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[RESENHA #531] Ciropédia, de Xenofonte

Xenofonte / CIROPÉDIA, Xenofonte. Tradução de Lúcia Sano, São Paulo: fósforo, 2021.393p

A obra de Xenofonte, Ciropédia, foi considerada durante muito tempo uma obra literária sem classificação precisa, não sendo totalmente baseada em eventos reais, mas em idealizações de vida do autor, bem como do período descrito. Por muito tempo a obra tem ficado na gaveta, não despertando o interesse de estudiosos, que o caracterizaram de forma banal como sendo apenas mais um livro literário dentre tantos, porém, para alguns entusiastas a obra é o início da fundação do gênero romance moderno, repleto de sentidos literários compostos e descrições atípicas à época a qual se propôs desbravar. 

A Ciropédia, também conhecida como Educação de Ciro, foi escrita por Xenofonte, um famoso filósofo grego do século IV a.C. Esta obra foi considerada a mais importante obra de educação escrita na antiguidade. Ele escreveu sobre as ações e acções de Ciro II, o Grande, o lendário rei da Pérsia. A Ciropédia oferece uma perspectiva única sobre a educação, pois fornece lições sobre como governar um grande império. O livro aborda diversos temas, incluindo a relação entre o rei e seu povo, a administração de justiça, a guerra, a diplomacia e a política. Além disso, Xenofonte faz referência à virtude como o caminho a seguir para alcançar a excelência, e aborda assuntos como a disciplina, a honra e a honestidade. Ele também destaca a importância da educação, pois argumenta que a educação é a chave para o sucesso de um governante. Através desta obra, Xenofonte estabeleceu um modelo de educação que influenciou os governantes e líderes por séculos. A obra ainda é estudada hoje como uma fonte valiosa de conhecimento para aqueles que procuram entender as práticas próprias da governança.

A obra de Xenofonte, Ciropédia, trata da vida do imperador persa Ciro, com reflexões sobre liderança, admiração e obediência. Esta tradução direta do grego antigo foi realizada por Lucia Sano. Os ensinamentos deste trabalho influenciaram grandes nomes, como Júlio César e Maquiavel, autor de O Príncipe.

A Ciropédia de Xenofonte teve um grande impacto na cultura ocidental, sendo admirada por figuras históricas importantes como Alexandre, o Grande, Júlio César, Thomas Jefferson, Rousseau e Montaigne. Seu legado foi tão profundo que influenciou diretamente a obra de Maquiavel, O príncipe. Esta obra-prima da literatura política talvez não existisse sem a Ciropédia, que forneceu ao autor italiano os princípios e valores necessários para compor seu trabalho. É claro que Xenofonte trazia à tona a sabedoria antiga, mas sua influência na história moderna é inegável.

Ciropédia é, estritamente, o primeiro dos oito livros escritos por Xenofonte que narram a vida de Ciro, o Grande. O primeiro livro descreve a origem e a educação de Ciro, bem como a sua estadia na corte do seu avô materno, o rei Medo Astíages. Livros 2 a 7 tratam da vida de Ciro enquanto vassalo dos Medos. Por fim, o livro 8 é um ensaio sobre o modo de Ciro governar e sobre as suas visões da monarquia.

Os antigos acreditavam que a Ciropédia de Xenofonte era uma resposta à República de Platão, enquanto as Leis de Platão pareciam fazer referência a esta obra. Além disso, diz-se que Cipião, o Africano sempre carregava consigo uma cópia deste clássico antigo.

O livro I da obra aborda temáticas acerca da reflexão da obediência de um povo mediante seu rei e suas conquistas, para o autor, um homem sem disciplina é um homem sem poderes, entre outros, faz-se necessário delinear um caminho como alguém ponderado, sábio e prudente.

Certa vez nos ocorreu refletir sobre quantas foram as democracias depostas por aqueles que preferiam outro tipo de regime que não a democracia, quantas monarquias, por sua vez, bem como oligarquias, já foram destituídas pelo povo, e quantos homens com intenção de e tornar tiranos foram, alguns, logo completamente depostos, enquanto outros que tenham resistido no governo por qualquer período são admirados como homens sábios e afortunados. Cremos ter observados também, em residências privadas, vários homens - tanto os que possuem numerosos servos como os que possuem bem pouco - que, na posição de senhores, nem mesmo por esses muito poucos são capazes de se fazer obedecer. (p.37)

Já no livro II desta obra, o autor trabalha a noção de poder de Ciro, o grande, em meio à sua posição, sendo temido por todos.

Quanto Ciro chegou, primeiro eles se abraçaram como era natural, então se Ciáxares perguntou qual o tamanho do exército que ele trazia. Ciro respondeu: Trinta mil soldados como aqueles que antes já estiveram aqui como mercenários, mas outros dos homens pares, que nunca saíram em expedição, estão vindo. (p.89)

A descrição do poder de Ciro, bem como sua benevolência, poder e ação são descritas até o capítulo VII desta obra, trazendo a tona, resquícios de memórias e descrições precisas de táticas de poder, bem como de controle do povo.

Já o capítulo VIII da obra fala-nos sobre como Ciro conduzia seu modo de reinado:

[...] Homens, foi com frequência que observei em circunstâncias passadas que um bom governante não se diferencia em nada de um bom pai, pois os pais cuidam de seus filhos para que eles nunca venham a carecer de bem algum, assim como Ciro me parece agora nos aconselhar sobre a melhor forma de continuarmos a desfrutar da felicidade. (p.325)

Esta obra, republicada pela editora fósforo conta com uma tradução impecável de Lucia Sano, que também assina a apresentação da obra com um texto explicativo sobre o período histórico, acontecimentos envolvendo a narrativa, bem como seções específicas à quem se dirige Ciropédia, como ler a obra e como entender seus conceitos profundos traduzidos diretamente do latim. Vale ressaltar que esta obra é a mais atualizada e ampliada em todos os sentidos das disponíveis no mercado atualmente.

[RESENHA #530] Você não existe, uma obra inspirada pelo universo, de Juliana Moura


MOURA, Juliana: Você não existe: uma obra inspirada pelo universo. Rio de Janeiro: Autografia Editora,  2020, 198p.

Este livro é, como diz a autora, uma manifestação de gratidão. Juliana Moura é cristã e conheceu o sentido da vida através de sua participação e vida religiosa, seus ensinamentos e reflexões nos levam à percorrer caminhos não mais percorridos pelas massas. Esta obra é um convite particular e individual da autora para um coletivo de pessoas: todas a quem o livro alcançar.  A obra é um misto de ativação de consciência e fluxo de fé e mudança de hábito, as questões aqui abordadas foram transformadas em um caminho de mudança de dentro para fora através de questionamentos e perguntas feitas em momentos específicos da vida. 

Quem somos nós? quem sou eu? para onde vou? de onde vim? qual a minha missão neste mundo? como entender a vida e toda essa jornada? Essas são apenas algumas questões que nos são apresentadas pela autora, aqui, através da leitura dos capítulos não enumerados, somos apresentados à uma série de questionamentos e hipóteses que nos fazem refletir a essência do humano, do viver.

No capítulo as cinco leis básicas, a autora nos presenteia com cinco grandes pilares universais do fundamentalismo do ser, são estas, questões que nós colocamos à mesa para um debate profundo de nós para com o nosso interior. Sendo estes:

a) Há algo muito maior que governa tudo e sou apenas parte de um todo;

b) toda ação gera uma reação

c) como parte do universo, preciso fazer minha parte, a fim de manter a harmonia. Autorresponsabilidade.

d) o universo sabe a verdade. Traduzindo, não tem como mentir para o universo. Afinal, ele capta a nossa essência, não a nossa personalidade.

e) aceitar a vontade suprema do universo, e assim, seguir o fluxo da vida.

Estes cinco pilares, denominados leis, regem o universo, e entendê-los e parte da nossa caminhada. Entender que temos uma missão, que somos parte de um todo e não uma parte isolada é um processo longo e demorado que toma de nós tempo para reflexão e aprendizado. Entender que somos matéria, parte de um todo, luz e escuridão, é entender que somos seres dotados de uma dualidade particular de cada um.

Despertar a consciência cósmica, para o que chamo de a grande verdade, é desafiador. Exige esforço. É uma verdadeira luta interior. Mas, uma vez consciente do quem realmente somos, a vida passa a fazer sentido e tudo fica mais leve [...] - (p.52)

O livro é, como mencionado pela autora, uma reflexão das paradas obrigatórias em nossa vida: um processo longo de reflexão e aprendizado que exige esforço, porém, compensativo. A narrativa da autora, é, como dito por ela, uma partilha daquilo o que foi aprendido durante sua jornada, e guardar isso para si, seria egoísmo. 

Em tese, a obra nos convida à entender que não existimos - vide título - somos apenas poeira passageira neste universo, e que devemos entender e trabalhar as nuances da vida entre a matéria e o espiritual, pois é isso que somos: matéria que ocupa um espaço no mundo que não nos pertence, ou seja, passageiro. Entender que precisamos nos desprender dos prazeres do corpo é um processo que leva longas horas de reflexão e pensamentos.

Ah, o livro também incluem diversos espaços para reflexão do leitor, para pensar, anotar e progredir em sua jornada de autodescoberta e revolução e paz interior.

Somos apenas parte do universo, tudo o que vivemos é parte de um processo maior do que nós mesmos. Não temos o conhecimento necessário para compreender todos os mistérios e as complexidades do universo, mas temos a capacidade de apreciar e admirar a beleza e a fantasia que ele nos oferece. É possível compreender alguns desses mistérios através de estudos, reflexões, vivência pessoais e um processo doloroso e lento de reconhecermos como parte de um todo, não o centro. É impossível entender verdadeiramente todos os segredos que o universo nos apresenta. O universo é infinitamente grande e diversificado e, ao mesmo tempo, um todo único. Esta constatação nos leva a uma única conclusão: que somos infinitamente pequenos e insignificantes em relação ao universo.

Se pudéssemos catalogar em um pequeno espaço alguns ensinamentos, seria algo assim, exercício de minha própria reflexão:

a) Há algo muito maior que governa tudo e sou apenas parte de um todo; b) Estou conectado a todas as outras formas de vida e à energia cósmica que nos une; c) Acredito que existe uma força mais alta, que une todos nós e nos conecta à natureza; d) Compreendo que todos somos uma parte importante deste universo, e que nossas ações podem afetar o equilíbrio do todo; e) Respeito os direitos de todos os seres vivos e os ciclos de renovação da natureza; f) Reconheço que minhas ações podem ter efeitos positivos ou negativos no todo; g) Estou comprometido com o bem-estar de todos e trabalho para o equilíbrio do universo.

Um livro poético, carregado de fé e simbolismos que permeiam a vida e a tornam mais leve. Indicado para todo leitor que está buscando um sentido na vida ou a compreensão desta e das vidas que viveremos no espiritual.

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