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Livros da bíblia: Do antigo ao Novo Testamento, curiosidades e fatos históricos


Nesta nova série, iremos apresentar resumo dos capítulos da bíblia, curiosidades e estudos da palavra. Leia abaixo uma matéria completa que mostra todos os livros do antigo e novo testamento e um resumo básico de cada capítulo, confira também algumas curiosidades sobre a bíblia e o protestantismo.

Antigo Testamento

1. Gênesis: Conta a criação do mundo e dos primeiros seres humanos, a história de Abraão e seus descendentes, e a formação do povo de Israel.

2. Êxodo: Narra a libertação dos israelitas da escravidão no Egito, liderados por Moisés, e a jornada pelo deserto até a Terra Prometida.

3. Levítico: Apresenta leis e regulamentos relacionados ao culto e ao sacerdócio.

4. Números: Relata o recenseamento do povo de Israel, sua peregrinação no deserto e a preparação para entrar na Terra Prometida.

5. Deuteronômio: Moisés recapitula as leis e os mandamentos de Deus para o povo antes de sua entrada na Terra Prometida.

6. Josué: Descreve a conquista de Canaã pelos israelitas, liderados por Josué, após a morte de Moisés.

7. Juízes: Conta a história de juízes que lideraram o povo de Israel em períodos de opressão e libertação.

8. Rute: Narra a história de uma moabita chamada Rute, que se torna parte da linhagem de Davi e, posteriormente, de Jesus.

9. 1 Samuel: Relata a vida de Samuel, o último juiz de Israel, e a transição para o reinado dos primeiros reis, como Saul e Davi.

10. 2 Samuel: Continua a história de Davi como rei de Israel, incluindo suas vitórias e derrotas.

11. 1 Reis: Descreve a vida de Salomão, filho de Davi, seu reinado e a construção do templo em Jerusalém.

12. 2 Reis: Continua a narrativa dos reis de Israel e Judá, incluindo a divisão do reino e o exílio do povo.

13. 1 Crônicas: Apresenta genealogias e a história de Israel desde Adão até o reinado de Davi.

14. 2 Crônicas: Continua a história de Israel, destacando os reis e os eventos que ocorreram no reino.

15. Esdras: Relata o retorno dos exilados babilônicos e a reconstrução do templo em Jerusalém.

16. Neemias: Descreve a reconstrução das muralhas de Jerusalém e a restauração da cidade após o exílio.

17. Ester: Narra a história de Ester, uma jovem judia que se torna rainha da Pérsia e salva seu povo do extermínio.

18. Jó: Apresenta a história de um homem justo chamado Jó, que passa por grandes provações, mas mantém sua fé em Deus.

19. Salmos: Uma coleção de cânticos e poemas que expressam louvor, adoração, lamentações e súplicas a Deus.

20. Provérbios: Contém uma série de ensinamentos e conselhos práticos para a vida diária.

21. Eclesiastes: Reflexões sobre a vida e a busca pelo sentido da existência.

22. Cantares de Salomão: Uma coleção de poemas líricos que retratam o amor entre um noivo e uma noiva.

23. Isaías: Profecias do profeta Isaías sobre o julgamento, a restauração e a vinda do Messias.

24. Jeremias: Profecias e advertências de Jeremias sobre a destruição de Jerusalém e o exílio do povo.

25. Lamentações: Um lamento poético sobre a destruição de Jerusalém e o sofrimento do povo.

26. Ezequiel: Profecias de Ezequiel sobre a restauração de Israel e a vinda do Espírito Santo.

27. Daniel: Conta a história de Daniel e seus companheiros na corte do rei Nabucodonosor, incluindo visões e profecias.

28. Oséias: Profecias de Oséias sobre o amor de Deus por Israel e a infidelidade do povo.

29. Joel: Profecias de Joel sobre o Dia do Senhor e o derramamento do Espírito Santo.

30. Amós: Profecias de Amós sobre a injustiça social e o chamado ao arrependimento.

31. Obadias: Profecias de Obadias contra Edom, um reino inimigo de Israel.

32. Jonas: A história de Jonas, que foi enviado por Deus para pregar a Nínive e seu arrependimento.

33. Miquéias: Profecias de Miquéias sobre a justiça, a misericórdia e a vinda do Messias.

34. Naum: Profecias de Naum sobre a destruição de Nínive.

35. Habacuque: Diálogos entre Habacuque e Deus sobre a justiça divina.

36. Sofonias: Profecias de Sofonias sobre o julgamento e a restauração de Israel.

37. Ageu: Profecias de Ageu sobre a reconstrução do templo em Jerusalém.

38. Zacarias: Profecias de Zacarias sobre a restauração de Jerusalém e a vinda do Messias.

39. Malaquias: Profecias de Malaquias sobre a vinda do Messias e o chamado ao arrependimento.

Novo Testamento


40. Mateus: O evangelho que relata a vida, os ensinamentos, os milagres, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, enfatizando a chegada do Reino de Deus.

41. Marcos: O evangelho que narra a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo, destacando sua natureza servil e seu propósito de salvar a humanidade.

42. Lucas: O evangelho que apresenta uma narrativa detalhada da vida de Jesus, incluindo suas parábolas, milagres e interação com pessoas de diferentes origens.

43. João: O evangelho que se concentra na divindade de Jesus Cristo, enfatizando sua natureza como o Verbo encarnado e o Salvador do mundo.

44. Atos dos Apóstolos: Descreve os primeiros dias da Igreja Cristã, desde a ascensão de Jesus até a propagação do evangelho pelos apóstolos e a conversão de Paulo.

45. Romanos: Uma carta escrita por Paulo aos cristãos em Roma, apresentando uma explicação detalhada da salvação pela fé em Jesus Cristo.

46. 1 Coríntios: Uma carta de Paulo aos cristãos em Corinto, abordando questões de divisão, imoralidade e a importância do amor e dos dons espirituais.

47. 2 Coríntios: Uma carta em que Paulo expressa sua preocupação e defesa apostólica em relação à igreja de Corinto.

48. Gálatas: Uma carta de Paulo aos cristãos na região da Galácia, enfatizando a salvação pela fé e não pelas obras da lei.

49. Efésios: Uma carta de Paulo aos cristãos em Éfeso, abordando a unidade da igreja, a vida em Cristo e a batalha espiritual.

50. Filipenses: Uma carta de Paulo aos cristãos em Filipos, expressando sua alegria e encorajamento, além de enfatizar a importância da humildade e da confiança em Deus.

51. Colossenses: Uma carta de Paulo aos cristãos em Colossos, destacando a supremacia de Cristo, a liberdade em Cristo e a vida transformada.

52. Tessalonicenses: Uma carta de Paulo aos cristãos em Tessalônica, encorajando-os em sua fé, exortando-os a viver de maneira santa e confortando-os sobre a vinda de Cristo.

53. 2 Tessalonicenses: Uma segunda carta de Paulo aos cristãos em Tessalônica, reforçando a importância da perseverança na fé e fornecendo mais informações sobre a segunda vinda de Cristo.

54. 1 Timóteo: Uma carta de Paulo a Timóteo, seu discípulo, fornecendo orientações sobre liderança na igreja, ensinamentos corretos e a importância da piedade.

55. 2 Timóteo: Uma segunda carta de Paulo a Timóteo, encorajando-o em seu ministério, exortando-o a permanecer fiel e lembrando-o da importância das Escrituras.

56. Tito: Uma carta de Paulo a Tito, instruindo-o sobre a liderança na igreja, a importância do comportamento piedoso e a rejeição de falsas doutrinas.

57. Filemom: Uma carta de Paulo a Filemom, pedindo-lhe para perdoar e receber de volta Onésimo, seu escravo fugitivo, agora convertido ao cristianismo.

58. Hebreus: Uma carta que exorta os cristãos judeus a permanecerem firmes em sua fé em Cristo, destacando a superioridade de Jesus e o sacrifício perfeito que ele fez.

59. Tiago: Uma carta de Tiago, meio-irmão de Jesus, que enfatiza a importância da fé genuína, da sabedoria prática e das obras que demonstram a fé.

60. 1 Pedro: Uma carta de Pedro aos cristãos dispersos, encorajando-os em meio às perseguições, exortando-os a viverem de maneira santa e a terem esperança na glória futura.

61. 2 Pedro: Uma segunda carta de Pedro, alertando sobre falsos mestres, enfatizando a importância da verdade e exortando à santidade e à espera do retorno de Cristo.

62. 1 João: Uma carta de João, enfatizando o amor de Deus, a importância da obediência e a necessidade de amar e perdoar os outros.

63. 2 João: Uma breve carta de João, advertindo contra falsos ensinamentos e exortando à fidelidade à verdade de Cristo.

64. 3 João: Uma carta de João a Gaio, elogiando sua fidelidade e exortando-o a continuar apoiando os missionários e a verdade do evangelho.

65. Judas: Uma carta de Judas, meio-irmão de Jesus, alertando sobre falsos mestres e exortando os crentes a permanecerem firmes na fé e a lutar pela verdade.

66. Apocalipse: Uma revelação dada a João, descrevendo visões simbólicas sobre o fim dos tempos, o juízo final e a vitória final de Cristo sobre o mal.

Esses são os 66 livros da Bíblia, cada um com sua própria mensagem e propósito. Cada livro oferece uma perspectiva única sobre a história, a fé e o relacionamento com Deus.

Quais as diferenças entre os livros da igreja católica e protestante?

As diferenças entre os livros da Bíblia da Igreja Católica e das denominações protestantes estão relacionadas ao cânon, ou seja, a lista de livros considerados inspirados e autoritativos. A principal diferença é que a Igreja Católica reconhece sete livros adicionais no Antigo Testamento, conhecidos como Deuterocanônicos, enquanto as denominações protestantes os consideram apócrifos ou não canônicos.

Os sete livros adicionais do Antigo Testamento reconhecidos pela Igreja Católica são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico (também conhecido como Sirácida), Baruque, 1 Macabeus e 2 Macabeus, além de partes adicionais em Ester e Daniel. Esses livros são encontrados na versão da Bíblia católica conhecida como Vulgata.

As denominações protestantes, por sua vez, seguem o cânon hebraico, que não inclui esses sete livros adicionais. Elas consideram esses livros como apócrifos, o que significa que eles são considerados úteis para leitura e estudo, mas não são considerados como tendo a mesma autoridade e inspiração divina dos outros livros canônicos.

Além disso, algumas denominações protestantes também têm diferenças em relação aos livros do Novo Testamento. A maioria das denominações protestantes concorda com a lista de 27 livros do Novo Testamento, mas existem algumas variações menores. Por exemplo, a Igreja Ortodoxa tem um cânon que inclui alguns livros adicionais no Novo Testamento, como o livro de 1 Esdras.

É importante ressaltar que essas diferenças no cânon da Bíblia não afetam as principais doutrinas e ensinamentos compartilhados por católicos e protestantes, que estão centrados na pessoa de Jesus Cristo e na salvação pela fé. As diferenças no cânon são mais uma questão histórica e de tradição entre as diferentes ramificações do cristianismo.

Quais as principais mudanças ocorreram na religião com o surgimento do protestantismo?

O surgimento do protestantismo trouxe uma série de mudanças significativas na religião cristã. Algumas das principais mudanças incluem:

1. Autoridade da Bíblia: O protestantismo enfatizou a autoridade suprema da Bíblia como a Palavra de Deus, em contraste com a tradição e a autoridade papal da Igreja Católica. Os reformadores protestantes defendiam a ideia de que a Bíblia deveria ser acessível a todos os crentes e interpretada individualmente.

2. Salvação pela fé: O protestantismo enfatizou a crença de que a salvação é obtida pela fé em Jesus Cristo, e não pelas obras ou méritos humanos. Os reformadores destacaram a importância da graça de Deus e da fé como os meios pelos quais uma pessoa é justificada diante de Deus.

3. Sacerdócio de todos os crentes: O protestantismo enfatizou a ideia de que todos os crentes têm acesso direto a Deus e podem se relacionar com Ele sem a necessidade de intermediários. Isso desafiou a hierarquia clerical da Igreja Católica e deu ênfase à responsabilidade individual dos crentes em sua fé e prática.

4. Reforma litúrgica: Os reformadores protestantes introduziram mudanças significativas na liturgia e na adoração. Eles enfatizaram a importância do culto em língua vernácula, em vez do latim utilizado pela Igreja Católica. Também simplificaram a liturgia, eliminando elementos considerados desnecessários ou contrários à doutrina bíblica.

5. Papel da igreja e dos sacramentos: O protestantismo redefiniu o papel da igreja, enfatizando a comunidade de crentes e a importância da pregação da Palavra de Deus. Além disso, muitas denominações protestantes reduziram o número de sacramentos de sete para dois: batismo e ceia do Senhor.

6. Rejeição de práticas e doutrinas católicas: O protestantismo rejeitou várias práticas e doutrinas da Igreja Católica, como a veneração de santos e relíquias, o purgatório, a venda de indulgências e a autoridade papal. Os reformadores buscaram retornar às raízes bíblicas e reformar a igreja de acordo com seus ensinamentos.

Essas mudanças provocaram uma profunda divisão dentro do cristianismo ocidental e levaram ao surgimento de várias denominações protestantes, cada uma com suas próprias ênfases teológicas e práticas. O protestantismo teve um impacto duradouro na história religiosa e cultural, moldando a forma como o cristianismo é praticado e compreendido até os dias de hoje.

Como surgiu e funciona o Google Play Livros?

O Google Livros, também conhecido como Google Books, é um serviço oferecido pelo Google que permite aos usuários pesquisar, visualizar e ler trechos ou até mesmo livros completos online. 

O projeto Google Livros foi lançado em 2004, com o objetivo de digitalizar e disponibilizar online uma grande quantidade de livros de diversas bibliotecas e editoras parceiras. A ideia era criar uma biblioteca virtual abrangente e acessível a todos.

O processo de digitalização dos livros do Google Livros envolve a parceria com bibliotecas e editoras de todo o mundo. Essas instituições contribuem com livros físicos, que são escaneados e convertidos em arquivos digitais. Esse processo de digitalização é feito por meio de scanners de alta velocidade e também por meio de parcerias com editoras, que fornecem diretamente suas versões digitais dos livros.

Após a digitalização, os livros são processados para tornar o texto pesquisável e são convertidos para o formato PDF e EPUB, que são os formatos mais comuns para leitura digital. O Google utiliza tecnologias de reconhecimento óptico de caracteres (OCR) para transformar as imagens das páginas digitalizadas em texto pesquisável.

Quando um usuário faz uma pesquisa no Google Livros, o sistema busca por palavras-chave nos livros digitalizados e exibe os resultados relevantes. Dependendo das permissões concedidas pelos autores e editoras, os usuários podem visualizar trechos, páginas ou até mesmo o livro completo online.

Além disso, o Google Livros também oferece recursos como a possibilidade de compra de livros digitais, a criação de bibliotecas pessoais, a sincronização de leitura entre dispositivos e a disponibilidade de recursos de acessibilidade, como o suporte a leitores de tela.

O Google Livros tem como objetivo tornar o conhecimento contido nos livros mais acessível e disponível para um público amplo, ao mesmo tempo em que respeita os direitos autorais e as permissões concedidas pelos detentores dos direitos.

Quais os diferenciais e benefícios do Google Play Livros?

O Google Play Livros é um serviço de leitura de livros digitais oferecido pelo Google. Aqui estão alguns dos diferenciais e benefícios de se usar o Google Play Livros:

1. Acesso multiplataforma: O Google Play Livros está disponível em diferentes dispositivos, como smartphones, tablets e computadores. Isso permite que os usuários acessem seus livros em qualquer lugar e a qualquer momento, sincronizando automaticamente o progresso da leitura entre os dispositivos.

2. Biblioteca pessoal: Com o Google Play Livros, os usuários podem criar uma biblioteca pessoal digital, onde podem armazenar e organizar seus livros. Isso facilita o acesso rápido aos livros e permite que os usuários construam uma coleção personalizada de obras.

3. Compra e download de livros: O Google Play Livros oferece uma ampla seleção de livros digitais para compra. Os usuários podem navegar por diferentes categorias, pesquisar títulos específicos e fazer a compra diretamente na plataforma. Após a compra, os livros são baixados e ficam disponíveis offline para leitura.

4. Personalização da leitura: O Google Play Livros oferece recursos de personalização da leitura, como ajuste de tamanho da fonte, alteração do tema de fundo, controle de brilho e muito mais. Isso permite que os usuários adaptem a experiência de leitura às suas preferências e necessidades.

5. Pesquisa e marcação: Os usuários podem realizar pesquisas dentro dos livros, facilitando a localização de informações específicas. Além disso, é possível fazer marcações, destacar trechos e adicionar notas, tornando a leitura mais interativa e facilitando a revisão posterior.

6. Acessibilidade: O Google Play Livros oferece recursos de acessibilidade, como suporte a leitores de tela, opções de texto em voz alta e ajustes de acessibilidade para melhorar a experiência de leitura para pessoas com deficiências visuais ou outras necessidades específicas.

7. Compartilhamento de conteúdo: Os usuários podem compartilhar trechos de livros com outras pessoas, seja por meio de redes sociais, e-mail ou outros aplicativos de comunicação. Isso facilita a troca de recomendações e a discussão sobre livros com amigos e colegas.

Esses são alguns dos diferenciais e benefícios de se usar o Google Play Livros. Com uma ampla seleção de livros, recursos de personalização e acessibilidade, além da conveniência de poder acessar a biblioteca em diferentes dispositivos, o Google Play Livros oferece uma experiência completa de leitura digital.

Portable Document Format (PDF). Como surgiu e como funciona?


O formato de arquivo PDF (Portable Document Format) foi desenvolvido pela empresa Adobe Systems em 1993. Foi criado como uma forma de representar documentos eletrônicos de forma independente de software, hardware e sistema operacional. 

O PDF utiliza um sistema de codificação que permite a representação de texto, imagens e gráficos de forma precisa e fiel ao documento original. Ele também suporta recursos como hiperlinks, formulários interativos, criptografia e compressão de dados.

O funcionamento do PDF é baseado em uma linguagem de descrição de páginas, que descreve o layout e o conteúdo do documento de forma estruturada. Essa linguagem é interpretada pelo software de leitura de PDF, que renderiza as páginas e permite a visualização e interação com o documento.

Além disso, o PDF possui recursos de compactação, o que permite que os arquivos sejam reduzidos em tamanho sem perda significativa de qualidade. Isso facilita o compartilhamento e o armazenamento de documentos eletrônicos.

O formato PDF é amplamente utilizado em todo o mundo, sendo comumente utilizado para compartilhar documentos, como artigos científicos, relatórios, manuais, formulários e ebooks. É um formato de arquivo padrão e universalmente reconhecido, tornando-se uma opção popular para a distribuição de conteúdo eletrônico.

Benefícios em se usar o formato de arquivo PDF:

1. Universalidade: O PDF é um formato amplamente reconhecido e suportado por diferentes sistemas operacionais, dispositivos e softwares. Isso significa que os arquivos PDF podem ser abertos e visualizados consistentemente em diferentes plataformas, garantindo que o conteúdo seja acessível para todos.

2. Preservação da formatação: O PDF preserva a formatação original do documento, incluindo fontes, estilos, imagens e layout. Isso significa que o documento será exibido de forma consistente, independentemente do software ou dispositivo utilizado para visualizá-lo.

3. Segurança: O PDF suporta recursos de segurança, como criptografia, que permitem proteger o conteúdo do documento contra acesso não autorizado. É possível definir senhas para abrir, editar ou imprimir um arquivo PDF, garantindo a confidencialidade e a integridade dos dados.

4. Interatividade: O PDF permite a inclusão de recursos interativos, como hiperlinks, botões e formulários. Isso torna o documento mais dinâmico e interativo, permitindo que os usuários naveguem entre páginas, acessem sites relacionados, preencham formulários e realizem outras ações interativas.

5. Compactação: O PDF suporta a compressão de dados, o que permite reduzir o tamanho do arquivo sem perda significativa de qualidade. Isso facilita o compartilhamento e o armazenamento de documentos eletrônicos, especialmente quando há restrições de espaço de armazenamento ou largura de banda.

6. Pesquisável: O PDF pode ser criado com recursos de reconhecimento óptico de caracteres (OCR), o que permite a transformação de texto em imagens em texto pesquisável. Isso facilita a localização de informações específicas dentro do documento, tornando-o mais eficiente para a pesquisa e a recuperação de informações.

Esses são apenas alguns dos benefícios do formato de arquivo PDF. Sua flexibilidade, portabilidade e recursos avançados o tornam uma escolha popular para compartilhar e arquivar documentos eletrônicos.

[RESENHA #603] O dia em que te conheci, de Vitor Zindacta

Foto: Colagem digital // Acervo Pessoal / divulgação

APRESENTAÇÃO

Nenhum amor que vale a pena está exime de encontrar pedras pelo caminho

Noah e Chace são o ponto de partida. Um, está passando pelas dificuldades em se assumir para família enquanto encara a dor da perda do pai de forma trágica, o outro, está encarando os problemas da vida enquanto luta contra o destino e a morte do irmão.

Os dois caminhos se cruzarão e ambos precisarão testar suas paciências e resiliências para encontrar o amor em meio há tempos sombrios. Um romance dramático para transformar toda a visão que temos sobre o amor.

RESENHA

O dia em que te conheci é um romance dramático LGBTQIAPN do autor Vitor Zindacta, produzido de forma independente. A trama é um relato semificcional da vida do autor e de seu marido. Aqui, o autor retrata assuntos sensíveis como luto, perda de identidade, descobertas sexuais e a luta para sair do armário. Um livro genuinamente fora da curva para quem está acostumado com romances clichês e previsíveis.

Noah é um garoto que acabara de perder o pai, toda sua rotina transforma-se em um verdadeiro campo de batalha ao ter que lidar que suas emoções durante o processo de luto, sobretudo, enquanto tenta levar a vida após os eventos. Noah contará com o apoio e solidariedade de seus amigos e uma rede de apoio que se firma durante a escrita, a obra é um exercício poético de superação.

Chace, por outro lado, acabara de perder o pai e está enfrentando dilemas internos acerca de si e da sua sexualidade recém descoberta. Sua principal característica é a força que Chace demonstra no dia a dia, não sendo visível seu sofrimento e história, por outro lado, ele lida com o remorso, lembranças e com a dor sofrida pela mãe, que se encontra cada vez mais distante do que costumava ser. 

A obra se inicia com a apresentação de um evento traumático:

O som do crânio dele se partindo abafou completamente seus últimos suspiros, ele sequer conseguiu dizer o que sentia naquele momento, acredito que, talvez isso seja insignificante, afinal, quem pensa em dizer alguma coisa quando se está ocupado demais tentando não morrer? (p.4 -- in. A última volta do rio)

O autor tece reflexões acerca da felicidade em meio ao luto:

Nossos sentimentos são moldados pelas experiências que vivemos ao longo da vida. Cada pessoa tem suas próprias vivências, e é isso que torna nossos sentimentos únicos e em constante mudança. A felicidade pode ser fugaz e efêmera, mas é importante aproveitá-la quando ela se apresenta em nossas vidas. (p.12 -- in. A última volta do rio)

A narrativa percorre os desdobramentos acerca da vida de Chace e Noah. Ambos possuem em comum a terrível perda do pai com alguns acontecimentos que distanciam uma história do outro, mas aproximam-nos em tensão e paixão. Nota-se todo percurso desenvolvido na vida dos protagonista com nuances característica de alguém repleto de resiliência.

O livro também narra a importância de se buscar ajuda e aconselhamento em momentos difíceis.

Participar deste grupo de aconselhamento psiquiátrico tem sido uma parte crucial do meu processo de cura. Aqui, encontro um espaço seguro para compartilhar minhas emoções, minhas dúvidas e minhas dores. Ouvir as histórias de outras pessoas que também enfrentaram perdas e desafios me trouxe uma sensação de pertencimento e compreensão. (p. 47 in -- segredos)

Enfim, a obra é repleta de emoções e gatilhos emocionais acerca da luto e da superação, um belíssimo livro para ler nas tardes de conflitos internos ou para leitura em qualquer momento de prazer.

“Sob a Luz Negra”: suspense psicológico de André Souto questiona a condição destrutiva do homem enquanto espécie


André Souto (@andresouto_escritor) é servidor do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) e conhece bem as estruturas de segXurança pública. “Sob a Luz Negra” (Editora Penalux, 220 pág.), seu romance de estreia, ambientado em Brasília, onde o escritor mineiro reside, apresenta um panorama do cárcere e violência urbana no país, provocando discussões sociais, políticas e existenciais. A obra está concorrendo ao Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional (categoria Romance - Prêmio Machado de Assis).

O assunto complexo é conduzido através da escrita descritiva de André em um livro que cerca um mundo negligenciado pela população – mas diretamente relacionado ao bem-estar comum. A leitura apresenta as ‘regras do jogo’ entre policiais e bandidos, investigando a maldade humana, sem deixar a desejar no suspense e estabelecendo uma trama envolvente. Uma adaptação para o teatro está sendo preparada pela companhia “Fábrica Grupo de Teatro”, sob produção e direção de Wellington Dias, e será anunciada em breve.

Narrado por um protagonista paranoico, o livro é, como explica o próprio autor, uma metáfora sobre verdades e evidências fora do espectro visível, onde nada é o que parece. À medida que a história avança, os medos dos personagem passam a transbordar as páginas até revelar o que uma pessoa é capaz de fazer quando vê sua sobrevivência em risco – e nas palavras de André, “quando se torna uma ameaça à própria espécie”.


Drama psicológico envolto de um relacionamento conturbado e uma realidade assombrosa


A história introduz seu personagem principal em meio a uma fuga, sem maiores detalhes, para logo depois revelar como ele e a esposa grávida vieram a ocupar uma casa abandonada no meio do nada. Oscar e Nina vivem como se cada passo pudesse os levar para um beco escuro e sem saída. Ele é agente num presídio federal de segurança máxima e lida todos os dias com líderes de facções e alguns dos bandidos mais ferozes do Brasil. Em razão de sua função, a mente perturbada de Oscar faz com que adote rígidos protocolos de sobrevivência e imponha a sua esposa seus medos, arrastando-a para o centro de suas paranoias.

O casal lida com a pressão sofrida por Oscar no trabalho e com as condições de seu relacionamento, uma vez que Nina também lida com um transtorno de saúde relacionado ao controle de seus impulsos. E chega a desenvolver certo fascínio por armas à medida que o pânico e os sentimentos pelo marido se misturam.

André abre seu romance com “O homem é o lobo do homem”, citação inserida em “O Leviatã”, obra mais famosa de Thomas Hobbes. Com a sentença, o autor reflete sobre a natureza violenta da humanidade. Hobbes acreditava que o ser humano precisa ser regido por leis para coibir essa essência de dominação e brutalidade. “O Leviatã” e o pensamento do filósofo inglês são o ponto de partida para a concepção de “Sob a Luz Negra”.

“Tracei um drama psicológico começando a pensar em um enredo o qual permeia a tensão interna e externa de um casal’’, afirma o autor, que cita também como referências diretas da obra “O estrangeiro”, de Albert Camus, “O Senhor das Moscas”, de William Golding”, “Ilha do Medo”, de Dennis Lehane e “Gog Magog”, de Patrícia Melo. Também o influenciam como escritor Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, Milton Hatoum e Ana Paula Maia.

O escritor explora as tensões existentes entre poderes políticos, a força policial, a imprensa e os encarcerados. Ele conta que escolheu o tema para retratar a partir do cotidiano de pessoas comuns os medos e anseios dos indivíduos que compõem a organização do Estado e da sociedade. Não à toa, as neuroses de seu protagonista se manifestam por vozes que Oscar chama de seu “animal interior” – e enxerga a população carcerária como “lobos” prontos para devorá-lo.

“Sob a Luz Negra” tece um romance que, além das reviravoltas, surpreende e cativa os leitores pelo domínio que o autor tem de seu universo. André consegue não apenas fazer com que seja possível encarar o mundo pela perspectiva obscura e doente de Oscar, como também o torna possível assimilar os elementos presentes em sua rotina de trabalho.

Além do Direito, André diplomou-se Mestre em Engenharia Civil e em Geografia pela UFG. Fora os textos acadêmicos, escreveu e protagonizou a peça "Ventre Nosso", produzida profissionalmente para o Ministério da Saúde em 2004, com espetáculos em várias capitais. Entre os anos de 2017 e 2020 foi agenciado pela Increasy. Na bagagem do autor, também estão ‘Ossos do Clima’, novela literária publicada em 2017 e o e-Book ‘‘Anjos do Haiti’’, que concorre ao Prêmio Kindle de Literatura em 2023. Seu próximo romance está em desenvolvimento e também se passa em Brasília.

Confira um trecho de “Sob a Luz Negra”:


‘‘Somos selvagens, dotados de uma malignidade intrínseca e imutável. É a ação coercitiva do Estado que mantém a ordem entre os seres humanos, inaptos por natureza para viverem em grupos. (...) Ao conhecer as engrenagens do crime, como nascem os lobos, logo se nota que, na realidade, as forças de segurança são as somas de todos os medos, uma máquina que gira seus mecanismos para combater a violência com mais violência, quando lhe é conveniente’’. (pág. 99)


Adquira a obra direto na loja da Editora Penalux: https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/sob-a-luz-negra

ENTREVISTA | O prazer e a dor de amadurecer: uma entrevista com a escritora potiguar Clara Bezerra sobre o livro “Roupa de Ganho”

Composto por um pouco mais de 100 poemas e aforismos, Roupa de Ganho” (Editora Paraquedas, 140 pág.), primeira obra de Clara Bezerra (@clara_bezerra), presenteia o leitor com versos que descrevem as dores, os prazeres e os desencontros do crescimento. Para revestir as emoções, a autora se vale de um vocabulário ancorado na geografia marítima. As águas, portanto, são abundantes na escrita, e povoam o livro em suas mais diferentes formas, trazendo consigo um sem número de metáforas possíveis. 


A nomenclatura dos capítulos, inclusive, fazem alusão a esse universo. São eles: Córrego, Correnteza, Travessia, Mergulho e Fôlego. Em cada um, a escritora busca agrupar poemas relacionados e que de alguma forma conversam entre si. A cadência da escrita segue a metáfora dos nomes dados a cada parte do livro com a dramaticidade dos versos dilatando à medida que as páginas são viradas, como se fosse a metamorfose da inocência para consciência. 


As águas que se derramam por toda a obra tem influência do território ocupado por Clara Bezerra da infância até os dias de hoje. A potiguar, nascida em Acari e criada em Cruzeta, municípios vizinhos e que ficam a cerca de 215 km de Natal, hoje, adulta, vive na capital do Rio Grande do Norte. Formada em Letras - Língua Portuguesa e em Comunicação Social - Publicidade, Clara tem especialização em Planejamento Estratégico em Comunicação e mestrado em Estudos da Mídia. Trabalha com Comunicação Institucional e escreve de forma paralela, além de estudar psicanálise e dançar por prazer. 


Confira a entrevista completa com a autora:


O que motivou a escrita do livro? Como foi o processo de escrita?

Este livro é a reunião de textos que escrevi desde os 20 anos, portanto, são os registros de processos de vida que se passaram em mim nos últimos 15 anos. Eles falam do meu amadurecimento, do meu caminho de me tornar adulta e mulher, das coisas que perdi, dos lugares por onde passei, dos meus medos, mas principalmente da minha coragem porque também é uma exposição muito íntima. Como poesia, não é linear, não conta uma história com início, meio e fim e o processo de decisão em fazê-lo também não foi assim. Pensei em fazê-lo inicialmente há uns cinco anos. Reuni o que tinha e desisti. Há dois anos decidi retomar o projeto. Filtrei os textos que já tinha escolhido, adicionei outros, pedi a uma amiga que me ajudasse com a ordem e a estrutura. No final de 2022 entrei em contato com algumas editoras e decidi publicá-lo pela Paraquedas.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?

Acho que a palavra que mais tem neste livro é água. A segunda é casa. Não são os temas, mas são significantes que dão uma certa condução ao livro. Eu diria que ele fala dos caminhos que uma mulher fez para validar sua existência, com fluidez como a água, mas na busca do abrigo que encontramos em uma casa. É uma mulher nordestina que sai do seu lugar de origem e passa por muitos outros, buscando construir um lugar de morada dentro de si. O nome “Roupa de Ganho” veio de uma inspiração nas lavadeiras que conheci na minha infância. Essa expressão era usada na cidade onde cresci para designar as mulheres que lavavam roupa como trabalho. Quando postei a capa do livro uma amiga historiadora perguntou se tinha a ver com “escravos de ganho”. Fui pesquisar o que era e descobri que lavagem de roupa era um dos serviços que esses escravos prestavam a fim de receber renda, a qual era revertida em parte para os “seus donos”. A capa do livro é uma foto de 1886, de lavadeiras, e imagino que poderiam ser escravas. Alguns textos do livro trazem essa temática, especialmente o da página 57 (óvulo). Essa coincidência me lembra também o misticismo e a intuição que estão no poema “água de anil”, na página 16. Este título, inclusive, seria o nome do livro. Mudei em uma conversa com uma amiga, quando falei a expressão “Roupa de ganho” e ela perguntou do que se tratava. A partir daquele momento considerei que esse outro título dava mais concretude ao livro. Por se tratar de caminhos, busca, também o vejo como um processo de libertação. Ele está dividido em cinco partes: Córrego, que traz o início desse percurso; Correnteza, quando essas águas que vão seguir começam a ficar mais fortes, mais volumosas e mais claras do que são; Travessia, que marca os lugares atravessados; Mergulho, tocando a busca pelo amor, e Fôlego, dedicado ao trabalho com a palavra, que dá forma a isso tudo.

Por que escolher esses temas?

Eles não foram escolhidos, foram percebidos e extraídos dos textos escritos nesses últimos 15 anos. Como uma admiradora da psicanálise, é como se fossem a leitura extraída do inconsciente, que aos poucos vai construindo uma história e um conhecimento não conhecido. Eles foram sendo construídos no meu percurso de vida e de escrita.

Quais são as suas principais influências literárias? 

Cresci lendo os livros da biblioteca pública da cidade onde morava e do armário da minha mãe, que era professora de Língua Portuguesa. Meus primeiros contatos foram quase que diretamente com os clássicos da literatura brasileira e portuguesa: li uma coleção inteira de Aluísio de Azevedo com cerca de 12 anos, se não me engano, além de Machado de Assis, José de Alencar, Eça de Queiroz e por aí vai. Uma paixão dessa época é José Mauro de Vasconcelos e o Meu Pé de Laranja Lima. Minha mãe não gostava muito de poesia, lembro de apenas um livro de poemas entre os que ela guardava: Pauliceia Desvairada, de Mário de Andrade. Encontrei a poesia nos trechos que vinham nos livros didáticos da escola e em outros materiais. Desde o início me fisgaram. Eu saltava as páginas dos livros de Língua Portuguesa no início do ano para ver o que encontrava. Então, inicialmente, foram os poetas brasileiros, principalmente os do Modernismo, que costumavam estar mais presentes nesses materiais. Depois fui encontrando aos poucos, aleatoriamente, e construindo um caminho de leitura que me levou a Cecília Meireles, Hilda Hilst, Ana Cristina Cesar, Manoel de Barros, Drummond, Orides Fontela, entre outras e outros.


Que livros influenciaram diretamente “Roupa de Ganho”?


Os que li nesse percurso, mas alguns de forma mais forte. Penso que existe nele as marcas de uma melancolia que encontrei em um José Mauro de Vasconcelos e em um Manuel Bandeira, de uma certa coragem e transgressão de uma Ana Cristina Cesar, de um misticismo que vi em Hilda Hilst, de uma certa doçura que encontrei em Cecília Meireles, de uma força transformadora que vejo em Drummond e de uma simplicidade que aprendi com Manoel de Barros.


Tenho um texto que gosto muito sobre essa minha relação com os livros. Vou deixar aqui o link: https://medium.com/@clarabezerra/carta-de-amor-aos-livros-c90ff769a3cb

Escreve desde quando? Como começou a escrever?

A primeira lembrança de escrita que tenho é de quando eu tinha oito anos. Estava na segunda série e a professora trouxe um poema para a gente copiar em um cartão para o Dia das Mães. De forma muito espontânea, sem nem perguntar se podia, eu não copiei o poema: fiz os meus próprios versos. Lembro até hoje: “Mamãe, mamãezinha, / Me ensina por favor / Esse mistério tão bonito / Que é o amor”. O cartão eu dei para minha mãe e ela perdeu, mas também lembra até hoje das palavras. Depois disso, a escrita sempre foi minha companheira, mas era algo muito secreto, que eu não mostrava a ninguém. Com as redes sociais, comecei a compartilhar algumas coisas, mas sempre de uma forma muito espontânea também, como legendas de fotos e reações a coisas que sentia. Lançar este livro é dar concretude à pessoa que venho me tornando, mas também de dizer para mim mesma: sim, eu escrevo.

Como você definiria seu estilo de escrita?

Difícil para mim dizer isso. Como água, acho que é fluido, mas consistente, formando imagens fortes, mas de forma cuidadosa e delicada. Ele se aprofunda nos dilemas de uma mulher, mas faz isso de uma forma simples, ao passo que leitoras e leitores de diferentes formações podem se atrair e se identificar.

Como é o seu processo de escrita?

Espontâneo, acho que essa é a melhor palavra. Quando o texto vem não espera e também não dificulta a escrita (talvez por isso também seja fluido). Posso trabalhar também de uma forma determinada e objetiva, mas a grande maioria dos textos que estão neste livro surgiram de forma espontânea, sem planejamento: como se eles simplesmente saíssem de mim, claro que com um trabalho posterior de burilamento, às vezes até reescrita.

Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?

Não. Pretendo experimentar uma rotina de escrita para ver o que sai disso, mas até agora, tudo o que escrevi de forma paralela ao trabalho de comunicadora veio de forma espontânea.

Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?

Neste momento, curtir o lançamento deste que é o meu primeiro livro.

ENTREVISTA | O impacto da invisibilidade social na construção de afetos: conheça a escrita densa e experimental de Alexandre Gil França

Foto: Alexandre Gil França // Divulgação

Destacando-se por sua escrita experimental e híbrida, "Terebentina" (156 pág., editora Urutau) é o novo livro de contos do escritor Alexandre Gil França (@alexandregfranca). Trazendo a ótica de personagens socialmente invisibilizados, especialmente artistas pequenos ou de pouco reconhecimento, o autor explora suas narrativas, angústias e, principalmente, seus afetos. A obra tem orelha assinada pelo prestigiado poeta, tradutor e ensaísta Guilherme Gontijo Flores, vencedor do Prêmio APCA em 2018, e está à venda no site da editora.

Os doze contos que integram a obra são protagonizados por essas subjetividades particulares, como, por exemplo, um dançarino de Tiktok, uma cantora de boteco ou um ator de comerciais. Tratando-se também de histórias que evocam pequenos e anônimos artistas, que ainda se veem distantes do mainstream, as temáticas do apagamento e da invisibilidade em "Terebentina" são atravessadas pela dicotomia do sucesso e do fracasso. Nas histórias, esses conflitos impactam e são impactados pelas relações afetivas construídas pelos personagens.

Nascido em Curitiba (PR), em 1982, Alexandre Gil França já trabalhou com música, poesia e teatro. É mestre em Artes Cênicas pela USP e doutorando em Teoria e História Literária pela Unicamp. Estreou na literatura em 2015, com o romance "Arquitetura do Mofo" (Selo Encrenca/ Arte e Letra). Atualmente, é editor da Mathilda Revista Literária, ao lado da poeta Iamni. Também trabalha em um novo livro de contos e promete uma nova peça de teatro para 2024.

Quais são as suas principais influências?

Tive contato com Ulysses, de James Joyce, há muitos anos atrás, nos meus 18 pra 19 anos. Nessa época, esse livro era um vulto difícil de atravessar. Fui ler “entendendo” somente no começo do doutorado na Unicamp, em que me debrucei pra valer sobre ele. Uma obra que parece locupletar os recursos narrativos de inventividade: mistura de campos semânticos, de estilos, épocas, a dessacralização do espaço, as coincidências ultra arquitetadas, todo o espírito de ruínas da modernidade nessa figura sem pátria ou religião que é o Bloom. Isso tudo me impregnou definitivamente, e está presente, de uma forma ou de outra em “Terebentina”.

Considero os contos de Jorge Luis Borges como pequenas catedrais de sabedoria. Precisão na maneira de contar e no conteúdo. Seus labirintos de sentido também fizeram parte da minha formação literária, e influenciaram também os jogos de linguagens utilizados em “Terebentina”.

Já o Gilles Deleuze é sem dúvida o filósofo que mais estudei na vida. Sua ideia de diferença, de sentido, de acontecimento, fazem parte da minha rotina, da minha forma de pensar. Eu tento enxergar o mundo de uma maneira deleuziana, ou seja, para além das imagens do pensamento, do senso comum fabricado pela sociedade forjada no metal duro das identidades e das categorias: na maioria das vezes, eu fracasso. Penso que “Terebentina” é, um pouco, a dramatização desses fracassos e dos raros acertos.

Além disso, cito os cineastas Charlie Kaufman e Eduardo Coutinho. Os dois trabalham com a ideia de “pessoa comum”. Kaufman, de uma maneira, digamos, mais borgeana; Coutinho, de uma maneira documentarista, tentando pegar a verdade do depoimento. A ideia de “comum” tanto de um, quanto do outro, está bem presente no meu livro.
Capa da obra Terebentina


O que motivou a escrita do livro? Como foi o processo de escrita?

O livro foi motivado pelo enclausuramento da pandemia. Como minhas atividades artísticas estavam suspensas (a música e o teatro), a escrita foi um refúgio e ao mesmo tempo um momento de imersão em mim mesmo. Acho que, de certa forma, todos nós “fracassamos” com essa pandemia, seja perdendo pessoas próximas, seja suspendendo nossas atividades. Terebentina reflete, em parte, esse espírito da época.

Escreve desde quando? Como começou a escrever?

Escrevo desde a adolescência. Acho que comecei com uns 15 anos de idade. Se bem que desde pequeno me fascinei pela ideia de livro — sempre quis fazer um livro; esse tipo de porta-histórias, porta-vidas. Um episódio marcante da minha adolescência foi uma tentativa de livro que mostrei, um dia, na praia, para a filha de um amigo dos meus pais. Ela criticou duramente o que eu havia feito (disse que faltava enredo, personagens consistentes etc.). Olha, eu devia ter uns 12 pra 13 anos: não sabia de nada! Aquilo me marcou bastante — como se, de certa maneira, a cada novo conto, eu precisasse completar aquele primeiro livro que não havia dado certo. Mais pra frente, um professor da graduação em comunicação, o Caibar, foi fundamental para que eu não parasse de escrever. Eu mostrava os contos pra ele, e ele me devolvia com comentários precisos sobre o que eu estava fazendo, e o que eu poderia melhorar.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? Por que escolher esses temas?

Como vivem esses artistas invisíveis que estão por aí, incrustados no ao redor que esquecemos às vezes de observar? Penso que a descoberta do amor por essas pessoas invisíveis se configura como um território profundo de descobertas humanas. Minha intenção com o livro foi investigar justamente como o afeto pode circular por esses meios (como o set de filmagem de um comercial, o ensaio de uma coreografia viralizada no tiktok ou a apresentação de uma cantora de meia-idade em um botequim). É sobre isso, também, o título do livro – “Terebentina”: palavra usada para designar o solvente para pincéis, mas também um apelido popular para cachaça. Ou seja, apagamento e embriaguez andam juntas nessas histórias.

“Terebentina” é estruturado como se fosse uma exposição artística. Poderia comentar um pouco sobre essa escolha e estilo de escrita?

Acho que é um estilo múltiplo, que se utiliza de recursos diversos na construção de um cenário singular de leitura. A ideia é sempre dar a melhor possibilidade de imaginação e participação para o leitor. Vou utilizando recursos formais diferenciados, e, até mesmo, delirantes em alguns momentos. A linguagem dramatúrgica é misturada à poesia, à prosa e a um roteiro de cinema escrito por uma das personagens.

Sobre a estrutura, remete à questão do artista e de sua exposição. Tem a abertura, o hall de entrada, o primeiro andar, onde são distribuídos alguns personagens, que seriam as “obras”. E esses personagens são indivíduos comuns e invisíveis que transitam, na minha opinião, em certos ambientes singulares onde podemos encontrar a maior concentração de humanidade possível. Acho que o livro vasculha justamente esses espaços e tenta dar carne e nervos para essas pessoas comuns.

Foto: O autor Alexandre Gil França // Divulgação

Como é o seu processo de escrita?

Geralmente, sento e escrevo até onde o fôlego aguentar. Não tenho uma preparação para a escrita. Mas, é um ato de recolhimento. Preciso estar sozinho para a coisa fluir bem. Para contos, a meta é sempre ir até a página dez, mais ou menos. Depois, vou cortando o que considero gordura.
Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?

Não. Escrevo quando dá na telha. Geralmente, nos períodos sem muitas obrigações profissionais.
Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?

Já estou escrevendo um novo, de contos. E, penso que para 2024, devo ter uma nova peça de teatro também escrita. São obras que estão ainda na primeira gestação: acho difícil detalhar sobre o que se trata, mas posso dizer que a temática do homem comum deverá estar presente nas duas.

[RESENHA #601] Friday Black, de Nana Kwame Adjei-Brenyah


SOBRE O LIVRO

Seria possível encontrar, no futuro próximo, um mundo mais justo e menos selvagem? Reescrever a história, repensar a humanidade sem vícios mortais como o racismo, o consumismo exacerbado, as armas e a crueldade latente? Friday Black, livro de estreia de Nana Kwame Adjei-Brenyah, nos mostra que não.

Nesta elogiada coletânea de doze contos definida pelo The Wall Street Journal como "impressionante", tudo parece absurdo à primeira vista. Mas, em seguida, o enredo assume paralelos com a realidade e transporta os leitores de volta a acontecimentos recentes veiculados à exaustão nos noticiários. No conto "Os cinco de Finkelstein", o assassinato de cinco crianças negras na porta de uma biblioteca, seguido do julgamento do perpetrador racista, relembra a história de Trayvon Martin e de outros tantos jovens negros; o atentado em uma escola que coloca dois adolescentes — vítima e algoz — numa discussão post mortem no purgatório é o mote de "Cuspindo luz"; a corrida mortífera de humanos-zumbis pelo consumo na Black Friday, numa elegia ao capitalismo sanguinário e às suas injustas relações de trabalho, se repete nos aterrorizantes "Friday Black", "Como vender uma jaqueta, segundo o Rei do Gelo" e "No varejo".

Neste livro, a violência e o grotesco atingem seu nível máximo, sem cortes, como numa caricatura da sociedade moderna. O futuro — uma alegoria do tempo presente — é apresentado em visão panóptica, pela qual quem lê se reconhece como voyeur de algo que gostaria de participar. Em Friday Black, é por meio da barbárie que o ser humano sacia os seus desejos mais irascíveis.

Adjei-Brenyah, grande promessa da literatura norte-americana contemporânea, é um radical do absurdo. Com humor mordaz, coloca os leitores em uma situação constrangedora, numa mixórdia de sentimentos que só os grandes escritores conseguem produzir. Não existe alívio. Segundo o próprio autor, "nada é mais chato do que um final feliz", frase que talvez resuma esta obra, reflexo do século 21.

RESENHA


No livro "Friday Black", o autor nos presenteia com histórias que exploram questões urgentes de racismo e agitação cultural, revelando as formas pelas quais lutamos pela nossa humanidade em um mundo implacável. Em "Os cinco de Finkelstein", Adjei-Brenyah expõe o preconceito brutal presente em nosso sistema de justiça. Já em "Zimmerlândia", somos confrontados com uma imaginação perturbadoramente realista do racismo como um esporte. Além disso, "Friday Black" e "Como vender uma jaqueta, segundo o Rei do gelo" mostram os horrores do consumismo e o preço que todos nós pagamos por ele. Essas histórias nos levam a refletir sobre as questões mais profundas da sociedade contemporânea e nos desafiam a questionar nossas próprias ações e crenças.

Em "A Era", somos transportados para uma sociedade distópica e pós-apocalíptica, onde o impacto da modificação genética humana é explorado. Nesse cenário, o conhecimento e a inteligência precisam ser reaprendidos, desafiando os personagens a se adaptarem a um novo mundo. Por outro lado, em "Cuspindo luz", somos apresentados a um atirador solitário do ensino médio, conhecido como Fuckton por seus colegas de classe. Ele é confrontado pelo fantasma do jovem que acabou de assassinar e, juntos, eles embarcam em uma jornada para salvar outra criança intimidada de uma tragédia iminente. Essas histórias nos levam a refletir sobre os limites do poder humano, a importância da empatia e o papel da coragem diante das adversidades.

Esta coleção de histórias distópicas é uma mistura intensa de violência e emoção. Conseguir equilibrar sangue coagulado com ternura é uma conquista notável. As duas histórias que encerram a coleção são as mais perturbadoras e, talvez, as minhas favoritas. Embora possam parecer gratuitas para alguns leitores que não estão prestando muita atenção às notícias ou que deliberadamente desviam o olhar, acredito que são narrativas perfeitamente estruturadas, repletas de diálogos impactantes e um equilíbrio gratificante entre tensão e alívio. A violência só é gratuita quando não serve a nenhum propósito, e ao longo de "Friday Black", somos constantemente lembrados de que a violência está intrinsecamente ligada ao que está acontecendo na América atualmente e ao legado sangrento e brutal de sua história. Adjei-Brenyah exagera apenas um pouco, ou usa uma premissa futurística hipotética para revelar algo verdadeiro sobre as profundezas desconhecidas deste país, onde insultos, impulsos e injúrias básicas são infligidos às comunidades negras.

Nessas histórias, muitos dos protagonistas são homens estranhos, frequentemente imersos em um profundo estado de sofrimento e desespero. Eles anseiam por aprovação social, seja de si mesmos ou de seus pares, enquanto enfrentam dificuldades financeiras recorrentes. Algumas dessas narrativas exploram esses temas por meio de hipérboles extremas, enquanto outras revelam o horror entorpecente do cotidiano. Adjei-Brenyah é um escritor versátil, capaz de criar um microcosmo único em cada história, que desafia nossas expectativas e nos transporta para vidas repletas de frustrações.

Uma obra prolífica repleta de uma narrativa arrebatadora que precisa urgentemente e necessariamente serem lidas por todos, todos universalmente sem contestação ou exeção.

O AUTOR

NANA KWAME ADJEI-BRENYAH nasceu em Spring Valley, Nova York, EUA. Formado na Universidade de Nova York, faz mestrado na Universidade de Syracuse. Já publicou em diversos veículos como New York Times Book Review, Esquire, Paris Review, entre outros

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