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Pobres criaturas | Emma Stone brilha em roteiro épico de Yorgos Lanthimos

Foto: Reprodução


É difícil imaginar que, este ano, haverá um filme mais engraçado, sujo ou peculiar do que o último filme de Yorgos Lanthimos, sua segunda colaboração com a estrela Emma Stone. Descrever "Pobres criaturas", adaptado por Tony McNamara do romance de Alasdair Gray, como criativamente desinibido, é pouco para o passeio selvagem e inventivo que o filme nos proporciona. Impulsionado pela corajosa atuação de Stone, o filme narra a jornada de Bella Baxter, uma folha em branco que se transforma na mulher definitiva que se fez sozinha.

Esta jornada é acompanhada por uma trilha sonora deliciosamente excêntrica de Jerskin Fendrix. Um motivo inquieto e desafinado de quatro notas tocado em cordas de violino esfoladas abre o filme e retorna em várias encarnações, soando em certo ponto como um hipopótamo acasalando com um harmônio. A evolução gradual da música para uma maior complexidade e sofisticação, reflete de forma brilhante o crescimento intelectual de Bella.


Foto: Reprodução


O trabalho das diversas equipes de design do filme e a sempre curiosa câmera de Robbie Ryan são igualmente importantes. O apetite de Bella por novidades se reflete na produção de filmes que provocam um sentimento de admiração e descoberta no público. Desde a extravagância peculiar dos figurinos de Holly Waddington ao design de produção desequilibrado de Shona Heath e James Price, Poor Things é um carnaval de estranheza infinitamente fascinante. Os detalhes do design de produção são especialmente notáveis, como as vinhetas acolchoadas de cetim marfim nas paredes do quarto de Bella na casa de Godwin - um toque elegante e opulento na cela acolchoada.

O mundo exterior, por sua vez, é fortemente influenciado pelo design art nouveau. No entanto, em vez da flora e fauna que inspiraram os artistas originais, o design aqui se baseia em temas mais terrosos. Observando atentamente, é possível notar a abundância de imagens fálicas, aninhadas entre os arabescos de Falópio e os botões vulvicais. Trata-se de um playground de pervertidos cheio de obscenidades subliminares. Não há lugar onde eu preferiria passar meu tempo.

Ramy Youssef interpreta Max McCandless, um jovem assistente médico sério que se apaixona por Bella, mesmo com seu comportamento anárquico. No entanto, Bella foge com um canalha sedutor interpretado por Mark Ruffalo, em uma jornada por diferentes cidades como Lisboa, Alexandria e Paris, em busca de sexo e aventura.

Cada cidade é retratada de forma fantástica, lembrando o estilo de Wes Anderson ou dos antigos filmes mudos de Georges Melies. Bella, uma figura ingênua e inconsequente, se recusa a se vitimizar e não cede aos homens que tentam se aproveitar dela, revelando a corrupção e hipocrisia ao seu redor.


Foto: Reprodução

Embora haja um tom humorístico nas interações de Bella com seus clientes idosos e malcheirosos em um bordel em Paris, algumas partes do filme têm um olhar voyeurístico desconfortável, expondo Bella ao olhar masculino lascivo.

A colaboração entre Lanthimos e Stone é alquímica, elevando um ao outro em ousadia artística. O desempenho físico de Stone é notável, não apenas pelas cenas de nudez e sexo, mas pela forma como ela incorpora a personagem de Bella. Seu uso magistral do corpo e expressões faciais é essencial para nossa imersão na jornada da personagem.

"Pobres Criaturas" é uma obra-prima do cinema contemporâneo, que desafia convenções e nos leva a uma viagem inesquecível e fascinante. Yorgos Lanthimos e Emma Stone entregam performances impecáveis, complementadas pela trilha sonora única de Jerskin Fendrix e pelo excelente trabalho das equipes de design. O filme é um verdadeiro marco de criatividade e ousadia, que certamente ficará marcado na história do cinema como uma obra à frente de seu tempo. Uma experiência cinematográfica única e imperdível.

Entrevista com Nando Bernal, autor de ❝Belas virgens mortas❞

Foto: Acervo Pessoal / Divulgação


Em uma entrevista exclusiva, o autor Nando Bernal nos leva aos bastidores de sua misteriosa trama em Belas Virgens Mortas. Com um talento admirável para o suspense e uma forte influência da literatura policial, Bernal nos revela os segredos por trás de sua obra e como a sua paixão pela escrita desde a infância o levou a se tornar um renomado romancista. Conheça mais sobre a mente brilhante por trás desse intrigante enredo e mergulhe em um mundo repleto de reviravoltas e mistérios irresistíveis.

Confira a entrevista na íntegra:

Foto: Capa da obra / divulgação

1. Quando você decidiu se tornar um escritor?

R.: Foi algo que nasceu sem que eu tenha percebido e foi criando raízes. Na escola, quando era criança, perguntavam o que seríamos e eu, que nem sabia bem o que era Literatura além dos gibis, dizia: “escritor”. Era uma espécie de intuição, um sentimento antes da certeza.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

R.: O suspense dramático 'Belas Virgens Mortas - Primavera'. Passa-se no interior do Brasil e tem como pano de fundo a luta entre o conservadorismo e as questões atuais da nossa sociedade. Já o concluí e agora estou trabalhando na continuação, onde novas reviravoltas e outros crimes acontecem.


3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

R.: Leio outros autores, assisto a séries e filmes e anoto ideias interessantes. Acredito que essas informações vão se juntando no meu subconsciente e se manifestam em meus sonhos. Já sonhei com enredos inteiros. 'Belas Virgens Mortas' é baseado em duas personagens centrais com as quais sonhei. Ao acordar, desenhei o perfil delas no papel e desenvolvi a história a partir desse ponto.


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

R.: Sempre fui fã de Ágatha Christie e Sidney Sheldon. Gosto de romances policiais que contam a história de famílias e envolvem dramas humanos. Acredito que são temas com os quais todos se identificam.


5. Existe algum ritual para escrever um livro? Qual funciona para você?

R.: Gosto de adiantar todas as tarefas domésticas para me dedicar por três a quatro horas exclusivamente ao processo criativo. Gosto de saber que não deixei nada pendente, pois escrever é um prazer e prefiro descansar depois de desligar o notebook.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

R.: Até agora, publiquei ‘Belas Virgens Mortas – Primavera’. O maior desafio para mim foi selecionar as ideias necessárias para tecer uma trama crível que não se estendesse demais. Cortar grandes partes do texto para valorizar outras foi a parte complicada; é como renunciar a um filho para salvar outros, é um processo doloroso.


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

R.: Sou sistemático; gosto de ter um processo claro antes de começar a escrever. O fio condutor do meu romance sempre é o motivo pelo qual ele é escrito, até o final. A partir daí, coloco no papel os personagens necessários. Depois, reúno anotações feitas ao longo dos últimos meses – baseadas em livros e filmes que gostei – e seleciono aquelas relevantes para o enredo. Em seguida, monto a estrutura: ao contrário da maioria dos autores, escolho o título nessa fase; também divido em partes e capítulos – é uma base para não ultrapassar os limites de páginas, por exemplo. Só então começo a escrever de fato.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

R.: Meu grande desafio é encontrar tempo para escrever. Parece que as pessoas pressentem que estamos em um novo livro e vêm nos sobrecarregar com compromissos e pedidos. A inspiração surge quando consigo me isolar do resto do mundo. Preciso me fechar no meu quarto, cercado de tudo o que me é familiar, e o processo criativo flui.


9. O que podemos esperar para seus próximos livros?

R.: Tenho muitas ideias e acredito que o romance policial deve ser tão rico em romance quanto em mistério. Pretendo escrever histórias que se passam no Brasil, conectando-se à realidade do leitor e, ao mesmo tempo, fazendo-o mergulhar em um mundo imaginativo. Portanto, esperem ser desafiados e terem suas emoções mexidas!


10. Como você vê a vida dos autores no cenário político atual?

R.: A falta de apoio à Cultura que predominou no governo anterior parece estar lentamente ficando para trás. No entanto, ainda há muito a ser feito. No Brasil, não conheço um escritor que não tenha uma profissão paralela para se sustentar. É uma luta constante tentar viver apenas como escritor. Precisamos urgentemente de políticas públicas que promovam e valorizem a nossa Literatura, que é uma das mais ricas do mundo.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever seu primeiro livro?

R.: Se envolva profundamente com sua história e mergulhe em cada detalhe. Cultive a disciplina e reserve pelo menos duas horas por dia para escrever sem interrupções. O livro é como um filho: demanda tempo, energia e respeito, e no fim, retribui com muito afeto e autovalor.

Entrevista com Edgar farinon, autor de "A Busca do Triunfo"

Foto:Divulgação / Acervo pessoal do autor

Entrevistamos o renomado professor e palestrante Edgar Farinon, autor de best-sellers como "A Busca do Triunfo" e "Oratória - a arte de se comunicar". Com uma vasta experiência na área de treinamentos e palestras, Farinon compartilha conosco sua trajetória de sucesso e os segredos para uma vida plena, tanto material quanto espiritual. Em uma conversa envolvente, ele nos revela suas inspirações, projetos futuros e a importância de colocar em prática as técnicas e ensinamentos presentes em suas obras. Acompanhe essa entrevista exclusiva e descubra como alcançar o sucesso em todas as áreas da sua vida.


Confira a entrevista na íntegra:



1. Quando decidiu se tornar um escritor?

Ler e escrever sempre fizeram parte da minha vida. Desde que aprendi no primeiro ano escolar, gostava de escrever pequenas frases.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você chegou a concluí-lo? Já abandonou algum projeto de escrita?

Quando era adolescente, comecei um livro sobre minha vida, mas logo pensei que não tinha conteúdo suficiente para uma biografia e desisti.


3. Como você escolhe os temas e o enredo dos seus livros?

O tema é autoajuda, o que é muito amplo. Para o enredo, começo e deixo a imaginação fluir.


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

Eu leio muito, então todo conhecimento que adquiro acaba influenciando minha escrita. Assim como outros escritores, não tenho um autor específico como base.


5. Existe algum ritual para escrever um livro? Qual funciona para você?

Eu gosto de escrever de madrugada, pois o silêncio me ajuda a criar mais. Acredito que cada pessoa deve tentar diferentes formas e escolher a que melhor se adapta.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

Lancei "A Busca do Triunfo", que começou a vender rapidamente em todo o mundo. Esse foi complexo porque era o primeiro. Depois, lancei "Oratória - a arte de se comunicar", que chegou a quarto lugar mais vendido na categoria durante o lançamento. O próximo será a tradução para o inglês e será o mais complexo por causa das diferenças na aplicação da oratória em diferentes países.


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

Sim, faço anotações abaixo do que estou escrevendo e também uso o bloco de notas do celular quando estou fora.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como você lida com a ausência de inspiração?

Não pode faltar solidão. Preciso estar sozinho. Quando falta inspiração, faço outra coisa até que ela retorne.


9. O que podemos esperar para seus próximos livros?

Estou concluindo um livro que trata do poder e da capacidade mental para realizar coisas, seguindo a linha de "A Busca do Triunfo". O próximo livro será sobre relacionamentos humanos, também utilizando uma história para transmitir técnicas de desenvolvimento.


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

Esse é um tema complexo que prefiro não comentar, pois cada autor tem uma experiência diferente. Para mim, isso não interfere, pois busco caminhos diferentes e sigo aqueles que trazem resultados.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever seu primeiro livro?

Escreva sem contar para ninguém. Lance sem avisar a ninguém. Dessa forma, os críticos não terão a oportunidade de dizer que você não é capaz. Encontre apoiadores discretos que se tornarão amigos próximos, enquanto outros amigos podem se afastar. Estranho, mas verdadeiro.

O meme do mal: explicação do enredo

Foto: Divulgação

No mundo atual, é comum ver notícias e desafios se espalhando pela internet rapidamente, alcançando destaque mundial em questão de horas ou minutos. O novo filme de terror psicológico "O Meme do Mal", disponível no catálogo do Star+, é uma adaptação sinistra da lenda da Momo, que ganhou notoriedade em 2018 por estar associada a um desafio que levou crianças e adolescentes a se ferirem ou até mesmo cometerem suicídio. Assim como na lenda, no filme tudo começou com uma notícia falsa sendo divulgada na internet, tornando-se uma lenda.

A trama segue Melinda Jaynes, uma blogueira que cria uma lenda sobre um suposto desafio online envolvendo uma entidade chamada Grimcutty, responsável por induzir crianças e adolescentes a se machucarem e até mesmo tirarem a própria vida. Quando o conteúdo viraliza, os pais ficam alarmados e diversas crianças começam a ter visões da sinistra criatura, gerando um surto psicótico. Os pais, incluindo os protagonistas Asha e Kamram, proíbem os filhos de acessarem a internet, mesmo sem saberem sobre o desafio ou a criatura, causando mais pânico entre as crianças.

Foto: Divulgação

A preocupação dos pais faz com que a criatura, visível apenas para os jovens, os persiga até a morte súbita. Asha, após avistar a criatura, decide investigar sua origem e como detê-la, já que todos ao seu redor estão sofrendo com essa maldição. O filme explora o medo dos pais pelo acesso dos filhos à internet e como isso pode impactar a segurança das crianças.

Do ponto de vista analítico, podemos dizer que o enredo busca explicitar a insegurança que os filhos enfrentam com o cuidado excessivo dos pais, que os fazem se sentir retraídos ou tomarem atitudes trágicas em busca de uma atenção real, que em síntese, não esteja carregada de proibições ou limitações, mas em uma relação de confiança.

Ao final, a personagem Asha revela que a histeria causada pelos pais pode levar a consequências trágicas. O desafio não era um grito de socorro dos jovens, mas sim uma maldição real provocada pela criatura demoníaca Grimcutty. O filme explora a influência da internet na vida dos jovens e os perigos dos desafios virais, como o da Baleia Azul e da Momo.

Apesar das críticas negativas, o filme traz reflexões sobre a superproteção dos pais e o impacto da internet na juventude, embora falhe em criar um clima de terror eficaz.

TRAILER




[RESENHA #1010] O patrulheiro literário: conspiração em literária, de Vinícius Lima Costa

Foto: Arte digital / Códice Editorial

 APRESENTAÇÃO

Todos os escritores permanecem vivos em suas obras para além de sua existência, mas será que eles vão para algum lugar após deixarem o nosso mundo? A cada quatro meses, um navio atraca no porto de Bela Leitura e dele desembarcam as mentes criativas por trás das histórias que permeiam nosso imaginário desde o início dos tempos.

Com exceção de uma rusga entre vizinhos, afinal Sir Arthur Conan Doyle e Maurice Leblanc talvez nunca cheguem a uma trégua, e algumas festas que saem do controle no bairro do Terror, a paz aparentemente impera nesse universo fantástico, até que uma ameaça surge disposta a destruir o lugar e toda a preciosa literatura produzida por seus habitantes.

Quando várias tentativas de combater o mal que se aproxima se mostram infrutíferas, caberá a Arquimedes, um bibliotecário um pouco nerd, muito fã dos Beatles e dono de uma mente singular, salvar a todos nessa aventura com pitadas de mistério e ficção cientifica.

RESENHA


Foto: Arte digital / Códice Editorial

A trama se desenrola a partir do momento em que o comissário William recebe um bilhete ameaçador em sua casa, indicando uma invasão e um plano para dominar a cidade de Literária. A partir daí, o leitor é levado junto com o protagonista em uma investigação intrigante, repleta de reviravoltas e personagens misteriosos.

Chegaram à entrada principal da mansão e o comissário William adentrou seguido de seu subordinado. A casa era imponente e repleta de móveis antigos e quadros que retratavam momentos importantes da história de Bela Leitura. O chefe de polícia sentou-se em sua poltrona favorita, enquanto o otele número nove permanecia em pé, aguardando suas ordens.

O comissário William estava prestes a relaxar após um dia exaustivo, quando um ruído estranho vindo do lado de fora da casa chamou sua atenção. Com expressão séria, ele se levantou e caminhou até a janela para verificar o que estava acontecendo. Para sua surpresa, viu uma figura encapuzada se aproximando sorrateiramente da mansão.

Sem hesitar, o comissário chamou seu subordinado e ordenou que verificasse as entradas e saídas da casa, enquanto ele mesmo se preparava para confrontar o intruso. A adrenalina pulsava em suas veias enquanto ele se aproximava silenciosamente do invasor, pronto para agir caso fosse necessário.

O momento de tensão culminou em um confronto surpreendente, revelando uma trama sinistra que ameaçava não apenas a segurança da mansão do comissário, mas de toda a cidade de Bela Leitura. A batalha entre o bem e o mal estava prestes a se desenrolar, e o destino de Literária estava nas mãos do bibliotecário Arquimedes.

O livro "O Patrulheiro Literário: Conspirações Literárias" de Vinícius Lima Costa é uma obra que transporta o leitor para um universo mágico repleto de personagens icônicos da literatura mundial. A narrativa envolvente e cheia de reviravoltas mantém o leitor fisgado do início ao fim, criando uma atmosfera de suspense e mistério que instiga a imaginação.

O protagonista Arquimedes, com sua personalidade única e suas habilidades surpreendentes, conquista o leitor e o faz torcer por seu sucesso na missão de salvar Literária. Os diálogos bem construídos e os momentos de tensão são habilmente entrelaçados, criando uma trama cativante que surpreende a cada página virada.

A narrativa é rica em detalhes e nos transporta para um universo fictício cheio de referências literárias e elementos fantasiosos. A presença de personagens como o comandante Dom Miguel e o cavalo Dinamarca adiciona um toque de fantasia à trama, enquanto as discussões dos vereadores na câmara legislativa trazem uma dimensão política e social à história.

A habilidade do autor em mesclar elementos realistas com elementos fantásticos faz com que o leitor mergulhe de cabeça na trama e se sinta parte do universo criado por Vinícius Lima Costa. Além disso, a construção dos diálogos e a caracterização dos personagens são feitas de forma cuidadosa e detalhada, tornando a leitura ainda mais cativante.

Destaques de fevereiro da editora fósforo e circulo de poemas


Índice, uma história do

SOBRE O LIVRO

Qual a relação entre Santo Agostinho e as hashtags? O que os sermões de padres do século 13 têm a ver com pesquisas no Google em 2024? Este livro responde de modo divertido a essas e a outras perguntas ao narrar a história de uma ferramenta cotidiana pouco conhecida, mas extraordinária, e que hoje é a tecnologia-chave que alicerça toda a nossa leitura on-line: o índice.

Com um passado ilustre, porém pouco visitado, o índice remissivo de assuntos e seus irmãos correlatos, como a concordância e o sumário, estão intimamente ligados à história dos livros, do conhecimento e das universidades, passando pela política e pela literatura. Apesar de relegado às páginas finais dos volumes impressos, e de mal constar nos livros digitais, o índice foi objeto de interesse e de narrativas de Virginia Woolf, Italo Calvino, Vladimir Nabokov e Platão. E é justamente esta a surpresa do livro de Dennis Duncan: fazer com que pensemos sobre esse dispositivo textual muitas vezes considerado menor ou trivial, mas que hoje é a base de nosso dia a dia.

O autor domina a arte de desautomatizar visões pré-estabelecidas, chamando a nossa atenção para a invenção da ordem alfabética, do número de página nos livros impressos, bem como para polêmicas que parecem atuais, mas que há oitocentos anos permeiam a vida pública. Um exemplo delas é o fato de acharmos a ideologização dos dados um problema contemporâneo, sem nos darmos conta de que as entregas personalizadas dos algoritmos do Vale do Silício não estão muito distantes dos índices que, desde os primórdios, eram usados para zombarias, maledicências e formação de opinião.

Eleito um dos melhores livros de 2022 pela revista New Yorker, Índice, uma história do traz uma série de anedotas com papas, filósofos, primeiros-ministros, poetas e, claro, indexadores, que guiam desde o bibliófilo mais apaixonado até o mais casual dos leitores por uma viagem divertida à curiosidade humana. Com humor bastante espirituoso, este livro não é só sobre leitura, mas sobre o modo como nos relacionamos com o mundo, como o categorizamos e o entendemos. É impossível não esboçar ao menos um sorriso ao navegar por esta ode às histórias bem contadas.


O autor apresenta o livro

Neste vídeo curto [em inglês] — “From Heretics to Hashtags: The History of Book Indexes” [Dos hereges às hashtags: a história dos índices de livros] —, o autor fala sobre o livro e descreve como pode ser fascinante o universo da indexação, desde sua origem até as versões atuais.

O que estão falando sobre o livro

✸ Livro conta a origem do índice, e o que os sermões do século 13 têm a ver com o Google” | O Globo
✸ “‘Índice, uma história do’: o aperfeiçoamento da indexação” | Nexo
✸ “‘Índice, uma história do’: a incrível saga da invenção que moldou o mundo” | Veja
✸ Como os índices evoluíram da Biblioteca de Alexandria, no século III a.C., para o Google nos dias atuais” | Valor



A arte de driblar destinos    

Segundo romance do matemático Celso Costa, este livro, vencedor do prêmio LeYa 2022, faz jus à máxima atribuída a Liev Tolstói: “Canta a tua aldeia e cantarás o mundo”. Ao narrar a luta de um garoto e sua família para escapar da pobreza no interior rural do Paraná nos anos 1960, Costa mescla memórias autoficcionais e “causos” do interior do país para dar origem a um grande romance de formação, que é também uma história do Brasil.


Na orelha do livro

O que estão falando sobre o livro

✸ ‘A arte de driblar destinos’: o prélio de uma família do Paraná | Nexo
✸ “Prémio LeYa 2022 para o matemático brasileiro Celso José da Costa” | Público
✸ “‘A arte de driblar destinos’ — Trecho do romance inédito de Celso José da Costa | Rascunho

Avenida Beberibe

Na extensa e sinuosa avenida Beberibe, no Recife, uma casa com jardim frondoso é o cenário da infância de várias gerações. Ela também é o ponto de partida deste romance inventivo, que retoma e renova a tradição memorialística brasileira ao lançar mão do recurso fotográfico como parte constitutiva do texto. Guiada por uma sensibilidade que se aproxima da lógica poética, Claudia Cavalcanti expande a avenida para outros tempos e espaços, construindo esta narrativa de filiação parcialmente ficcional, na qual eventos da história do país e da vida pública do Recife mesclam-se a lembranças da neta dos donos da casa que, meio século mais tarde, se debruça sobre as relações sociais latentes no seio do próprio lar.

Playlist para acompanhar a leitura

A autora Claudia Cavalcanti preparou uma playlist — “Música do Recife e de outros tempos” — com faixas que conversam com o universo de seu livro.


Negros na piscina

    
Organizado pela curadora, escritora e pesquisadora Diane Lima, Negros na piscina: arte contemporânea, curadoria e educação é uma publicação que documenta o momento histórico do debate racial na arte brasileira ao longo dos últimos dez anos. A partir de contribuições ou aproximações acerca do pensamento curatorial, o livro conta com mais de trinta vozes que, ao unir teoria e prática, antecipam estratégias e narram os desafios de produzir cultura no país. Negros na piscina é composto de textos inéditos, conversas, análises de práticas artísticas e projetos expositivos que, acompanhados de uma série de imagens, confrontam e interseccionam os discursos sobre raça, arte, educação e estrutura institucional. 

Panfleto que acompanha o livro



Os exemplares da primeira tiragem do livro Negros na piscina vão acompanhados de um panfleto numerado com a reprodução da obra Nós podemos nadar, do artista brasileiro Paulo Nazareth. Esta obra é uma atualização feita pelo artista, dez anos depois da icônica fotografia conhecida como Negros na piscina — que também dá título ao livro — e faz parte da Série Cadernos de África. 



Poesia 1969-2021




O nome de Duda Machado está associado a um dos períodos mais ricos da arte brasileira — a Tropicália —, que chacoalhou a cena cultural no final dos anos 1960 e projetou nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre tantos outros. Àquela época, Machado foi letrista cantado por Gal Costa, Elis Regina e Jards Macalé. Dali em diante, além de atuar como editor, tradutor e professor, publicou livros de poemas que se destacam pela forma precisa e original, dialogando com a tradição e com as questões do seu tempo.
 

O que estão falando sobre o livro

✸ “Duda Machado, parceiro de tropicalistas, lança antologia” | Folha de S.Paulo

Mistura adúltera de tudo
    


Mistura adúltera de tudo apresenta as reflexões de um dos mais talentosos poetas e críticos da nova geração, o paulista Renan Nuernberger, sobre os sentidos da poesia escrita no Brasil a partir da década de 1970, sua relação com a realidade brasileira de então e possíveis chaves de interpretação para os rumos da poesia dali em diante. Estudioso da forma como a geração de poetas surgida nos anos da ditadura militar encarou os desafios de escrever poesia, Nuernberger se debruça sobre a multiplicidade característica da produção poética daquele momento e investiga suas causas, comentando a forma como essas vozes se distinguem e completam.

Marque na agenda

Lançamento de Poesia 1969-2021
Leitura de poemas com o autor Duda Machado, Renan Nuernberger e Maria Esther Maciel
Data: 9.3
Horário: 11h
Local: Livraria Quixote
Endereço: R. Fernandes Tourinho, 274 - Savassi, Belo Horizonte - MG

Clube de Leitura do Círculo de Poemas #8
Com mediação de Tarso de Melo e Zilmara Pimentel 
Venha tomar um vinho com a gente!
Livros: A morte também aprecia o jazz, de Edimilson de Almeida Pereira + Ancestral, de Goliarda Sapienza (Âyiné, 2020)
Data: 21.3
Horário: 19h
Local: Casinha dos Círculos de Leitura
Endereço: Rua Tinhorão, 60, Higienópolis. São Paulo - SP
Apoio: Dante Robino

Entrevista com o autor M.E.KRIEGER, autor de ❝contos sádicos❞

Foto: Colagem digital / Divulgação

O autor Moises Krieger, conhecido como M.E.KRIEGER, é um talentoso escritor de livros de suspense/terror, que acumula sucesso e reconhecimento no cenário literário nacional. Com obras como "As Quatro Estações – Flor de Lis", "As Deusas – Maat: Os Livros dos Mortos" e "Lilith – Os Herdeiros do Caos", ele conquistou leitores ávidos por tramas envolventes e perturbadoras. Além de sua carreira como escritor, Moises também atua como professor de Ciências na rede municipal de Brusque, cidade onde nasceu. Com uma formação acadêmica sólida, que inclui graduações em Ciência Política, Filosofia e Biologia, o autor traz uma bagagem diversificada para suas obras, explorando diferentes aspectos da natureza humana. Em uma entrevista exclusiva, M.E.KRIEGER revela os segredos por trás de suas obras mais intrigantes, como "O Homem Comum" e "Contos Sádicos", mergulhando nos temas controversos e nas inspirações por trás de suas narrativas instigantes. Prepare-se para adentrar no universo sombrio e fascinante criado por esse talentoso autor nacional.

Foto: Arte digital / divulgação

1. Quando decidiu se tornar um escritor? 

R: A data exata não está registrada, mas foi em 2010 quando comecei a escrever um livro de filosofia, "Andanças de um Filósofo". Ainda pretendo retomar esse projeto de escrever filosofia. A ideia de escrever um romance surgiu quando comecei a desenvolver a série "As Quatro Estações – Flor de Lis", o primeiro de quatro volumes.


2. Qual foi o seu primeiro livro escrito? Você o concluiu? Já abandonou algum projeto de escrita? 

R: Meu primeiro livro, escrito sem pretensão de ser publicado, foi "Os Sacerdotes do Apocalipse", inspirado em um balé de Igor Stravinsky, "A Consagração da Primavera". Apesar de não ter concluído, pretendo retomar esse projeto do zero.


3. Como você escolhe os temas e enredos dos seus livros?

R: Os enredos estão intimamente ligados aos meus personagens, frequentemente envolvidos em um passado obscuro. Muitas vezes, os temas estão relacionados com traição, já que são livros de terror.


4. Você se inspira em algum autor ou obra específica para escrever?

R: Depende do tema do livro, mas geralmente me inspiro nas músicas que escuto, especialmente músicas clássicas como Beethoven.


5. Existe algum ritual para escrever um livro? Qual funciona para você?

R: Simplesmente me sento na frente do computador e começo a escrever. Tenho uma meta diária de palavras e, se não consigo atingi-la, compensando em outro dia.


6. Quais são seus livros publicados atualmente? Qual foi o mais complexo?

R: Meus livros publicados são todos em formato de e-book. A trilogia "As Deusas" e a série "As Quatro Estações - Flor de Lis" estão disponíveis, assim como outros títulos. Atualmente, estou revisando "Outono Negro".


7. Você utiliza rascunhos, anotações ou esboços para não se perder na escrita?

R: Utilizo um bloco de notas da Microsoft e às vezes até converso com os personagens para desenvolver melhor suas histórias.


8. O que não pode faltar durante seu processo criativo? Como lida com a falta de inspiração?

R: Música é essencial para mim, especialmente clássica e trilhas sonoras. Escrevo mesmo sem inspiração, pois considero a escrita um exercício contínuo.


9. O que podemos esperar de seus próximos livros?

R: Pode esperar um Slasher e um terror ao estilo de Lovecraft nos meus próximos livros.


10. Como você enxerga a vida dos autores no cenário político atual?

R: Vejo como uma situação complicada, já que os custos estão altos e os leitores muitas vezes precisam escolher entre comprar um livro ou algo para comer.


11. Que conselho você daria para alguém que quer escrever seu primeiro livro?

R: Leia muito e escreva muito.

[RESENHA #1009] Dengue boy: a infância do mundo, de Michel Nieva


RESENHA

Uma história sobre um futuro cyberpunk tropical e latino, com Dengue boy: A infância do mundo, Michel Nieva se revela uma das vozes mais interessantes na literatura latino-americana contemporânea.

No ano de 2272, a crise climática atinge um ponto intransponível. As zonas polares derreteram por completo, a temperatura média global é de 90°C e cidades como Nova York e Buenos Aires se encontram submersas. No extremo sul do continente, os Arquipélagos Patagônicos formam o Caribe Pampiano: de um lado, um balneário com belíssimas praias artificiais; de outro, uma miserável e tépida orla. É nesse cenário devastado que cresce o dengue boy.

Ninguém gosta do dengue boy. Na escola, seu aspecto bizarro e nojento o transforma no principal alvo das zombarias comandadas pelo pequeno tirano Dulce. Em casa, sua situação não é muito melhor. A mãe, exausta de seus dois empregos, não aguenta a bagunça feito pelo filho, que não possui mãos. E assim, deslocado, o esquisito mosquito humanoide vai levando sua vida, dia após dia, no mormaço insuportável do único canto ainda habitável da Terra.

Este é um livro sobre um fim do mundo. Uma prosa cyberpunk latino-americana, tropical e frenética. Um delírio de realidades moribundas, artificiais e virtuais, em que adultos negociam o valor de pandemias na Bolsa de Valores e esgarçam os últimos recursos terrestres. E, enquanto isso, crianças definem os rumos do que sobra como quem joga videogame.

Michel Nieva, uma das vozes mais interessantes e singulares da literatura argentina contemporânea, é um autor de ficção científica gaúcho-punk. Mergulhado em influências do universo do mangá, do body horror e do absurdo, o autor trabalha, com humor, cenas da vida no século 21. E nos transporta a um novíssimo século 23, no qual sua estrela brilha próxima a nomes como Franz Kafka, Ursula K. Le Guin, Jorge Luis Borges, David Cronenberg e Junji Ito.


RESENHA



A história se passa no ano de 2272, quando desastres ecológicos tornaram o planeta inabitável, atingindo temperaturas de até 90ºC. Apenas alguns poucos espaços na Antártida argentina ainda podem ser habitados, dependendo do dinheiro disponível para garantir conforto. Em meio a esse cenário infernal, surge a história do menino Dulce, um personagem complexo que enfrenta desafios únicos relacionados ao dengue infantil e suas consequências genéticas.


A trama revela uma luta feroz entre a natureza e a História, com elementos de humor e crítica política. A novela aborda temas distópicos e tecnocapitalistas, explorando um futuro possível e perturbador. Os personagens atravessam situações extremas, em um mundo marcado por desastres naturais e tramas financeiras sinistras.


Michel Nieva cria um universo rico em referências literárias e cinematográficas, misturando violência, conspirações e elementos sobrenaturais de forma original e envolvente. A crítica ao capitalismo e às desigualdades sociais é evidente, refletindo um mundo onde o dinheiro determina quem sobrevive e quem é deixado para trás.


Em meio a esse caos, a narrativa se destaca como uma comédia inteligente, repleta de paródias e homenagens a grandes autores. A ficção científica de Nieva desafia as convenções do gênero, oferecendo uma visão distópica e perturbadora do futuro da humanidade. Uma obra genial que faz refletir sobre as consequências de nossas escolhas e os impactos do capitalismo desenfreado em um mundo à beira do colapso.


A qualidade da novela é tão impressionante que, ao se deparar com a poderosa trama distópica e a prosa envolvente, você pode se perder em sua narrativa intrigante e divertida sobre um futuro plausível (exceto pelos elementos lovecraftianos). Porém, é importante também estar atento aos perigos e desastres naturais que são parte integrante da paisagem da história, mas representam ameaças reais no mundo real. Nieva trabalha arduamente para criar uma obra que, em última análise, tem como objetivo nos alertar sobre esses perigos iminentes. A novela pode ser interpretada em diversos níveis, de acordo com a sua narrativa de grandeza.


A obra de Michel Nieva é uma verdadeira obra-prima que combina elementos de ficção científica, distopia, crítica social e humor de forma brilhante. A trama complexa e envolvente nos leva a refletir sobre as consequências de nossas ações e as desigualdades sociais, enquanto nos mantém entretidos com um enredo cheio de reviravoltas e personagens cativantes. A narrativa inteligente e original de Nieva nos transporta para um mundo sombrio e perturbador, mas ao mesmo tempo nos instiga a pensar e questionar o nosso próprio futuro. Uma leitura imperdível para quem busca uma história envolvente, que vai além do entretenimento e nos faz refletir sobre o mundo em que vivemos.


O AUTOR

Michel Nieva (Buenos Aires/Argentina, 1988) é formado em filosofia pela Universidade de Buenos Aires e atualmente é professor na Universidade de Nova York. Em 2021, foi eleito pela revista Granta um dos melhores prosadores jovens em língua espanhola e, em 2022, recebeu, pelo conto “Dengue boy”, o prêmio O.

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