Resenha: A viuvinha, de José de Alencar

ISBN-10: 8500005777
Ano: 2001 / Páginas: 152
Idioma: português
Editora: Ediouro

Coleção Super Prestígio. Biografia por M. Cavalcanti Proença, Introdução e notas por Ivan Cavalcanti Proença.

A viuvinha e Cinco Minutos são exemplos do brilhantismo com que o autor descreve tipos e dramas da sociedade carioca. Na primeira, a felicidade de Carolina é bruscamente interrompida quando Jorge faz-se passar por morto. Em Cinco minutos, o acaso impede que o personagem leve uma vida melancólica, sem conhecer a paixão.

Literatura Brasileira / Biografia, Autobiografia, Memórias / Crônicas / Drama / Aventura / Comunicação / Romance / Suspense e Mistério

RESENHA

“A viuvinha” (Folhetim, 1860), do romancista José de Alencar, autor de obras brilhantes que fazem sucesso até os dias atuais, é um livro que fora publicado em folhetim na época, que conta não só a história de dois jovens que conheceram o amor cedo, mas também a esperança de um amante ao perder seu amado e os dois lados do amor, enfatiza a ‘força’ deste sentimento e também os valores da época e crítica a burguesia de outrora (A história se passa no ano de 1844).
Como nem tudo são flores, o livro tem seus defeitos aos olhos de leitores contemporâneos, que não estão acostumados a este tipo de leitura. É um livro possuinte de muitas descrições, característica da época, muitas cansativas e demasiadas longas, o que desprende o leitor e os faz perderem-se na leitura, tendo que reler novamente a narrativa.
Não só as descrições da narrativa são complexas para os jovens leitores por ser um livro de uma época distante, mas também o seu vocabulário, os leitores necessitam buscar o significado de diversas palavras, que não tem mais lugar no nosso vocabulário depois de tanto tempo.
Entretanto, novos conhecimentos e reflexões são sempre aceitos por aqueles que compartilham o amor pela leitura, e isto não falta no livro. O livro nos coloca a refletir a cada parágrafo, cada atitude do protagonista acompanha uma profunda reflexão do narrador, e consequentemente nossa, discordando ou não dele.
O próprio narrador, em 3ª pessoa onisciente e onipresente, critica as atitudes do protagonista durante o livro, e parece concordar com as atitudes extremas que o mesmo tem que tomar para reparar seus erros. Atitudes vindas de um burguês, que nunca precisou trabalhar, pois herdou a fortuna que seu pai construiu durante toda a vida, o narrador mostra-se incomodado com a falta de valor que o protagonista dá ao dinheiro.
É inovador aos jovens leitores, o antagonista do livro, José de Alencar implementa ao próprio valor da honra o papel de antagonista, tornando-o demasiado importante e deixando explícito que era de suma importância que o protagonista reparasse seus erros pois o livro mostra que na época era inaceitável a desonra.
O tempo no livro não é definido exatamente, no início é dito que a história acontecera há dez anos, e durante a história o tempo varia e é um pouco confuso, o livro “começa” no meio da história, o “meio” conta o começo da mesma, e volta a concluir o meio que vem a ser interrompido para contar o início, o que de certa forma deixa o leitor confuso e ao mesmo tempo intrigado para saber o que está acontecendo, mas ao terminar tudo se encaixa como um belíssimo quebra-cabeça.

Mesmo com descrições imensas, palavras rebuscadas, críticas a burguesia e a não definição exata do tempo, o livro é excelente e ensina aos leitores os dois lados do amor, o valor da honra e da vida, e mesmo sendo um livro de outra ‘sociedade’ por conta do tempo, é tão bom quanto obras que possuem características semelhantes. A trilogia “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien, sequência do livro “O Hobbit”, de mesmo autor, possui também narrativas extensas, palavras rebuscadas e críticas, e mesmo hoje assim como “A Viuvinha” é adorado por diversos tipos de leitores, incluindo os jovens.

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