[lançamento] A jornada do despertar, de Antonina Buriti
[lançamento] A morte também aprecia o jazz, de Edimilson de Almeida
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[lançamento] O Girassol, de Oscar Pilagallo
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[lançamentos] Sequelas, de Karla França
Karla França escreve sobre realidades que viveu ao tentar a sorte em outro país
Sequelas, da designer gráfico Karla França, reúne histórias vividas pela autora a partir da sua decisão irrevogável de tentar a sorte em outro país. O recheio do livro mistura personagens inusi- tados, amores encerrados e partidas cheias de saudade. Repleto de humor e de birra, de crise existen- cial e melancolia madura, Sequelas conduz seus personagens e seus leitores às questões pungentes de imigração, do que a vida tem de pior e, acima de tudo, de melhor.
Mas o sabor predominante da obra vai além disso: é uma história de superação e redenção, construída por uma personagem dúbia e dupla, feita de arrogância e fragilidade, em busca de si mesma. Não se trata somente de uma obra de quem fincou sua bandeira em outro país, mas compartilha-se o prazer que é traduzir as palavras em vida. Vida que esconde-se por trás das sequelas. O jogo da vida. O livro, com narrativa leve, proporciona uma leitura dinâmica e agradável, é uma leitura-viagem devoradora que nos leva a incríveis descobertas. Alimenta a alma, o corpo e a mente com as reflexões transmitidas. Prende também pelo coração, com confidências da autora sobre sua relação com a vida e tudo que ela pode trazer.
Karla França, em Sequelas, oferece uma abordagem diferente, pouco vista, provocando no leitor um outro olhar sobre o significado da vida. Indo além do simples compartilhar, produziu um livro inspirador, levando o público a uma incrível viagem pelo mundo sem sair do lugar.
SOBRE A AUTORA
Karla França é designer gráfico e escritora. Já escreveu alguns ensaios e crônicas, entre os quais, Sequelas, seu primeiro romance, que está sendo adaptado para o espanhol e francês. Nasceu em 1971 e cresceu em Belém do Pará. Aos 34 anos decidiu partir do Brasil e fixou residência na França, onde vive até hoje. Desde 2006 a autora mora em Paris com o marido e as quatro filhas.
[Lançamento] Formas feitas no escuro, de Leda Cartum
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[RESENHA #529] Tempo aberto, vários autores
Tempo aberto é uma obra de ficção comemorativa publicada pelo Grupo Editorial Record em celebração aos oitenta anos de existência do conglomerado editorial, que atualmente abarca onze selos que publicam os mais variados gêneros literários. O titulo é uma alusão ao tempo que se encontra em percurso contínuo, assim como o compromisso do Grupo e de seus editores com as publicações e o compromisso com a qualidade do material publicado ao longo dos anos.
80 anos de existência em 8 grandes contos que narram as oito décadas de vida brasileira em períodos históricos que abarcam de 1942 à 2022. As narrativas aqui distribuídas se relacionam com diferentes acontecimentos e críticas, como: o papel da mulher na sociedade, a violência das ruas, o alcance do regime militar durante o período da repressão, a redemocratização, dentre outros. Para tal, reuniu-se nesta edição oito autores inesquecíveis: Nélida Piñon; Alberto Mussa; Francisco Azevedo; Carla Madeira; Nei Lopes; Antônio Torres; Cristovão Tezza e Claudia Lage.
Vale ressaltar que as obras aqui apresentadas são carregadas de mensagens e simbolismos característicos do tempo ao qual foi-se proposto representar, de forma tal que deve-se atentar-se em se obter uma leitura além das entrelinhas, percorrendo as nuances descritivas que delineam caminhos distintos de narrativa, foco e acontecimento.
Fazem parte desta edição comemorativa os contos:
Aberto Mussa - Encruzilhada na ladeira do Timbau (1942-1952)
A violência nas cidades: Este conto mantem sua essência original dos anos 40 e fala-nos sobre uma ficção que ocorre durante a ocupação do morro da formiga. A narrativa aborda a vida de Tião Saci, um homem que decide se mudar para o morro da formiga e morar com Déo, porém, seu real interesse estava nos trabalhos espirituais e na entidade que por lá habitava na figura de um rapaz conhecido por Lacraia.
Nélida Piñon - I love my Husband (1952-1962)
O papel da mulher na sociedade: Uma história narrada em primeira pessoa por uma mulher que fala-nos acerca de seu convívio com seu marido e seus desdobramentos, suas descrições sobre o cotidiano e o tratamento que levara de seu marido e a visão da sociedade sobre o casamento são arcaicas, antigas e características do século 18, apesar da história dar todos os indícios de se tratar de algo ambientado entre o século dezenove e vinte.
Francisco Azevedo - Em 1969, um concurso literário e uma viagem de contrastes (1962-1972)
Oposição da ditadura x contracultura: A história narra o percurso de Frájara, um entusiasta da escrita que vence um concurso literário e uma viagem para terras estrangeiras durante o período da ditadura militar no Brasil, durante o processo de contracultura em que se encontravam Brasil x EUA. Chumbo e censura, uma história sobre o impacto da escrita e das experiências durante um período de retrocesso cultural.
Antônio Torres - Atrás da cerca (1972-1982)
O alcance do regime militar no sertão: Uma narrativa sobre o impacto do regime militar do sertão e a instauração da censura e a preocupação de um morador em relação à como proceder: não posso contar o que não vi, não posso falar o que não vi.
Carla Madeira - Corte seco (1982-1992)
O despertar da juventude durante o período de redemocratização: Narrado em primeira pessoa pela personagem Elizabete, a história fala-nos do processo de confiança de pais e filha durante o desespero pelo sumiço de um blazer e a quebra de confiança.
Nei Lopes - Manchete de Jornal (1992-2002)
A força da cultura popular às vésperas da revolução digital: Narrativa que começa com um possível fato curioso: um homem de nome Alvimar da Silva, recém falecido, havia sido enterrado vivo. Este foi o estopim e surgimento de uma série de manchetes investigativas regradas à boas doses de sensacionalismo.
Claudia Lage - um delírio por moira (2002-2012)
As pressões cotidianas no mundo contemporâneo: As pressões de uma garota para realização de coisas básicas com um pano de fundo fluído. Aluguel, energia, comida, água e despesas básicas e a pressão para ser o melhor a cada dia para sobrevivência.
Cristovão Tezza - O herói da sombra (2012-2022)
A história da venda de um carro antigo e problemático e os desdobramentos de um bem feitor.
A obra em si é uma construção significativa em contribuição literária, a decisão da editora em republicar estes contos traz a tona a importância do debate e da literatura como instrumento de fomento principal da educação e dos movimentos ligados à cultura. 80 anos de história do Brasil e do grupo, certamente um número significativo e único.
Indicado para todo leitor de bons contos.
[RESENHA #528] Odisseia erótica, de Bento Verboto
Bento Verboto é o pseudônimo da autora Umbra.
A odisseia é caraterizado por uma viagem marcada por eventos imprevisíveis, e na voz e definição do autor, ela é a chance que temos de nos reinventar em meio à mudança. Esta obra é um emaranhado poético que caracteriza e elucida em suas páginas sentimentos que afloram em meio ao encontro e desencontro de almas, do sexo e da falta dele, do desejo e do sentimento tudo por meio do desejo e de uma narrativa que provoca-nos diferentes sensações, pois ela nos aborda em diferentes óticas e perspectivas dos encontros e dos amantes que conquistamos ao longo da nossa vida.
Das características da obra, duas delas merecem destaque: os poemas possuem link de músicas que complementam a leitura, o que torna tudo mais pessoal e garante uma experiência única, trazendo a tona os sentimentos que, certamente, ocasionaram na escrita desta obra. Outro ponto interessante é a possibilidade de ler o livro de trás para frente, como em uma joga de vira-vira, ou seja, é possível abrir o livro por ambas as capas e realizar a leitura, uma vez que ambas contemplam uma série de poéticas.
O livro, como revelou o autor em nota, é sobre as dores insuportáveis e suportáveis sofridas por grandes amores e por ilusões amorosas, todas marcantes.
Ele
era sobre ele
a falta dele
o medo dele
A música que toca
E eu fujo
Dele
de tudo o que envolva
Ele
(p.226)
Algo interessante de se observar é que à depender da parte lida do livro (capa frente-verso) os sentimentos se diversificam, a impressão que temos é que de um lado somos apresentados à uma mistura de sentimentos em meio à paixão, já do outro, somos contemplados com a visão amadurecida do processo do amor, repleto de reflexões que trazem a tona uma série de encontros com o passado e as pazes com o presente. Uma tática magistral.
Das terras que cruzei
Em poucas já botei
O pé
E habitei de verdade
somente em mim
(p.163)
Fala-nos sobre lembranças:
Eu estive me observando nos espelhos das ruas
Nos reflexos da cidade
Agora estou escondido no seu quarto, pelos meus textos que você guardou.
Queime minhas cartas como o sol queimou minha pele
Você me machucou de qualquer maneira.
Era uma questão de tempo para que alguém se ferisse.
Me observo, mas não sei se te vejo.
sou eu mesmo?
(p.126 em incorporando afetos)
...de saudade
Ainda tenho a sensação
de sua boca mordendo o meu pescoço
e todos os jogos que você gosta
mãos em torno do meu corpo
senti que estava sozinho de novo
coloquei você num altar:
criei fantasias e fetiches de amor
(p.113 em meu corpo)
...do despertar
O amor não surge, e a gente culpa
nossos corpos de não terem química,
quando toda essa nossa biologia era só na teoria.
(p.100 em a noite na minha cabeça)
Bento Verboto é profundo em todas as suas nuances, sua escrita nos rasga de dentro para fora em distintas regiões, seus escritos penetram a carne e o íntimo do leitor, parte em direções opostas e múltiplas e nos convida à viver e vivenciar sua dor, seu gozo, suas paixões e sua evolução.
Um livro feito para quem ama poesia e reflexões profundas sobre amores e desilusões.
[RESENHA #527] Flow por grafia, de Taz Mureb
Flow por grafia não tem definição, não tem forma, é um livro livre que não se encaixa em um padrão normativo de publicação, mas se diferencia de tudo e todos em poética e sinestesia. Taz Mureb, trouxe em suas páginas um misto de tudo o que acredita e luta em vida em suas músicas. Artista do rap, a escrita da autora caracteriza-se por ser multifacetada, há aqui, ausência de forma predominante, mas mistura-se entre todas suas escritas um misto de poesias, poemas, cartas, confissões e músicas, tudo poeticamente alinhado à uma diagramação repleta de ilustrações que casam-se em passos lentos ao propósito da narrativa: mostrar quem é Taz Mureb.
Flow por grafia é uma obra que fala por si só, suas páginas, repleta de poesias e poemas de parachoque de caminhão, caminham-se e se somam com uma diagramação que transmite a mensagem de imposição e imponência, há aqui força e bravura. Páginas com destaque em vermelho, poesias e poemas que transitam entre um capítulo e outro e um emaranhado poético construído dentre os inúmeros gêneros que conversam entre si na construção de uma unidade de sentido ampla e única.
Sua obra nos convida a pensar sobre a vida, realizações, sonhos e acaso. A cada página uma nova reflexão, um novo questionamento e uma nova posição. Você estaria pronto para enfrentar de frente as verdades que a vida impõe ou você só caminha e espera que a vida lhe explique?
A vida sabe melhor do que nós mesmos o que é melhor para nós
A questão é: você aceita os caminhos da vida?
ou vive na ilusão de achar que tem
controle e atrapalha todos os planos?
[...])(p.18)
dinheiro move o mundo, mas não se mova só por dinheiro (p.41)
e algumas provocações doem na alma:
Certos tipos de
Felicidade são muitos específicos.
Tem gente que só vai ser feliz
depois que morrer [...](p.53)
e outros nos convidam à entender que somos dotados de limitações:
Sou apenas a metade de um todo
Uma parte de algo em constante evolução
Assim consigo ser algo mutável movimento
Que se transforma por e para você
Sendo a metade consigo ser inteiramente aquilo que quis ou sonho de tudo o que deveria ser
[...](p.107, em apenas metade)
e outras nos fazem refletir sobre nossa condição:
O valor da vida não pode ser
sentido individualmente.
Nós somos apenas peças do jogo
A gente só entende
a parte que participamos.
Não sabemos qual é o fim da partida
O verdadeiro valor da vida
só se entende coletivamente
[...](p.135 em colombina de maio)
Taz consegue transmitir muito mais que apenas uma escrita, ela transmite sentimento e vida em suas letras e palavras. Seu dom transmite reflexão e afrontamento de ideias que nos fazem pensar sobre nossa vida, limitações e sobre nós mesmos e nossa conduta. Uma obra poética repleta de vida.
Um livro que fala por si, indicado para todo bom leitor, filósofo ou para amantes de uma poesia pungente e reflexiva.
[RESENHA#526] Agridoce, de Andréa Rezende
Falar de poesia sempre evoca um sentimento de responsabilidade maior do que de outros livros, isso ocorre pois a subjetividade habita nas entrelinhas do sentimento. A poesia é, costumo dizer, a leitura da alma, ou seja, a real interpretação da obra nos é revelada no momento em que nosso caminho se cruza com os desdobramentos da verdades impostas em suas linhas.
Agridoce é como chamamos a mistura que ocorre entre o doce e o salgado ou entre o ácido e o doce. O titulo não poderia ser melhor. A obra transmite um misto entre o doce dos desejos e o ácido da realidade, o salgado das lutas e o doce das conquistas. A autora, professora, traz em seus versos muito daquilo o que acredita e luta, e para tal, ela debruça-se em desvencilhar os sentimentos decorrentes de sua formação e carreira, trazendo para o leitor um misto de sentimentos que lhe são únicos, fazendo-nos caminhar por seus anseios e desejos de uma forma sublime.
Este emaranhado poético ao qual Andréa Rezende nos submete é um livro de frente de batalha, de militância, de relevância e importância. A autora nos apresenta uma construção poética que trava e batalha com a realidade. Suas linhas denunciam o crime impune, o amor não vivido, a sorte não semeada, o caminho não traçado e a impunidade tão praticada.
O primeiro poema, homônimo do livro, é uma descrição breve da poética desta artista, aqui, ela nos revela todo lado acri-doce de sua obra.
O que é doce em mim
Desliza, suporta discursos,
Temas em curso ou desuso
Neste trecho observa-se que a autora caracteriza seus sentimentos como algo que desliza e se transforma em discursos, podemos inferir que que todo este emaranhado poético nasceu de uma necessidade pungente de expurgar todo sentimento enraizado em sua crenças, o que originou toda esta escrita militante.
O poema a espera é uma alusão à espera que ocorre durante o processo de transformação do alunado por meio da experiência de ensino escolar e das metodologias de ensino, aqui, a autora usa de sua expertise para elaborar uma proposta de intervenção em favor da espera de um futuro melhor para o professor, para o aluno e para o ensino.
Porque sou professor
sou a paz, a espera, a possibilidade
Porque sou professor,
sou a favor do amor
Do conhecimento, da verdade
[...]
seguindo com sua narrativa que milita e grita, a autora nos brinda com um poema/homenagem à Marielle Franco.
Marielle da maré
tão jovem, tão densa
tão cheia de fé
Marielle da maré
tão forte, tão negra
tão genuinamente mulher
[...]
Em CondeNAÇÃO, a autora traz um visceral poema acerca do julgo popular, do preconceito e da criminalização do pobre, do negro, do nordestino, do favelado, das minorias por meio de uma repulsa que é característica da nação, não como uma culpabilização, mas como o reconhecimento de que estas problemáticas sociais são enraizadas no sentido de estarem por todos os cantos e lados, mostrando assim, a necessidade de reconhecermos a importância destas pautas para diminuir o impacto de nossas ações sobre nossos semelhantes, não como diferentes por seus atributos, mas por sermos iguais em existência.
Condenem a nação
esqueçam todo o seu legado
todos os acertos e bravuras
todos os feitos e inclusão
seu crime foi maior
[...] grifos meus.
condem também o pobre
o negro, o nordestino
a mulher, as minorias
o oprimido, os esquecidos
[...] grifos meus
O momento é doce, seus desdobramentos salgados, a vida é doce, os acontecimentos, salgados. A educação é doce, a ignorância salgada, e é seguindo esses preceitos que a autora segue, ela caminha entre a linha tênue da verdade dos fatos e das dores dos acontecimentos, ela se desdobra por meio de gritos que podem - e certamente vão - ser ecoados pela eternidade e por todas as ruas e bairros à quem pretende alcançar. Este não é um livro de poesias (apenas) é uma obra que nos convida à olhar para dentro e depois para fora e analisar ao nosso redor. Andréa Rezende escreve como quem escreve com a alma, como quem delineia os sentimentos de insatisfação por meio da escrita, da poesia e das artes.
Um livro memorável para todo aluno, pai, negro, nordestino, e para quem deseja ler e encontrar em uma narrativa uma boa poesia, uma boa dose de vida e verdade.
[RESENHA #525] Mad Maria, de Márcio Souza
SOUZA, Márcio. Mad Maria / Márcio Souza - 6.ed. - Rio de Janeiro: Record, 2023 ISBN978-65-5587-555-3
Mad Maria (apelido locomotiva da Madeira-Mamoré) narra-nos a história da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, no norte do Brasil, um dos maiores desafios arquitetônicos do início do século XX. Este enredo versa-nos acerca de um acontecimento real e drástico acerca da construção de uma das maiores ferrovias já construídas durante o período em que Rio de Janeiro ainda era considerada a Capital Federal do Brasil. A abertura do livro avisa-nos acerca de que há em suas páginas muito da verdade do ocorrido, mas alerta-nos também sobre o fato da obra ser um romance, o que considero, nada bonito, ao contrário, totalmente tenebroso, ainda que visceral e verídico.
Marcio Souza escreve uma obra dividida em dois grandes períodos da história, o primeiro, claro, diz-nos a respeito da construção de uma grande ferrovia que massacrou diversos trabalhadores levando muito deles à morte em nome do capitalismo parasitário vivenciado no século XX, também nos aventuraremos em um período onde Rio de Janeiro ainda vivenciava seus dias como a Capital Federal do Brasil, o que mostra-nos bastante acerca da história da cidade durante o período e todas as problemáticas sociais, políticas e problemáticas da época. Esta edição da obra conta com um novo projeto gráfico, bem como uma nova revisão e um projeto de expansão, o que no cenário atual soa quase como uma denúncia em relação ao que vem acontecendo - inclusive nos dias atuais - com a Amazônia e todo seu desmatamento em busca de uma expansão comercial capitalista, trazendo-nos a tona uma admiração em relação à poética versada pelo autor, bem como um horror pelas descrições tão minuciosas em suas páginas.
A obra narrada no período de 1911 traz-nos revelações acerca das mortes e dos grandes acordos políticos firmados para sua realização, e claro, toda trama por trás de uma das grandes construções ferroviárias que traz-nos a tona os sentimentos de insatisfação, ao passo de que somos levados a entender a totalidade dos acontecimentos acerca do processo acelerado de desenvolvimento do capitalismo parasitário em um período quase que periférico acerca do trabalho e da exploração de mão de obra.
A obra, intitulada muito verdadeiramente como ferrovia do diabo carrega em si um mar de sangue das vidas que se perderam para sua realização, bem como para o seu desenvolvimento no meio político, o que nos faz aprender um pouco mais acerca dos acordos políticos que, em suma, permanecem vigente dos dias de hoje - o capital acima da vida em prol das realizações megalomaníacas dos grandes investidores da atualidade.