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[RESENHA #980] Leveza do efêmero, de Raquel Lopes

À medida que nos deliciamos com a leveza do tempo, podemos contemplar a beleza da vida. Pela janela, assistimos ao mundo em constante movimento, com as suas cores e formas únicas. Os raios de luz que se infiltram pelas frestas nos lembram que, mesmo nas situações mais difíceis, sempre há um vislumbre de esperança. E a vela bruxuleante simboliza a esperança que nunca deve se extinguir dentro de nós. Como uma linda flor que desabrocha na primavera, devemos nutrir essa esperança em nossos corações e deixá-la florescer para iluminar nosso caminho. Na leveza do tempo, aprendemos que a vida é um dom precioso, e devemos aproveitar cada momento e vivê-lo ao máximo. Poemas que abraçam a beleza da vida e aproveitam ao máximo cada segundo efêmero.


RESENHA

A obra "Leveza do Efêmero" é uma coletânea de poemas que nos convida a refletir sobre a vida em constante movimento. Com uma linguagem poética marcada por figurativos metafóricos, a autora Raquel Lopes nos conduz por uma trilha desafiadora, onde somos impregnados tanto pelo racional quanto pelo emocional. Nesse caminho, somos confrontados com a dureza do tempo, que nos tatuam sem nossa escolha. No entanto, a poeta nos incentiva a não cansar de sonhar em nosso mundo fantástico e a não dar espaço para a dor. Em um momento de incertezas e perdas, a obra nos proporciona uma redescoberta dos valores, nos convidando a trilhar novos caminhos e a entender que, quando unidos, encontramos abrigo mesmo nas nuvens mais escuras. A autora nos mostra que o tempo é livre e voa tranquilo como um passarinho, nos convidando a deixar a lua encher nosso olhar e aprender a amar. Com uma linguagem sensível e musical, Raquel Lopes nos leva em uma jornada poética que não é meramente lúdica, mas sim uma ocupação séria e desafiadora. A autora demonstra ser uma esgrimista diante dos desafios da vida, tratando-os com a necessária seriedade. Os poemas presentes em "Leveza do Efêmero" dispensam qualquer comentário prévio, impondo-se aos olhos e coração dos leitores.


O poema "Leveza do efêmero", de nome homônimo à obra, retrata a apreciação da autora pela natureza e a constante transformação que ocorre ao seu redor. Através de imagens vívidas como "botões de rosas" e "pétalas das flores", a poeta exprime sua admiração pelas delicadezas e belezas presentes nas coisas simples da vida. Ela destaca também o prazer que encontra no cheiro das árvores e no vento que refresca, ressaltando a importância de estar conectada com o mundo natural.


A ideia de transformação é um tema presente ao longo do poema. A autora observa que a vida está em constante movimento e que tudo se refaz com o passar do tempo, desde pequenos momentos do dia a dia ("Um dia ou dois sem pressa ou depois") até períodos mais longos ("Um ano a mais / Mil séculos"). Essa noção de eterno recomeço sugere uma visão otimista sobre a vida, evidenciando a crença da autora na possibilidade de renovação e no ciclo contínuo de transformação.


Além disso, o poema menciona as aves migratórias, animais domésticos e selvagens, assim como a presença do veneno e sua ausência, enfatizando a diversidade e complexidade da natureza. Essa variedade de elementos reforça a conexão entre todos os seres vivos e destaca a importância de valorizar e respeitar a biodiversidade.


Através da simplicidade e singeleza da linguagem poética, o poema "Leveza do efêmero" nos convida a refletir sobre a beleza e as transformações presentes na natureza, assim como nos faz lembrar da importância de nos conectarmos com o mundo natural e apreciar as coisas simples da vida.


O poema "Morena Rosa" retrata uma figura feminina, simbolizada pela cor morena, que é exaltada e admirada pelo eu lírico. Através de metáforas e imagens poéticas, o poema transmite uma sensação de encantamento e beleza.


No primeiro verso, "Morena Rosa, de amor e gotas de orvalho", o eu lírico descreve a personagem central como sendo repleta de amor e pureza, representada pelo orvalho. Essa personificação cria uma atmosfera romântica e encantadora em torno da personagem.


O segundo verso, "O dia faz tua música uma lira na verdade e amor", utiliza a imagem da música e da lira para descrever a harmonia e beleza que emanam da personagem. Através dessa metáfora, o eu lírico demonstra como a presença da personagem transforma a realidade em algo poético e harmonioso.


O terceiro verso, "Escrita sobre as águas do destino que cruzou teu caminho", sugere que a personagem tem uma história marcada por encontros e desafios. A expressão "águas do destino" remete à ideia de que as experiências vividas moldam a personalidade da personagem, tornando-a mais interessante e complexa.


Os versos seguintes ressaltam a delicadeza e a bondade presentes no coração da personagem, que são comparadas às pétalas de uma flor. Essa imagem evoca a ideia de fragilidade, mas também de beleza e suavidade.


Em relação à cor da personagem, o eu lírico afirma que a admira, o que sugere que essa cor desempenha um papel especial na atração que a personagem exerce sobre o eu lírico.


O poema também menciona o sorriso contagiante da personagem, que é destacado como algo mágico e encantador. Essa imagem reforça a ideia de que a personagem possui um charme especial e é capaz de influenciar positivamente aqueles ao seu redor.


Por fim, o poema conclui com uma mensagem de otimismo e incentivo, ao sugerir que a personagem não deve permitir que a dor ocupe espaço em sua vida.


Em resumo, o poema "Morena Rosa" retrata uma figura feminina encantadora e admirada, descrevendo sua beleza, bondade e otimismo. Através de imagens poéticas e metáforas, o poema transmite uma atmosfera de encantamento e beleza, destacando as qualidades especiais da personagem central.


O poema "Cantando Calmaria" retrata a visão do sono como um refúgio para os inocentes, aqueles que ainda não foram corrompidos pelo conhecimento do mundo e pelas dificuldades da vida. O autor destaca a ingenuidade das crianças, que apenas desejam sonhar sem carregar os fardos que o mundo impõe. 


O sono é apresentado como uma dádiva, um estado de tranquilidade que oferece alívio das preocupações e responsabilidades cotidianas. É um momento de descoberta da sua utilidade, de renovação das energias e de escapismo. 


Por meio da metáfora das nuvens, o poeta sugere que no sonho não existem pesos ou lembranças dolorosas que assombrem o indivíduo. O tempo no sono é percebido como lento e contínuo, permitindo uma fuga temporária da agitação e das pressões da realidade. 


O poema também traz a presença do vento, que circula em casa do autor, personificando-o como um elemento que também está em um estado de repouso. O vento, assim como o sono, contribui para a criação de um ambiente tranquilo e sereno, cantando uma canção de calmaria. 


No geral, o poema transmite uma ideia de nostalgia e de desejo por um momento de paz e leveza, onde o sono se apresenta como uma fuga temporária dos problemas e uma forma de manter a inocência e a serenidade diante das dificuldades do mundo.


O poema "Início do Fim" é um olhar melancólico sobre a passagem do tempo e o fim de um relacionamento. O eu lírico expressa a sensação de ter perdido o controle sobre o tempo, representado pelo relógio do sol que arde em suas mãos. As horas da pessoa amada voaram rapidamente, sem prazo para contagem, como se tivessem sido levadas por uma tempestade desconhecida.


A partir desse ponto, o poema sugere uma separação entre o eu lírico e a pessoa amada. O tempo se desfez, as horas acabaram, e o eu lírico lamenta não conseguir mais ver os olhos da pessoa amada, nem mesmo a sua sombra que o acompanhava. Essa sombra simboliza a ligação entre eles, o destino que havia sido traçado.


No entanto, o poema termina com uma nota de esperança. O eu lírico afirma que voltarão, talvez por ali, um dia. Essa referencia sugere a possibilidade de um reencontro ou uma reconciliação futura. O termo "chuvoso início do fim" fecha o poema com uma atmosfera melancólica, indicando que o fim do relacionamento está se aproximando ou já começou. A chuva, símbolo de tristeza e renovação, contribui para reforçar o tom nostálgico e depressivo do poema.


No seu conjunto, "Leveza do Efêmero" revela a sensibilidade e a capacidade de Raquel Lopes em abordar temáticas universais através de imagens poéticas e atmosferas marcantes. A escritora consegue transmitir suas emoções e pensamentos de forma precisa, evocando nos leitores sensações de melancolia, esperança, nostalgia e tranquilidade. A obra convida o leitor a refletir sobre a passagem do tempo, os relacionamentos humanos e a busca por momentos de paz, serenidade e leveza em um mundo cada vez mais efêmero.

[RESENHA #979] Mogens, de Jens Peter Jacobsen

No final do século XIX, a Dinamarca viveu um período de intensa efervescência intelectual e literária, sendo que essa época foi marcada por influências significativas. Enquanto George Brandes proferia discursos sobre as principais correntes da literatura do século XIX, Henrik Ibsen questionava de maneira profunda e incisiva a teoria evolucionária e o darwinismo que encontravam eco na Inglaterra, do outro lado do Mar do Norte. Nesse cenário de conflitos e controvérsias entre o velho e o novo, teorias eram defendidas e atacadas com extrema violência. Entretanto, nesse contexto, Jens Peter Jacobsen se destacou como um artista singular, preocupado unicamente em ser um criador de beleza e um buscador da verdade.


As suas obras, repletas de cores vívidas e que jamais desbotam, mostram a paixão de Jacobsen pela forma e estilo, estampando-os suavemente, mas com força e intimidade, assemelhando-se ao toque singular de um violino ao interpretar a leitura da vida. Além disso, Jacobsen é muito mais do que um simples estilista; ele é preciso em sua observação e minucioso nos detalhes, revelando uma compreensão profunda e íntima do coração humano. Os seus personagens são construídos a partir de uma combinação entre experiência e imaginação, revelando como são moldados e modificados por fatores físicos, hereditários e ambientais.


Jacobsen acreditava que todo livro de verdadeiro valor deve incorporar a luta de uma ou mais pessoas contra tudo o que tenta obstruir sua existência única. Esse espírito essencial permeia toda a sua obra, sendo presente em personagens como Mogens. Nascido em 1847, em uma pequena cidade dinamarquesa, Jens Peter Jacobsen já demonstrava talento para a ciência desde jovem, mas acabou optando pela literatura após contrair tuberculose. O restante de sua vida foi vivido de maneira simples e corajosa, sendo marcada por uma devoção apaixonada à literatura e batalhas constantes contra problemas de saúde.

O seu método de trabalho era lento e meticuloso, evitando os círculos literários da capital para ter tempo de realizar a sua obra antes que o tempo lhe fosse tirado. Sob a influência de George Brandes, que o encorajou, Jacobsen publicou diversos romances. Embora de pequena quantidade, a sua contribuição para a literatura escandinava foi monumental, já que ele criou um novo método de abordagem literária e uma nova forma artística que influenciou diversos escritores desde então.


Mogens é uma obra de contos escrita pelo autor dinamarquês Jens Peter Jacobson, a obra marca a passagem do romantismo para o naturalismo. A escrita é marcada pela presença da descrição rica e detalhada do espaço ao qual o enredo se desenvolve, tendo suas descrições do tempo e do espaço em quase toda a obra ao qual os acontecimentos se discorrem. A princípio, a obra narra a vida de um homem, de nome Mogens, que está apreciando a natureza e a chuva, ele molha-se, canta e dança despretensiosamente enquanto é observado por uma pequena garotinha em um arbusto próximo, ele então observa seu cachecol preso e decide vê-la mais de perto enquanto seu rosto e corpo estão molhados pela água da chuva que cai. Ela assusta-se e corre desesperadamente entre a floresta e desaparece, ele, após percorrer um longo trajeto em busca da garota, decide adiar sua busca e cai na gargalhada rindo de todo acontecimento, que, em primeira análise, causa estranhamento no leitor não somente pela reação do homem, mas por sua implacável decisão de busca pela garota em meio à floresta. 


Fazia um calor sufocante, o ar tremulava e tudo ao redor guardava silêncio; as folhas dormitavam nas árvores, e nada se mexia além das joaninhas nas urtigas e das folhas murchas que se espalhavam pela grama [...] (p.6)


Tudo cintilava, luzia e chapinhava. Troncos, galhos, tudo brilhava de umidade, cada pequena gosta que caía na terra, na grama, na escada junto à cerca, no que quer que fosse, dividia-se e espalhava-se em mil pérolas delicadas [...] (p.7)


A história segue narrando o encontro do Magistrado do Cabo de Trafalgar e sua filha com Mogens. Ao caminharem até a porta da casa do guarda da floresta, Nikolai, a menina assustou-se pois viu nele o reconheceu nele o homem que cantarolava na floresta. Eles então decidem sair para velejar em seu barco, trocando breves conversas com a filha do magistrado.


“Mas poesia? Oehlenschlager, Schiller e os outros?”
“Oh, claro que os conheço; tínhamos uma estante cheia deles em casa, e a Srta. Holm —  — lia-os em voz alta depois do almoço e à noite; mas não posso dizer que me importei com eles; Eu não gosto de versos.
“Não gosta de versos? Você disse que sim, sua mãe não está mais viva?
“Não, meu pai também não.”
Ele disse isso com um tom um tanto taciturno e hostil, e a conversa foi interrompida por um momento e tornou possível ouvir claramente os muitos pequenos sons criados pelo movimento do barco na água. A garota quebrou o silêncio:
“Você gosta de pinturas?”


O conto segue entre os discursos proferidos por Kamilla e Mogens que se mostra cada vez menos interessado nos tópicos, pois suas vontades e desejos eram o oposto dos quais a Kamilla poderia prever, até mesmo seu gosto pela matéria e pela natureza era um ponto distinto em sua consciência. A obra também narra um relacionamento marcado por poucas palavras, mas com uma admiração latente que se forma entre os dois. Com o tempo, o relacionamento de ambos amadurece em admiração, fazendo-o criar coragem e pedi-la em namoro:

[...] Eu quero perguntar uma coisa à senhorita, mas antes prometa que não vai rir de mim [...] Aqui está a mesa e lá está a cerca. Se a senhorita não quiser ser minha noiva, eu vou sair correndo, pular com o cesto por cima da cerca e desaparecer. Um. (p. 26)

Kamilla continua - Dois. A expressão do rapaz é de pura palidez - eu quero, ela diz. A partir deste ponto a história se debruça sobre a relação de ambos, um acontecimento que remete ao luto e ao inesperado, ao encontro de uma jovem moça chamada Laura, ao destino e desatino entre o caminho de Mogens e uma moça de nome Tora.

Como o próprio período da obra propõe como estética e influência, a obra de Jacobsen é profundamente focada em eventos traumáticos - a criação longe do pai, a morte da mãe, a perda do primeiro amor, os momentos de fraqueza e reflexões dolorosas - como imaginar a morte de uma amante mesmo com ela viva - até mesmo seus devaneios e cânticos em meio ao nada na natureza. As descrições da natureza e dos arredores ocupam grande parte da narrativa, o que pode ser, para alguns, cansativo, mas para os apreciadores da boa arte de escrever e viver um clássico, esta característica é a primazia da felicidade do leitor, que permite que sintamos e nos conectemos de forma mais íntima com o autor e com sua vida.


Leia também:

10 livros essenciais para quem deseja estudar literatura

A literatura é uma das formas mais poderosas de expressão humana, capaz de nos transportar para universos paralelos, despertar emoções e nos fazer refletir sobre a complexidade da condição humana. Para aqueles que desejam aprofundar seu conhecimento nessa arte, selecionamos os 10 livros essenciais para o estudo da literatura. Essas obras foram escolhidas por sua relevância histórica, impacto cultural e contribuições para o desenvolvimento da escrita literária. Com essa seleção, esperamos não apenas proporcionar uma rica experiência de leitura, mas também ampliar o entendimento e apreciação dos mais diversos gêneros e estilos literários. Prepare-se para se surpreender, se emocionar e se encantar com essas obras-primas que marcaram e continuam a marcar a literatura mundial.

1.Teoria e crítica literária ,  Silvana Oliveira


Embora o senso comum nos ofereça alguma ideia do é uma obra literária, o primeiro passo no estudo teórico-crítico literário é compreender que o conceito de literatura não é apenas complexo, como também dinâmico.Isso quer dizer que, como nenhum texto literário pode ser desvinculado do período histórico, do lugar ou da cultura em que foi criado, a própria concepção do que é a literatura, já passou por muitas transformações. Nesta obra, debatemos essa e outras questões fundamentais e guiamos você pelo percurso histórico das maiores correntes teórico-críticas da literatura e suas estratégias de interpretação.

2. A análise literária, Massaud Moisés 




Fruto de longa e meditada experiência docente do autor, que foi professor titular de Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo, A Análise Literária visa oferecer àqueles que se iniciam no estudo da Literatura um roteiro capaz de orientá-los no desenvolvimento de suas aptidões para o esclarecimento e compreensão do texto literário. Para tanto, em vez de impor-lhes esquemas ou fórmulas tanto mais simplistas quanto inócuas, cuida de encaminhá-los progressivamente das noções teóricas gerais à prática da análise, para a captação do que o texto possa oferecer de singular e diferencial. Trata-se, portanto, de um valioso instrumento de trabalho para professores e alunos das Faculdades de Letras.


3.Escrita em movimento: Sete princípios do fazer literário, Noel Jaffe

Desde que as oficinas literárias surgiram, debate-se uma questão central: é possível aprender a produzir ficção, da mesma maneira como se estuda outros ofícios? Se existe uma forma de transmitir esse conhecimento, não é com regras e truques de manual, e sim pensando a escrita de modo aberto e livre, através de preceitos norteadores que perpassam a linguagem. E é essa a proposta deste livro, uma reflexão sobre o próprio processo de escrever ― da escolha cuidadosa das palavras à intenção por trás de cada texto, da busca pela originalidade ao mergulho corajoso na experimentação literária.
Sintetizando a vasta experiência de Noemi Jaffe em sala de aula, Escrita em movimento traz também entrevistas com diferentes autores de destaque, como Beatriz Bracher, Milton Hatoum, Eliana Alves Cruz, entre outros, para oferecer variados pontos de vista a respeito dos princípios que estruturam o texto e que integram a caixa de ferramentas de todo artista da palavra, proporcionando um panorama amplo da escrita contemporânea, que recusa todos os rótulos.

4.O método formal nos estudos literários - introdução crítica a uma poética sociológica,Pável Nikoláievintch Medviedev 


O livro O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica foi publicado pela primeira vez em Leningrado (atualmente São Petersburgo) em 1928 e não conhecia tradução para o português até o momento, apesar de sua relevância à compreensão de conceitos desenvolvidos pelos intelectuais do Círculo de Bakhtin. Agora, a versão em nossa língua vem a público, realizada diretamente do russo, primorosamente feita a quatro mãos por uma linguista eslavista, Sheila Camargo Grillo, falante nativa de português, e por Ekaterina Vólkova Américo, teórica da literatura, falante nativa de russo. Embora os títulos – da obra e dos capítulos – sugiram a ideia de estudos exclusivamente literários, a discussão passa por questões fundamentais para a compreensão do gênero do discurso de forma geral. O leitor de hoje, estudioso ou interessado, precisa conhecer essas questões para compreender que, como nos demais trabalhos do Círculo, há sempre uma espécie de resposta a importantes pensadores da linguagem, cujos traços fundamentais são recuperados e problematizados a partir de uma nova visão sobre o tema.

5. Letramento literário: Teoria e prática, Rildo Cosson



Escrito para professores que desejam fazer do letramento literário uma atividade significativa para si e para seus alunos, este livro mostra como reformular, fortalecer e ampliar o estímulo à leitura no Ensino Básico para além das práticas usuais. O autor, de forma sutil e prazerosa, desata os nós da relação entre literatura e educação, propõe a construção de uma comunidade de leitores nas salas de aula e sugere oficinas para o professor adaptar seu trabalho ao letramento literário.

6. Um Pouco de Método. Nos Estudos Literários em Particular, com Extensão às Humanidades em Geral, Roberto Acízelo de Souza


Esse livro apresenta as normas que devem ser seguidas na sistematização de técnicas de estudo, pesquisa e preparação de trabalhos acadêmicos. Quem assimilar seu conteúdo terá mais facilidade para planejar e redigir um ensaio e entender os aspectos mecânicos do processo, para que possa se concentrar melhor no plano criativo, o da elaboração conceitual. Saberá conceber e formalizar um projeto de pesquisa e, ao elaborar projetos, conseguirá definir com clareza a fundamentação metodológica e a teórica necessária aos bons projetos.


7. Um experimento em crítica literária, C.S. Lewis 


No início da década de 1960, quase tudo estava sendo questionado, e não foi diferente com a chamada “crítica literária”. Como acadêmico ilustre e leitor ávido, C.S. Lewis não se furtou à discussão e, contrapondo-se à ortodoxia de seus pares, propôs uma maneira diferente de analisar livros: a partir da experiência de quem lê, e não de quem escreveu. O resultado dessa “crítica à crítica” está nas páginas de Um experimento em crítica literária. Com a fluidez argumentativa que fez do autor de As crônicas de Nárnia um comentador reverenciado até pelos colegas de academia, a proposta inovadora de Lewis sugere que a “boa leitura” envolve uma experiência profunda de envolvimento com a obra e as propostas de quem a escreveu. “Ao ler bons livros, tornei-me mil homens sem deixar de ser eu mesmo”, afirma. Sua noção de avaliação de um trabalho literário tem como pilar o compromisso do crítico em se despir de expectativas e valores pessoais, e entrar no texto com a mente aberta.

8. O livro secreto do escritor, Lilian Cardoso 


Best-seller nº 1 da lista do PublishNews na categoria não ficção e entre os mais vendidos da Veja “Quando estava começando minha carreira há nove anos, Lilian me ajudou colocando meus livros em destaque na mídia, depois me ajudou com a publicação independente do meu primeiro New Adult.[...]” ― Babi A. Sette, escritora best-seller, reconhecida por publicar obras young adult e pioneira em romances de época no Brasil Após ouvir por anos a frase “Eu adoraria escrever um livro, mas não sei por onde começar”, a especialista em marketing Lilian Cardoso decidiu reunir toda sua experiência no mercado editorial para democratizar o ensino sobre como escrever, publicar e divulgar obras de qualidade. O resultado desta imersão é O Livro Secreto do Escritor. Nele, a escritora revela os bastidores do mundo literário, detalha as etapas de lançamentos e desmistifica os rankings dos mais vendidos que, muitas vezes, parecem enigmáticos. O coração deste título, no entanto, está na segunda parte: um workbook para escritores que vai guiá-lo da escolha do tema à conexão com os leitores. Cada capítulo apresenta técnicas, exercícios e ferramentas que ajudarão você a transformar ideias em obras admiradas. Durante a leitura, você vai: Descobrir qual é e como atrair o público-alvo; Escolher os melhores caminhos de publicação e negociar contratos editoriais de forma confiante; Trabalhar o marketing ― a etapa que vai fazer o seu projeto se destacar entre tantas outras publicações. Seja você um escritor iniciante ou experiente em busca de novas estratégias para conquistar o mercado, saiba que este guia tem no título a palavra “secreto” não somente pelo que é revelado, mas porque vai trazer à tona as suas ideias mais originais. Aproveite também os QR Codes com informações atualizadas para ampliar o seu conhecimento neste apaixonante mundo literário.

9. Iniciação à literatura brasileira, Antonio Candido 


Iniciação à literatura brasileira foi concebido por Antonio Candido como um resumo da produção literária do país, tendo como público-alvo leitores estrangeiros. Em três capítulos ―"Manifestações literárias", "A configuração do sistema literário" e "O sistema literário consolidado"―, Candido sintetiza vasto conhecimento em parágrafos de extrema concisão

10. Correio Literário, Wisława Szymborska

O «Correio literário» ― ou «Correio», para os próximos ― era uma seção do semanário Życie Literackie [Vida Literária] em que a poeta Wisława Szymborska respondia às cartas dos estreantes que enviavam seus primeiros escritos com a esperança de serem publicados e entrarem para o panteão literário polonês. As respostas tinham por objetivo orientar e comentar os textos para além do «não publicaremos» protocolar. Para atenuar a negativa a poeta se vale de uma peculiar ironia, como se tentasse, de um só golpe, fincar novamente ao chão os pés dos sonhadores diletantes. Mas esse tom nunca impede reflexões profundas sobre arte, escrita e o comportamento daqueles que vivem escravos das palavras: «a poesia não é (...) uma recreação e uma fuga da vida, mas a própria vida»; «infeliz é aquele artista que não deixa nada atrás de si». Entre um sorriso amarelo e outro, um conselho e um consolo. Este livro, repleto do humor extraordinário da ganhadora do Prêmio Nobel, não é apenas uma coleção de conselhos valiosos e dicas para escritores, mas também uma ótima leitura para amantes da literatura e leitores das obras de Wisława Szymborska que desejam conhecer mais suas opiniões, preferências literárias e escritores favoritos.

60 clássicos literários em domínio público para baixar sem medo



A literatura clássica é uma fonte inesgotável de conhecimento e inspiração. Ela nos lembra da história, das ideias e dos valores que definem a humanidade. No entanto, muitas obras clássicas estão protegidas por direitos autorais, o que pode fazer com que seja difícil ou caro para acessá-las.

Nesta matéria, apresentaremos 60 clássicos literários em domínio público, isto é, obras que não estão protegidas por direitos autorais e podem ser baixadas e lidas sem medo de violações de direitos autorais. Essas obras abrangem uma ampla variedade de gêneros, autores e épocas, oferecendo uma visão abrangente da literatura clássica.

Ao longo do artigo, abordaremos:


1. A importância da literatura clássica: Explicaremos por que a literatura clássica é tão importante e por que é fundamental que ela seja acessível a todos.

2. O domínio público: Definiremos o que é o domínio público e como as obras entram nele.

3. 60 clássicos literários em domínio público: Apresentaremos uma seleção de 60 obras clássicas que estão no domínio público e podem ser baixadas e lidas gratuitamente.

Ao final dessa matéria, você terá uma lista de 60 clássicos literários em domínio público que pode baixar e ler com segurança e confiança. Essas obras abrangerão uma ampla variedade de gêneros, autores e épocas, oferecendo uma visão abrangente da literatura clássica.


1. A importância da literatura clássica


A literatura clássica é importante por diversas razões, incluindo:

1. Reflexão da cultura e história: Os clássicos da literatura refletem a cultura de um povo ou de um período da história da humanidade, oferecendo uma visão mais profunda da vida e das ideias que marcaram a humanidade

2. Artistas verdadeiros: Os autores de clássicos são verdadeiros artistas que se dedicam a trabalhar a linguagem de maneira única e a refletir sobre assuntos que sempre farão parte da humanidade

3. Temas atemporais: Os clássicos da literatura abordam aspectos da vida que são de eterno apelo para a humanidade, como o amor, a vida e a morte, tornando-os sempre contemporâneos

4. Enriquecimento do vocabulário: Ler clássicos da literatura enriquece o vocabulário, pois muitas palavras e expressões usadas hoje em dia têm origem em obras clássicas

5. Conhecimento de outras culturas: Ler clássicos é uma chance de conhecer e se aprofundar sobre outras culturas, oferecendo uma visão mais ampla e diversificada da humanidade

6. Formação do pensamento crítico e criativo: A leitura de obras literárias clássicas contribui para a formação do pensamento crítico e criativo, ajudando a desenvolver habilidades de análise e interpretação

Embora os clássicos possam ser considerados difíceis de ler, é importante ler com um dicionário ao lado para consultar o significado de palavras novas. Além disso, é importante que os professores e pais incentivem a leitura de qualidade e criem formas criativas e interessantes para incentivar a leitura de clássicos.


2. Domínio Público: O que é, como usar e por que existe


O domínio público é uma condição jurídica na qual uma obra não possui o elemento do direito real ou de propriedade que tem o direito autoral, não havendo restrição de uso de uma obra por qualquer um que queira utilizá-la. Do ponto de vista econômico, uma obra em domínio público é livre e gratuita. Nesse sentido, domínio público é o antônimo do direito autoral.

Para que uma obra entre em domínio público, ela deve cumprir algumas condições:

  1.  Possuir autores desconhecidos
  2.  Ter seus autores falecidos e ausente herdeiros
  3.  Expirar o tempo de proteção autoral

A proteção do direito autoral surgiu apenas com a invenção da imprensa (1540), tendo como objetivo as obras de arte, literárias e científicas. No Brasil, a lei que vigora atualmente estabelece que as obras que possuem autores desconhecidos, tem seus autores falecidos e ausente herdeiros, ou expiraram o tempo de proteção autoral estão em domínio público.

O domínio público é importante porque permite a livre reprodução e/ou exploração de obras intelectuais, artísticas e criações científicas, sem a necessidade de autorização prévia do autor. Isso permite que as obras sejam utilizadas e adaptadas, mantendo-se viva e atualizada, como nos casos dos clássicos de Shakespeare e Dom Quixote.

3. 60 clássicos literários em domínio público


1. "Dom Quixote" - Miguel de Cervantes

2. "Os Miseráveis" - Victor Hugo

3. "Orgulho e Preconceito" - Jane Austen

4. "Cem Anos de Solidão" - Gabriel García Márquez

5. "Moby Dick" - Herman Melville

6. Franz Kafka - A metamorfose

7. Ser infeliz - Franz Kafka

8. Um médico rural - Franz Kafka

9. "1984" - George Orwell

10. "Odisseia" - Homero

11. "Ilíada" - Homero

12. "A Divina Comédia" - Dante Alighieri

13. "Crime e Castigo" - Fyodor Dostoevsky

14. "Anna Karenina" - Liev Tolstoy

15. "Jane Eyre" - Charlotte Brontë

16. "O Morro dos Ventos Uivantes" - Emily Brontë

17. "Viagens de Gulliver" - Jonathan Swift

18. Cancioneiro, de Fernando Pessoa

19. Livro do desassossego, de Fernando Pessoa

20. O banqueiro anarquista, de Fernando Pessoa

21. O guardador de rebanhos, de Fernando Pessoa

22. Poemas de Alvaro Campos, de Fernando Pessoa

23. Poemas de Ricardo Reis, de Fernando Pessoa

24.  Lady Susan, de Jane Austen

25. Emma, de Jane Austen

26. Amor e Amizade, de Jane Austen

27. Mansfield Park, de Jane Austen

28. A abadia de Northanger, de Jane Austen

29. Persuasão, de Jane Austen

30. Razão e Sensibilidade, de Jane Austen

31. A divina Comédia, de Dante Alighieri

32. Dom Casmurro, de Machado de Assis

33. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

34. A igreja do Diabo, de Machado de Assis

35.Os lusíadas, de Luiz Vaz de Camões

36. Macbeth, de William Shakespeare

37. O mercador de Veneza, de William Shakespeare

38. A carta, Pero Vaz de Caminha

39. Senhora, de José de Alencar

40. Arte poética, de Aristóteles

41. Este mundo de injustiça globalizada, de José Saramargo

42. O alienista, de Machado de Assis

43. O cortiço, de Aluísio Azevedo

44. Volta ao mundo em 80 dias, de Júlio Verne

45. Alto da barca do inferno, de Gil Vicente

46. A moreninha, Joaquim Manuel Macedo

47. Fausto, Goethe

48. Os sertões, de Euclídes da Cunha

49. Édipo rei, Sófocles

50. Iracema, José de Alencar

51. O Guarani, de José de Alencar

52. Helena, Machado de Assis

53. Triste fim de Policarpo Quarema, de Lima Barreto

54. A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães

55.  O primo basílio, de Eça de Queiroz

56. Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida

57. Quincas Borba, de Machado de Assis

58. Os maias, de Eça de Queiroz

59. Adão e Eva, Machado de Assis

60.  Amor e perdição, de Camilo Castelo Branco

10 livros que falam sobre tragédias reais

As tragédias reais sempre exerceram um fascínio sobre os leitores ávidos por conhecer histórias impactantes e dolorosas. Diante disso, decidimos trazer uma lista com os 10 livros mais marcantes que abordam essas tragédias, retratando eventos que marcaram a humanidade de forma profunda. Prepare-se para se emocionar e refletir com histórias autênticas e surpreendentes, que revelam a capacidade de superação e resiliência do ser humano diante das adversidades mais intensas. Acredite, essas obras vão muito além da simples curiosidade, oferecendo uma oportunidade única de compreender o peso e a complexidade das tragédias reais e as lições que podemos aprender delas. Conheça agora os 10 livros que capturam a essência desses eventos trágicos e mergulhe nessas histórias repletas de emoção, verdade e aprendizado.

Holocausto - Gerald Green



HOLOCAUSTO é o relato de uma das décadas mais negras em toda a história da humanidade. O romance de Gerald Green é ficção apenas na forma. Reconstitui com a fidelidade de um documentário os anos entre 1935 e 1945: a escalada do nazismo, o delírio expansionista de Hitler, o esmagamento da Europa sob os exércitos do Reich, o frio e impiedoso planejamento da "solução final" - o massacre de seis milhões de judeus nos campos de extermínio. Estes tempos trágicos são vistos através da saga da família Weiss, de judeus berlinenses, e da carreira paralela de Erik Dorf, jovem advogado empobrecido que, pressionado por uma esposa ambiciosa, ingressa nas SS e se torna um dos principais arquitetos do monstruoso projeto hitlerista.



Os Meninos que Enganavam Nazistas - Joseph Joffo


Paris, 1941. O país é ocupado pelo exército nazista e o medo invade as casas e as ruas francesas. O poder de Hitler se mostra absoluto e brutal na França… É durante um dos períodos mais turbulentos da História que a emocionante narrativa de Joseph e Maurice se desenrola. Irmãos judeus de 10 e 12 anos de idade, eles perambulam sozinhos pelas estradas, vivendo experiências surpreendentes, tentando escapar da morte e em busca da zona livre para ganhar a liberdade.

Essa é uma história real, autobiográfica, cuja espontaneidade, ternura e humor comprovam o triunfo da humanidade e da empatia nos momentos mais sombrios, quando o perigo está sempre à espreita... Os meninos que enganavam nazistas conta a fantástica e emocionante epopeia de duas crianças judias durante a ocupação, narrada por Joseph, o mais jovem."A Lista de Schindler" - Thomas Keneally

A Casa do Céu - Sara Corbett

Quando criança, Amanda escapava de um lar violento folheando as páginas da revista National Geographic e imaginando-se em lugares exóticos. Aos dezenove anos, trabalhando como garçonete, ela começou a economizar o dinheiro das gorjetas para viajar pelo mundo. Na tentativa de compreendê-lo e dar sentido à vida, viajou como mochileira pela América Latina, Laos, Bangladesh e Índia. Encorajada por suas experiências, acabou indo também ao Sudão, Síria e Paquistão. Em países castigados pela guerra, como o Afeganistão e o Iraque, ela iniciou uma carreira como repórter de televisão. Até que, em agosto de 2008, viajou para a Somália - "o país mais perigoso do mundo". No quarto dia, ela foi sequestrada por um grupo de homens mascarados em uma estrada de terra. Mantida em cativeiro por 460 dias, Amanda converteu-se ao islamismo como tática de sobrevivência, recebeu "lições sobre como ser uma boa esposa" e se arriscou em uma fuga audaciosa. Ocupando uma série de casas abandonadas no meio do deserto, ela sobreviveu através de suas lembranças - cada um dos detalhes do mundo em que vivia antes do cativeiro -, arquitetando estratégias, criando forças e esperança. Nos momentos de maior desespero, ela visitava uma casa no céu, muito acima da mulher aprisionada com correntes, no escuro e que sofria com as torturas que lhe eram impostas.


O Diário de Anne Frank - Anne Frank


O diário de Anne Frank, o depoimento da pequena Anne, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro. Suas anotações narram os sentimentos, os medos e as pequenas alegrias de uma menina judia que, como sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocausto.

Uma poderosa lembrança dos horrores de uma guerra, um testemunho eloquente do espírito humano. Assim podemos descrever os relatos feitos por Anne em seu diário. Isolados do mundo exterior, os Frank enfrentaram a fome, o tédio e a terrível realidade do confinamento, além da ameaça constante de serem descobertos. Nas páginas de seu diário, Anne Frank registra as impressões sobre esse longo período no esconderijo. Alternando momentos de medo e alegria, as anotações se mostram um fascinante relato sobre a coragem e a fraqueza humanas e, sobretudo, um vigoroso autorretrato de uma menina sensível e determinada.

A príncipio, escreveu seu diário apenas para si. No entanto, ao ouvir no rádio um membro do governo holandês sugerir que diários e cartas documentando a ocupação alemã fossem publicados após a guerra, ela resolveu que, assim que o conflito acabasse, iria publicar um livro, tendo seu diário como base. Então começou a reescrevê-lo, melhorando o texto, omitindo algumas passagens e acrescentando outras.

Após a captura dos moradores do anexo secreto, as secretárias que trabalhavam no prédio encontraram o diário. Quando a guerra acabou, entregaram tudo a Otto Frank, que continuou o desejo da filha, selecionando seus escritos e organizando-os numa versão mais concisa do diário, publicado em 1947.

Os Filhos de Hitler - Gerald Posner

Por meio deste relato surpreendente, o autor Gerald L. Posner nos revela, como os filhos de nazistas proeminentes julgam os pecados dos pais como testemunhas oculares da história e como familiares. Muitos deles cresceram na atmosfera privilegiada do círculo íntimo de Hitler e evocam o Terceiro Reich pelos olhos da infância.

Rolf Mengele, por exemplo, conta como descobriu o pai vivo no Brasil e viajou até aqui às escondidas para confrontar o "Anjo da Morte" sobre os crimes em Auschwitz. Wolf Hess defende com orgulho o pai, Rudolf, o vice-Führer, e seu surpreendente voo solitário em 1941 para a Grã-Bretanha. Ilustradas com fotografias reveladoras, muitas delas inéditas, estas são histórias cruciais, que proporcionam uma nova visão da vida privada e das ações públicas daqueles que trabalharam próximos de Adolf Hitler e foram testemunhas oculares do regime de terror mais perverso de todos os tempos.

A Noite - Elie Wiesel


Em uma cidade que hoje é parte da Romênia, Eliezer se dedicava aos estudos judaicos quando, em 1944, sua família foi transferida para os guetos e, depois, aos campos de concentração.

A mãe e a irmã mais nova foram mortas logo ao chegar, enquanto Elie e o pai seguiram juntos na luta pela sobrevivência. Com apenas 15 anos, ele enfrentou a fome, o frio e a tortura, testemunhando a morte das piores formas possíveis.

Neste livro, Elie narra suas memórias em um relato conciso, com uma linguagem direta que surpreende pela intensidade.

Mas ele vai além, ao expressar a perda da inocência, a sensação de abandono quando deixa de acreditar em Deus e a vergonha de ter sua dignidade arruinada pela banalização do horror

Foi com A noite que ele enfim reencontrou sua voz dez anos após o Holocausto, descobrindo na preservação da memória um sentido para sua sobrevivência."Depois de Auschwitz" - Eva Schloss

Operação Valkíria - Philipp von Boeselager


Em 18 de julho de 1944, Philipp von Boeselager, jovem oficial alemão, liderou 1.200 cavaleiros da Wehrmacht. O objetivo deles, conhecido apenas por Philipp, era retomar a capital alemã e tirar o poder do Reich depois de um atentado contra Hitler. A história deste complô, designado Operação Valquíria, é narrada neste livro pelo último sobrevivente e um dos principais integrantes da conspiração. Quando a Segunda Guerra Mundial irrompeu, Philipp von Boeselager - criado em uma aristocrática e tradicional família católica de Renânia, onde a liberdade de pensamento e o senso de responsabilidade eram as bases da educação - lutou entusiasticamente por seu país como oficial da cavalaria. No verão de 1942, no entanto, ao testemunhar a brutalidade do regime contra judeus e ciganos, seu patriotismo transformou-se rapidamente em desprezo, e Philipp tomou o caminho da desobediência e da resistência - uma alta traição para os alemães da época. Em Operação Valquíria, ele conta seu itinerário sinuoso, notadamente na França e depois na União Soviética, que culminou com o convencimento da necessidade de matar Hitler. O percurso do autor é bastante parecido com o de outros oficiais rebelados: filhos da burguesia ou da aristocracia, que começaram a apoiar lealmente o regime antes de integrarem a resistência. A decisão de entrar para a dissidência foi fruto de longo amadurecimento, e o fato de o complô ter seguido em frente, resultado de circunstâncias fortuitas, como o encontro providencial com o carismático Henning von Tresckow - um dos membros da resistência que pertencia ao centro do Exército - executado em 1944, aos 33 anos. Após uma tentativa frustrada, em que uma bomba destinada ao Führer não explodiu, Boeselager conseguiu retirar sua tropa antes que os outros conspiradores fossem detidos, torturados e executados. Nenhum deles o traiu.

Todo dia a mesma noite, de Daniel Arbex


Ao reconstituir de maneira sensível e inédita os acontecimentos da madrugada de 27 de janeiro de 2013, quando a cidade de Santa Maria perdeu de uma só vez 242 vidas, Daniela Arbex constrói uma obra que homenageia as vítimas e dá voz aos envolvidos em um dos episódios mais estarrecedores da história do país. Agora, dez anos após a tragédia, o livro dá origem a uma minissérie produzida pela Netflix e dirigida por Julia Rezende, com estreia marcada para o dia 25 de janeiro. No elenco, há nomes como Thelmo Fernandes (Os Salafrários) e Leonardo Medeiros (O Mecanismo) e Bianca Byington (Homem Onça).

Para sentir e entender a verdadeira dimensão de uma catástrofe sobre a qual já se pensava saber quase tudo, foram necessárias centenas de horas dos depoimentos de sobreviventes, familiares das vítimas, equipes de resgate e profissionais da área da saúde ― ouvidos pela primeira vez neste livro. Daniela Arbex produziu um memorial para as vítimas dessa noite tenebrosa, que nos transporta até o momento em que as pessoas se amontoaram nos banheiros da Kiss em busca de ar, ao ginásio onde pais foram buscar seus filhos mortos, aos hospitais onde se tentava desesperadamente salvar as vidas que se esvaíam. A autora também foi em busca dos que continuam vivos, dos dias seguintes, das consequências de descuidos banalizados por empresários, políticos e cidadãos.

A leitura de Todo dia a mesma noite é uma dolorosa e necessária tomada de consciência, um despertar de empatia pelos jovens que tiveram o futuro barbaramente arrancado. Enxergá-los com tanta vivacidade no livro é um exercício que afasta qualquer apaziguamento que possamos sentir em relação ao crime, ainda impune.

Livros da literatura russa para conhecer em 2024

Este ano surgiu com uma ótima oportunidade para explorar e se envolver em novas leituras fora da curva, e neste contexto, conhecer novas culturas e obras de outros países. No fascinante mundo da literatura russa, célebre por sua profundidade e riqueza, há uma infinidade de tesouros a serem descobertos. Entre os clássicos eternos e as obras contemporâneas, cinco livros se destacam como imperdíveis para aqueles que desejam desvendar as complexidades da cultura russa. Junte-se a nós nesta cativante jornada literária e mergulhe em histórias que seduzirão sua imaginação, desafiarão seus pensamentos e o transportarão para um universo tão vasto quanto a própria Rússia.

Desde os clássicos de Tolstói e Dostoiévski até as jóias escondidas da nova geração de escritores russos, esteja preparado para entrar em um universo literário único e cheio de surpresas. Nas páginas destes livros, pontuadas por melodrama, romance e intriga política, você encontrará um cenário repleto de personagens inesquecíveis e reflexões profundas sobre a condição humana. Portanto, junte-se a nós e descubra os cinco livros da literatura russa que estão destinados a conquistar seu coração e marcar seu ano de 2024 com histórias que transcenderão o tempo e o espaço. Previna-se para se apaixonar pela literatura russa e embarque em uma jornada literária extraordinária.

1. O mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov

O mestre e Margarida narra a fantástica chegada do diabo em plena Moscou comunista dos anos 1930. Tudo começa em uma tarde de primavera, quando Satanás e seu séquito diabólico decidem visitar a cidade e encontram poetas, editores, burocratas e todo tipo de pessoas tentando levar a vida em pleno regime comunista. Depois dessa visita, nada será como antes: um rastro de destruição e loucura mudará o destino de quem cruzá-lo. A brilhante narrativa de Bulgákov vai muito além de seus aspectos fantásticos e cômicos. Com um estilo absolutamente original, Bulgákov aborda a liberdade da escrita e a força do amor em tempos adversos, e faz uma sátira devastadora da vida sob o regime soviético. Bulgákov levou cerca de dez anos para terminar o livro e chegou a queimar uma versão inicial. Apenas seu círculo mais íntimo de conhecidos sabia da existência do romance e, também, da impossibilidade de lançá-lo durante o regime stalinista. O livro sobreviveu por mais de duas décadas e, contra todas as previsões, tornou-se um fenômeno. Acabou, assim, por confirmar uma frase dita no romance pelo próprio diabo, e que na Rússia se tornou proverbial: "Manuscritos não ardem".


2. Os irmãos Karamazov, de Dostoiévski


Os irmãos Karamázov é o último romance de Dostoiévski. No fundo, ele resume toda a criatividade do escritor, trazendo à baila as “malditas” questões existenciais que o afligiram a vida inteira, com especial relevo para a flagrante degradação moral da humanidade afastada dos ideais cristãos. Cheia de peripécias, a narrativa põe em foco três protagonistas irmãos, representantes dos mais diversos aspectos da realidade russa – o libertino Dmítri, o niilista Ivan e o sublime Aliocha –, a fim de alumiar as profundezas insondáveis do coração entregue ao pecado, corrompido por dúvidas ou transbordantede amor.

3. Meninas, de Liudmila Ulítskaia (Editora 34, 2021)

Ambientados em Moscou na década de 1950, próximo da morte de Stálin, os contos que compõem “Meninas” têm como protagonistas garotas que vão dos nove aos onze anos. Sua juventude se confunde com as lembranças da própria autora, que viveu a infância e adolescência nesse mesmo período. Traduzido para o português por Perpétuo, esse é o primeiro livro da autora publicado no Brasil. Ainda que seja uma ilustre desconhecida para os leitores brasileiros, Ulítskaia é uma das principais escritoras russas em atividade, vem sendo cotada todos os anos para o prêmio Nobel e integra o que o jornalista e tradutor considera como uma forte tendência feminina dentro da literatura contemporânea do país.

4. “Os Sonhos Teus Vão Acabar Contigo”, de Daniil Kharms (Kalinka, 2013)

Se o papo é sobre obras de escritores menos conhecidos da literatura russa, o trabalho da editora Kalinka pode ser considerado um grande destaque no cenário brasileiro, aponta Perpétuo. E, dentro de seu rico catálogo, uma das principais joias é este livro de Daniil Kharms (1905-1942), “um brilhante escritor satírico, vanguardista e absurdista da primeira metade do século 20, cuja produção só foi publicada na Rússia a partir da glasnost de Gorbatchov.” Por sua vez, “Os Sonhos Teus Vão Acabar Contigo” é uma coletânea que engloba sua produção infantil, pela qual ficou mais famoso na União Soviética, além de contos, peças de teatro, poesias e a conhecida novela “A Velha” — encenada no teatro no Brasil por ninguém menos que o ator Willem Dafoe e o bailarino Mikhail Baryshnikov.

5.“Era uma Vez uma Mulher que Tentou Matar o Bebê da Vizinha”, de Liudmila Petruchévskaia (Companhia das Letras, 2018)


Quem andou frequentando livrarias nos últimos anos não vai estranhar o título quilométrico nem a capa em vermelho vivo estampando um ameaçador gato preto. Autora best-seller e altamente premiada, Petruchévskaia chegou às estantes brasileiras com pompa neste bizarro livro de contos. Considerada uma das maiores escritoras russas vivas, aqui ela remete às tradições folclóricas de seu país para criar assombrações, pesadelos e acontecimentos macabros dotados de um humor bastante contemporâneo e com um fundinho político. Vista por Vassina como a mãe do pós-modernismo literário russo, na opinião da especialista a escritora “dialoga com vários arquétipos da literatura clássica russa”.

6.“Parque Cultural”, de Serguei Dovlátov (Kalinka, 2016)

Citado por ambos os especialistas, Dovlátov (1941-1990) foi um escritor satírico russo que só conseguiu publicar depois de emigrar para os EUA. O que é compreensível, já que, segundo Perpétuo, “seus livros hilariantes são sátiras demolidoras e dilacerantes do modo de vida na URSS”. Dentre sua obra ainda pouco publicada no Brasil, Vassina destaca “Parque Cultural”. A novela se passa num parque-museu fictício, dedicado à memória do clássico escritor russo Aleksándr Púchkin (1799-1837). Ali, o narrador, alter ego do escritor, desconstrói a aura soviética que se formou em torno de Púchkin, desfiando de forma mordaz questões sociais importantes da era Brejnev, nos anos 1970, como o alcoolismo, a censura, o antissemitismo e a emigração. “Uma desconstrução dos mitos soviéticos”, declara Vassina.

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