APRESENTAÇÃO
Este livro, voltado a professores da educação básica, traz propostas inovadoras para o trabalho com o português em sala de aula. Visando romper com o preconceito linguístico e apresentar a diversidade de nossa língua, o manual divide-se em uma parte teórica e em uma parte prática com questões para serem aplicadas aos alunos. Uma ferramenta importante para um ensino que respeite as diferenças e não crie estigmas em relação às várias línguas que falamos e ouvimos.
RESENHA
Variação linguística na escola é uma obra organizada por Joyce Elaine de Almeia e Stella Maris Bortoni-Ricardo, com ênfase no ensino de uma prática docente mais inclusiva acerca das variedades da fala encontradas no âmbito escolar, lançado pela editora Contexto, em 2023.
Para elucidarmos melhor o tópico, devemos nos lembrar que a variedade linguística é um campo de estudo que visa explicar os fenômenos decorrentes da variação existente na fala, ou seja, as formas e as maneiras que cada um tem de se explicar. Em linhas gerais, a variedade se dá por diversos fatores, como localização geográfica, estudo, meio ao qual estamos inseridos, viagens, poder aquisitivo, dentre outros.
A introdução da obra nos explica que há um pensamento acreditado pela maioria que a língua brasileira é inflexível, entre outras palavras, passível de transformação e modificação. Essa crença ocasiona total desconhecimento da existência de uma variedade de fala, o que, por consequência, traça uma linha de violência simbólica acerca dos falantes de vertentes não pertencentes ao português padrão culto. A partir deste ponto, torna-se necessário estabelecer e traças metodologias didáticas no seio estudantil para explicação deste fenômeno, uma vez que, toda violência se se transfigura na figura da ausência de conhecimento, ou seja, a ausência de informações sobre a variedade de fala existente no Brasil reflete diretamente no tratamento que algumas pessoas recebem acerca de como se comunicam.
Se, como resultado da intervenção dos linguistas, o tema da variação acabou incorporado pelo discurso pedagógico, podemos dizer que não conseguimos ainda construir uma pedagogia adequada a essa área. Talvez porque não tenhamos ainda, como sociedade, discutido suficientemente, no espaço público, nossa heterogênea realidade linguística, nem a violência simbólica que a atravessa. (2008: 177)
Desta forma, acredita-se, que, crianças advindas de um poder socioeconômico maior possuem um certo grau de comunicação que as crianças mais pobres não detém, isso se deve ao fato de possuírem uma educação sem fundamentos práticos de comunicação, o que tensiona a problemática acerca da fala e do ato de se comunicar com clareza.
A teoria da deficiência cultural afirma que as crianças das camadas populares chegam à escola com uma linguagem deficiente, que as impede de obter sucesso nas atividades e aprendizagem: seu vocabulário é pobre; usam frases incompletas, curtas, monossilábicas; sua sintaxe é confusa e inadequada à expressão do pensamento lógico; cometem 'erros' de concordância, de regência, de pronúncia. comunicam-se muito mais através de recursos não verbais do que através de recursos verbais. Em síntese, as crianças são ''deficitárias'' linguisticamente. (Soares, 2017:33).
O único aspecto em que as variedades de uma língua podem diferir entre si é no acervo de seu vocabulário (p.14), assim sendo:
[...] a equivalência funcional entre línguas ou variedades significa que essas se equivalem tanto em estrutura quanto em seu uso, ou seja, todas as línguas tem igual complexidade. (2023:14)
A partir deste ponto, a obra se atém em explicar a existência das mais variadas questões que influenciam diretamente na complexidade da língua e em suas variedades. Uma obra extremamente rica em detalhes e conhecimento. Ao contrário do abordado na premissa da obra, acredito que, todos devem ler esta obra de extrema importância.
AS AUTORAS
Stella Maris Bortoni-Ricardo é professora titular aposentada de Linguística da Universidade de Brasília (UnB), onde atuou na Faculdade de Educação (graduação e pós-graduação) e no doutorado em Linguística. Tem experiência na área de Sociolinguística, com ênfase em Educação e Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: Letramento e formação de professores, educação em língua materna, alfabetização e etnografia de sala de aula.
Joyce Elaine de Almeida é professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Possui mestrado em Letras pela UEL, doutorado em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e pós-doutorado em Linguística pela UnB. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística Educacional.
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