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[RESENHA #682] O pior dia na história de Wall Street, de Diana B. Henriques


APRESENTAÇÃO

Apelidado de “Segunda-Feira Negra”, o dia 19 de outubro de 1987 foi de longe o pior da história de Wall Street. O índice Dow Jones, um dos principais indicadores do mercado financeiro dos Estados Unidos, caiu chocantes 22,6%, declínio percentual quase duas vezes maior que o do pior dia da crise de 1929. Nem mesmo os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o crash de 2008 e a decretação da pandemia de Covid-19 em 2020 causaram baque tão grande nos índices da Bolsa de Valores norte-americana em um único dia.


Os especialistas não são unânimes quanto ao motivo que levou à desvalorização tão brusca, mas concordam que novos protagonistas, como o uso de ferramentas computadorizadas nas negociações financeiras e o comportamento de manada, deram origem a um novo tipo de crise, que ainda ameaça a sobrevivência do mercado financeiro como o conhecemos hoje.

Partindo de extensa pesquisa e dezenas de entrevistas exclusivas, Diana B. Henriques conta uma história de oportunidades perdidas, ilusões de mercado e ações destrutivas que envolveu desde um escândalo na cotação da prata em 1980 até o papel das agências reguladoras de Washington, passando pela rivalidade entre as bolsas de Chicago e Nova York. Com o desenrolar dos acontecimentos, não foi possível evitar o iminente colapso do mercado, mesmo após heróis inesperados se colocarem na linha de frente para evitar desastre ainda maior.


Mais de trinta anos se passaram e investidores, reguladores e banqueiros parecem ignorar as lições de 1987, mesmo quando os sinais se repetiram de forma assombrosa, como na crise financeira de 2008. O pior dia da história de Wall Street apresenta esse episódio como uma forma não só de analisar os erros do passado, mas de alertar para a repetição deles.


RESENHA

O pior dia na história de Wall Street é um livro essencial para qualquer pessoa interessada em compreender as causas e consequências da crise financeira de 1987. A autora, Diana B. Henriques, é uma jornalista financeira premiada que oferece uma narrativa abrangente e informativa do evento.


O livro começa com uma descrição da segunda-feira Negra, o dia em que o Dow Jones caiu 22,6%, o maior declínio de um dia na história de Wall Street. Henriques então traça o caminho que levou a este evento, examinando as várias crises menores que o antecederam.


Ela mostra que a segunda-feira Negra foi o resultado de uma confluência de fatores, incluindo:


1. A desregulamentação do mercado financeiro na era Reagan, que levou a rápidas inovações financeiras com consequências imprevistas.


2. A adoção de novas tecnologias de negociação, que permitiram que as transações fossem executadas mais rapidamente e com menos supervisão.


3. O aumento da dominância dos investidores institucionais, que tomaram decisões baseadas em modelos matemáticos complexos.


Henriques também examina a resposta do governo e dos reguladores à crise. Ela argumenta que as autoridades foram lentas e ineficientes em sua resposta, e que as medidas que tomaram foram insuficientes para prevenir um colapso ainda maior.


O livro é escrito em um estilo claro e acessível. Henriques usa uma linguagem simples para explicar conceitos complexos, e ela evita jargões financeiros. Ela também fornece um contexto histórico valioso para a crise, mostrando como ela se relaciona com eventos anteriores e posteriores.


O pior dia da história de Wall Street é um livro importante que oferece uma visão perspicaz sobre uma das crises financeiras mais significativas da história. É uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que deseja entender as causas e consequências deste evento e aprender com os erros do passado.


O livro é um trabalho de pesquisa abrangente e bem escrito que oferece uma compreensão profunda da crise financeira de 1987. Henriques fornece uma visão equilibrada dos eventos, examinando as causas e consequências da crise de uma perspectiva histórica. O livro é uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada em compreender este evento importante.


O livro é um lembrete de que as crises financeiras são eventos complexos que podem ser causados por uma variedade de fatores. Ele destaca a importância da regulamentação do mercado financeiro para prevenir crises futuras. Ele também fornece uma visão perspicaz sobre a natureza dos mercados financeiros e a maneira como eles podem ser vulneráveis ​​às crises.


A pesquisadora publicou um estudo abrangente sobre um período crítico de 20 anos na história da indústria financeira. Ela argumenta que uma mudança fundamental ocorreu nesse período, com os mercados passando de um sistema voltado para os investidores individuais para um dominado por corporações gigantes. Essas corporações negociavam por conta própria, usando algoritmos de computador complexos e processadores de alta velocidade.


O estudo também fornece um relato detalhado das semanas que se seguiram ao crash de 1987. Henriques descreve as diferentes reações dos participantes do mercado, incluindo o choque, a negação e o pânico. Ela também destaca a importância da “rede de confiança, coragem e improvisação” que ajudou a evitar um colapso ainda maior.


A pesquisa de Henriques é um estudo importante sobre a evolução dos mercados financeiros. Ela fornece uma análise perspicaz das forças que levaram ao crash de 1987 e à crise financeira de 2007-8.

[RESENHA #681] Meditações, de Marco Aurélio

APRESENTAÇÃO

Conjunto de doze livros escritos originalmente em grego entre os anos 170 e 180, trata-se de diários repletos de anotações, aforismos, citações célebres e reflexões pessoais de um homem preocupado em encontrar a maneira mais correta de viver em sociedade e de acordo com a própria consciência.

O estoicismo, escola filosófica que Marco Aurélio integrava, preconiza a felicidade principalmente por meio do autocontrole e do autoexame ― faculdades que estão ao alcance de todos nós. A paz interior e o bem comum são possíveis mesmo diante das adversidaes, mas, para tal, é preciso equilíbrio, humildade e serenidade ― virtudes que podem ser conquistas pelo exercício da razão, a capacidade humana mais incrível de todas.

Seja no século 2 ou no 21, o mundo sempre apresentou desafios, guerras, discórdia, traições e corrupção de valores. Alguns indivíduos, no entanto, lutam bravamente para o aprimoramento do espírito, e o imperador-filósofo Marco Aurélio está nesse ilustre rol.

Meditações é um guia prático e filosófico para aqueles que desejam encontrar a felicidade e a paz interior, o bom convívio social e um mundo mais justo e harmonioso. Esta edição da Paz & Terra conta com prefácio inédito do historiador, professor e um dos maiores intelectuais brasilieros da atualidade, Leandro Karnal.

Uma aventura através de um clássico e em prol do bem viver.

RESENHA

Lúcio Aurélio Antonino Maximiliano, em latim Lucius Aurelius Antoninus Maximilianus, nasceu em 26 de abril de 121 e faleceu em 17 de março de 180, tendo sido imperador de Roma de 161 a 180. Foi um dos governantes de Roma conhecidos como os cinco notáveis imperadores e o último imperador da Pax Romana.

O período de governo de Lúcio Aurélio foi marcado por conflitos militares. No Oriente, o Império Romano enfrentou com sucesso um Império Parta revitalizado e o Reino insubordinado da Armênia. Lúcio derrotou os Marcomanos, Quados e Sármatas nas Guerras Marcomânicas; no entanto, esses e outros povos germânicos passaram a representar uma ameaça preocupante para o Império. Acredita-se que a perseguição aos seguidores do cristianismo no Império Romano tenha aumentado durante seu reinado. A Peste Antonina irrompeu em 165 ou 166 e causou uma devastação na população do Império Romano, resultando na morte de cinco milhões de pessoas.

Reflexões foi escrito em grego Koiné, intitulado Τὰ εἰς ἑαυτόν, literalmente "coisas para mim mesmo", é uma série de 12 volumes em que Lúcio Aurélio registra suas anotações pessoais sobre o estoicismo como fonte de orientação e autodesenvolvimento. Lúcio Aurélio enfrentava desafios, conspirações e obstáculos durante o dia, e à noite se entregava a uma profunda reflexão e registrava suas anotações pessoais antes de dormir.

O estilo de escrita que permeia o texto é simplificado, direto e reflete a perspectiva estoica de Lúcio, que não se considerava parte da realeza, mas sim um homem entre outros homens, permitindo ao leitor se relacionar com sua sabedoria.

Um tema central das reflexões é a importância de analisar o julgamento de si mesmo e dos outros em uma perspectiva cósmica. A aceitação da morte e a discussão sobre a existência ou não de uma divindade são temas recorrentes em todo o livro.

É relevante explicar o termo "daemon", amplamente utilizado ao longo do texto. Daemon (em grego δαίμων) pode ser traduzido como “divindade” ou “espírito”. O termo em latim é daemon, que deu origem à palavra em português “demônio”.

Algumas das citações mais marcantes da obra:

1. Do meu avô Verus [aprendi] bons costumes e a controlar o meu temperamento.

3. Com minha mãe, aprendi a devoção aos deuses, a generosidade e a abstinência, não apenas de más ações como também de maus pensamentos, além do estilo de vida simples, muito distante do excesso dos ricos.

10. Com Alexandre, o Gramático, a abster-me de encontrar defeitos e não repreender aqueles que proferiram barbarismos, solecismos ou expressões estranhas, mas introduzir de modo hábil na minha reposta ou confirmação a expressão que deveria ter sido empregada, ou propor alguma outra sugestão adequada, ou ainda investigar a coisa em si e não a palavra.

13. Com Catulo, a não ser indiferente quando um amigo faz críticas, mesmo quando essas são infundadas, mas a tentar fazer com que ele recupere sua disposição habitual. E a estar pronto para falar bem dos professores, como faziam Domício e Atenodoto, e a amar meus filhos com sinceridade.

4. [parte 2] lembra-te de quanto tempo adiaste tais coisas e quantas vezes recebeste uma oportunidade dos deuses, e ainda assim não a usaste. Deve perceber finalmente de que universo fazes parte e de que administrador universal tua existência fluiu. Um tempo limitado foi designado para ti. Se não fizeres uso dele para dissipar as nuvens de tua mente, ele passará, tu partirás, e não haverá uma segunda chance.

15. [parte 2] ''Lembra-te de que tudo é opinião'' é manifesto esse dito cínico Mônimo. É manifesta é também utilidade do que foi dito, desde que se compreenda o cerne daquilo o que foi dito.

2. [parte 4] Que nenhum ato seja feito sem propósito, nem de outro modo que não seja de acordo com os princípios perfeitos da arte.

17. [parte 4] Não ajas como se fosse viver dez mil anos. A morte paira sobre ti. Enquanto viveres, enquanto estiver em teu poder, sê bom.

27. [parte 4] Seja o universo bem-organizado ou um amontoado de caos, ele permanece sendo o universo. Mas seria possível haver determinada ordem em ti e a desordem no Todo. E sendo tudo de tal forma separado, difuso, simpático?

O AUTOR

Marco Aurélio Antonino Augusto (121, Roma/Itália – 180, Vindobona/Aústrai) foi um imperador romano, filósofo e escritor, sendo último grande expoente do estoicismo. Seu único livro, Meditações, foi escrito como um diário de autoaperfeiçoamento, e não se sabe se havia intenção de torná-lo público. Marco Aurélio é considerado no Ocidente um dos “Cinco Bons Imperadores”, símbolo magno da Era de Ouro do Império Romano. Após a sua morte, Roma mergulhou rapidamente em declínio.

[RESENHA #680] Até a última gota, de Danilo Brandão

APRESENTAÇÃO

Até a última gota é um livro-performance. As quatro narrativas que compõem a coletânea se encontram no conflito entre os dramas pessoais de seus protagonistas e os problemas que estão na ordem do dia da sociedade. Temas como desigualdade social, crise dos refugiados, machismo e transfobia se cruzam com questões intimistas como o luto, desejo e rancor. Portanto, aqui, o leitor encontrará mais do que apenas boas histórias.

Ele(a) vai encontrar estruturas inteligentes que desafiam visões bidimensionais do mundo. São narrativas densas, por vezes delirantes e vertiginosas, que buscam capturar o caos de uma sociedade sempre a ponto de explodir. Afinal, como se acalmar em um mundo com tantos temas urgentes? Um bom ponto de partida pode estar na leitura dessas histórias.

RESENHA

Até a última gota é um livro de ficção escrito pelo autor e jornalista brasileiro Danilo Brandão. O livro possui como foco uma narrativa contemporânea que visa trazer de forma clara as nuances descritas na prosa atual, apresentando uma narrativa lúdica acerca das vivências cotidianas de seus personagens centrais. As histórias abordam temas diversos e alternam entre as problemáticas e a frequência dos fatos que se tornaram comuns no Brasil nos últimos anos: machismo, transfobia, medo, insegurança e oportunismo. A prosa criada pelo autor é repleta de bom gosto, com intercalações pontuadas e classificações que nos lembram José Saramago - embora, mesmo assim, não negue a influência de outros autores - transformando o enredo em uma verdadeira via de mão dupla ao narrar os acontecimentos de forma crua e lúdica.

A obra se desdobra entre passado, presente e futuro, narrando com deslocamento de frases e contexto, o que requer uma leitura mais atenta do leitor que pode facilmente se perder da narrativa, uma vez que a escrita utiliza um recurso próprio de amostragem de acontecimentos, transmitindo através das pontuações (ou da ausência delas) os sentimentos de euforia dos personagens, criando uma atmosfera de vislumbre entre as críticas aguçadas e introspectivas em seus enredos.

O primeiro conto narra a vida de um repórter que carrega o fardo de sua mãe e decide realizar uma visita até a cidade de Roraima para cobrir uma matéria no jornal local sobre uma série de pessoas em situação de desabrigo, deixadas à própria sorte na rodoviária central da cidade.

O segundo conto, homônimo ao título da obra, conta a história de um personagem trans que reflete sobre questões sociais do livro “Ilíada” enquanto transita nas linhas de um metrô. Durante o percurso, o personagem encontra uma figura conhecida de seu destino e a partir daí, inicia-se uma série de reflexões sobre vida, preconceito, masculinidade tóxica e abandono parental.

O terceiro conto narra a história de um porteiro de uma clínica de reabilitação para viciados em drogas. A narrativa faz críticas severas ao apoio e assistência recebidos pelos internos, assim como ao oportunismo empregado pelos colaboradores do local, que, em sua essência, abusam continuamente dos residentes. Há vários pontos interessantes neste conto, a maioria deles ligados ao abandono familiar das vítimas dos vícios, bem como aos pensamentos e preconceitos enraizados na busca pela ressocialização. É claro que a obra aborda outras nuances críticas sociais, mas as mais evidentes estão relacionadas à internação e às problemáticas decorrentes de um local tomado pelo caos e abandono.

Em síntese, a obra do autor Danilo Brandão nos convida a refletir acerca do existencialismo e da pluralidade de acontecimentos que não são enxergados no Brasil. Histórias de abandono, ausência de oportunidades, vícios, transsexualidades, medo e inseguranças são pautas frequentes elaboradas pelo autor. Um livro contemporâneo carregado de energias críticas e simbólicas do retrato do Brasil que só se é enxergado por quem possui olhos atentos para a sociedade.

[RESENHA #679] Acorrentada pela mente, de Claudia Carvalho

APRESENTAÇÃO

Ser filha de uma portadora de doença psiquiátrica, além de não ser bom, traz muito sofrimento. Não é bom, porque você não pode contar com a mãe em nenhum momento, pois ela quem precisa de ajuda. Traz sofrimento, além de sensação de abandono, rejeição e, como se não bastasse, ainda tem o preconceito em todo lugar que você passa. Preciso destacar que os rótulos que recebi foram duros de aguentar, como: Aquela ali é a filha da doida; Claudia tem duas caras; Nossa, que gênio difícil a Claudia tem!; Será que ela é doida igual à mãe dela?

Sentia-me diferente o tempo todo e ficava com muito medo de ter herdado o transtorno afetivo bipolar que ela tinha. Minha mãe biológica não está mais entre nós, ela se foi aos 58 anos de idade e eu sinto muito, porque só agora percebo a dimensão do peso que ela carregava nos ombros. 

Espero profundamente que essa obra literária desperte pessoas que ainda não se atentaram para esse e outros transtornos que dificultam a vida, como, manter um relacionamento, permanecer num emprego, preservar amizades. Hoje me trato com psiquiatra, hipnoterapia, medicamentos, meditação e, a melhor parte, aprendi a me amar e a cuidar daquela criança que ficou abandonada lá atrás. Garanto que este livro irá te surpreender! 

RESENHA

Acorrentada pela mente é um livro biográfico escrito pela autora e jornalista capixaba Cláudia Carvalho, lançado através do selo Voe da Editora Flyve. O livro apresenta como proposta a exposição dos acontecimentos na vida da autora em relação à doença mental da mãe.

Já no primeiro capítulo a autora aborda sobre como sua mãe quase a abortou enquanto ainda estava internada em um manicômio, apresentando quadros graves e diversas tentativas de acabar com a gestação. A introdução é realizada em poucas linhas, sem grandes detalhes ou proporções, com uma apresentação trabalhada com poucos detalhes e pouco foco, o que não fomentam maiores esclarecimentos acerca deste período.

A narrativa segue uma ordem não-linear abordando temáticas sobre um episódio em que sua mãe tentou jogá-la de uma ponte para se afogar em um rio próximo, um episódio de hepatite A causados pela contaminação (e talvez ingestão) de água poluída por na época morar próximo de um ribeirão, abusos sexuais sofridos por parentes, depressão na primeira gravidez, a fome e os problemas decorrentes da ausência de apoio, auxílio ou socorro, o pai desconhecido, os períodos difíceis com os apelidos que as pessoas lhe davam pela condição de sua mãe, dentre tantos outros.

Por mais que obras biográficas sejam em sua essência impactantes, acredito que, a autora descreveu sua história com pouco foco e trabalho. As histórias de desenlaçam na mesma proporção e rapidez com as quais se diluem, não há um trabalho introdutório de cada episódio em sua vida, tudo é jogado ao ar de forma desmedida e sem nenhum empenho descritivo acerca dos períodos, talvez, por ausência de lembranças, pela pouca idade durante os períodos difíceis em sua vida, pela infância tomada ou por qualquer ausência de esforço de pesquisa que fomentasse grandes debates e descrições dos acontecimentos.

Ainda que a doença da mãe seja o ponto principal da narrativa, a obra em si, fala basicamente sobre a vida da autora e do impacto da doença da mãe em sua vida. Ela descreve períodos difíceis para lidar com os acontecimentos, tornando assim, o acontecimento central secundário, uma vez que toda noção de dor e sofrimento da mãe é basicamente eliminada, não havendo assim, noção da filha em relação à dor da mãe, criando assim, uma teia de acontecimentos que sempre retornam ao ponto de loucura da mãe, colocando-a como vilã e causadora de todos os problemas, uma vez que, um problema mental a impedia de participar da vida da filha como noutros lares.

A descrição chave da obra não está nos capítulos, mas na descrição da obra, quando a autora cita: Ser filha de uma portadora de doença psiquiátrica, além de não ser bom, traz muito sofrimento. Não é bom, porque você não pode contar com a mãe em nenhum momento, pois ela quem precisa de ajuda. Traz sofrimento, além de sensação de abandono, rejeição e, como se não bastasse, ainda tem o preconceito em todo lugar que você passa.

O que podemos perceber é que não, a autora não herdou a doença da mãe, apenas se afundou profundamente em uma depressão tomada por lembranças horríveis de seus períodos com sua mãe e as dificuldades da vida, o que a fez buscar ajuda e auxílio para retomar sua vida.

Uma obra interessante para uma leitura rápida, mas há diversos pontos que necessitam de uma repaginação, talvez, numa segunda edição com mais afinco, detalhes e confissões mais descritivas.

A AUTORA

Claudia Carvalho, 49, reside atualmente em Piúma, litoral sul do ES; é mãe de dois filhos, graduada em Letras/Língua Portuguesa-Literatura, amante da natureza, dos livros e apaixonada por uma boa conversa entre familiares e amigos.  Filha primogênita, criada por sua avó materna, em Guaçuí, sul do ES, devido sua mãe biológica apresentar, ainda na gestação, problemas psiquiátricos graves, Claudia teve uma infância e adolescência não muito fáceis. Filha de um pai desconhecido, fato que a incomodava muito na juventude e vida adulta também. Tudo sempre foi muito difícil de compreender. Mudanças constantes no humor, que a levavam ao fundo do poço e a traziam à superfície em longos ou curtos espaços de tempo.  Neste livro a autora fala sobre os momentos mais difíceis que marcaram sua alma. Aqui, nestas linhas, talvez você, leitor(a), se identifique com alguma situação e passe a se ajudar ou ajudar alguém que conheça com uma história parecida.   

[RESENHA #678] Sociologia da educação, de Nelson Piletti


O que a Sociologia tem a ver com a educação escolar? Muito! Pois a escola não está isolada em relação à comunidade e à sociedade em que está inserida. A escola é, até certo ponto, reflexo das condições e das exigências estabelecidas pela sociedade, em seu sentido mais amplo, e pela comunidade, no mais restrito. Por outro lado, no interior da escola, multiplicam-se os grupos sociais, formados por todos os agentes do processo educacional, que têm enorme influência sobre a educação e o comportamento dos alunos. Com linguagem acessível, Nelson Piletti estimula neste livro a reflexão sobre esse entrecruzamento de relações que se estabelece entre a sala de aula, a escola, a comunidade e a sociedade. O autor apresenta a contribuição da Sociologia da Educação por meio de dois aspectos: o teórico, de conhecimento da realidade educacional, e o prático, de mudança para melhor dessa mesma realidade a partir desse conhecimento. Além disso, no final de cada capítulo, traz textos complementares e questionamentos que se constituem em estímulo à pesquisa, à reflexão e à discussão.

RESENHA


Em sociologia da educação, o professor e autor Nelson Piletti estuda a importância de compreensão do círculo social em sala de aula para uma compreensão mais assertiva acerca da sociedade, como instrumento de fomento dos fenômenos na aprendizagem em detrimento das particularidades de cada aluno.

A obra desvencilha em seus capítulos a importância de se conhecer e estudar os reflexos particulares dos efeitos da sociedade e das comunidades na vida do aluno. Para tal, o professor fornece ferramentas acessíveis de estudo que viabilizem concisamente a interpretação dos sinais do aluno em suas dificuldades latentes em sala de aula, para que assim, torne-se, de forma facilitada, a compreensão real das problemáticas que refletem significativamente no desempenho do aluno nos processos de aprendizagem. O autor também estuda como se dá o processo de organização e hierarquização da sala de aula entre professor e aluno, criando, assim, discussões acaloradas do papel do profissional da educação no centro do seio do ensino em sala de aula.

Para que se torne facilitada a compreensão das realidades, o livro também carrega em si um capítulo dedicado a suprimir o isolamento do aluno, criando assim, um ambiente de cooperação entre alunos e o professor, para que assim, todos possam se inteirar e participar concisamente na aprendizagem do conteúdo por meio da participação mútua, isso pode ser elaborado de forma categórica mediante trabalhos de grupo ou numa simples disposição das cadeiras em sala de aula para uma maior participação e controle do aprendizado por meio da figura do profissional ao centro da sala, que assim, controla de forma mais assertiva a participação de todos os envolvidos em seu campo de visão.

Em síntese, a obra fornece detalhes e estudos que fomentam uma participação maior do professor, não apenas na ministração da aula propriamente referida, mas também na participação e observação dos fenômenos sociais em sala de aula e das diferentes visões e realidades presentes no seio escolar.

O estudo de sociedades com culturas diferentes desempenha um papel importante na análise sociológica. Ao compreendermos como diferentes culturas se reproduzem e educam seus indivíduos, podemos obter uma visão mais abrangente dos processos estruturais que compõem a educação na totalidade. A sociologia da educação é uma extensão da sociologia que se dedica a estudar a realidade socioeducativa, permitindo aos pesquisadores compreender que a educação ocorre no contexto da sociedade, e não apenas na sala de aula. Isso caracteriza a relação entre ser humano, sociedade e educação, explorando diferentes teorias sociológicas.

A sociologia da educação teve suas bases estabelecidas por pensadores como Marx e Engels, que discutiram o surgimento dessa disciplina em capítulos específicos de suas obras. Eles relacionaram a educação à produção, analisando as sociedades de sua época. Suas concepções surgiram durante a Revolução Industrial, quando propuseram a ideia de uma educação politécnica, que combinava a instituição escolar com o trabalho produtivo. Eles acreditavam que essa relação poderia ser um poderoso meio de transformação social.

O AUTOR
Nelson Piletti é graduado em Filosofia, Jornalismo e Pedagogia; mestre, doutor e livre-docente em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); ex-professor do ensino fundamental e médio; ex-professor de Sociologia do ensino médio e superior; professor aposentado do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da Faculdade de Educação da USP. Pela Contexto, é autor do livro Aprendizagem: teoria e prática, além de coautor de O Brasil no Contexto 1987-2017; Dom Helder Camara: o profeta da paz; Psicologia do desenvolvimento; Psicologia da aprendizagem; História da educação; Principais correntes da Sociologia da educação e Sociologia da educação: da sala de aula aos conceitos gerais.

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