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[RESENHA #530] Você não existe, uma obra inspirada pelo universo, de Juliana Moura


MOURA, Juliana: Você não existe: uma obra inspirada pelo universo. Rio de Janeiro: Autografia Editora,  2020, 198p.

Este livro é, como diz a autora, uma manifestação de gratidão. Juliana Moura é cristã e conheceu o sentido da vida através de sua participação e vida religiosa, seus ensinamentos e reflexões nos levam à percorrer caminhos não mais percorridos pelas massas. Esta obra é um convite particular e individual da autora para um coletivo de pessoas: todas a quem o livro alcançar.  A obra é um misto de ativação de consciência e fluxo de fé e mudança de hábito, as questões aqui abordadas foram transformadas em um caminho de mudança de dentro para fora através de questionamentos e perguntas feitas em momentos específicos da vida. 

Quem somos nós? quem sou eu? para onde vou? de onde vim? qual a minha missão neste mundo? como entender a vida e toda essa jornada? Essas são apenas algumas questões que nos são apresentadas pela autora, aqui, através da leitura dos capítulos não enumerados, somos apresentados à uma série de questionamentos e hipóteses que nos fazem refletir a essência do humano, do viver.

No capítulo as cinco leis básicas, a autora nos presenteia com cinco grandes pilares universais do fundamentalismo do ser, são estas, questões que nós colocamos à mesa para um debate profundo de nós para com o nosso interior. Sendo estes:

a) Há algo muito maior que governa tudo e sou apenas parte de um todo;

b) toda ação gera uma reação

c) como parte do universo, preciso fazer minha parte, a fim de manter a harmonia. Autorresponsabilidade.

d) o universo sabe a verdade. Traduzindo, não tem como mentir para o universo. Afinal, ele capta a nossa essência, não a nossa personalidade.

e) aceitar a vontade suprema do universo, e assim, seguir o fluxo da vida.

Estes cinco pilares, denominados leis, regem o universo, e entendê-los e parte da nossa caminhada. Entender que temos uma missão, que somos parte de um todo e não uma parte isolada é um processo longo e demorado que toma de nós tempo para reflexão e aprendizado. Entender que somos matéria, parte de um todo, luz e escuridão, é entender que somos seres dotados de uma dualidade particular de cada um.

Despertar a consciência cósmica, para o que chamo de a grande verdade, é desafiador. Exige esforço. É uma verdadeira luta interior. Mas, uma vez consciente do quem realmente somos, a vida passa a fazer sentido e tudo fica mais leve [...] - (p.52)

O livro é, como mencionado pela autora, uma reflexão das paradas obrigatórias em nossa vida: um processo longo de reflexão e aprendizado que exige esforço, porém, compensativo. A narrativa da autora, é, como dito por ela, uma partilha daquilo o que foi aprendido durante sua jornada, e guardar isso para si, seria egoísmo. 

Em tese, a obra nos convida à entender que não existimos - vide título - somos apenas poeira passageira neste universo, e que devemos entender e trabalhar as nuances da vida entre a matéria e o espiritual, pois é isso que somos: matéria que ocupa um espaço no mundo que não nos pertence, ou seja, passageiro. Entender que precisamos nos desprender dos prazeres do corpo é um processo que leva longas horas de reflexão e pensamentos.

Ah, o livro também incluem diversos espaços para reflexão do leitor, para pensar, anotar e progredir em sua jornada de autodescoberta e revolução e paz interior.

Somos apenas parte do universo, tudo o que vivemos é parte de um processo maior do que nós mesmos. Não temos o conhecimento necessário para compreender todos os mistérios e as complexidades do universo, mas temos a capacidade de apreciar e admirar a beleza e a fantasia que ele nos oferece. É possível compreender alguns desses mistérios através de estudos, reflexões, vivência pessoais e um processo doloroso e lento de reconhecermos como parte de um todo, não o centro. É impossível entender verdadeiramente todos os segredos que o universo nos apresenta. O universo é infinitamente grande e diversificado e, ao mesmo tempo, um todo único. Esta constatação nos leva a uma única conclusão: que somos infinitamente pequenos e insignificantes em relação ao universo.

Se pudéssemos catalogar em um pequeno espaço alguns ensinamentos, seria algo assim, exercício de minha própria reflexão:

a) Há algo muito maior que governa tudo e sou apenas parte de um todo; b) Estou conectado a todas as outras formas de vida e à energia cósmica que nos une; c) Acredito que existe uma força mais alta, que une todos nós e nos conecta à natureza; d) Compreendo que todos somos uma parte importante deste universo, e que nossas ações podem afetar o equilíbrio do todo; e) Respeito os direitos de todos os seres vivos e os ciclos de renovação da natureza; f) Reconheço que minhas ações podem ter efeitos positivos ou negativos no todo; g) Estou comprometido com o bem-estar de todos e trabalho para o equilíbrio do universo.

Um livro poético, carregado de fé e simbolismos que permeiam a vida e a tornam mais leve. Indicado para todo leitor que está buscando um sentido na vida ou a compreensão desta e das vidas que viveremos no espiritual.

[lançamento] Você não existe, de Juliana Moura


“Quantas vezes você se perguntou qual é o sentido da vida?”. Esta é a primeira de muitas perguntas que Juliana Moura faz ao longo do seu livro Você não existe. Sua obra, em geral, pode ser sintetizada, jamais resumida, a essa questão. Tal interrogação vai se desdobrando nas páginas seguintes revelando aspectos ocultos inerentes ao universo e ao ser humano. É um livro que instiga a participação do leitor a fim de promover uma revolução de consciência através da reflexão e do autoconhecimento. Afinal, ninguém muda ninguém. É uma obra totalmente inspirada pelo universo e tem o propósito de trazer à tona a verdade de cada um desde que este esteja disposto e comprometido com seu próprio processo evolutivo. Evoluir exige consciência. Consciência exige presença. Se este livro chegou até você é porque tem algo valioso a dizer para sua alma. Afinal, nada é por acaso. Leia e descubra, por si só, o que o universo tem para te dizer.


[lançamento] A jornada do despertar, de Antonina Buriti

Antonina Buriti lança obra sobre jornada para o despertar 

A jornada para o despertar durante um relacionamento de duas almas gêmeas que tiveram a oportunidade de viver um amor verdadeiro. É preciso apostar na vida. Essa constitui uma das principais mensagens da obra Jornada do Despertar, escrita pelas mãos da autora Antonina Buriti. É preciso aprender a parar, diz a autora ao leitor. O objetivo deste livro é compartilhar muito do que a autora aprendeu e vivenciou na busca do autoconhecimento, da espiritualidade e do fortalecimento da fé dentro de um relacionamento. Antonina Buriti é engenheira, advogada, executiva, empresária, consteladora sistêmica, reikiana, leitora de aura, mãe e agora escritora. Através de seu primeiro livro, Antonina Buriti conta sua história com seu grande amor, André Luís. 

[lançamento] A morte também aprecia o jazz, de Edimilson de Almeida


A morte também aprecia o jazz

No novo livro de Edimilson de Almeida Pereira, as formas do jazz e de outros ritmos da afro-diáspora levam o poeta a reunir linguagens e artistas dos mais variados tempos, como Dizzy Gillespie e Elizeth Cardoso, além de convocar outras linguagens, entre elas a das pinturas do cubano Wifredo Lam ou a dos versos de León Damas, poeta da Guiana-Francesa. Como escreve Claudete Daflon no texto de orelha, “evocando a morte, Edimilson de Almeida Pereira nos joga em cheio no centro da vida”. E é do centro dessa vida pulsante que esses poemas nos convidam para dançar. 

O livro conta com posfácio de Michel Mingote Ferreira de Ázara e edição de Bruna Beber.

[lançamento] O Girassol, de Oscar Pilagallo






O girassol que nos tinge

Em 8 de janeiro de 2023, uma multidão vestida de amarelo tomou conta de Brasília numa manifestação violenta e antidemocrática, em tudo diversa do que pregava o manifesto de mais quarenta anos antes que dá título a este livro. Em 1984, durante a ditadura militar, um documento produzido pela classe artística desfraldava a luta pelo voto direto para presidente e declarava o desejo da sociedade de “usar o amarelo das flores sem medo, o girassol amarelo que nos guia, tinge e alimenta”. A metáfora captava o anseio daqueles que, saindo às ruas em busca da democracia, inauguraram a maior manifestação popular do Brasil: as Diretas Já.

Às vésperas dos quarenta anos do movimento, o jornalista Oscar Pilagallo analisa o curso histórico de tais acontecimentos, mostrando como a vontade de votar para presidente estava nas mais diversas esferas da sociedade civil.

Com uma linguagem leve, Pilagallo apresenta um painel histórico que vai da formação da convergência democrática à derrocada dos militares. Entremeando análise política e episódios anedóticos — quase inéditos de tão esquecidos —, a narrativa prende a atenção dos leitores que não vivenciaram o período e refresca a memória de quem participou da festa cívica. O livro traz ainda fotografias da época, além de uma cronologia e apêndices informativos sobre a carreira posterior dos protagonistas. Embora haja quem diga que as Diretas Já não foram bem-sucedidas em seu propósito, O girassol que nos tinge argumenta que as praças coalhadas de gente garantiram a participação popular no processo que pôs fim a duas décadas de ditadura.

[lançamentos] Sequelas, de Karla França



Karla França escreve sobre realidades que viveu ao tentar a sorte em outro país

Sequelas, da designer gráfico Karla França, reúne histórias vividas pela autora a partir da sua decisão irrevogável de tentar a sorte em outro país. O recheio do livro mistura personagens inusi- tados, amores encerrados e partidas cheias de saudade. Repleto de humor e de birra, de crise existen- cial e melancolia madura, Sequelas conduz seus personagens e seus leitores às questões pungentes de imigração, do que a vida tem de pior e, acima de tudo, de melhor.

Mas o sabor predominante da obra vai além disso: é uma história de superação e redenção, construída por uma personagem dúbia e dupla, feita de arrogância e fragilidade, em busca de si mesma. Não se trata somente de uma obra de quem fincou sua bandeira em outro país, mas compartilha-se o prazer que é traduzir as palavras em vida. Vida que esconde-se por trás das sequelas. O jogo da vida. O livro, com narrativa leve, proporciona uma leitura dinâmica e agradável, é uma leitura-viagem devoradora que nos leva a incríveis descobertas. Alimenta a alma, o corpo e a mente com as reflexões transmitidas. Prende também pelo coração, com confidências da autora sobre sua relação com a vida e tudo que ela pode trazer.

Karla França, em Sequelas, oferece uma abordagem diferente, pouco vista, provocando no leitor um outro olhar sobre o significado da vida. Indo além do simples compartilhar, produziu um livro inspirador, levando o público a uma incrível viagem pelo mundo sem sair do lugar.

SOBRE A AUTORA

Karla França é designer gráfico e escritora. Já escreveu alguns ensaios e crônicas, entre os quais, Sequelas, seu primeiro romance, que está sendo adaptado para o espanhol e francês. Nasceu em 1971 e cresceu em Belém do Pará. Aos 34 anos decidiu partir do Brasil e fixou residência na França, onde vive até hoje. Desde 2006 a autora mora em Paris com o marido e as quatro filhas.

[Lançamento] Formas feitas no escuro, de Leda Cartum

Formas feitas no escuro

Seja em cidades vazias, seja nas profundezas do oceano ou à hora crepuscular em um apartamento, a roda narrativa destes minicontos passa da terceira à primeira pessoa enquanto as formas dos enredos se avolumam. Os personagens — um homem, você e eu — são sujeitos de outros tempos, desde o passado longínquo ao futuro incerto. As histórias estão repletas de tentáculos e novelos que se desenrolam ao infinito, tentando capturar a frequência limítrofe entre a realidade e o sonho. Formas feitas no escuro é um livro quase táctil, que desafia o leitor a flutuar, mergulhar ou voar por mitologias e sabedorias ancestrais. Mas também trata do cotidiano presente, do tédio que invade um quarto, do tempo que corre quando procrastinamos uma tarefa simples.

Nele, Leda Cartum propõe uma poética cheia de texturas — da terra úmida, das cascas de folhas secas, da madeira do chão de taco —, num trabalho exíguo com imagens que de outro modo não se fixariam, e seriam sombras opacas perdidas no longo caminho da visão à fala, da ideia à escrita. É impossível descrever os contos sem enumerar as feras, os gatos noturnos, os detalhes, a elasticidade do tempo, a escuridão vibrante da natureza. Isso porque de modo lúdico, Cartum propõe que se preste atenção aos segredos do móvel mais estático no canto de um cômodo qualquer.

Entre a fábula, a crônica e a poesia, Formas feitas no escuro transita entre gêneros e surpreende por sua leveza, clareza e despretensão.  Mas, como afirma Angélica Freitas na orelha que assina para o livro, “talvez essa questão do gênero (é poesia? É prosa?) nem nos interesse. Importa aqui o trabalho da imaginação, o trânsito do escuro para o claro, e vice-versa”.

TÍTULO | FORMAS FEITAS NO ESCURO


AUTORA | LEDA CARTUM


CAPA | CRISTINA GU E GABRIELA SACCHETTO


FORMATO | 13,5 X 20 CM


NÚMERO DE PÁGINAS | 88


PAPEL | PÓLEN BOLD 90 G


R$ 64,90 | R$ 49,90 (e-book)

[RESENHA #529] Tempo aberto, vários autores



Tempo aberto é uma obra de ficção comemorativa publicada pelo Grupo Editorial Record em celebração aos oitenta anos de existência do conglomerado editorial, que atualmente abarca onze selos que publicam os mais variados gêneros literários. O titulo é uma alusão ao tempo que se encontra em percurso contínuo, assim como o compromisso do Grupo e de seus editores com as publicações e o compromisso com a qualidade do material publicado ao longo dos anos.

80 anos de existência em 8 grandes contos que narram as oito décadas de  vida brasileira em períodos históricos que abarcam de 1942 à 2022. As narrativas aqui distribuídas se relacionam com diferentes acontecimentos e críticas, como: o papel da mulher na sociedade, a violência das ruas, o alcance do regime militar durante o período da repressão, a redemocratização, dentre outros. Para tal, reuniu-se nesta edição oito autores inesquecíveis: Nélida Piñon; Alberto Mussa; Francisco Azevedo; Carla Madeira; Nei Lopes; Antônio Torres; Cristovão Tezza e Claudia Lage.

Vale ressaltar que as obras aqui apresentadas são carregadas de mensagens e simbolismos característicos do tempo ao qual foi-se proposto representar, de forma tal que deve-se atentar-se em se obter uma leitura além das entrelinhas, percorrendo as nuances descritivas que delineam caminhos distintos de narrativa, foco e acontecimento.

Fazem parte desta edição comemorativa os contos:

Aberto Mussa - Encruzilhada na ladeira do Timbau (1942-1952)

A violência nas cidades: Este conto mantem sua essência original dos anos 40 e fala-nos sobre uma ficção que ocorre durante a ocupação do morro da formiga. A narrativa aborda a vida de Tião Saci, um homem que decide se mudar para o morro da formiga e morar com Déo, porém, seu real interesse estava nos trabalhos espirituais e na entidade que por lá habitava na figura de um rapaz conhecido por Lacraia.

Nélida Piñon - I love my Husband (1952-1962)

O papel da mulher na sociedade: Uma história narrada em primeira pessoa por uma mulher que fala-nos acerca de seu convívio com seu marido e seus desdobramentos, suas descrições sobre o cotidiano e o tratamento que levara de seu marido e a visão da sociedade sobre o casamento são arcaicas, antigas e características do século 18, apesar da história dar todos os indícios de se tratar de algo ambientado entre o século dezenove e vinte.

Francisco Azevedo - Em 1969, um concurso literário e uma viagem de contrastes (1962-1972)

Oposição da ditadura x contracultura: A história narra o percurso de Frájara, um entusiasta da escrita que vence um concurso literário e uma viagem para terras estrangeiras durante o período da ditadura militar no Brasil, durante o processo de contracultura em que se encontravam Brasil x EUA. Chumbo e censura, uma história sobre o impacto da escrita e das experiências durante um período de retrocesso cultural.

Antônio Torres - Atrás da cerca (1972-1982)

O alcance do regime militar no sertão: Uma narrativa sobre o impacto do regime militar do sertão e a instauração da censura e a preocupação de um morador em relação à como proceder: não posso contar o que não vi, não posso falar o que não vi.

Carla Madeira - Corte seco (1982-1992)

O despertar da juventude durante o período de redemocratização: Narrado em primeira pessoa pela personagem Elizabete, a história fala-nos do processo de confiança de pais e filha durante o desespero pelo sumiço de um blazer e a quebra de confiança.

Nei Lopes - Manchete de Jornal (1992-2002)

A força da cultura popular às vésperas da revolução digital: Narrativa que começa com um possível fato curioso: um homem de nome Alvimar da Silva, recém falecido, havia sido enterrado vivo. Este foi o estopim e surgimento de uma série de manchetes investigativas regradas à boas doses de sensacionalismo.

Claudia Lage - um delírio por moira (2002-2012)

As pressões cotidianas no mundo contemporâneo: As pressões de uma garota para realização de coisas básicas com um pano de fundo fluído. Aluguel, energia, comida, água e despesas básicas e a pressão para ser o melhor a cada dia para sobrevivência.

Cristovão Tezza - O herói da sombra (2012-2022)

A história da venda de um carro antigo e problemático e os desdobramentos de um bem feitor.

A obra em si é uma construção significativa em contribuição literária, a decisão da editora em republicar estes contos traz a tona a importância do debate e da literatura como instrumento de fomento principal da educação e dos movimentos ligados à cultura. 80 anos de história do Brasil e do grupo, certamente um número significativo e único.

Indicado para todo leitor de bons contos.

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