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A perpetuação de ciclos traumáticos em diferentes gerações de mulheres é tema do livro de estreia da escritora e roteirista paulistana Patricia Tischler

 A morte de uma tia querida é o início de uma jornada de descobertas e compreensão do amor em “Vanessa Halen: tudo o que não quis mas já é”.

A jornalista investigativa Vanessa Halen precisa lidar com o luto pela morte de Leila, tia-avó e única familiar que realmente impactou sua vida. Porém, ao começar a explorar a história da tia, Vanessa será confrontada por segredos e mistérios que nunca poderia imaginar. É assim que a escritora paulistana Patricia Tischler apresenta o seu primeiro romance, “Vanessa Halen: tudo o que não quis mas já é” (135 págs.).


A obra gira em torno de traumas e do reflexo que os “carmas familiares” têm em diferentes gerações, assim como da capacidade de cada um construir o seu próprio caminho a despeito deles, ainda que aos trancos e barrancos. Em contraponto à dor vivenciada pela personagem, um passeio por seus afetos revela mais sobre a personalidade de Vanessa. Seja nas lembranças sobre a tia Leila ou na relação com a amiga Marta.


Com um enredo dinâmico, que se passa tanto em São Paulo, capital, quanto em Florianópolis (SC), e que mescla as investigações sobre a vida pregressa da tia-avó com a descoberta de um novo amor, o livro aborda a história de mulheres que fazem escolhas difíceis e incomuns, na tentativa de serem felizes à sua própria maneira, sem a necessidade de se conformar ao que é esperado delas.


“Neste livro, crio personagens que procuraram não se render à posição de vítima. Que passaram pelos ciclos de traumas, compreenderam serem eles repetições do que viera antes, e fizeram deles o símbolo do que não querem mais perpetuar”, explica a autora, que se descreve como “nômade, ex-yogi, fotógrafa entusiasta, funcionária do Itamaraty e escritora”. Inicialmente, com um blog sobre suas viagens, a autora, que atualmente vive na Dinamarca, começou a buscar sua voz na escrita por vários caminhos até chegar em seu primeiro livro e também na newsletter In-Sight, onde divulga textos diversos.


Em “Vanessa Halen: tudo o que não quis mas já é”, Patricia explora também a realidade de pessoas, como a protagonista, que por causa do  histórico familiar, nunca tiveram um lar e pela primeira vez se vêem diante da necessidade de criar raízes. Para a autora, as relações intergeracionais têm um grande papel nas escolhas das personagens, que não conseguem se permitir relacionamentos saudáveis por medo de reproduzir o que elas mesmas vivenciaram.  “Gosto de explorar a ideia de ciclos, que se reproduzem e perpetuam, mas sempre com algumas diferenças.”


De Van Halen a Eric Clapton: conheça a história do livro



Ao retornar ao Brasil para receber a herança de sua amada tia Leila, Vanessa Halen se depara com os objetos e memórias contidos naquele apartamento que foi como uma segunda casa e que agora é seu. Enquanto organiza os pertences da tia-avó, acumulados ao longo de 86 anos de vida, Vanessa descobre um armário misterioso, cujo conteúdo desencadeia uma investigação sobre a vida daquela que foi a sua parente mais querida e que ela descobre não ter conhecido tão bem quanto pensava.


Vítima de um ciclo de abusos, desde a criação fragmentada por uma mãe ausente que só proporcionou um nome de trocadilho que irrita Vanessa (uma alusão à banda de hard rock norte-americana Van Halen) e um pai abusivo e moralmente questionável, Vanessa encontra em tia Leila a referência familiar que molda sua personalidade.  A amizade com a tia é evocada em diversas passagens do livro, que enfatizam o amor que as duas compartilharam. Com o faro aguçado de jornalista, Vanessa empreende uma jornada para preencher as lacunas que não conhecia sobre Leila, enquanto descobre mais sobre si e seus afetos.


Durante a resolução de burocracias do processo de luto, Vanessa conhece Eric, que trabalha em um Poupatempo e a coincidência do nome “criativo” de ambos gera uma primeira conexão. Assim como a jornalista, Eric carrega o fardo de um nome famoso nos seus documentos: Eric Clapton Guimarães e Souza. De um flerte inicial despretensioso a uma relação que se desenvolve em meio aos traumas e limitações de ambos, Vanessa começa a abrir sua vida complicada para Eric enquanto vai aprendendo com o que se parece o amor.  


Em pouco tempo, pequenos aspectos de uma rotina amorosa se estabelecem. O retorno ao bar do primeiro encontro, os desenhos de Eric durante cada conversa. O relacionamento com Eric avança paralelo ao processo de luto de Vanessa. Um mix de sentimentos que se revela a cada etapa.


Mas dar esse passo não é um processo fácil. Com uma relação anterior originada em violência, Vanessa precisa lidar com outros tipos de luto, além da perda de sua tia querida. Para isso, também conta com a amiga Marta, que a acompanha durante suas investigações sobre o passado da tia. A relação com a amiga de longa data é um suporte durante um momento difícil, mas também ilustra a possibilidades de novos começos quando Marta conta a Vanessa que está grávida.   


O primeiro romance de Patricia Tischler


Nascida e criada em São Paulo, Patricia já morou em Brasília, Florianópolis, Madri, Londres, Tallinn (entre outras) e atualmente vive em Copenhague. Após deixar a carreira na yoga para trás, encontrou na escrita (de roteiros e, agora, literária) uma maneira de canalizar suas áreas de interesse variadas.


Com o histórico na ginástica durante a juventude e posteriormente a yoga, a relação com a escrita foi postergada por muito tempo. Aos 30 anos, já funcionária do Itamaraty, Patricia teve a primeira missão no exterior em Hanoi, Vietnã, e sentiu a necessidade de compartilhar essa experiência com família e amigos. Fotos e relatos por e-mail deram origem ao primeiro blog da autora.


Patricia sempre foi uma leitora ávida de ficção, dos policiais aos romances históricos, e ao longo da vida fez diversas tentativas de começar a escrever, mas terminava explorando essa sua necessidade por “mundos inventados” apenas em suas leituras. 


Após se dedicar ao estudo de roteiro em instituições como o Sesc-SP, New York Film Academy e London Film Academy, Patricia sentiu dificuldade de encontrar parceiros para produzir suas histórias por meio do audiovisual. Foi então que começou a fazer o curso de narrativas da escritora Ana Rüsche, com quem já estuda há dois anos, e se encantou com a liberdade dada pela escrita em prosa. “Descobri na escrita de ficção uma forma de mostrar as minhas investigações, experiências e descobertas.” 


“Vanessa Halen: tudo o que não quis, mas já é” é o primeiro romance de Patricia e levou pouco mais de dois meses para ser concluído. “Impressionada com as possibilidades que se abriam, tanto para contar as histórias que eu queria, como para divulgar meus textos, nem bem terminei um e já comecei a converter alguns projetos de audiovisual para a narrativa”, conta a autora que já está com vários projetos na fila, como o segundo romance, e o livro de contos “Tragédias Paulistanas", que teve um texto publicado na edição de setembro/outubro da revista The Bard.


Confira trechos do livro:


“Acho que o hábito de escrever cartas foi o que me fez desenvolver um estilo de escrita meio

pessoal, quase conversando com o leitor. Tive editores que tentaram me corrigir, fazer do meu

jornalismo algo impessoal e menos tendencioso, como se isso fosse possível. Existem tantas

realidades quantos pares de olhos que a observam.”


“Sempre penso em sexo com um novo parceiro como uma dança com um par com quem

jamais dancei. Os passos, mesmo que ambos os saibamos, normalmente saem meio desconjuntados no início. E é preciso ter um certo senso de humor para persistir naquela coreografia confusa.”



Adquira “Vanessa Halen: tudo o que não quis mas já é” pelo site: https://amzn.to/4ffhHpD 

O que pensa o mercado editorial brasileiro? Obra que reúne entrevistas com profissionais influentes do setor é lançada pela Editora Modelo

O autor Leonardo Neto / Arquivo Pessoal


“O que pensa o mercado editorial brasileiro?”, de Leonardo Neto, é uma coletânea de entrevistas que oferece um panorama profundo das visões e experiências de profissionais que dão forma ao universo editorial no Brasil

O que pensa o mercado editorial brasileiro?”, de Leonardo Neto,  é um dos primeiros livros publicados pela Editora Modelo, fundada pelos coordenadores do Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais (NESPE). Trata-se de uma coletânea de entrevistas que oferece um panorama profundo das visões e experiências de profissionais que dão forma ao universo editorial no Brasil. 

Originadas da coluna "Bate-papo" da newsletter Happy Hour NESPE, uma fonte de informação descontraída e acessível, estas entrevistas capturam a riqueza e a complexidade do setor. Com contribuições de figuras influentes como Karine Pansa, presidente da International Publishers Association, e Marifé Boix García, vice-presidente da Feira do Livro de Frankfurt, este livro revela histórias inspiradoras e oferece insights valiosos sobre os desafios e oportunidades do mercado editorial.

Organizada por Marcos Filho, a obra convida o leitor a pensar no setor e refletir sobre o futuro dos livros e da leitura no Brasil. Ideal para profissionais, estudantes e apaixonados por livros, esta obra é uma peça essencial para quem deseja se aprofundar no fascinante mundo dos livros. 

Foco na disseminação do conhecimento sobre mercado editorial

Capa da  obra "o que pensa 
o mercado editorial brasileiro?
Fundado em 2016 com a missão de transformar o mercado editorial brasileiro através da disseminação de conhecimento especializado e da promoção de práticas inovadoras, o NESPE foi criado pelos sócios-diretores Cibele Bustamante e Leandro Müller. Sempre atenta às tendências do mercado editorial, tanto no Brasil quanto no exterior, a instituição une teoria, prática e academia de forma integrada. Por isso, Cibele Bustamante e Leandro Müller se juntaram a Silvia Rebello, professora na pós-graduação de Edição e Gestão Editorial, também no NESPE, para fundar a Editora Modelo

A editora nasce com uma dupla missão: estimular a publicação de conteúdo sobre o mercado editorial como um todo e dar oportunidade para que os pós-graduandos do NESPE coloquem em prática aquilo que aprenderam em aula, sob supervisão de profissionais do mercado.

“Como nossa missão é o foco na disseminação de conhecimento para e sobre o mercado editorial como um todo, publicaremos principalmente livros de não-ficção sobre livros, mercado e produção editorial, bem como sua história e temas correlatos, como design de livros, composição tipográfica, manuais de escrita etc.”, afirma Leandro Müller. 

O catálogo da editora valoriza a difusão de conhecimento sobre livros, com produções de autoria nacional. Também há planos para traduções de textos estrangeiros para o português. Müller diz que temas ligados ao mercado de livros brasileiro, com todas as suas particularidades, são muito bem-vindos

A editora pretende publicar livros pertinentes para o bom exercício de práticas  profissionais no mercado editorial, da escrita criativa e produção de conteúdo. A ideia também é consolidar padrões editoriais, tornar-se referência na divulgação de conhecimento no campo editorial.

Adquira os livros no site da editora: www.editoramodelo.com.br  

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Linkedinhttps://www.linkedin.com/in/editora-modelo/

‘Intermitências apenas’, da poeta Valéria Grassi, convida o leitor à pausa e será lançado dia 27 de novembro, na Janela Livraria


Foto: A autora Valéria Grassi / Arquivo Pessoal

“Se eu pudesse, daria uma vírgula para as pessoas”. O verso da poeta Valéria Grassi resume o sentimento do seu livro de estreia: “Intermitências apenas” (184 páginas, Editora Cambucá, R$60), que reúne poemas em que o amor pelas palavras é evidenciado pela pausa, pelo silêncio e pela constante vontade de se construir espaços sem pontos, numa sequência interminável. O livro já está à venda no site da Editora Cambucá e será lançado dia 27 de novembro, quarta, às 19h, na Janela Livraria, no Shopping da Gávea.


Numa analogia a parar um pouco e a se permitir dar um tempo, fazer uma pausa, a obra traz poesias escritas em um formato inovador: entre vírgulas e com dez linhas. A própria capa do livro traz uma flor com um caule que lembra o sinal gráfico, numa foto da autora.


“Eu diria que o livro quer evidenciar a necessidade de um tempo dedicado. A pausa, nesse sentido, é o espaço criado para que haja alguma observação um pouco mais focada. Talvez a pausa permita alguma outra descoberta que a correria impossibilita. Mas quero a pausa como um gesto consciente”, explica Valéria.


Uma investigação criativa com palavras e flores deu origem ao livro


Capa de “Intermitências Apenas”, de Valéria Grassi


Formada em Biblioteconomia, redatora publicitária, escritora, livreira e ex-proprietária de livraria infantil, Valéria Grassi escreveu “Intermitências apenas” a partir de um processo criativo que durou cerca de cinco anos. A opção por colocar os versos entre vírgulas foi o ponto de partida para essa investigação artística. A autora criava as suas poesias, ao mesmo tempo em que construía manuscritos com flores que recortava e colava junto às palavras, também recortadas.


Era como se eu estivesse realmente me permitindo encarar a escrita como uma coisa mais artística, mais demorada, mais investigativa. Esse manuscrito grandão foi ficando lindo e depois de um tempo eu comecei a achar que a beleza dele estava atrapalhando porque eu queria toda a atenção voltada para a escrita. Então, aos poucos, ele foi se transformando no livro”, explica. 


Assim, “Intermitências apenas” convida o leitor a se demorar em seus ecos e a aconchegar o que vai ser dito, para, depois, embalar o movimento ritmado das páginas e balançar as frases como as ondas embalam os barcos. 


Para a professora e doutora em Literatura Clássica, Sandra Guimarães, que assina o posfácio da obra, Valéria Grassi cataloga instantes e faz, tal qual Caetano Veloso, uma oração ao tempo para que ele nos deixe respirar. “É uma ode à beleza do instante”, resume.


Intermitências apenas
Autora: Valéria Grassi

Posfácio: Sandra Guimarães

Editora Cambucá

184 páginas. R$60

Editora Cambucá

À venda em: https://www.editoracambuca.com.br/produto/intermitencias-apenas/ 


LANÇAMENTO - SERVIÇO:
Data: 27 de novembro de 2024, quarta-feira

Horário: 19h 

Local: Janela Livraria - Shopping da Gávea (Rua Marquês de São Vicente, 52, 3º piso (loja 368, Gávea)


SOBRE A AUTORA, por ela mesma: 

Do que gostei e gosto de ser, por um tempo ou por toda uma vida, brasileira, brasiliense, filha, neta, sobrinha, irmã, estudante, bailarina, jogadora de vôlei, fã de São Francisco de Assis, prima, tia, universitária, cunhada, bibliotecária, festeira, amiga, mãe, redatora publicitária, esposa, sócia, madrinha, defensora da reciclagem, livreira, pé de valsa, dona de casa, fiel guardiã de afetos, autora, cozinheira, peregrina, leitora, devota do pôr do sol, criadora de conteúdo, fazedora de vatapá, sobrevivente da pandemia, louca por séries, sogra, cinéfila, fotógrafa, caminhante, apaixonada pela palavra escrita, eterna aluna da língua portuguesa, investigadora de possibilidades, escritora, poeta, por um tempo ou por toda esta vida, meu poema sou eu. Siga: @temqueterpalavras 


SOBRE A EDITORA: 

A Editora Cambucá tem como propósito oferecer soluções editoriais para autores nacionais e independentes. Presta serviços de edição, parecer de manuscritos, consultoria, coaching, criação de projetos e publicação. Seu diferencial está alinhado à satisfação daqueles para quem trabalha: autores e leitores. Siga: @editora.cambuca 

Editora Tabla lança livro que reúne textos escritos em meio a guerra.

Diários de Gaza é uma coleção que traz as vozes de artistas, escritores, professores e agentes da cultura que vivem em Gaza e experienciaram (e infelizmente ainda experimentam) a guerra contra o povo de Gaza promovida por Israel desde 7 de outubro de 2023. 

O lançamento é o 1º volume da série, intitulado A memória é uma casa indestrutível, e traz textos de 14 autores e um prefácio de Atef Abu Saif — idealizador e organizador da série original em árabe —, que cobrem os primeiros meses do genocídio na Faixa de Gaza. Não se trata de um livro sobre Gaza, mas um livro escrito em Gaza, sobre as pessoas, o lugar e a vida durante a guerra. 

“A guerra matou milhares de nós, mas despertou milhões de pessoas no mundo, que agora gritam por nosso direito à pátria. Demoliu nossos lares, mas abriu para nós os lares do mundo que estavam fechados havia décadas. Privou-nos de eletricidade, água e segurança, mas iluminou nossa mais bela imagem diante de nós mesmos e, antes de tudo, diante de nossos bárbaros inimigos. Certa vez, escrevi: ‘Se a guerra soubesse que cria bons poetas, ela atiraria em si mesma’. Agora, digo: ‘A guerra atirou em si mesma’.”

Nasser Rabah

A coleção amplifica as vozes palestinas, silenciadas por décadas de expulsão, violência, apartheid e genocídio. Parte da história palestina só pode ser compreendida quando inserida no contexto da experiência colonial. Como em todos os fenômenos coloniais conhecidos, os colonizados sofrem não apenas violências físicas, mas também simbólicas. A memória, portanto, emerge como um dos mais importantes instrumentos de resistência anticolonial. 

Diários de Gaza: a memória é uma casa indestrutível é um livro que busca vocalizar e difundir essa memória, representada por um lugar onde a vida palestina é diariamente negada, mas também poderosamente afirmada: Gaza.

A edição brasileira foi organizada por Rafael Domingos Oliveira, a partir da versão original, e traduzida do árabe por Rima Awada Zahra.


Leia alguns trechos:

 

“A guerra terminará, os invasores irão embora e nós voltaremos para recolher nossos sonhos da poeira dos edifícios e das fronhas rasgadas dos travesseiros. Buscaremos os restos mortais dos corpos daqueles que amamos; replantaremos o jasmim na porta de casa e nos certificaremos de consertar o cano no teto do banheiro; trabalharemos para pendurar novamente os lustres nas varandas para iluminar o caminho dos passantes e contemplaremos o mar com o olhar de um amante cheio de saudade, contando as ondas uma e outra vez, relembrando quantas ondas perdemos na guerra.”

ATEF ABU SAIF

 

“Deslocado da minha dor para a dor dos outros, minhas lágrimas me afogam num choro maior e mais amplo, que se estende por toda a Faixa de Gaza: de um norte sangrento a um sul também sangrento; de um leste escaldante a um mar desolado.”

YUSSEF AL-QUDRA

 

“Lamento informar que nossa vizinhança, que existia antes de mim, não existe mais. Nossa casa, nossos vizinhos e o muro que nos separava deles se foram. A casa desapareceu, e os donos se foram com ela. Todos os meus amigos morreram, e os que sobreviveram esperam por seus entes queridos em tendas, sem comida, bebida ou abrigo adequado, aguardando o momento de se juntarem aos mortos. Estamos penteando os cabelos da desilusão e cantando para ela.”

LAYAN ABU AL-QUMSAN 

 

“O que está acontecendo? Sinto que estamos fora do mundo criado por Deus. O que morre em nós é maior do que um corpo. As almas que nos deixaram amavam a vida, tinham sonhos e lembranças, e hoje estão sendo destruídas e apagadas do registro civil. Somos habitados por mares de lágrimas reprimidas. Não consigo descrever meus sentimentos; um estado de delírio e confusão me domina enquanto ouço as histórias das famílias desalojadas que fazem meu coração sangrar.”

MUSTAFA AL-NABIH

 

“Estamos perecendo na solidão. Metade do mundo nos ignora, enquanto a outra metade romantiza nossa dor para evitar nos ajudar de forma concreta. Somos humanos comuns. Sentimos frio quando as tempestades arrancam nossas barracas e nos atingem com sua fúria. Temos fome e sede, e entramos em colapso diante da água contaminada.”

SAMAHER AL-KHAZINDAR 

 

“Somos os filhos da pureza, marginalizados no mapa do universo, os loucos de Gaza que devoram fogo e bebem lágrimas entre aqueles que se frustram em nome da humanidade, presos na garganta deste tempo.”

MAHMUD ASSAF 

 

Autores:

Ali Abu Yassin, Atef Abu Saif, Hassan Al-Qatrawi, Iman Natur, Jihan Abu Lachin, Kamal Sobh, Layan Abu Al-Qumsan, Mahmud Assaf, Maryam Qawwach, Mustafa Al-Nabih, Nasser Rabah, Nima Hassan, Rima Mahmud, Samaher Al-Khazindar e Yussef Al-Qudra.

Sobre a tradutora:

Rima Awada Zahra é psicóloga, coordenadora e professora da pós-graduação do curso de Psicologia e Migração da PUC-MG, além de consultora em educação e saúde mental. É autora e coautora de obras que reúnem experiências nas áreas da migração, educação, e saúde mental com população em situação de vulnerabilidade social e que são reconhecidos por entidades como a FNLIJ, a Biblioteca nacional, e selecionados para o Clube de Leitura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Dados do livro:

Título: Diários de Gaza: a memória é uma casa indestrutível

Editora: Tabla

Organizadores: Atef Abu Saif, Abd al-Salam Atari e Rafael Domingos Oliveira

Autor: Vários autores

Tradução: Rima Awada Zahra

Projeto Gráfico: Marcelo Pereira – Tecnopop

Número de páginas: 136

Assunto: Literatura árabe

Sobre a editora Tabla:

A editora Tabla tem como foco a publicação de autores do Oriente Médio e do Norte da África, estejam eles em sua terra ou na diáspora. O objetivo é dar voz a literaturas sub representadas no Brasil, estabelecendo pontes diretas num eixo sul-sul. O catálogo busca, portanto, representar a diversidade cultural, étnica, linguística e religiosa dessa parte do globo, a fim de combater preconceitos e estereótipos tão difundidos por aqui.

Andressa Arce estreia com obra que destrincha relação íntima entre irmãs

Comtato / Divulgação / Acervo Pessoal


“Andressa, como todos nós e ainda bem, está condenada à linguagem. Presa, prisioneira, sentenciada: seu No dia em que não fui é uma tentativa, fortuita, de transgressão, de delinquência, de infração (...) E para contar essa história endurecida, debruça-se numa atividade escrevedora que aposta não nos grandes acontecimentos, mas na pequeneza do cotidiano. Seu livro de lançamento é a Travessia própria do Rubicão: um ponto de não retorno. Escreve para espiar, que nem criança arteira, o que está por vir."  

Jornalista e psicanalista Gabrielle Estevans, no prefácio da obra 




O que as ruínas do que poderia ter sido informam aos que ficam? Que notícias dão as sobras a quem está por vir? São perguntas que "No dia que não fui" (editora Patuá, 85 págs.), romance de estreia da sul-mato-grossense Andressa Arce (@andressarce), tenta responder. Baseado numa vivência da própria autora, o livro narra a história de uma menina e sua relação com a meia-irmã, que traçam no fio tenro da infância suas identidades, via espelhamento. Uma perdendo-se na outra até que o convívio é brutalmente interrompido por um suicídio. Com a ruptura, uma delas, a mais nova, precisa, então, refazer-se a partir dos escombros. O prefácio do livro é assinado pela jornalista e psicanalista Gabrielle Estevans.


O tom melancólico, sombrio e pesaroso que permeiam tanto as canções da artista pop Lana del Rey como os filmes da cineasta Sofia Coppola serviram de inspiração para a obra, que além de abordar as dores de um luto abrupto, por conta de suicídio, e a complexidade das relações familiares, também abrange as agruras da trajetória de vida de toda mulher. “São temas que conversam com a minha própria melancolia e com minha forma poética de enxergar o cotidiano”, explica a autora.  


Como assumido por Andressa, a obra ganhou contornos verossímeis a partir de sua própria experiência. Para a autora existia um desejo de partir de uma história pessoal para atingir uma história coletiva. "A escrita iniciou-se como uma forma de resgatar a imagem desta irmã, o que acabou desaguando para a ficcionalização", revela.


O livro é dividido em três partes: “A meia-irmã da filha única”, “A filha única sem meia-irmã” e “O punho, ainda”. Essa segmentação evidencia o arco vivenciado pela narradora. O que no início era fascínio de uma criança pela vida agitada e instigante da irmã adolescente, transforma-se em uma tentativa de sobrevivência diante daquela ausência, numa tentativa de lidar com impulsos autodestrutivos, para, por fim, encontrar a conciliação com a falta daquela que se foi.


Na última parte da obra, a protagonista, Alice, escreve uma série de cartas para a irmã, Liana. Esses textos, concisos mas repletos de significado, são uma forma de dar futuro a uma relação que não teve a possibilidade de se estender no tempo. “Foi um jeito de permitir que Alice, firmada na vida adulta, conversasse com sua irmã morta”, admite a escritora. 


Referências no pop e inspiração no clássico

Acervo Pessoal / Divulgação

Andressa Arce nasceu em 1984 e descreve que cresceu em Campo Grande (MS) entre a beleza e a crueza das histórias da fronteira, o surrealismo pantaneiro e a realidade urbana, que se deixa pintar de vermelho pela poeira do planalto de Maracaju. É bacharel e mestre em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Na carreira jurídica atuou como Advogada e Analista em Direito no Ministério Público da União em Ponta Porã (MS). Atualmente é Defensora Pública Federal. Por causa da função, morou em Rondônia e depois, em 2017, retornou à cidade e estado natal. 


“No dia em que não fui” marca sua estreia no mundo literário. A obra começou a ser escrita em janeiro de 2024 e ganhou corpo a partir de mentoria com a jornalista e psicanalista Gabrielle Estevans, idealizadora do projeto ESCRIterapia. Além das experiências de vida, em especial com a irmã, a autora empregou no romance referências que a atraiam da cultura pop, cinema e literatura. São influências os filmes “Eu, Christiane F.”, “Garota, Interrompida” e “As virgens suicidas”. 


Os três longa-metragens têm em comum a temática mulheres e doença mental. “Sou fascinada por esse tipo de história porque pode haver dificuldades e diagnósticos, mas essas meninas, ainda assim, são cheias de vida, têm sonhos, são brilhantes”, argumenta. 


A escritora Sylvia Plath é outra influência incontestável na trajetória da sul-matogrossense. Andressa revela que a leitura de “A redoma de vidro” de certa forma a autorizou a escrever o próprio romance. “Vi que seria possível tratar de temas ‘pesados’ de uma forma não agressiva”, esclarece. A escolha por uma prosa permeada de lirismo também a permitiu abordar os temas com delicadeza. 


A escritora ainda confidencia que o processo de composição de “No dia em que não fui” abriu nela um novo mundo, onde a criatividade reinava. “Sinto-me mais conectada com minhas profundezas; ao mesmo tempo fresca e renovada”. 


Adquira “No dia que não fui” pelo site da editora Patuá ou pela Amazon:

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