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Resenha: Rauai: o patrão do polígono da maconha, de Katyuscia Brito

Foto: Arte digital

APRESENTAÇÃO

De agricultor pobre do sertão pernambucano a um dos patrões do Polígono da Maconha, Rauai era o que chamam de “pessoa errada”. No entanto, ao seu modo, fez o que julgava ser certo. Quem nos conta é Neto, primo de Rauai e narrador deste romance de estreia de Katyuscia Brito, que revela as áridas relações do mundo do crime em um dos lugares mais perigosos do Nordeste. Depois que decidiram parar com a plantação de alimentos para montar o próprio bando de roubo de cargas na estrada, Rauai e Neto tiveram que arcar com as consequências de seus atos. Passaram a ser temidos e respeitados, mas também perseguidos e odiados por muitos. Entre negociações delicadas e emboscadas, viveram sob a mira dos inimigos e, também, de seus próprios fantasmas. Neste livro, Katyuscia Brito passa ao largo de concepções estáticas do que é “bom” ou “mau”. Por isso, Rauai e Neto podem ser, ao mesmo tempo, cabras arretados e jovens frágeis em busca de respostas. São personagens construídos e reconstruídos durante um caminho de vida e morte, paixão e traição e guerra e paz no sertão pernambucano.


RESENHA

Rauai era um homem cercado por pessoas, mas se sentia sozinho. Ele questionava se as pessoas realmente o adoravam ou apenas o temiam. Aos 27 anos, ele havia acumulado um grande patrimônio e sonhava em deixá-lo para seus futuros filhos. Nascido em uma comunidade hippie no Ceará, ele aprendeu que seu nome era uma homenagem a um lugar nos Estados Unidos. Apesar de ter realizado muitas aventuras radicais e viajado pelo mundo, Rauai ainda buscava algo mais para preencher a solidão que sentia. A morte de seus pais em um acidente de carro, quando ele tinha 9 anos, foi um ponto de virada em sua vida. Ele se tornou o único sobrevivente e foi morar com um tio no sertão pernambucano, no Polígono da Maconha. A construção de hidrelétricas no Vale do São Francisco atraiu muitos trabalhadores rurais em busca de emprego, impulsionando o cultivo e comércio de maconha na região, conhecida como Polígono da Maconha. Desde o século XIX, a planta já era presente na área. As décadas de 1930 e 1970 marcaram a repressão e a popularização da maconha. Os agricultores do Polígono, divididos em categorias, sonham em se tornar patrões, os verdadeiros líderes do tráfico. Em 1997, a operação "Cactos" tentou combater o plantio, mas a atividade continuou após a prisão de alguns envolvidos. Alguns mudaram de região, investiram na política ou se tornaram patrões.

Neto continua narrando como durante uma formatura, eles comemoraram uma promoção no Vip Night Club, fechado por uma mulher chamada Dona Nena. Ela ofereceu garotas como presente e os chamou de novos patrões do sertão. Neto e Rauai cresceram juntos, com um vínculo forte após perderem os pais. A entrada no mundo do crime parecia ser a melhor opção, devido à falta de oportunidades na agricultura que enfrentavam. A história narrada por Neto descreve como Rauai e seus amigos decidiram montar um bando para roubar cargas na estrada, visando mudar de vida. Tenorinho, um poderoso do Tráfico de drogas, decidiu comprar o sítio deles e oferecer ajuda para começar o negócio ilegal. Com a ajuda dele, Rauai e seus amigos conseguiram o equipamento necessário para iniciar e fecharam um acordo para vender as cargas roubadas a Tenorinho. Finalmente, a propriedade do sítio foi transferida para uma das primas de Tenorinho. Eles saem do sítio para realizar roubos de carga, seguindo a liderança de Rauai, que dá as ordens e organiza as ações. Após várias tentativas frustradas, finalmente conseguem cometer um roubo bem-sucedido, que lhes traz um bom lucro. Com o tempo, cada membro encontra seu papel dentro do grupo e decidem alugar um lugar para morar em Salgueiro. O relato revela a dinâmica da gangue e o desejo de progredir por meio dos roubos de carga.

Após quase cinco meses desde a primeira carga, eles decidiram pagar a promessa ao Galego e foram ao Recife assistir a uma partida de futebol do Sport.  Após alguns meses desde a chegada deles de Recife, os negócios estavam indo bem e eles continuavam a roubar cargas na estrada. Em uma noite, descobriram que uma carga que haviam roubado estava recheada de maconha, pertencente a um dos patrões do Polígono. Apesar da tentação de lucrar com a droga, decidiram devolver a carga para o dono, mesmo sem encontrar o motorista. Com isso, foram até a fazenda do Zé Maria, onde foram recebidos e agradecidos pela devolução da carga. No final, decidiram que não valia a pena ficar com aquela maconha, e seguiram com seus negócios na estrada.

Neto e Rauai decidem subir de posto no mundo do crime e se tornam empregados de Tenorinho, um criminoso perigoso. No entanto, após perceberem que estão sendo explorados e descobrirem que Tenorinho lucra muito mais do que eles, decidem seguir por conta própria. Um novo comprador para as cargas roubadas é encontrado por eles e conseguem negociar um acordo melhor. No entanto, Tenorinho não aceita a traição e tenta matar Beto, um dos membros do grupo. Após o ataque, eles mudam de endereço e se preparam para uma possível retaliação. A guerra entre Tenorinho e o grupo de Neto e Rauai estava apenas começando.

Zé Maria decidiu passar a administração de seus roçados no Polígono da Maconha para dois amigos, Neto e Rauai, que haviam demonstrado sinceridade e lealdade ao devolver um carregamento de maconha que encontraram em sua fazenda. Ele estava cansado da vida no crime e desejava paz para desfrutar de sua família. Os amigos aceitaram a proposta e se tornaram os novos patrões do Polígono, com o apoio de Flávio, os negócios foram prósperos e Zé Maria seguiu para uma nova vida no Pantanal. A história demonstra como escolhas e boas ações podem mudar o rumo das vidas das pessoas.

Após o término da "Cactos", alguns dias se passaram e eles retornaram à estrada para ganhar dinheiro e iniciar o plantio de maconha. Aprenderam a cultivar a planta e organizaram roçados com trabalhadores rurais, utilizando ilhotas para dificultar o acesso e se proteger de possíveis descobertas. Após enfrentarem problemas com Tenorinho, tiveram que repensar seus negócios e acabaram expandindo a produção de maconha, conseguindo dobrar a safra no ano seguinte e fornecendo para três estados do Nordeste, incluindo maconha de alta qualidade. Eles então se tornaram patrões do Polígono, acumularam bens materiais, mas também assumiram mais responsabilidades e problemas, principalmente com Tenorinho, que se tornou deputado. Após uma comemoração no cabaré, Tibla (amigo de Tenorinho) causou um clima pesado, porém eles não se sentiram intimidados. Rauai fez uma viagem, e ao retornar, Luizinho informou que Anne, uma pessoa importante para eles, havia voltado.

Seis anos haviam se passado desde que Anne partira. Durante esse tempo, ela visitara a família apenas três vezes, mas não havíamos conhecimento das vezes em que estivera no sertão. Como não moravam mais na mesma cidade, Luizinho nunca comentava sobre Anne, pois Rauai proibia qualquer menção ao seu nome. O retorno de Anne para ficar trouxe uma reviravolta na situação. Rauai, ao descobrir da presença de Anne e de seu filho, decidiu confrontar seu passado e seu sentimento por ela.

Luizinho revelou a Rauai que Anne havia presenciado uma cena que a fizera pensar que seu sentimento por ele não era mais correspondido. Apesar dos anos de separação e das mágoas, Rauai decidiu dar uma nova chance a Anne e ao filho. Após uma intensa conversa, Rauai e Anne se acertaram e decidiram ficar juntos. Reintegrada à família, Anne trouxe alegria e uma nova dinâmica para a vida de todos. O casamento civil entre Rauai e Anne foi celebrado com uma linda festa na chácara.

A vida seguia tranquila, mas Anne começou a pedir para que Rauai mudasse de vida. Apesar de ser feliz com Anne, Rauai ainda gostava da vida que levava. O futuro reservava novas reviravoltas, mas, por enquanto, a felicidade reinava na vida deles.

Foto: Detalhes da diagramação / Sophia Editora / Divulgação


Pouco tempo depois, um distribuidor indicou a eles um famoso traficante do Rio de Janeiro para expandir seus negócios. Com a parceria firmada, os protagonistas estavam ansiosos pela nova oportunidade. No entanto, Tenorinho, um rival ambicioso, tentou intimidá-los para desistirem do negócio. Logo depois, eles foram atacados e um dos seguranças foi morto. Diante da situação, decidiram aumentar a segurança na fábrica e tomar mais cuidado.

Meses depois, durante a colheita, Rauai, o líder do grupo, viajou para o Rio de Janeiro para receber o pagamento e verificar a operação. No retorno, foram emboscados e Rauai foi baleado.

A guerra por territórios no Polígono, região marcada pela violência e pelo tráfico de drogas, teve início muito antes de Rauai e Tenorinho se tornarem patrões na área. Rauai e sua equipe se tornaram um problema para Tenorinho ao tomarem suas próprias decisões e adentrarem em novas regiões do país. Após uma emboscada fatal, Rauai acabou sendo preso por tráfico de drogas e porte de arma.

Anne, o amor de Rauai, seguiu em frente, vendeu os bens e montou um restaurante. Galego, outro membro da equipe, se casou e virou pastor, enquanto Tenorinho se reelegeu e continuou seus negócios, consolidando seu poder na região.

Mesmo na solidão da prisão, a leitura foi um refúgio para Rauai. Ele mergulhou em livros e encontrou na literatura um escape para a realidade cruel que o cercava. A leitura o transportou para outros mundos, proporcionando-lhe momentos de paz e reflexão.oi a única fonte de alegria para Rauai durante aqueles anos difíceis.

Apesar de ser um livro denso e abordar temas controversos, "Rauai: o patrão do polígono da maconha", de Katyuscia Brito, é uma obra que merece destaque por sua narrativa envolvente e personagens complexos. A autora consegue criar uma trama instigante que prende a atenção do leitor do início ao fim, explorando os dilemas e escolhas de Rauai em meio ao universo do tráfico de drogas no sertão nordestino. A história de superação e transformação do protagonista, bem como a representação das relações humanas e das nuances do poder na região, são pontos fortes do livro. Além disso, a obra traz reflexões sobre solidão, lealdade, amor e redenção, fazendo com que o leitor se envolva emocionalmente com os personagens e suas jornadas. Com uma escrita fluída e envolvente, "Rauai: o patrão do polígono da maconha" é um livro que, mesmo abordando temas complexos, consegue transmitir mensagens poderosas e inspiradoras.

Sobre a autora | Katyuscia Brito é nordestina, pernambucana, jornalista por formação e escritora de coração. Casada, tem dois filhos. Descobriu a paixão pela escrita aos 13 anos durante as aulas de redação do 7º ano do ensino fundamental, antiga 6ª série. Mudou-se para o estado do Rio de Janeiro com 11 anos. No entanto, costuma dizer que nunca se distanciou do Nordeste. Não por acaso, carrega hoje um sotaque misturado e carregado de brasilidade. Katyuscia Brito escreveu esta obra em 2017, em menos de um mês, durante uma jornada pessoal em busca de autoconhecimento através das palavras.

Resenha: 12 lições contra o neofascismo, de Paulo Cotias

Foto: Arte digital

APRESENTAÇÃO

Nesta obra, Paulo Cotias analisa o neofascismo como fenômeno caleidoscópico, ou seja, multifacetado, com manifestações muitas vezes silenciosas e subliminares. Daí surgem as 12 lições que motivam o título do livro e seus capítulos. 

Historiador, especialista em Docência Superior e mestre em Educação, Cotias aposta na linguagem clara e objetiva aliada a uma detalhada – e necessária  –  contextualização histórica. Logo de início, um alerta: “Cuidado com o academicismo”.

“Tratar o neofascismo com eufemismos ou outros nomes menos comprometedores – como “populismo de direita”, “extrema direita”  ou “conservadores” – é fazer seu jogo. Ele, como veremos, não pode vir à luz com esse nome. Não quer isso”.

Nas páginas seguintes, o autor segue com o dedo na ferida. Na lição 4 – “O neofascista precisa de arautos” –, afirma: “O neofascista se admira no espelho, mas é temeroso das leis, ética e civilidade, que acredita que o oprimem e podem punir. Por isso, reluta, esperneia e revolta-se se for percebido clara e publicamente como tal. É como a retirada vergonhosa de um disfarce.”

RESENHA

12 Lições Contra o Neo Fascismo de Paulo Cotias é uma obra que analisa de forma profunda e detalhada o neofascismo, um fenômeno multifacetado e muitas vezes silencioso. Com sua expertise como historiador e mestre em Educação, o autor apresenta 12 lições essenciais para compreender e combater essa ideologia perigosa. Em um estilo claro e objetivo, Cotias contextualiza historicamente o surgimento e a propagação do neofascismo, alertando para a necessidade de não utilizar eufemismos para descrevê-lo. Ao longo dos capítulos, o autor aborda temas como a necessidade de arautos, seguidores, inimigos, estética, braço armado, multiverso, fé e algoritmo para sustentar o neofascismo. Uma leitura indispensável para aqueles que desejam compreender e resistir a essa ameaça à democracia e aos direitos humanos.

Partindo do pressuposto da necessidade de conhecimento para ação, Paulo Cotias desenvolve em sua obra uma premissa fundamental e indispensável para construção de barreiras para o avanço do neofascismo. A teoria central da obra convida o leitor para o conhecimento da esfera manipuladora e problemática erradica pelos neofascistas, que, por vezes, recebem títulos de 'salvadores', 'donos da verdade', e outros que costumo dizer 'pais de família', o que os fazem se enraizar no seio da sociedade e se perpetuarem de forma silenciosa e claudicante, promovendo entre seus aliados um ritual de desordem, exclusão e prepotência, o que em síntese, é um efeito da coisa, não de sua difusão. Reconhecer os sinais que fazem o neofascismo se tornar tão presente e popular é uma forma de elaborar uma forma de impedir a contaminação de outras pessoas por meio da ignorância e falta de conhecimento de alguns.

Usando de forma figurada a comparação entre neofascismo e caleidoscópio, o autor promove, desta forma,  um paralelo entre a existência, o ato e a consequência dos movimentos e da inserção silenciosa dos ideais fascistas no seio social por meio da propagação e expansão de seus reais idealizadores e apoiadores por meio de discursos bem elaborados para ouvidos desatentos. Para o autor, derrubar um político ou candidato neofascista não impede o movimento de se propagar ou existir, é necessário assim, atentar-se para as raízes que mantém a base em sua solidificação, sendo necessário pensar em uma ação conjunta que possibilite uma ação efetiva de forma a erradicar não um sintoma, mas a causa como um todo.

Em lição 1: cuidado com o academicismo, o autor se desdobra a desvencilhar as esferas do neofascismo na história, desde os acontecimentos recentes com o uso de notícias e publicidade para desvirtuar o foco do reconhecimento da problemática, o colocando como um acontecimento distinto, não o fascismo propriamente dito. Para ilustrar a raiz e os efeitos, ele analisa de forma contextualizada o fascismo promovido por Benito Mussolini e os resultados catastróficos para os italianos, que enfrentaram a pior crise econômica da história, as greves intensas, que culminaram na acensão de Mussolini como primeiro-ministro de Vitor Emanoel III para formação do Estado Fascista. As condições atuais existentes possibilitaram o discurso de que o fenômeno atual das complicações políticas, dos discursos inflamados e dos problemas sociais fossem intitulados de qualquer outra coisa, menos fascismo, como resultado do academicismo que passou a chamar as recentes problemáticas de populismo; extrema-direita ou autoritarismo, o que fez com que houvesse uma análise menos aprofundada dos termos, levando em consideração sua 'pureza', em relação aos acontecimentos promovidos pela ideologia fascista.

Em lição 2: O fascismo tende a se unificar, o autor estuda a estrutura do fascismo, expondo que, como não há evidências de um movimento orgânico com características visíveis e palpáveis como noutros momentos da história, criou-se então a introdução de que essa ilusão política da falta de análise das problemáticas, era, senão, em um moisaco difundido em diferentes territórios, não mais unificado. O que claro, fortaleceu a ideia de acensão de um fascismo territorializado e menos fragmentado por meio da figura de um líder, responsável pela condução de uma nova hierarquia através dos discursos e da difusão de uma política mais reconhecida por meio de um poder de ação pautado em ideologias, uniformes, hinos e rituais que permitiram, ao passo, ainda que lento, reconhecer os sinais de um levantamento facista social.

Em lição 3: O neofascismo é envergonhado de si, o autor se desdobra a explicitar de forma erudita a dificuldade de se encontrar um participante do movimento de forma clara, o que claro, é resultado do seu fracasso na história, tornando assim, seus seguidores uma forma não linear entre a sociedade. A perversão da democracia liberal ocasionou na criminalização do fascismo, bem como em apologias ao movimento, o que fazem os nazifascistas não se assumirem como parte constitutiva do movimento.

Em lição 4: O neofascismo precisa de arautos, descreve que os neofascistas buscam disseminar suas ideias através de profecias autorrealizadoras e sinais que possam ser interpretados como prodígios. Eles atuam em diversos espaços, como igrejas, redes sociais, mídias de massa e através de influenciadores. Recrutam arautos intelectuais e pseudocientistas para legitimar suas ideias e buscam ocupar espaços na sociedade através de autores que abordam temas sensíveis de forma sensacionalista. A estratégia dos neofascistas é ampliar seu alcance e influência de maneira a manipular a opinião pública e se estabelecer como figuras de poder.

Em lição 5: O neofascismo precisa de seguidores, explica que o neofascismo depende de uma comunidade imaginada, em que arautos falam para um público engajado que se torna disseminador das mensagens. A retórica e a produção de verdades são essenciais para mobilizar os seguidores. Além disso, são utilizadas estratégias estéticas e de produção de conteúdo para conquistar novos seguidores. Há também a figura dos influenciadores, ideólogos e fanáticos, que atuam em diferentes níveis dentro da ideologia neofascista. Crianças são estimuladas a se tornarem arautos, enquanto a formação de uma comunidade imaginada se estende a diferentes aspectos da sociedade. O recrutamento por ressentimento é uma estratégia poderosa do neofascismo.

Em  lição 6: Democracia em desencantonos fala que para a população em geral e para o desenvolvimento econômico e social, a busca por um equilíbrio entre investimentos, gastos públicos e arrecadação é fundamental. A substituição da cidadania pelo consumo e do emprego sólido por arranjos precarizados tem levado a um cenário de endividamento e fragilização da economia e da sociedade. As crises econômicas desencadeiam problemas sistêmicos que necessitam de medidas cuidadosas e equilibradas, que levem em consideração não apenas os interesses do grande capital, mas também os da população e o desenvolvimento nacional.

Em lição 7: O neofascismo precisa de inimigos, discute a ascensão de regimes autoritários e totalitários no século XX, como o nazifascismo e o regime stalinista na União Soviética. Também aborda a crise do Estado liberal e do capitalismo na década de 1920, culminando na Grande Depressão de 1929. Após a Segunda Guerra Mundial, surge a Guerra Fria entre o socialismo de Estado e as democracias liberais, consolidando o Estado de Bem-Estar Social. No entanto, a introdução do neoliberalismo provocou mudanças significativas, como a desindustrialização e a precarização do emprego. O surgimento do neofascismo contemporâneo é abordado, mostrando como a corrupção foi utilizada como um inimigo útil para legitimar a ascensão ao poder, especialmente no Brasil. As estratégias políticas e as consequências desses movimentos são discutidas, ressaltando a importância da conscientização e resistência democrática para evitar retrocessos autoritários.

Em lição 8: O neofascismo precisa de uma estéticaesclarece que todo movimento que visa longevidade necessita de uma estética, que diferencia o eu do outro e estabelece hierarquias e pertencimento. A estética opera no campo simbólico, modulando pensar, sentir e agir. Nas redes sociais, a busca por reconhecimento é ainda mais intensa, levando à adesão estética mesmo sem conhecimento das causas. Neofascistas modernos buscam capturar estéticas já existentes para se identificar e ganhar poder. No Brasil, as cores nacionais e a camisa da seleção de futebol são usadas como símbolos. A relação entre política e futebol no país torna essa apropriação mais fácil. Com estética, simbologia e uniformes estabelecidos, o neofascismo precisa formar um braço armado.


Foto: detalhes da diagramação / Sophia editora / reprodução


Em lição 9: O neofascismo precisa de um braço armado, esclarece e discute  que em 1849, Luis Bonaparte fundou a sociedade 10 de Dezembro para alcançar o poder na França, usando de violência para impor seus desejos absolutistas. Na Itália, Mussolini emergiu em um cenário de ascensão dos partidos populares, contando com apoio de grandes empresários, latifundiários, intelectuais nacionalistas e militares desempregados. No Brasil, os integralistas não conseguiram chegar ao poder devido ao regime ditatorial de Vargas. O neofascismo busca se fortalecer atrelando-se ao poder do Estado e armando a população. O desarmamento é atacado para beneficiar grileiros, madeireiros e garimpeiros, potenciais aliados neofascistas. A concessão de armas pode servir como reserva armada para agir contra instituições democráticas, como visto nos Estados Unidos. Para posicionar militantes nas ruas a favor do neofascismo, é necessário mobilizar diversos segmentos e colocá-los como vanguarda.

Em lição 10: O neofascismo precisa de um multiverso, narra que a dificuldade do neofascismo em um contexto de realidade heterogênea é o uso de manipulação e criação de diferentes narrativas para se manter no poder. Ao criar realidades paralelas em que fatos e valores são distorcidos, o neofascismo tenta controlar e influenciar a população. Por meio de manipulação da informação e negação da ciência, busca manter seu apoio e justificar suas ações, mesmo que sejam prejudiciais à sociedade. Essas práticas criam universos paralelos em que o líder neofascista é visto como uma figura divina ou superior, em que a realidade é distorcida e onde oposições e críticas são desconsideradas. Para perpetuar estas realidades paralelas, o neofascismo depende da fé cega de seus seguidores.

Em lição 11: O neofascismo precisa de uma fé, em resumo, o desenvolvimento de sistemas de crenças e fé tem sido fundamental para a construção de comunidades cooperativas ao longo da história da humanidade. A religião desempenhou um papel central na organização social e na compreensão do mundo, possibilitando ações e controle sobre aspectos da vida que estavam fora do alcance humano. No entanto, com o avanço da ciência e da tecnologia, novas formas de compreender e agir sobre o mundo surgiram, desafiando as narrativas tradicionais de fé. O neofascismo brasileiro atual busca capturar a noção de Deus e a liberdade, adaptando-as de forma a unir diferentes grupos em torno de uma ideologia política específica. A coexistência de sistemas de crenças, tanto tradicionais quanto contemporâneos, demonstra a importância da fé na sociedade atual.

Em lição 12: O neofascismo precisa de um algoritmo, esclarece que a introdução de termos do mundo digital no Instagram e algoritmos refletem processos presentes no nosso organismo. Os algoritmos, como conjunto de regras sistemáticas, são utilizados para reforçar gostos, ideias e tendências, levando todos a agir de forma convergente. Esses algoritmos são produzidos por grupos especializados, como os "gabinetes do ódio", e têm como objetivo controlar a liberdade de expressão, testar os limites da democracia, se apresentar como antissistema e cultuar a violência para impor sua ideologia neofascista.

O livro '12 Lições Contra o Neofascismo', de Paulo Cotias, é uma leitura essencial para compreender as nuances e estratégias do neofascismo na contemporaneidade. O autor apresenta de forma clara e cuidadosa cada uma das lições, abordando desde a manipulação da informação até a necessidade de um braço armado para fortalecer o movimento neofascista. A análise profunda e detalhada de Cotias sobre a estética, os seguidores, a fé e o algoritmo necessários para sustentar o neofascismo nos faz refletir sobre os perigos e desafios enfrentados pela democracia atualmente. Com uma linguagem acessível e exemplos históricos e contemporâneos, o autor nos convida a despertar para a importância da resistência democrática e da conscientização diante do avanço de ideologias autoritárias. Em tempos de polarização política e manipulação da informação, '12 Lições Contra o Neofascismo' se mostra como uma obra atual e relevante para todos que buscam compreender e combater o neofascismo em nosso mundo.

Resenha: Terra, céu e mar, de Ivo Barreto

Foto: Arte digital


APRESENTAÇÃO

"Por que deixaram um menino que é do mato amar o mar com tanta violência?", escreveu Manoel de Barros no desfecho do poema "Na enseada de Botafogo". Mineiro do Vale do Rio Doce e morador de Cabo Frio há 15 anos, Ivo Barreto elabora respostas e percepções em Terra, céu e mar — poemas e linhas, seu primeiro livro de poesia. Ivo faz da sutileza uma prática de observação do mundo a partir da memória e das observações cotidianas. Os poemas, breves e delicados, são intercalados por ilustrações do próprio autor, que é arquiteto, pesquisador e professor universitário. Ivo escreve mineirês ("qui nem daltin / bão de papo / coladim / nimim") ao mesmo tempo em que revisita o patrimônio histórico da Região dos Lagos, o que inclui, por exemplo, a Casa da Flôr de São Pedro, a canoa de borçada de Arraial e os casarios históricos da Passagem, em Cabo Frio. Observa Giorge Bessoni no posfácio: "Terra, céu e mar  é um livro de poemas necessários nas durezas dos dias atuais; acompanhados por ilustrações que, mais que enfeitam, complementam a poesia como verdadeiros versos e estrofes que tornam mais bela e satisfatória a leitura. Este livro que se nos apresenta é arte. E, certamente, ao lê-lo, vós haveis de concordar comigo."

RESENHA

Terra, céu e mar é uma obra poética escrita pelo autor e arquiteto Ivo Barreto, publicado pela Sophia Editora. A obra é dividida em quatro capítulos: ar, terra, brisa e oceano. A obra, poética, elucidativa, provocativa e transformadora é uma brisa de verão em dias quentes. Com artes elaboradas pelo próprio autor, o que complementam graciosamente a escrita do autor que percorre locais e revisita a percepção cotidiana através de uma ótica sublime e doce.

No capítulo ar, o autor se debruça na observação do cotidiano por meio da visão inocente da infância, descrevendo situações como a observação de pássaros atobá-pardos, nas andanças de esquadrinhadas das lembranças dos caminhos e das caminhadas, das memórias em terra batida de manga descascada no dente, a beleza do milharal, as andaças através do breve orvalho das paisagens em vista atenta, uma beira de rio e o passar dos tempos.

Em terra, o autor delineia as nuances explicitas nos desenhos da realidade, como em um croqui arquitetônico através do ponto de encontro das linhas pontilhadas, das caminhadas e andanças em volumes de água no interior, dos traços de vida e lembranças de uma casa e de suas lembranças em uma casa de taipa a pique de barro, do afeto e da saudade da infância mineira e das 'gentes' queridas e vividas nos pontos dos contos.

Em brisa, o autor intensifica suas provações elaborando um chamado para os pequeno momentos de valor da vida. ' [...] e marcantes cai a tarde e as memórias do cotidiano, nos amores presentes na vida, no amor, no namoro e na lembrança, dos caminhos do fiel andante, do papel do tempo desconcertante que aquece o peito, dos chamegos em frente fria, a lembrança de uma mina da cria e das árvores plantadas. Um capítulo que, diferente doutros, revisitas as lembranças de uma forma mais madura e assertiva. A leitura deste capítulo configura a obra uma conjuntura de não mais lembranças, mas agora, de vivência, do agora, dos momentos que ocorrem no exato momento em que acontecem, da forma como a qual vivemos e apreciamos o que é palpável, tangível.

Em oceano, as reflexão do autor se intensifica nas emoções presentes do momento do encontro dos olhos com as cores em uma navegação azul do mar, sobre a luz que escapa da janela invadindo a fresta do dia por frente ao breu seduzindo o ambiente, do orgulho expresso na raiz as heranças dos ancestrais da terra pura, da cor e do cheiro da manga rosa, das caminhadas e estrepadas em árvores, do cheiro da manhã, das alegrias presentes nos sorrisos e do universo particular da vivência em mergulho profundo em si e em suas entranhas de forma abstrata.


Foto: Arte digital


A obra evoca, em sua maior parte, grande parte da formação do autor em arquitetura, não somente pelas imagens como referência, mas pelas citações acerca de linhas e criações pontilhadas acerca do desenvolvimento de uma vida, de um sonho e de uma vivência acerca da realização presente na construção de um projeto [arquitetônico, de vida, pessoal]. A obra possui uma linguagem as vezes própria e retinta de personalidade própria, as vezes local, mas sempre atemporal. Percorrer as palavras de Ivo é entender através de suas nuances a certeza de que as lembranças constituem parte do processo de construção de uma casa, de uma identidade e de uma vida. Construir memórias, cultivar momentos e aproveitar o tempo. Uma obra, certamente, incrivelmente linda e cativante para os amantes de uma poesia revigoradora e transformadora.


SOBRE O AUTOR | Arquiteto pela UFF (2004) e especialista em Preservação do Patrimônio Cultural pela UFPE (2010), Ivo Barreto é mestre em Projeto e Patrimônio pela UFRJ (2017) e doutorando em Arquitetura pela mesma instituição. Arquiteto do corpo técnico do Iphan há quase duas décadas, é professor do curso de Arquitetura da UNESA, em Cabo Frio, onde leciona as cadeiras de Projeto de Arquitetura, Desenho e Patrimônio Cultural. Conta com livros publicados nos campos da Arquitetura, do Patrimônio e das Artes Visuais. Navegante das múltiplas linguagens em sua produção, o autor promove em Terra, céu e mar o diálogo entre o desenho e a palavra, abrindo rota para provocações ora semânticas, ora gráficas, costurando uma troca contínua entre letras e traços. Emerge daí uma poética leve e sensível, capaz de tocar, ao longo da leitura, sentidos variados da percepção e dos afetos.



[RESENHA #624] Surfista Carioca, de Éric Rebière



APRESENTAÇÃO 

Um jovem carioca se lança no sonho de viver do surfe neste que é o livro de estreia de Éric Rebière, atleta acostumado a desafiar ondas gigantes. Além das aventuras no mar, a obra contextualiza a rotina de uma família no subúrbio carioca, na década de 1990. A história retrata a adolescência e juventude do protagonista, Gabriel, e suas disputas contínuas com o irmão, Alexandre, sob a educação ora amorosa, ora severa do pai. Também são narradas suas primeiras experiências amorosas, as saídas à noite, em que frequentava os bailes funks da região, e a vivência no bairro, marcada por regras de convívio impostas pela violência. A obra expõe o contraste entre a periferia e a Zona Sul, o que é observado pelo jovem durante suas incursões para as disputas em categoria de base. Em sua jornada, Gabriel descobre um novo mundo no meio do esporte e é convidado para um desafio de arrepiar: uma viagem ao Peru, repleta de lições, encrencas e ondas gigantes. 

Éric Rebière é um surfista profissional franco-brasileiro. Nascido e criado em Arraial do Cabo, mudou-se em 1998 para a Europa e, atualmente, vive entre Anglet, na França, e La Coruña, na Espanha. Faz parte da elite mundial de surfistas de ondas gigantes, o Nazaré Tow Challenge, único evento dessa modalidade organizado pela World Surf League. Éric é o único participante que também fez parte do World Championship Tour, no qual apenas os 32 melhores surfistas do mundo competem. Acumula dezenas de vitórias em circuitos amadores no estado do Rio de Janeiro. Foi três vezes campeão na Europa, duas vezes profissional e uma em circuito amador. É conhecido em Nazaré por ser um “mestre” em pilotagem de jet ski, tendo colocado Maya Gabeira na onda que lhe rendeu seu primeiro recorde Guiness. Além disso, é faixa preta de jiu-jítsu e empresário. Organiza dois eventos internacionais de ondas grandes na Galícia: o Illa Pancha Challenge e o Coruña Big Waves. Leitor voraz, inspira-se nas experiências de um grupo de amigos surfistas para escrever.

RESENHA

A obra de Éric fala sobre um jovem carioca que parte em uma jornada repleta de desafios em busca do seu sonho de se tornar um surfista profissional. Essa história incrível é contada por Éric Rebière, um atleta renomado por enfrentar corajosamente ondas gigantes. Além das empolgantes aventuras no mar, o livro também mergulha na realidade cotidiana de uma família que vive no subúrbio carioca durante a década de 1990. Através dos olhos do protagonista, Gabriel, testemunhamos sua adolescência e juventude, repletas de rivalidades constantes com seu irmão Alexandre. A educação que recebem do pai oscila entre o amor e a severidade, moldando suas personalidades e influenciando suas escolhas. A narrativa também explora as primeiras experiências amorosas de Gabriel, suas animadas saídas noturnas para os famosos bailes funks da região e a vivência no bairro, onde as regras de convivência são ditadas pela violência que permeia a área. Essas experiências contrastam fortemente com a realidade da Zona Sul, e o jovem protagonista observa essa disparidade durante suas incursões em competições de base.

Em sua jornada rumo ao sucesso no surfe, Gabriel descobre um novo mundo no meio desse esporte apaixonante. E, como se não bastasse, ele recebe um convite que lhe proporcionará uma experiência arrebatadora: uma viagem ao Peru, onde enfrentará ondas gigantes e aprenderá lições valiosas, ao mesmo tempo, em que se envolve em situações complicadas. O livro aborda a formação de Gabriel no subúrbio, bem como sua crescente paixão pelo surfe, o sonho de viver de competições, as rivalidades com outros competidores, as paixões à flor da pele, o anseio por mais uma onda, os problemas advindos com a inveja de outros competidores, o primeiro amor, dentre outras descrições acerca da vida do protagonista. A obra se consolida como um vento de frescor em meio ao calor, a escrita de Éric narra não apenas uma história de um surfista, mas também todo seu empenho em viver seu sonho e todos os flashs de felicidade que o tomavam pela expectativa de viver de seu sonho. Uma obra deliciosamente refrescante para os leitores aficionados por um ar puro em meio ao caos das metrópoles. 


Análise de Livro
Capa do Livro

Avliação geral

Surfista Carioca é um livro de contos ficítios que poderia facilmente falar sobre a vida de um garoto carioca qualquer. O autor transmite em seu seio uma série de descrições poéticas sobre as praias, ondas e sobre a ansiedade por mais uma onda. Gabriel é resiliente, forte e sonhador, sua busca é implacável, assim como seus desejos. O trabalho gráfico elaborado pela Sophia Editora torna o livro ainda mais mágico, nota-se que houve um cuidado com toda diagramação e com a finalização da obra. Certamente, esta obra é uma onda de frescor nos tempos calorosos que enfrentamos.

Comentários

[RESENHA #585] O primeiro indígena universitário do Brasil, de Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e Marcelo Sant'Ana Lemos


APRESENTAÇÃO

José Peixoto Ypiranga dos Guaranys viveu entre os anos de 1824 e 1873 e foi o primeiro bacharel indígena formado na Faculdade de Direito de São Paulo. Sua história e luta pelo direito de acesso ao ensino superior, que se inicia no Rio de Janeiro oitocentista, na outrora aldeia de São Pedro, numa Cabo Frio do século XIX, ressoa ainda na sociedade de hoje, quando o Brasil chega à celebração do bicentenário de sua independência de Portugal.

É o que mostram os historiadores Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e Marcelo Sant'Ana Lemos, que resgatam neste livro a instigante e complexa trajetória desse personagem.

Ypiranga dos Guaranys atuou como advogado, foi vereador e ocupou importantes cargos públicos em Cabo Frio e Macaé. Em São Paulo, foi colega de classe do escritor José de Alencar. Destacou-se por sua participação nos debates políticos, ideológicos e literários sobre os povos indígenas.

Esta é sem dúvida uma publicação de relevância para nossa historiografia, como destacam Maria Regina Celestino de Almeida e José R. Bessa Freire em seus textos introdutórios. A obra tem, entre outros, o mérito de mostrar a importância de se considerar a presença e participação indígena nos processos intrínsecos que ajudaram a construir o Estado e a identidade do povo brasileiro.

RESENHA


Moreira, Luiz Guilherme Scadaferri: O primeiro indígena universitário do Brasil: Dr. José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873) // Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira, Marcelo Sant'Ana Lemos. -- 1ed. -- Cabo Frio, RJ: Sophia Editora, 2022.

A obra o primeiro indígena universitário do Brasil, de Luiz Guilherme Scaldaferri e  Marcelo Sant'Ana Lemos é um relato histórico acerca vida e formação do primeiro indígena brasileiro a se formar na faculdade de Direito de São Paulo, em 1850, onde ingressou em 1846. A obra foi editada pela Sophia editora e consta com um trabalho gráfico editorial impecável, que torna a leitura ainda mais histórica, imponente e forte em seu propósito.

A obra se inicia com uma descrição breve do império ao qual o Brasil era comandado no ano entre 1840 e 1849, durante o reinado de D. Pedro II, que desenvolveu uma tarefa árdua de se  civilizar os povos não categorizados como civilizados ou hostis, uma tarefa complexa, mas ao qual acreditavam ser possível.

Ao longo do curso, reafirmou a sua identidade de indígena, ao mudar de nome para José Peixoto Ypiranga dos Guaranys. Após se formar, o “índio, cristão, ci-vilizado”, súdito e, agora, bacharel em direito se apresentava a serviço do impe-rador/Estado, o que lhe permitiu manter a família na elite política, econômica e social do Império. [Trecho do artigo O primeiro indígena universitário do Brasil]

A história de Ypiranga dos Guaranys é uma forma de desmontar a história do Brasil durante o processo e percurso de construção social da independência do Brasil, fomentando ainda mais a participação histórica do povo indígena durante todo este processo, com suas contribuições para a democracia, bem como para o desenvolvimento da pluralidade de povos e oportunidades que se sucederam a partir dai, uma vez que o mesmo encontrou durante o período de formação acadêmica alguns pontos que somaram de forma significativa em sua vida social e construção política, como, o bacharel e as constantes apresentações como representante do império, o que manteve sua família na elite, dentre outros feitos.

A colonização era uma forma de trazer os indígenas para a civilização, de acordo com um texto de Januário da Cunha Barbosa, esse feito se daria por meio do contato frequente dos povos com os homens brancos, como uma forma de miscigenar o povo em uma política constante de branqueamento, porém, os indígenas eram dotados de uma riqueza particular de vida, o que dificultava o trabalho de civiliza-los de forma satisfatória, ainda que o recurso buscasse uma miscigenação [mistura de raças], o processo encontrou alguns percalços. Os índios considerados uma raça inferior ameaçavam, segundo eles, o processo civilizatório e econômico do país, desta forma, foi-se necessário iniciar uma tática que permitisse uma integração deste povo de forma pacífica ou violenta. 



Detalhes da diagramação da obra 

Pouco se conhecia acerca dos índios e seu modo de vida, desta forma, era necessário traçar uma nova perspectiva que permitisse um estudo mais abrangente acerca das táticas tomadas para o processo civilizatório deste povo.

Desta forma através das linha de acontecimentos temporais:

[...] O ensino secundário acabou por ser influenciado pelo viés humanístico do ensino superior, sobretudo o do curso de direito, que era o mais procurado. No geral, ficou quase que restrito à iniciativa privada e, portanto, grande parte da população, sobretudo, das camadas mais baixas, estava excluída de qualquer instrução escolar (Ferreira Jr. 2010, p.33 e Romelli, 1986, p.39). (p.70) [grifos meus]

Desta forma, aprendeu alguns princípios gramaticais, geometria e o contato com o desenvolvimento da moral cristã que estava em voga, bem como a ideologia oficial do estado, o que o levou para São Paulo para o ingresso no curso de direito (p.75).

Aos 22 anos, Ypiranga dos Guaranys, matriculou-se na Faculdade de Direito. Durante os estudos, ele se envolveu ativamente no mundo acadêmico, onde se debatiam direito, política e literatura. O principal objetivo desse ambiente era fornecer uma educação clássica, voltada para a formação de bacharéis destinados a ocupar cargos políticos (p.74). Além das matérias específicas da área jurídica, o curso de Direito, assim como outros cursos superiores, também oferecia uma formação humanista, englobando disciplinas como filosofia e retórica. A maioria dos estudantes era composta pela elite da aristocracia agrária, que buscava garantir títulos de "doutores" em Direito para seus filhos.

Além do controle ideológico exercido pelo Estado sobre o curso, que envolvia o currículo, os programas das disciplinas e os livros adotados, havia ainda a presença de outra estrutura conhecida como padroado. Essa estrutura se manifestava na disciplina de "direito público eclesiástico", que abordava a institucionalização do cristianismo romano como religião oficial do Estado.

Em 1854, pediu a seu pai [Joaquim Rodrigues Peixoto] que solicitasse o ressarcimento dos gastos que teve com ele durante sua formação, o que foi o estopim para que se começassem os debates acerca da importância da formação acadêmica dos indígenas.

Todavia, podemos perceber como Joaquim Rodrigues Peixoto apresentava a sua família como 'civilizada', por meio da 'boa educação', e que tinha o dever de 'tutelar' os indígenas 'pobres', 'viciosos' e 'degradados', da antiga aldeia colonial de São Pedro rumo a 'civilização'. (p. 99)

Os dois pedidos mostram como os indígenas, de forma isolada / familiar (1854) ou como aldeados (1872), traçaram estratégias para obter ganhos. Para isso, precisavam ter amplo conhecimento da burocracia e finanças do Estado, uma vez que, dependiam de respostas dos mais alto níveis de administração imperial, provincial e municipal e do uso de recursos que estavam à sua volta - foros pagos à conservatória dos índios - para o pagamento das mensalidades dos cursos superiores, que eram todos particulares no Brasil Império (p. 99).

A obra também analisa toda árvore genealógica de Ypiranga dos Guaranys, desde seu pai à seus avós, bem como todos os proventos por ele herdado e todas as conquistas no meio jurídico e social, levando em consideração sua forte influência para enfatizar e levar ao foco público a importância do ingresso em cursos de nível superior aos indígenas. Os autores preocuparam-se em estabelecer uma linha cautelosa de acontecimentos que marcam todo o processo do contato e encontro entre os indígenas locais e o ideal da educação comum para todos.

O que podemos observar é que está obra é simplesmente histórica e necessária, que precisa ser lida por todos, para conhecimento e entendimento acerca do percursos adotados no meio acadêmico brasileiro dentro das fontes históricas, bem como o desenvolvimento de uma sociedade mais miscigenada, mista e única em propósitos civilizatórios arraigados à educação e na iniciativa de um povo por meio do processo de perfomance em prol do bem comum social coletivo.

Análise de Livro
Capa do Livro

Avliação geral

O primeiro indígena universitário do Brasil é um estudo apaixonante. A obra escrita por Scaldaferri e Sant'Ana Lemos é, certamente, uma das obras mais complexas acerca da vida e existência de Ypiranga dos Guaranys. O autor preocupou-se em estabelecer uma linha cronológica que possibilitasse ao leitor conhecer todos os caminhos da importância da história da persona, tornando a obra rica em detalhes e documentos históricos. Uma obra para usar como referência para futuras biografias pelo mundo, um zelo notável.

Comentários

[RESENHA #584] Cabistezas, causos do arraial, de Meri Damaceno



APRESENTAÇÃO

"Cabistezas — causos do Arraial” é obra de referência quando se pensa em resgate da memória de Arraial do Cabo. Sua primeira edição, publicada após 20 anos, nasceu de cuidadosa pesquisa empreendida pela memorialista Meri Damaceno, que passou meses à procura das histórias, lendas, personagens, linguajar típico e particularidades presentes no imaginário coletivo da cidade, outrora pequena vila de pescadores da Região dos Lagos e emancipada de Cabo Frio desde 1985. Agora o livro ganha novas cores, formas e traçados nesta reedição assinada pela Sophia, dentro da linha editorial "História, memória e patrimônio". Se constam nele registros sempre temperados com bom humor sobre bruxas, lobisomens e procissões fantasmagóricas — além de histórias sobre figuras impagáveis como Come-brasas, Fernandinho, Bôco, Bau e Tái, entre muitos outros —, é porque, parafraseando o personagem Chicó, de Ariano Suassuna, “só se sabe que foi assim”. “Cabistezas”, mais que livro, é um documento, certidão de nascimento, registro de identidade — um álbum de família de uma cidade inteira. 

Conta o pesquisador Leandro Miranda, no prefácio: "Quando li o 'Cabistezas' pela primeira vez, fiquei fascinado ao encontrar histórias e causos sobre o Cabo antigo, que vinham se perdendo ao longo do tempo. Eles foram resgatados com maestria por Meri, em um trabalho fantástico de pesquisa e entrevistas com os antigos cabistas. É importante lembrar que suas buscas foram feitas em uma época em que não havia as facilidades da internet, o que valoriza ainda mais  seu trabalho de memorialista. Ela saía com seu gravador de fita K7 atrás de rendeiras, pescadores e figuras históricas do nosso Arraial, sempre atrás de um bom causo. Assim foi construindo 'Cabistezas', como uma rendeira hábil e paciente vai trançando seus bilros."


RESENHA

Cabistezas é um livro de contos e memórias de causos da cidade de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, escrito pela escritora e memorialista local Meri Damaceno, o livro foi publicado através da editora Sophia em uma reedição primorosa com novas cores, design e diagramação que separam de forma majestosa a divisão dos fatos, sendo eles:

1. Povo Cabista e suas histórias famosas;

2. Depoimentos;

3. Escreveram sobre o Arraial;

4. Curiosidades Cabistas;

5. Poesias e canções Cabistas;

6. Onde há redes há rendas;


Arraial do cabo é conhecida pelo Brasil todo por suas histórias, lendas locais, além da beleza exuberante de sua cidade. Nesta obra, Meri debruça-se à narrar os mais variados fatos e histórias que percorrem os anos da cidade, todos repletos de muita mitologia local e/o acontecimentos reais que marcaram e marcam os locais e os visitantes que buscam desbravar suas terras.

O livro se inicia com a história conhecida de um morador local chamado Quinca Félix, mais conhecido como Tenente come-brasa, tropeiro local encarregado de levar peixe salgado para as cidades da região. Em dado momento, tenente come brasa, embriagou-se e decidiu se passar por outra pessoa, enviando um telegrama à sua família narrando sua própria morte (que coisa, não?), porém, seus burrinhos acabaram levando seu corpo novamente para porta de sua casa. Esse causou ficou tão conhecido que tornou-se um poema local:

E todos prestem atenção na morte de come brasa, quando veio o telegrama direto para a sua casa, a prantinha foi tão grande, o povo não perdeu vaza, as mulheres rezando pela alma de come brasa [...] (p.36).

Todas as histórias, ou quase todas, são carregadas de simbolismo e humor, a grande maioria narra acontecimentos verídicos locais, como a história o peru de Félix (p.89). Félix era recém chegado na cidade, como não dominava a arte da pesca, Félix decidiu abrir um comércio, onde a grande maioria de seus compradores, comprava apenas fiado. As dividas eram contabilizadas utilizando grãos de milho em uma garrafa de vidro, para que assim, pudesse controlar os haveres à serem cobrados da população devedora. Certa vez, reuniu três vidros de milho e foi cobrar de um de seus maiores devedores, Jejo, que acabou por aniquilar sua dívida, quando decidiu jogar todo o milho para as galinhas, para assim, não realizar o pagamento de suas dívidas.

Félix ficou conhecido por ter levado este calote, e de alguns gringos que apareceram prometendo pagar grande quantia, porém, ao levarem o peru, o pagamento ficou pendente, e ele nunca mais viu os gringos, nem mesmo o peru.

Algumas histórias fazem parte da constituição geral da cidade, ficando marcadas pelos mais variados motivos, como por exemplo, a história do alfaiate (p.100), que era um senhor chamado Amaro, que tinha uma alfaiataria, porém, jamais conseguira vender uma peça sequer, o que lhe causou grande raiva, fazendo-o se livrar de todos seus manequins, jogando-os no mar. Alguns pescadores encontraram as nuances dos manequins no mar e pensaram ser grandes peixes. A notícia se espalhou rapidamente, causando grande alvoroço entre os pescadores que saíram em busca dos tais peixes, que jamais foram encontrados, apenas os manequins. A história não conta, mas possivelmente, devem ter causado grandes momentos cômicos locais.

A obra também desdobra-se em descrever lendas locais, algumas, extremamente chocantes que mal podemos imaginar acontecendo de forma real e palpável, como ocorre com a lenda o bicho-mamãe (p106), que narra um episódio de um filho que decidiu amarrar sua égua horas antes de ir para um baile, porém, ao notar a sede do animal, a mãe decidiu soltar o bicho, que desapareceu, causando grande raiva no filho, que decidiu usar sua mãe como égua para chegar até a festa, usando esporas em sua mãe montando em suas costas. A mãe, obviamente, faleceu com o ocorrido e amaldiçoou o filho, que como resultado, torna-se diariamente, sem descanso, um animal à correr pelas noites sem descanso, ora cachorro, ora cabra, ora qualquer coisa do tipo.

Há de se mencionar também a lenda dos porcos fantasmas (p.117), onde o povo conta que Walter, um homem que voltava à cavalo pela praia, deparou-se com porcos correndo ao seu encontro, sem conseguir correr muito, decidiu jogar uma faca ao chão, e os porcos desapareceram na hora, ele então desmaiou e acabou sendo encontrado no dia seguinte por pescadores locais.

O livro de Meri Damaceno é uma daquelas obras que figura-se como indispensável para compreensão da história local, daqueles dignos de se tornarem essenciais e indispensáveis como um monumento à se ser preservado. O livro é carregado de bom humor e histórias intrigantes acerca de histórias contadas por moradores locais, todas bastante difundidas e cercada de mistérios. A reedição da editora Sophia enalteceu esta obra ainda mais rica em detalhes e descrições. Um livro para se ler em uma única sentada.

[RESENHA #528] Odisseia erótica, de Bento Verboto


Bento Verboto é o pseudônimo da autora Umbra.


A odisseia é caraterizado por uma viagem marcada por eventos imprevisíveis, e na voz e definição do autor, ela é a chance que temos de nos reinventar em meio à mudança. Esta obra é um emaranhado poético que caracteriza e elucida em suas páginas sentimentos que afloram em meio ao encontro e desencontro de almas, do sexo e da falta dele, do desejo e do sentimento tudo por meio do desejo e de uma narrativa que provoca-nos diferentes sensações, pois ela nos aborda em diferentes óticas e perspectivas dos encontros e dos amantes que conquistamos ao longo da nossa vida.

Das características da obra, duas delas merecem destaque: os poemas possuem link de músicas que complementam a leitura, o que torna tudo mais pessoal e garante uma experiência única, trazendo a tona os sentimentos que, certamente, ocasionaram na escrita desta obra. Outro ponto interessante é a possibilidade de ler o livro de trás para frente, como em uma joga de vira-vira, ou seja, é possível abrir o livro por ambas as capas e realizar a leitura, uma vez que ambas contemplam uma série de poéticas.

O livro, como revelou o autor em nota, é sobre as dores insuportáveis e suportáveis sofridas por grandes amores e por ilusões amorosas, todas marcantes.

Ele

era sobre ele

a falta dele

o medo dele

A música que toca 

E eu fujo

Dele

de tudo o que envolva

Ele

(p.226)


Algo interessante de se observar é que à depender da parte lida do livro (capa frente-verso) os sentimentos se diversificam, a impressão que temos é que de um lado somos apresentados à uma mistura de sentimentos em meio à paixão, já do outro, somos contemplados com a visão amadurecida do processo do amor, repleto de reflexões que trazem a tona uma série de encontros com o passado e as pazes com o presente. Uma tática magistral.


Das terras que cruzei

Em poucas já botei

O pé

E habitei de verdade

somente em mim

(p.163)


Fala-nos sobre lembranças:


Eu estive me observando nos espelhos das ruas

Nos reflexos da cidade

Agora estou escondido no seu quarto, pelos meus textos que você guardou.

Queime minhas cartas como o sol queimou minha pele

Você me machucou de qualquer maneira.

Era uma questão de tempo para que alguém se ferisse.

Me observo, mas não sei se te vejo.

sou eu mesmo?

(p.126 em incorporando afetos)


...de saudade


Ainda tenho a sensação 

de sua boca mordendo o meu pescoço

e todos os jogos que você gosta

mãos em torno do meu corpo

senti que estava sozinho de novo

coloquei você num altar:

criei fantasias e fetiches de amor

(p.113 em meu corpo)


...do despertar


O amor não surge, e a gente culpa

nossos corpos de não terem química,

quando toda essa nossa biologia era só na teoria.

(p.100 em a noite na minha cabeça)


Bento Verboto é profundo em todas as suas nuances, sua escrita nos rasga de dentro para fora em distintas regiões, seus escritos penetram a carne e o íntimo do leitor, parte em direções opostas e múltiplas e nos convida à viver e vivenciar sua dor, seu gozo, suas paixões e sua evolução.

Um livro feito para quem ama poesia e reflexões profundas sobre amores e desilusões.

[RESENHA #527] Flow por grafia, de Taz Mureb

Flow por grafia não tem definição, não tem forma, é um livro livre que não se encaixa em um padrão normativo de publicação, mas se diferencia de tudo e todos em poética e sinestesia. Taz Mureb, trouxe em suas páginas um misto de tudo o que acredita e luta em vida em suas músicas. Artista do rap, a escrita da autora caracteriza-se por ser multifacetada, há aqui, ausência de forma predominante, mas mistura-se entre todas suas escritas um misto de poesias, poemas, cartas, confissões e músicas, tudo poeticamente alinhado à uma diagramação repleta de ilustrações que casam-se em passos lentos ao propósito da narrativa: mostrar quem é Taz Mureb.

Flow por grafia é uma obra que fala por si só, suas páginas, repleta de poesias e poemas de parachoque de caminhão, caminham-se e se somam com uma diagramação que transmite a mensagem de imposição e imponência, há aqui força e bravura. Páginas com destaque em vermelho, poesias e poemas que transitam entre um capítulo e outro e um emaranhado poético construído dentre os inúmeros gêneros que conversam entre si na construção de uma unidade de sentido ampla e única.

Sua obra nos convida a pensar sobre a vida, realizações, sonhos e acaso. A cada página uma nova reflexão, um novo questionamento e uma nova posição. Você estaria pronto para enfrentar de frente as verdades que a vida impõe ou você só caminha e espera que a vida lhe explique?


A vida sabe melhor do que nós mesmos o que é melhor para nós

A questão é: você aceita os caminhos da vida?

ou vive na ilusão de achar que tem

controle e atrapalha todos os planos?

[...])(p.18)


dinheiro move o mundo, mas não se mova só por dinheiro (p.41)


e algumas provocações doem na alma:


Certos tipos de

Felicidade são muitos específicos.

Tem gente que só vai ser feliz

depois que morrer [...](p.53)


e outros nos convidam à entender que somos dotados de limitações:

Sou apenas a metade de um todo

Uma parte de algo em constante evolução

Assim consigo ser algo mutável movimento

Que se transforma por e para você

Sendo a metade consigo ser inteiramente aquilo que quis ou sonho de tudo o que deveria ser

[...](p.107, em apenas metade)


e outras nos fazem refletir sobre nossa condição:


O valor da vida não pode ser

sentido individualmente.

Nós somos apenas peças do jogo

A gente só entende

a parte que participamos.

Não sabemos qual é o fim da partida

O verdadeiro valor da vida

só se entende coletivamente

[...](p.135 em colombina de maio)


Taz consegue transmitir muito mais que apenas uma escrita, ela transmite sentimento e vida em suas letras e palavras. Seu dom transmite reflexão e afrontamento de ideias que nos fazem pensar sobre nossa vida, limitações e sobre nós mesmos e nossa conduta. Uma obra poética repleta de vida.

Um livro que fala por si, indicado para todo bom leitor, filósofo ou para amantes de uma poesia pungente e reflexiva.

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