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Resenha: Linha de colisão, de Vitor Zindacta

 

Arte digital / Divulgação

Se você acha que o futebol americano é apenas um jogo de estratégia, força bruta e entretenimento de domingo à tarde, prepare-se para ter sua percepção estilhaçada com a mesma violência de um tackle de linha defensiva em "Linha de Colisão". Vitor Zindacta não nos convida para a área VIP do estádio; ele nos arrasta para o vestiário suado, para o cheiro de testosterona e medo, e para a mente claustrofóbica de homens que são pagos milhões para serem gladiadores modernos, desde que não ousem sentir nada além de raiva. A capa já é um aviso visual potente: um capacete solitário abandonado no gramado sob as luzes artificiais, e uma figura se afastando ao fundo. Não é uma imagem de vitória, é o retrato de uma deserção, o momento exato em que o homem decide que a armadura pesa mais do que a glória.

O protagonista, Liam "The Wall" Davis, é uma força da natureza na NFL, uma montanha de músculos construída para destruir oponentes e proteger sua própria vulnerabilidade com a mesma ferocidade. Zindacta escreve Liam com uma complexidade dolorosa; ele não é o clichê do atleta no armário que vive em negação, mas um homem que transformou o silêncio em uma estratégia de sobrevivência em um ambiente ativamente hostil à sua existência. Do outro lado dessa trincheira está Evan Hayes, um jornalista esportivo afiado, cínico e perigosamente observador, que vê além da fachada de "Deus do Estádio" que Liam projeta. A dinâmica entre eles não é um romance suave; é um jogo de gato e rato de alto risco, onde uma pergunta errada pode destruir uma carreira e um olhar prolongado pode derrubar um império. A tensão inicial é palpável, nascida não de flerte, mas de um reconhecimento mútuo de perigo, como Evan aponta com precisão cirúrgica durante uma entrevista tensa:

"Você construiu uma fortaleza tão boa ao redor de si mesmo, Liam, que esqueceu de deixar uma porta. Você é o rei do castelo, mas também é o prisioneiro. E eu estou começando a achar que você quer que alguém derrube os muros."

O que eleva "Linha de Colisão" acima de um romance esportivo comum é a brutal honestidade com que Zindacta disseca a cultura da masculinidade tóxica no esporte profissional. O "coliseu" não é apenas o campo onde os corpos se chocam, mas a arena da opinião pública e a pressão interna para performar uma heterossexualidade que não existe. O romance entre Liam e Evan floresce nas sombras, em quartos de hotel anônimos e mensagens criptografadas, criando uma atmosfera de urgência e paranoia que é viciante. O autor nos faz sentir o peso esmagador da vida dupla de Liam, o contraste ensurdecedor entre o barulho da torcida e o vazio de sua vida pessoal:

"O rugido de oitenta mil pessoas é ensurdecedor. Faz o chão tremer. Mas o silêncio dentro da minha própria cabeça depois que as luzes se apagam, o silêncio das coisas que eu não posso dizer e do homem que eu não posso ser... esse é o som que realmente me destrói."

A narrativa ganha força de trem-bala à medida que o Super Bowl se aproxima e a fachada de Liam começa a ruir sob a pressão do escrutínio da mídia e de seus próprios sentimentos crescentes por Evan. O clímax não acontece durante o grande jogo, mas nas escolhas que são feitas quando as câmeras estão desligadas (ou quando elas estão dolorosamente ligadas). Zindacta nos presenteia com um final que é, simultaneamente, um ato de rebelião política e uma declaração de amor íntima. É sobre a coragem necessária para decepcionar milhões de fãs para ser fiel a uma única pessoa, inclusive a si mesmo. A resolução é um lembrete poderoso de que a maior força não está em suportar o impacto, mas em saber quando parar de lutar a guerra errada:

"Eu passei a vida inteira colidindo com homens maiores que eu, treinando para absorver o impacto, e nunca tive medo de quebrar um osso. Mas a ideia de te perder? De voltar para aquela gaiola dourada e viver sem isso? Essa é a única pancada da qual eu sei que não vou me levantar."

Disponível exclusivamente na Amazon, "Linha de Colisão" é uma leitura visceral, sexy e surpreendentemente terna, que prova que, às vezes, para ganhar o jogo mais importante da sua vida, você precisa ter a coragem de sair de campo antes que o cronômetro zere.

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