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RESENHA: Fora das linhas, de Vitor Zindacta

Colagem digital / Divulgação


Se você espera um romance colegial previsível onde o capitão do time e o garoto artista trocam olhares tímidos no refeitório até o baile de formatura, feche essa página agora, porque Vitor Zindacta não escreveu "Fora das Linhas" para ser confortável; ele escreveu para ser um colapso sistêmico seguido de um renascimento glorioso. A experiência começa pela capa, que é uma obra de arte por si só: dois garotos sentados no asfalto áspero de uma quadra de basquete, sob um céu crepuscular que mistura a melancolia do roxo com a esperança do laranja, capturando perfeitamente a dualidade de dois mundos que não deveriam colidir, mas que o fazem com a força de um acidente de carro. A imagem engana pela calmaria, escondendo a tempestade elétrica que aguarda o leitor logo nos primeiros encontros, onde a tensão é palpável e o aviso é claro:

"Vai ser difícil fingir que você não existe, Caleb... Crestwood é pequena. E todo mundo vai querer saber quem é o garoto novo que odeia o esporte sagrado da cidade."

A premissa nos joga na vida de Caleb Sullivan, um artista cínico e enlutado que é forçado a viver com o pai treinador e obcecado por glória, na cidade onde o basquete é religião. Do outro lado está Mason West, o "Garoto de Ouro", o príncipe da cidade que parece ter a vida perfeita. Mas Zindacta destrói esse arquétipo com uma brutalidade fascinante. Mason não é um herói; é um mártir em decomposição, escondendo uma lesão necrótica no ombro e uma vida familiar podre sob camadas de analgésicos e sorrisos de plástico. A química entre eles não nasce de clichês, mas da necessidade desesperada de sobrevivência e da compreensão mútua de que a realidade é uma farsa, como Mason alerta em um bilhete secreto:

"Não acredite em tudo o que vê nos outdoors."

O que torna este livro uma obra-prima do gênero é a coragem de abandonar a escola e transformar a narrativa em um thriller de fuga alucinante. Zindacta usa a dor física de Mason como uma metáfora visceral para o custo da perfeição, e a arte de Caleb como a única linguagem capaz de traduzir essa dor. Há um momento definidor onde a filosofia de vida de ambos se choca e se funde, rejeitando a narrativa do salvador perfeito em prol de algo mais humano e real:

"Heróis são chatos. Eles são previsíveis. Eu prefiro o caos."

"Fora das Linhas" é uma dissecação da corrupção parental, da pressão atlética e da beleza que existe em se deixar quebrar para ser montado de uma forma nova, "torto", mas autêntico. O final na Itália, onde Mason projeta uma casa que reflete o céu da noite em que fugiram, é de uma poesia visual que fará até o leitor mais cínico suspirar. É uma história sobre encontrar a própria voz quando o mundo grita para você seguir o roteiro, provando através de uma carta final emocionante que a reconstrução é a única constante:

"A vida não é um prédio que você projeta e depois constrói. A vida é uma reforma constante. É descobrir que a parede mestre está podre e ter que improvisar um pilar no meio da noite. É perceber que o teto caiu e decidir que, na verdade, você sempre quis ver as estrelas."

Disponível apenas na Amazon, este livro é um convite para ignorar as regras, pular a grade e descobrir que o mundo é infinitamente maior do lado de fora.

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