algum tempo voltando e relendo para ter certeza de que as entenderam. De acordo com o autor Tim Ferriss, esse hábito, chamado de regressão, vai diminuir significativamente a velocidade e tornar mais difícil obter uma visão geral do texto. Se você abordar um texto com cuidado e atenção, perceberá rapidamente se não está entendendo uma seção, economizando tempo a longo prazo.

4. NÃO LEIA TODAS AS PALAVRAS.

Para aumentar sua velocidade de leitura, preste atenção em seus olhos. A maioria das pessoas pode digitalizar em pedaços de 1,5 polegadas, que, dependendo do tamanho da fonte e do tipo de texto, geralmente consistem de três a cinco palavras cada. Em vez de ler cada palavra individualmente, mova seus olhos em um movimento de varredura, saltando de um bloco (de três a cinco palavras) para o próximo bloco de palavras. Aproveite a vantagem de sua visão periférica para acelerar o início e o fim de cada linha, concentrando-se em blocos de palavras em vez de na primeira e na última palavra.

Apontar o dedo ou uma caneta para cada pedaço de palavras ajudará você a aprender a mover os olhos rapidamente sobre o texto. E vai encorajá-lo a não subvocalizar enquanto lê. A subvocalização, ou a pronúncia silenciosa de cada palavra em sua cabeça enquanto você lê, irá atrasá-lo e distraí-lo do ponto principal do autor.

5. NÃO LEIA CADA SEÇÃO.

De acordo com o Centro de Habilidades Acadêmicas do Dartmouth College, é um mito antiquado que os alunos devem ler todas as seções de um livro ou artigo. A menos que você esteja lendo algo extremamente importante, pule as seções que não são relevantes para o seu propósito. A leitura seletiva tornará possível digerir os pontos principais de muitos textos, em vez de apenas ter tempo para ler alguns na íntegra.

6. ESCREVA UM RESUMO.

Seu trabalho não deve terminar quando você lê a última palavra na página. Depois de terminar de ler, escreva algumas frases para resumir o que leu e responda a todas as perguntas que você tinha antes de começar a ler. Você aprendeu o que esperava aprender? Ao passar alguns minutos depois de ler para pensar, sintetizar as informações e escrever o que aprendeu, você solidificará o material em sua mente e terá uma lembrança melhor depois. Se você é um aluno mais visual ou verbal, desenhe um resumo do mapa mental ou conte a alguém o que aprendeu.

7. EXECUÇÕES TEMPORIZADAS PARA A PRÁTICA.

Abordar um texto estrategicamente, ler ativamente e resumir com eficácia exige prática. Se você quiser melhorar sua velocidade de leitura, use um cronômetro para testar quantas palavras (ou páginas).

8. PARE DE SUBVOCALIZAR.

A subvocalização é de longe o fator mais comum para desacelerar nossa leitura. É como a maioria de nós lê - “falando” as palavras em nossas cabeças. Isso diminui a velocidade de nossa leitura para a velocidade de fala, que geralmente é de cerca de 300 palavras por minuto. Passo de caracol!

Seus olhos e cérebro são realmente capazes de processar palavras muito mais rápido. Tente fazer isso como um experimento:

Ao interromper essa voz em sua cabeça, você pode quase dobrar seu ritmo de leitura.

Se você é um subvocalizador, parar é o truque para aprender a ler mais rápido. Já faz algum tempo que estou tentando parar com esse hábito. A coisa mais fácil a fazer é estar consciente disso e se distrair de alguma forma. Você pode usar o dedo para seguir as palavras, ouvir música ou mascar chiclete.

9. LEIA FRASES, NÃO PALAVRAS

Uma habilidade igualmente difícil de aprender é compreender frases ou trechos de texto de uma vez, em vez de palavras individuais. Mas o alcance dos seus olhos tem 1,5 polegadas de comprimento , o que significa que você pode ler até nove palavras por vez!

Olhar para cada cinco palavras ou mais permitirá que você compreenda mais de uma vez e reduza a subvocalização. Porém, assim como tudo o mais, será necessário algum treinamento para fazer isso bem. Eu não sugeriria começar com coisas realmente importantes como livros didáticos.

10. SAIA DE RELER

Uma das maiores dificuldades para mim durante a leitura era que eu estava constantemente voltando a reler frases ou parágrafos que eu não entendia ou queria entender mais completamente. Achei que, se não entendesse ou entendesse totalmente cada linha de um romance ou texto, o livro inteiro não faria sentido.

Eventualmente, percebi que não estava realmente ganhando muita compreensão quando reli. As passagens ou palavras confusas eventualmente faziam sentido no contexto, ou não eram necessárias para a minha apreciação do livro. De acordo Tim Ferris, autor de "a semana do trabalho de quatro horas" , “O sujeito não treinado se envolve em regressão (releitura consciente) e retrocesso (releitura subconsciente por meio de fixação incorreta) por até 30 por cento do tempo total de leitura. ” Isso é muito significativo. Deixe de ter que compreender totalmente tudo o que está sendo dito ou acontecendo, e você parará de perder tempo recapitulando lugares onde já esteve.

11. LEIA MAIS

Como acontece com todas as atividades dignas, a leitura é uma habilidade que leva tempo para ser desenvolvida. Quanto mais você fizer isso, melhor você se tornará. Eu costumava pensar que definir metas de leitura diárias ou anuais era uma tolice. Ler não deve ser uma corrida. Mas descobri que definir metas me obriga a reservar mais tempo para a leitura. E quanto mais livros eu leio, mais rápido eu começo a lê-los.

A literatura é feita para ser saboreada, e se você passar horas incontáveis ​​em uma história realmente ótima, quem se importa? Sempre haverá livros demais no mundo, e pouco tempo. Melhor desfrutar plenamente dos livros que você realmente deseja do que tentar folhear um monte de livros que você não deseja.
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