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Resenha: A linguística hoje: Múltiplos domínios, contexto e paradigmas, org. Gabriel Ávila Othero e Valdir do Nascimento Flores

Foto: Arte digital / divulgação

APRESENTAÇÃO

A linguística é um campo amplo e complexo. Mesmo com o interesse comum pela linguagem humana, não existe uma única maneira de se fazer linguística. Os objetos de estudo e as perspectivas escolhidas para abordá-los são muito diversos. Esta obra, escrita principalmente para estudantes da área, traz um panorama inédito, atual e abrangente da linguística contemporânea. De caráter introdutório, o volume está organizado de modo a abarcar todos os grandes vieses de investigação (o social, o biológico, o formal, o cultural, o tecnológico, o aplicado etc.). Os capítulos, escritos por especialistas, apresentam de forma didática cada um dos domínios: da geolinguística à linguística forense, da linguística computacional à neurolinguística, entre outros.

Autores: Alena CiullaAna Suelly Arruda Câmara CabralAniela Improta FrançaCarlos PiovezaniCarmen Rosa Caldas-CoulthardCléo Vilson AltenhofenEduardo KenedyElisa BattistiIngrid FingerLeonel Figueiredo de AlencarLilian FerrariMarilisa ShimazumiSanderson Castro Soares de OliveiraSimone SarmentoSimone Vieira ResendeSírio Possenti e Tony Berber-Sardinha

RESENHA

A linguística hoje: Múltiplos domínios, contexto e paradigmas é um livro de estudos linguísticos organizados por Gabriel Ávila Othero e Valdir do Nascimento Flores, que conta com contribuições dos autores Alena CiullaAna Suelly Arruda Câmara CabralAniela Improta FrançaCarlos PiovezaniCarmen Rosa Caldas-CoulthardCléo Vilson AltenhofenEduardo KenedyElisa BattistiIngrid FingerLeonel Figueiredo de AlencarLilian FerrariMarilisa ShimazumiSanderson Castro Soares de OliveiraSimone SarmentoSimone Vieira ResendeSírio Possenti e Tony Berber-Sardinha. A obra é o segundo de dois volumes publicados que se propõe à apresentar o panorama atual do campo disciplinar linguística, sendo o segundo a obra A linguística hoje: historicidade e generalidade.

No contexto da atual heterogeneidade da linguística, diversas questões emergem sobre as teorias, métodos, escolas de pensamento, autores e interfaces disciplinares presentes na área. A principal indagação é se há algo capaz de unificar a linguística de forma que o uso do artigo definido "a" indique uma expressão referencial definida. Contudo, a busca por essa unificação esbarra na diversidade de opiniões sobre o objeto e a configuração científica do campo. No livro "Conceitos básicos de linguística" (Battisti, Othero e Flores, 2022), os autores enfatizam a complexidade do tema e, baseando-se em Saussure, defendem a existência de linguísticas no plural, cada uma com seus próprios objetos de estudo. Assim, fica evidente a necessidade de superar respostas simplistas em relação à natureza da linguística e considerar sua diversidade epistemológica.

A partir da abordagem foucaultiana, a linguística se apresenta como um campo epistemológico, no qual se reconhecem as diversas formas de conhecimento empírico que o constituíram ao longo da história. Esta perspectiva permite não apenas compreender a complexidade teórica e metodológica do campo, mas também reconhecer as condições e configurações que possibilitam a validade do saber linguístico em relação a outras áreas de conhecimento.

No entanto, a heterogeneidade do campo linguístico apresenta desafios epistemológicos que exigem uma reflexão mais profunda. Como abordar essa diversidade? Qual ponto de vista adotar? Quais princípios orientam as escolhas dentro desse campo?

Essas questões levantam a necessidade de uma análise cuidadosa sobre a natureza e os fundamentos da linguística como disciplina acadêmica. Ao reconhecer a multiplicidade de abordagens teóricas e metodológicas que caracterizam o campo, é possível desenvolver uma visão crítica e reflexiva sobre as diferentes perspectivas que o constituem.

A linguística se apresenta como um campo epistemológico rico e complexo, que demanda uma constante reflexão sobre suas bases e fundamentos. A abordagem foucaultiana permite uma compreensão mais profunda da diversidade do campo linguístico e das condições que o tornam um saber válido e relevante no contexto acadêmico.

A linguística é uma área do conhecimento complexa, que envolve diversos paradigmas, escolas, teorias, níveis de análise, fenômenos e interfaces. Diante dessa realidade, é necessário um estudo epistemológico detalhado para compreender as diferentes abordagens e perspectivas dentro da linguística.

A aquisição da linguagem, por exemplo, pode ser estudada de diferentes maneiras, como a partir de uma perspectiva gerativa, no quadro da teoria de princípios e parâmetros, ou sob a ótica da teoria do valor de Ferdinand de Saussure. Esses dois exemplos ilustram a intersecção de paradigmas, teorias e níveis de análise linguística para investigar o fenômeno da aquisição da linguagem.

Assim, a epistemologia da linguística se torna essencial para compreender como essas diferentes abordagens se relacionam e contribuem para o conhecimento sobre a linguagem. É a partir dessa reflexão epistemológica que podemos avançar no entendimento da linguística como campo de estudo e pesquisa, ou seja, a reflexão sobre como se produz e se valida o conhecimento em uma determinada área do saber. Nesse sentido, os livros procuram apresentar não apenas diferentes abordagens teóricas da linguística, mas também discutir como essas abordagens se relacionam com o conhecimento produzido e validado na área.

Assim, os exemplos apresentados nos livros demonstram que a linguística é uma disciplina diversa e em constante evolução, com múltiplas maneiras de ser praticada e compreendida. A partir de diferentes perspectivas ético-políticas e epistemológicas, os autores dos textos buscam oferecer uma visão ampla e representativa das diversas correntes teóricas e metodológicas que permeiam o campo da linguística.

Os autores discutem a ideia de pensar a linguística como uma epistemologia, seguindo o pensamento de Benveniste. Para tornar essa abordagem consistente, é necessário estabelecer as condições de existência da linguística como forma de conhecimento e mostrar como ela se torna uma ciência. No próximo item, a ideia de "linguística como uma epistemologia de si própria" é desenvolvida, resumindo a proposta para entender a linguística atualmente.

Para ilustrar esse processo, suponha que um linguista esteja investigando a hipótese de que a ordem das palavras em uma frase afeta o seu significado. Para testar essa hipótese, ele utiliza ferramentas experimentais, como a análise de corpus linguísticos ou experimentos de produção e compreensão de frases. Essas ferramentas permitem ao linguista construir um observatório, ou seja, um conjunto de observações que serão utilizadas para refutar ou confirmar a hipótese. No entanto, segundo Milner, para que esse processo seja válido, as ferramentas experimentais devem ser independentes das proposições teóricas em análise, ou seja, elas não devem estar subordinadas a uma teoria específica. Isso garante que as observações feitas sejam imparciais e objetivas, permitindo uma análise mais precisa e confiável dos dados linguísticos. Dessa forma, a linguística se torna uma ciência experimental, capaz de testar e refutar teorias com base em evidências empíricas sólidas.

Nesse sentido, "A linguística hoje: Múltiplos domínios, contexto e paradigmas" é um livro fundamental para aqueles que desejam se aprofundar na complexidade e diversidade da linguística como campo disciplinar. Ao reunir contribuições de diversos autores, a obra oferece um panorama abrangente das diferentes abordagens teóricas e metodológicas que permeiam a área, proporcionando uma reflexão profunda sobre os fundamentos epistemológicos que norteiam o estudo da linguagem. A diversidade de temas abordados e a pluralidade de perspectivas apresentadas tornam o livro uma leitura imprescindível para estudiosos e estudantes de linguística que buscam ampliar seus horizontes e enriquecer seu entendimento sobre a complexidade da linguagem e seus múltiplos aspectos.

10 livros para trabalhar no ensino médio

O ensino médio é um período fundamental na formação dos jovens, e a leitura de livros pode ser uma ferramenta poderosa para enriquecer essa experiência. Pensando nisso, selecionamos uma lista com 10 obras que podem ser grandes aliadas no desenvolvimento dos alunos nessa etapa tão importante da vida escolar. Desde clássicos da literatura mundial até obras contemporâneas, esses livros abordam temas relevantes e instigantes, estimulando a reflexão e a discussão em sala de aula. Confira a seguir nossa seleção e enriqueça o seu trabalho no ensino médio com essas leituras enriquecedoras.

Dom casmurro [Machado de Assis]

O livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis, é uma obra clássica da literatura brasileira e possui grande importância no ensino médio por diversos motivos.

Primeiramente, a leitura de "Dom Casmurro" ajuda os estudantes a compreenderem melhor a riqueza da literatura brasileira e a valorizarem a nossa cultura. Além disso, a obra apresenta diversos temas universais, como o ciúme, a traição, a memória e a busca pela verdade, o que contribui para o desenvolvimento do senso crítico e da reflexão dos alunos.

Outro ponto importante é que "Dom Casmurro" permite aos estudantes explorarem a linguagem e a narrativa de Machado de Assis, conhecendo um dos maiores escritores da literatura brasileira e ampliando seu repertório literário.

Além disso, a história de Bentinho, Capitu e Escobar desperta interesse e curiosidade nos jovens, tornando o ensino mais dinâmico e envolvente. A trama do livro também pode ser relacionada a diversos aspectos da vida dos estudantes, como relacionamentos amorosos, amizades e questões familiares.

Por fim, a leitura de "Dom Casmurro" proporciona aos alunos a oportunidade de debaterem sobre os diversos pontos de vista em relação à narrativa, interpretando as diferentes versões da história de Bentinho e Capitu. Isso contribui para o desenvolvimento da capacidade argumentativa e da habilidade de análise crítica dos estudantes.

Dessa forma, é evidente a importância de trabalhar o livro "Dom Casmurro" no ensino médio, pois ele não só enriquece o repertório literário dos alunos, mas também promove reflexão, debate e desenvolvimento de habilidades indispensáveis para a formação integral dos estudantes.


O Ateneu [Raul Pompeia]


O livro "O Ateneu" de Raul Pompeia é uma obra fundamental da literatura brasileira e traz em sua trama diversos temas relevantes para a formação dos jovens. Sua leitura no ensino médio permite aos alunos explorarem questões como a juventude, educação, poder, amadurecimento e valores morais.

Ao trabalhar com "O Ateneu" em sala de aula, os estudantes têm a oportunidade de refletir sobre a realidade da sociedade brasileira do século XIX e como ela se reflete em nossa sociedade contemporânea. Além disso, a obra permite discutir temas como as relações de poder, a pressão social, a importância da educação e o desenvolvimento da personalidade.

A leitura de "O Ateneu" também contribui para o desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos, incentivando-os a questionar as estruturas sociais, culturais e educacionais. Além disso, a obra apresenta uma linguagem rica e elaborada, o que pode contribuir para o enriquecimento do vocabulário e da habilidade de interpretação textual dos estudantes.

Em resumo, trabalhar com o livro "O Ateneu" no ensino médio é importante para enriquecer o repertório literário dos alunos, para fomentar uma reflexão crítica sobre a sociedade e para estimular o desenvolvimento de suas habilidades de leitura e interpretação.


O crime do padre Amaro [Eça de Queiroz]

O livro "O Crime do Padre Amaro", escrito por Eça de Queirós, é uma obra fundamental da literatura portuguesa e aborda questões relevantes como a hipocrisia da sociedade, a corrupção religiosa e moral, e as consequências da paixão desenfreada.

No ensino médio, trabalhar com esta obra literária é importante por diversos motivos. Primeiramente, o livro possibilita aos estudantes uma reflexão sobre a sociedade e os valores morais presentes na obra, estimulando o senso crítico e a capacidade de análise.

Além disso, "O Crime do Padre Amaro" aborda temas bastante atuais, como o abuso de poder, a opressão da mulher e a influência da religião na sociedade, o que permite aos alunos compreenderem melhor o mundo ao seu redor e desenvolverem empatia diante das problemáticas retratadas na obra.

Por fim, a obra de Eça de Queirós é rica em elementos literários, proporcionando aos estudantes a oportunidade de ampliar seus conhecimentos acerca do realismo literário e da literatura portuguesa do século XIX.

Dessa forma, trabalhar com o livro "O Crime do Padre Amaro" no ensino médio não só enriquece o repertório literário dos alunos, mas também contribui para a formação de cidadãos mais críticos, conscientes e sensíveis às questões sociais e éticas presentes em nossa sociedade.


O quinze [Rachel de Queiroz]


O livro "O Quinze", de Rachel de Queiroz, é uma obra fundamental da literatura brasileira que retrata de maneira realista a vida no sertão nordestino durante a seca de 1915. Trabalhar com esse livro no ensino médio é importante por diversos motivos:

1. Contextualização histórica: o livro aborda um período importante da história do Brasil, a seca de 1915, e permite aos alunos entenderem as dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino naquele contexto.

2. Valorização da cultura regional: a obra de Rachel de Queiroz é uma das mais importantes da literatura nordestina e ao estudá-la, os alunos têm a oportunidade de conhecer e valorizar a riqueza cultural e linguística da região.

3. Discussão sobre desigualdade social: o livro aborda de forma sensível e crua as desigualdades sociais existentes no Brasil, mostrando as condições precárias de vida da população nordestina e possibilitando discussões importantes sobre política, economia e justiça social.

4. Estímulo à reflexão: a narrativa envolvente e os personagens complexos criados por Rachel de Queiroz permitem aos estudantes refletir sobre questões como solidariedade, empatia, enfrentamento da adversidade e busca por dignidade.

Em suma, trabalhar com o livro "O Quinze" no ensino médio é uma oportunidade de enriquecimento cultural, social e histórico para os alunos, além de contribuir para a formação de cidadãos mais críticos e empáticos.


Senhora [José de Alencar]


O livro "Senhora" é uma obra clássica da literatura brasileira escrita por José de Alencar, que retrata a vida e os costumes da sociedade carioca do século XIX. Trabalhar com este livro no ensino médio é fundamental para enriquecer o repertório literário dos alunos, além de proporcionar uma reflexão sobre questões sociais, culturais e históricas.

Ao estudar "Senhoras", os alunos têm a oportunidade de compreender mais profundamente a realidade do Brasil no período do Romantismo, bem como refletir sobre os papéis de gênero, relações sociais e a condição da mulher na sociedade da época. Além disso, a obra permite a discussão de temas como amor, família, moralidade e classe social, que são relevantes e atemporais.

Trabalhar com o livro "Senhoras" também estimula o desenvolvimento da capacidade de interpretação de textos literários, análise crítica e argumentação dos alunos. A leitura de obras clássicas da literatura nacional contribui para a formação cultural e intelectual dos estudantes, expandindo seus horizontes e estimulando a apreciação da literatura nacional.

Em resumo, o trabalho com o livro "Senhoras" no ensino médio é importante para ampliar o repertório literário dos alunos, promover a reflexão sobre questões sociais e culturais, além de desenvolver habilidades de interpretação e análise crítica. É uma oportunidade única para os estudantes se aprofundarem na literatura brasileira e ampliarem sua compreensão sobre a história e a sociedade do país.


Sagarana [João Guimarães Rosa]

Sagarana, obra do escritor brasileiro João Guimarães Rosa, é considerada uma das mais importantes da literatura nacional. Por isso, a sua leitura e estudo durante o ensino médio é de extrema importância, pois permite aos alunos entrar em contato com uma obra que apresenta elementos característicos da cultura e da identidade brasileira.

Ao trabalhar com Sagarana, os alunos têm a oportunidade de explorar temas como a cultura sertaneja, as tradições do interior do Brasil, a linguagem regional e a relação do homem com a natureza. Além disso, a obra apresenta uma linguagem complexa e repleta de regionalismos, o que estimula o desenvolvimento da capacidade crítica e interpretativa dos estudantes.

O estudo de Sagarana também contribui para ampliar o repertório literário dos alunos, apresentando-lhes um autor de grande relevância na literatura brasileira. Além disso, a obra permite a reflexão sobre questões universais, como a vida, a morte, o amor, a solidão e a passagem do tempo.

Portanto, trabalhar com o livro Sagarana durante o ensino médio não apenas enriquece o repertório cultural dos alunos, mas também contribui para o desenvolvimento de habilidades literárias e críticas importantes para a formação de cidadãos mais conscientes e reflexivos.


Vidas secas [Graciliano Ramos]


"Vidas Secas" é uma obra-prima da literatura brasileira escrita por Graciliano Ramos que aborda temas como a seca, a pobreza, a miséria e a exploração do homem pelo homem. Trabalhar com esse livro no ensino médio é de extrema importância para os estudantes, pois permite que eles possam refletir sobre questões sociais e políticas que ainda são pertinentes nos dias de hoje.

Além disso, a leitura de "Vidas Secas" também permite que os alunos desenvolvam habilidades de interpretação de texto, análise crítica, argumentação e empatia. A história da família de retirantes sertanejos é uma poderosa ferramenta para promover a reflexão sobre a desigualdade social, a falta de oportunidades para muitas pessoas e as injustiças que ainda persistem em nossa sociedade.

Ao trabalhar com esse livro, os professores podem incentivar os estudantes a pensarem sobre essas questões e a buscar soluções para os problemas sociais que enfrentamos. Além disso, a leitura de "Vidas Secas" também permite que os alunos conheçam mais sobre a cultura nordestina e a realidade vivida por muitas famílias brasileiras.

Em resumo, o livro "Vidas Secas" é uma ferramenta poderosa para promover a reflexão, a empatia e o debate sobre questões sociais importantes. Por isso, é fundamental que seja trabalhado no ensino médio, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e engajados na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.


O cortiço [Aluísio  Azevedo]

O livro "O Cortiço", de Aluísio Azevedo, retrata de maneira profunda e realista a vida nos cortiços do Rio de Janeiro do século XIX, destacando as relações sociais, econômicas e culturais da época. Tra
balhar com essa obra no ensino médio é de extrema importância, pois permite aos alunos terem contato com uma narrativa que aborda questões sociais e históricas relevantes.

Através da leitura de "O Cortiço", os estudantes podem refletir sobre temas como a desigualdade social, a exploração do trabalho, as questões de gênero, a questão racial, entre outros. A obra também possibilita uma discussão sobre o processo de urbanização, a formação das cidades brasileiras e as condições de vida da população mais marginalizada.

Além disso, "O Cortiço" é um clássico da literatura brasileira que proporciona aos alunos uma experiência literária enriquecedora, com personagens complexos e uma narrativa envolvente. O contato com essa obra contribui para o desenvolvimento do senso crítico, da empatia e do conhecimento histórico e social dos estudantes.

Portanto, trabalhar com o livro "O Cortiço" no ensino médio é uma forma de ampliar o repertório cultural dos alunos, estimular a reflexão sobre questões importantes da sociedade brasileira e promover o desenvolvimento de habilidades de leitura, interpretação e análise crítica.


Memórias póstumas de Brás Cubas [Machado de Assis]

O livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", escrito por Machado de Assis, é uma obra-prima da literatura brasileira e mundial. Trabalhar com esse livro no ensino médio é de extrema importância, pois ele proporciona aos alunos uma reflexão profunda sobre temas como a morte, a existência, a sociedade e a condição humana.

Além disso, o livro apresenta uma linguagem repleta de ironia e sarcasmo, o que estimula o senso crítico dos alunos e os desafia a interpretar as entrelinhas da narrativa. A obra também aborda questões sociais e políticas da época em que foi escrita, o que permite uma reflexão sobre a nossa própria sociedade atual.

Ao trabalhar com "Memórias Póstumas de Brás Cubas", os alunos também têm a oportunidade de se aprofundar na literatura brasileira e conhecer um dos maiores escritores do país. Além disso, a obra incentiva a criatividade e a imaginação dos estudantes, pois apresenta uma narrativa inovadora e inusitada.

Em suma, o livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é uma leitura essencial para os alunos do ensino médio, pois contribui para o desenvolvimento de habilidades de leitura crítica, interpretação de textos e reflexão sobre a vida e a sociedade. É uma obra atemporal que continua a despertar o interesse e provocar questionamentos nos leitores de todas as idades.

10 livros para trabalhar na educação infantil



A leitura é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento das crianças, especialmente na educação infantil. Através dos livros, elas entram em contato com novas ideias, histórias e experiências, ampliando seu repertório cultural e estimulando a imaginação. Pensando nisso, selecionamos 10 livros que são ideais para trabalhar com os pequenos na educação infantil, incentivando o gosto pela leitura e contribuindo para o seu crescimento intelectual e emocional. Confira nossa lista e descubra como essas obras podem enriquecer o aprendizado das crianças nessa fase tão importante de suas vidas.


O pequeno príncipe [Antoine de Saint-Exúpery]


O livro "O Pequeno Príncipe" é uma obra atemporal que tem conquistado gerações de leitores de todas as idades. Na educação infantil, o uso desse livro pode ser extremamente benéfico, pois ele aborda temas universais como amizade, amor, tolerância, solidariedade e respeito às diferenças de forma bastante lúdica e poética.

Ao introduzir as crianças ao universo do Pequeno Príncipe, elas têm a oportunidade de desenvolver a capacidade de reflexão, empatia e sensibilidade, além de estimular a imaginação e a criatividade. A história do Pequeno Príncipe também pode servir como ponto de partida para discutir questões mais complexas e profundas, de uma maneira acessível e compreensível para as crianças.

Além disso, o livro estimula a leitura e o gosto pela literatura desde cedo, ajudando a formar leitores críticos e conscientes. As ilustrações presentes na obra também contribuem para o estímulo da imaginação e a compreensão da narrativa.

Portanto, o uso do livro "O Pequeno Príncipe" na educação infantil pode ser uma excelente ferramenta para o desenvolvimento global das crianças, promovendo valores importantes e estimulando o interesse pela leitura e pela literatura desde cedo.


O menino maluquinho [Ziraldo]


O livro "O Menino Maluquinho", escrito por Ziraldo, é uma obra de grande importância na educação infantil, pois traz personagens e situações que são facilmente identificáveis pelas crianças. A história do menino que adora brincar e se diverte com suas travessuras estimula a imaginação e a criatividade dos pequenos, além de mostrar a importância do respeito às diferenças e da amizade.

Além disso, o livro aborda de forma leve e bem-humorada temas como a infância, a escola, a família e a amizade, permitindo que as crianças se identifiquem com as situações vividas pelo personagem principal. A leitura dessa obra pode favorecer o desenvolvimento da linguagem, da interpretação de texto e da empatia nas crianças, além de incentivá-las a gostar de ler e a explorar o mundo da literatura desde cedo.

Portanto, o uso do livro "O Menino Maluquinho" na educação infantil é uma excelente ferramenta para estimular o gosto pela leitura, o desenvolvimento da criatividade e a formação de valores importantes para a convivência em sociedade. É uma forma lúdica e educativa de trabalhar temas importantes com as crianças, contribuindo para o seu crescimento e formação integral.


Onde vivem os montros [Maurice Sendak]

O livro "Onde Vivem os Monstros", escrito e ilustrado por Maurice Sendak, é uma obra fundamental na educação infantil por diversos motivos.

Primeiramente, a história do livro aborda temas importantes e universais, como a imaginação, a expressão dos sentimentos, o medo, a raiva e a busca por aceitação. Esses temas são essenciais para o desenvolvimento emocional e social das crianças, ajudando-as a compreender e lidar com suas próprias emoções e as dos outros.

Além disso, a narrativa fantástica e as ilustrações marcantes de Sendak estimulam a criatividade e a imaginação das crianças, levando-as a explorar novos universos e possibilidades. A leitura do livro também pode ser um estímulo para que as crianças criem suas próprias histórias e desenhos, desenvolvendo assim sua capacidade de expressão artística.

Por fim, "Onde Vivem os Monstros" promove a empatia e a compreensão das diferenças, ao mostrar que até os monstros têm sentimentos e necessidades. Isso é fundamental para o desenvolvimento da tolerância e da inclusão, valores essenciais na formação das crianças.

Portanto, o uso do livro "Onde Vivem os Monstros" na educação infantil contribui significativamente para o desenvolvimento integral das crianças, estimulando sua imaginação, criatividade, emocional e social.


Adivinha o quanto eu te amo [Sam McBratney]

O livro "Adivinha o quanto te amo", de Sam McBratney, possui uma grande importância na educação infantil, pois aborda temáticas como amor, afetividade e relações familiares de forma lúdica e poética. A história do coelho pai e filho que tentam expressar o tamanho do amor que sentem um pelo outro é uma excelente maneira de ensinar às crianças sobre o valor e a profundidade dos sentimentos.

Além disso, o texto simples e as ilustrações encantadoras do livro proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e da linguagem das crianças. As repetições ao longo da narrativa também auxiliam no desenvolvimento da memória e da atenção dos pequenos, além de serem um estímulo para a reflexão e a interpretação das emoções.

Ao compartilhar essa história com as crianças, os educadores têm a oportunidade de promover momentos de afeto e troca, favorecendo o fortalecimento dos laços afetivos e o desenvolvimento da empatia e do respeito mútuo. Por todas essas razões, o uso do livro "Adivinha o quanto te amo" na educação infantil é uma ferramenta valiosa para incentivar o desenvolvimento emocional e social dos pequenos, além de proporcionar momentos de ternura e alegria no ambiente escolar.


A casa sonolenta [Audrey Wood]

O livro "A Casa Sonolenta" de Sam McBratney é uma excelente ferramenta na educação infantil, pois estimula a criatividade, a imaginação e o gosto pela leitura nas crianças. A história simples e envolvente, aliada às belas ilustrações, prende a atenção dos pequenos, tornando a experiência de leitura prazerosa e cativante.

Além disso, a repetição de palavras e a estrutura cumulativa da narrativa auxiliam no desenvolvimento da linguagem e no reconhecimento de padrões linguísticos pelas crianças. O livro também trabalha conceitos como o ciclo do sono, os diferentes ambientes de uma casa e a importância do cuidado e do respeito ao ambiente em que vivemos.

Por meio da leitura de "A Casa Sonolenta", os pequenos podem explorar o mundo ao seu redor, estimulando a curiosidade e a observação, além de promover momentos de interação e troca entre os alunos e os professores. Dessa forma, o livro se revela uma valiosa ferramenta pedagógica que contribui para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças na educação infantil.


O patinho feio [Ruth Machado Lousada Rocha]

O livro "O Patinho Feio" é uma história clássica que aborda temas como aceitação, autoaceitação, respeito às diferenças e valorização da individualidade. Na educação infantil, é fundamental expor as crianças a narrativas que promovam o desenvolvimento de valores como empatia, tolerância e inclusão.

Ao utilizar o livro "O Patinho Feio" como recurso pedagógico, os educadores têm a oportunidade de trabalhar importantes aspectos socioemocionais com os alunos, enriquecendo o seu repertório cultural e incentivando a reflexão sobre as diversas formas de ser e de se relacionar com o mundo.

Além disso, por ser uma história envolvente e atemporal, "O Patinho Feio" pode estimular a imaginação, a criatividade e a capacidade de compreensão das crianças, favorecendo o desenvolvimento de competências linguísticas, cognitivas e de senso crítico.

Portanto, o uso do livro "O Patinho Feio" na educação infantil é uma oportunidade valiosa para promover o aprendizado significativo e o crescimento pessoal dos alunos, preparando-os para conviver de forma mais harmoniosa e respeitosa com a diversidade que caracteriza a sociedade atual.


Flicts [Ziraldo]

O livro "Flicts", escrito por Ziraldo, é uma obra que aborda temas como singularidade, diversidade, respeito e aceitação das diferenças. Na educação infantil, é essencial trabalhar esses valores desde cedo, para que as crianças cresçam com uma consciência mais ampla e respeitosa em relação ao próximo.

O uso de "Flicts" na educação infantil pode auxiliar na formação de indivíduos mais tolerantes, empáticos e solidários, promovendo a valorização das particularidades de cada um e fortalecendo o respeito à diversidade. Além disso, a história do livro possibilita reflexões sobre a importância de se aceitar e valorizar as diferenças, estimulando o diálogo e o entendimento entre as crianças.

Por meio da leitura e discussão de "Flicts", as crianças podem desenvolver habilidades socioemocionais, como a empatia, a autoconfiança e a capacidade de se colocar no lugar do outro. Além disso, o livro também estimula a imaginação e a criatividade, promovendo o desenvolvimento cognitivo dos pequenos.

Portanto, o uso do livro "Flicts" na educação infantil é muito importante para criar um ambiente educacional mais inclusivo, respeitoso e acolhedor, onde as crianças possam aprender a conviver de forma harmoniosa e a respeitar as diferenças, construindo relações mais saudáveis e empáticas ao longo de suas vidas.


Chapeuzinho amarelo [Chico Buarque & Ziraldo]

O livro "Chapeuzinho Amarelo" é uma excelente ferramenta na educação infantil, pois aborda temas importantes como o medo, a coragem, a superação e a autoconfiança, de uma maneira lúdica e acessível para as crianças.

A história da Chapeuzinho Amarelo, uma menina com medo de tudo, mas que consegue encontrar a coragem dentro de si mesma para enfrentar seus medos, é uma mensagem poderosa para os pequenos. Através da identificação com a personagem, as crianças podem aprender a lidar com suas próprias emoções e a desenvolver a autoestima.

Além disso, o livro estimula a imaginação e a criatividade das crianças, além de promover a leitura e o gosto pelos livros desde cedo. Através das ilustrações coloridas e cativantes, as crianças são levadas a mergulhar na história e a se envolver com os personagens.

Dessa forma, o uso do livro "Chapeuzinho Amarelo" na educação infantil é uma forma eficaz de trabalhar valores importantes, como a coragem, a superação dos medos e o autoconhecimento, de uma maneira lúdica e prazerosa para as crianças. É uma ferramenta poderosa que contribui para o desenvolvimento integral dos pequenos e para a formação de indivíduos mais seguros e confiantes.


O sanduíche da Maricota [Avelino Guedes]

O livro "O sanduíche da Maricota" é uma excelente ferramenta para ser utilizada na educação infantil, pois traz uma história divertida e envolvente que desperta a curiosidade e o interesse das crianças. Além disso, a obra aborda temas importantes como a alimentação saudável, a valorização dos alimentos naturais e o trabalho em equipe.

Ao trabalhar com esse livro em sala de aula, os educadores têm a oportunidade de estimular o desenvolvimento da linguagem oral e escrita das crianças, promover a interação e a socialização entre os alunos, e ainda instigar a criatividade e a imaginação dos pequenos.

Através da leitura e discussão da história da Maricota, as crianças podem aprender de forma lúdica e prazerosa sobre a importância de se alimentar de forma equilibrada, o valor dos alimentos frescos e naturais, e como é importante trabalhar em conjunto para alcançar um objetivo comum.

Portanto, o uso do livro "O sanduíche da Maricota" na educação infantil é uma maneira eficaz de ensinar conceitos importantes para o desenvolvimento saudável das crianças, ao mesmo tempo em que estimula o gosto pela leitura e fortalece a relação da criança com os livros desde cedo.


A arca de Nóe [Vinícius de Moraes]


O livro "A Arca de Noé", de Vinicius de Moraes, é uma obra de grande importância para o público infantil, pois encanta e diverte as crianças com suas poesias e músicas divertidas e cativantes.

Além disso, a obra traz mensagens importantes sobre cuidar dos animais e da natureza, respeitar as diferenças e valorizar a amizade e a solidariedade. As crianças podem aprender valores essenciais para o convívio em sociedade de uma forma lúdica e envolvente.

O livro também contribui para o desenvolvimento da criatividade e da imaginação das crianças, estimulando o gosto pela leitura e pela poesia desde cedo.

Portanto, o uso do livro "A Arca de Noé" na educação infantil é fundamental para enriquecer o repertório cultural das crianças, promover o aprendizado de valores importantes e proporcionar momentos de diversão e encantamento.

A Polêmica Evolução da Religião Segundo Yuval Noah Harari: Uma Análise Crítica de "Sapiens"

Foto: Arte digital


APRESENTAÇÃO

O que possibilitou ao Homo sapiens subjugar as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras? Nossa capacidade imaginativa. Somos a única espécie que acredita em coisas que não existem na natureza, como Estados, dinheiro e direitos humanos.

Partindo dessa ideia, Yuval Noah Harari, doutor em história pela Universidade de Oxford, aborda em Sapiens a história da humanidade sob uma perspectiva inovadora. Explica que o capitalismo é a mais bem-sucedida religião; que o imperialismo é o sistema político mais lucrativo; que nós, humanos modernos, embora sejamos muito mais poderosos que nossos ancestrais, provavelmente não somos mais felizes. Um relato eletrizante sobre a aventura de nossa extraordinária espécie – de primatas insignificantes a senhores do mundo.


RESENHA

Foto: Arte digital

Yuval Noah Harari, autor israelense com doutorado em história mundial pela Universidade de Oxford, é um ateu que conquistou a intelectualidade com seu livro "Sapiens". Considerado excepcionalmente bem escrito, acessível e agradável de ler, Harari se tornou um queridinho da crítica nos últimos anos. Seu livro tem como principal objetivo explicar, segundo o The New Yorker, a "História de Todos, Sempre", o que o torna irresistível para qualquer leitor.

Apesar de discordar de muitos pontos levantados por Harari, especialmente aqueles que retratam acontecimentos amplamente conhecidos da humanidade, como a transição de pequenas tribos de caçadores-coletores para civilizações baseadas na agricultura e, por fim, para a sociedade industrial global, é inegável que o livro vai muito além em sua abordagem.

Sapiens faz revelações intrigantes sobre nossa falta de conhecimento das origens evolutivas humanas. Por exemplo, Harari reconhece que não sabemos exatamente quando e onde os animais que podem ser classificados como Homo sapiens evoluíram pela primeira vez de algum tipo anterior de humanos, mas a maioria dos cientistas concorda que há 150 mil anos, a África Oriental era habitada por Sapiens que eram semelhantes a nós. Harari está correto, e essa falta de evidências sobre a origem evolutiva dos humanos modernos é compartilhada por muitos paleoantropólogos evolucionistas convencionais.

Outra observação sincera feita no livro (com a qual também concordo) é que não é fácil explicar as habilidades cognitivas especiais da humanidade - nosso cérebro grande, inteligente e energeticamente exigente. Isso se torna especialmente difícil de explicar se os principais imperativos que impulsionaram nossa evolução fossem apenas a sobrevivência e a reprodução na savana africana.

A conjectura de Harari de que "Não existem deuses" não é apenas uma simples opinião sobre sua visão de mundo, mas sim a base de muitas outras afirmações importantes em seu livro. Essa premissa naturalista está presente em todo o pensamento de Harari.

Para ele, a religião evoluiu naturalmente e não é resultado de um plano divino. Segundo ele, a religião surgiu a partir da criação de "mitos" que incentivaram a cooperação e a sobrevivência dos grupos humanos. Harari defende essa ideia com muitos argumentos ao longo de sua obra.

Ao considerarmos as crenças compartilhadas como facilitadoras da cooperação e sobrevivência, não estamos necessariamente explicando sua origem. Pode ser que esses "mitos" que promovem a união entre os seres humanos reflitam o propósito original de uma sociedade criada por um ser superior. Nesse sentido, a cooperação em larga escala pode ser vista não como um acaso da evolução, mas como uma intenção de um criador benevolente para uma sociedade coesa espiritualmente.

Portanto, os benefícios da cooperação humana podem não ser um acaso da evolução, mas sim um resultado planejado para uma sociedade que busca a espiritualidade compartilhada. Harari não foi o primeiro a sugerir que a cooperação e a seleção de grupos são responsáveis pela origem da religião. No entanto, será que esses relatos evolutivos realmente explicam totalmente o fenômeno? Não, de forma alguma.

A religião vai muito além da cooperação de grupos. Para muitas religiões, envolve oração, sacrifício e devoção pessoal a uma divindade. Como explicar esses aspectos em termos evolutivos? Quantos seguidores de uma religião morreram por suas crenças, tornando-se becos sem saída evolutivos? Por que os jovens do sexo masculino escolhem uma vida de celibato em mosteiros? Como ajudar a sociedade quando a religião exige sacrifícios de animais? E quando os ricos e pobres doam riquezas para construir templos em vez de casas, como isso promove o crescimento da sociedade? E o mandamento de um dia de descanso semanal para adorar a Deus? Como isso contribui para a cooperação e produtividade? E o líder religioso que ensinou seus seguidores a vender tudo, dar aos pobres e depois ser morto pelos inimigos para salvar seus seguidores?

Estas perguntas são feitas em termos evolutivos, buscando entender como esses comportamentos ajudam os crentes a sobreviver e se reproduzir. Embora possam existir benefícios tangenciais, no geral, esses comportamentos são difíceis de explicar do ponto de vista evolutivo. Portanto, as afirmações de Harari sobre a religião existir para construir a coesão do grupo são simplistas e insuficientes para explicar muitas características religiosas comuns.

Harari segue a narrativa evolutiva padrão sobre a origem da religião, argumentando que ela evoluiu para promover a cooperação e a coesão dos grupos. No entanto, sua história ignora a ideia de que a humanidade pode ter sido projetada para cooperar através de crenças religiosas compartilhadas. Além disso, sua visão naturalista exclui a possibilidade de revelação divina na evolução religiosa. Como monoteísta, mantenho um ceticismo saudável em relação a essas narrativas evolutivas, que muitas vezes deixam de considerar pontos importantes.

O fato é que a história do sapiens – o nome que Harari nos dá – é apenas uma pequena parte da história da humanidade... Será que toda a sua abrangência pode ser transmitida de uma só vez – 400 páginas? Na verdade; é mais fácil escrever uma breve história do tempo – todos os 14 mil milhões de anos – e Harari também dedica muitas páginas ao nosso presente e ao futuro possível, em vez do nosso passado. Mas as linhas profundas da história do sapiens são bastante incontroversas, e ele as expõe com entusiasmo. Harari aborda... assuntos vastos e intricados de uma forma que é – na melhor das hipóteses – envolvente e informativa… Muito do Sapiens é extremamente interessante e muitas vezes bem expresso. À medida que continuamos a ler, no entanto, as características atraentes do livro são dominadas pelo descuido, pelo exagero e pelo sensacionalismo. Há uma espécie de vandalismo nos julgamentos abrangentes de Harari, na sua imprudência sobre as conexões causais, nos seus alongamentos e recortes hiper-Procustos dos dados.

E se o mundo como um todo começar a seguir a visão de Harari à medida que ela se espalha através do Sapiens - as ideias de que Deus não é real, ou de que os direitos humanos e a “ordem imaginada” não têm base? Se Harari estiver correto, parece que algumas consequências negativas surgirão quando a verdade for revelada. No entanto, ele acredita que isso não acontecerá porque a “elite”, para manter a ordem na sociedade, “nunca admitirá que a ordem é imaginada” (p. 112).

O que faz com que a elite tenha tanta certeza de que a “ordem imaginada existe apenas nas nossas mentes” (p. 113), como ele diz? O que lhes dá acesso privilegiado à verdade que o resto de nós não tem? Harari não explora esse aspecto. Poderia a “ordem” da sociedade ser intencionalmente desenhada para promover a harmonia e coesão social, através de crenças compartilhadas e narrativas religiosas? Harari acredita que não, mas talvez esses benefícios - igualdade, direitos humanos e cooperação - sejam os propósitos originais da religião na sociedade.

Harari se considera parte da “elite” que conhece a verdade sobre a falta de base racional para a ordem social. Será que a visão de que a ordem é “imaginada” não é imposta para controlar o seu próprio comportamento? Por que apenas os crentes são manipulados por mentiras e não os acadêmicos ateus como ele?

Harari nunca considera essas possibilidades devido ao seu ponto de partida: “Não existem deuses no universo”. Essa crença parece ser a base de todo o seu livro, sem considerar outras opções seriamente.

O modelo simplista de Harari para a evolução da religião não leva em consideração a complexidade do fenômeno, o que pode resultar em poucos benefícios evolutivos aparentes. No entanto, isso não implica uma crítica à religião, já que muitos aspectos dela são valorizados. Por exemplo, qual benefício de sobrevivência pode ser encontrado naqueles que dedicam suas vidas à oração, ao sacrifício e à devoção total a uma divindade? Quantos seguidores de uma religião morreram por permanecerem fiéis às suas crenças diante da perseguição?

A religião proporciona coesão social, mas muitos de seus comportamentos representam "becos sem saída" do ponto de vista evolutivo. A complexidade da religião mostra que a vida humana vai além da simples sobrevivência e reprodução, desafiando a ideia de que todos os comportamentos devem ser explicados em termos de benefícios para a sobrevivência.

A visão de Harari é desafiadora e parece autocontraditória, pois ao rejeitar a religião, perderíamos os benefícios sociais que ela proporciona. Se vivemos num mundo evolutivo, por que adotar uma ideologia que possa levar à autodestruição? Como podemos confiar em nossas crenças sobre a evolução se nossas mentes foram moldadas por ela? A visão evolucionista pode ser autodestrutiva, como reconheceu Darwin.

Os materialistas frequentemente se opõem ao excepcionalismo humano, acreditando que somos apenas mais um animal. No entanto, é inegável que são os humanos que estudam os macacos e não o contrário. Embora existam gradações entre o comportamento humano e animal, a diferença é clara. Visite um zoológico e observe os macacos - a discrepância entre nós e eles é evidente. Se não conseguir enxergar isso, não sei como ajudá-lo.

Embora Yuval Noah Harari tenha conquistado a intelectualidade com seu livro "Sapiens" e seja considerado excepcionalmente bem escrito e acessível, sua abordagem simplista e naturalista em relação à evolução da religião levanta várias críticas. A falta de consideração pela complexidade do fenômeno religioso e a exclusão de possíveis propósitos para a cooperação e coesão de grupos através de crenças compartilhadas mostram a limitação de sua visão.

Harari parte da premissa de que "Não existem deuses" no universo, o que influencia todas as suas conclusões ao longo do livro. No entanto, ao rejeitar a religião e suas contribuições para a sociedade, ele não leva em consideração os benefícios sociais que ela proporciona, mesmo que muitos de seus aspectos não pareçam ter benefícios evolutivos diretos.

Além disso, ao considerar a visão evolutiva como a única explicação para todos os comportamentos humanos, Harari deixa de lado a possibilidade de propósitos morais e espirituais mais profundos por trás de ações aparentemente não relacionadas à sobrevivência e reprodução.

Em resumo, a abordagem simplista e naturalista de Harari em relação à evolução da religião pode ser considerada limitada e excludente. Ao não considerar outras possibilidades para a origem e propósito da religião na sociedade, ele deixa de lado aspectos importantes que desafiam sua visão de mundo e suas conclusões sobre a natureza humana.

Explorando as Profundezas do Dhammapada: Um Guia para a Prática Budista

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O Dhammapada, também conhecido como Caminho do Dharma, é um texto budista tradicionalmente atribuído ao Buda. É parte do cânone páli Teravada e é considerado o texto budista mais conhecido e traduzido. É composto por máximas em forma de versos agrupados em 423 estrofes. Publicado através da editora Códice Editorial, a obra conta com tradução de Emerson Pawoski e revisão de Isabela Colucci.

O Dhammapada aborda diversos temas importantes do ensinamento budista, como a natureza impermanente da vida, a importância da sabedoria e da compaixão, a prática da meditação e a busca pela libertação do ciclo de nascimento e morte (samsara). Cada estrofe do Dhammapada oferece uma reflexão profunda sobre a natureza da realidade e como viver uma vida plena e significativa. Alguns dos temas abordados incluem a importância do autocontrole, da humildade, da generosidade e do discernimento.

O Dhammapada é considerado uma leitura essencial para os praticantes do budismo, pois oferece orientações práticas para cultivar a mente e o coração, e viver de acordo com os ensinamentos do Buda. Ao refletir sobre as estrofes do Dhammapada, os praticantes podem encontrar inspiração e orientação para sua jornada espiritual.


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Os capítulos presentes no Dhammapada representam diferentes ensinamentos e reflexões sobre diversos temas importantes na filosofia budista. Aqui está um breve resumo do significado de cada capítulo:

1. Opostos - aborda o conceito de dualidade e a importância de encontrar equilíbrio.

2. Atenção - destaca a importância da consciência plena e atenção plena no presente.

3. Mente - ensina sobre a importância de controlar a mente e cultivar pensamentos positivos.

4. Flores - trata da impermanência da vida e da beleza efêmera das coisas.

5. Iludidos - fala sobre a ilusão do ego e a importância de ver a realidade como ela é.

6. Sábios - descreve as qualidades de um sábio e os ensinamentos que devem ser seguidos.

7. Libertos - aborda a libertação do sofrimento e a busca pela iluminação.

8. O que vale mais - discute sobre o valor das ações virtuosas em relação aos bens materiais.

9. O mal - fala sobre as consequências das ações negativas e a importância de cultivar virtudes.

10. Más consequências (1) - continua a reflexão sobre as consequências negativas das ações prejudiciais.

11. Tempo - aborda a natureza impermanente do tempo e da vida.

12. Egoísmo - discute sobre os efeitos negativos do egoísmo e a importância de cultivar a compaixão.

13. Mundo material - ensina sobre a natureza ilusória e transitória do mundo material.

14. Santidade - destaca a importância da pureza e santidade na prática espiritual.

15. Grande felicidade - descreve a felicidade duradoura que vem da prática espiritual.

16. Pequena felicidade - fala sobre a felicidade passageira e superficial.

17. Autocontrole - aborda a importância do controle dos impulsos e da disciplina pessoal.

18. Processo de purificação - discute sobre o processo de purificação interior e a busca pela iluminação.

19. Ouro falso e ouro verdadeiro - compara a falsa felicidade material com a verdadeira felicidade espiritual.

20. Agir corretamente - ensina sobre a importância de agir com retidão e virtude.

21. Recapitulação - revisão dos ensinamentos anteriores.

22. Más consequências (2) - continuação da reflexão sobre as consequências negativas das ações prejudiciais.

23. Elefante - metáfora sobre a importância da força e da determinação na prática espiritual.

24. Apego e desapego - ensina sobre a natureza do desapego e a libertação do sofrimento causado pelo apego.

25. Vida monástica - aborda a prática espiritual de uma vida dedicada à busca da iluminação.

26. Vida respeitável - descreve a importância de viver uma vida digna e respeitável de acordo com os ensinamentos budistas.

Em resumo, o Dhammapada é um texto atemporal que continua a inspirar e guiar os praticantes do budismo em sua busca pela iluminação e pela paz interior. Suas máximas simples, porém profundas, ressoam com verdades universais e oferecem um caminho claro para cultivar a virtude e alcançar a libertação do sofrimento.

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