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[#LeiaNacional] Entrevista com Eliane Quintella, autora de ❝Pacto Secreto❞


Primeiramente, fale-nos um pouco  sobre você.

Meu nome é Eliane. Escrevo desde que conheci os livros, fiquei fascinada e já comecei a criar meus livrinhos com folha de papel sulfite e publicar poemas no jornal do bairro em que morava na adolescência. Sou fascinada por histórias que sejam boas e que te envolvam de verdade. Fico impressionada de quanto as histórias enriquecem nossas vidas, aprendemos com as experiências de outros, com seus erros e acertos, com seus sentimentos e vivências. Conseguimos uma sabedoria que vai além. Acho que boas histórias falam com a nossa alma, com aquilo que há de menos evidente nos nossos corações ou nas nossas sombras.

Ops, era para falar de mim e já estou falando de histórias... Sou paulistana, vivo em São Paulo com meu marido, meus filhos Ale e Zizi e meus cachorros Lucke e Rocky. Adoro brigadeiro e doces em geral. Nada melhor que uma xícara de café com um brigadeiro do lado. Gosto do ar livre e de tudo aquilo que me faz sonhar acordada.

 

  1. Há quanto tempo você escreve, como começou?

Eu escrevo desde que descobri os livros e o prazer em que há em se contar uma boa história. Gosto de escrever histórias que tenham alguma mensagem escondida no meio de uma trama muito louca e cheia de reviravoltas. Acredito que podemos aprender muito com filosofia e adoro

que meus personagens tenham seus dilemas filosóficos. A vida é um prato cheio para gente explorar nas histórias. Meu primeiro livro publicado foi Pacto Secreto em 2011. Depois disso escrevi a continuação do Pacto Secreto: Prazer Secreto e História Secreta, que no final, juntei em um livro só e dei a esse livro o nome de Pacto Secreto que acabei de publicar e que vai te pegar pelo pé.

Além disso escrevi nesse ínterim outros livros: Café Forte que é um suspense policial. Morra por mim que é um thriller psicológico. #Acredite que é uma fantasia fofa. Menino Laranja que é uma distopia. E coração voador que é um livro infantil com uma mensagem linda sobre como olhar a vida.

 

  1. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

Eu preciso me apaixonar pela ideia e pela mensagem que eu quero que os personagens explorem. Por exemplo: no Pacto Secreto eu quis explorar a ideia de que somos muito mais fortes do que entendemos, somos divinos, quis meu livro mergulhado em humanismo. Mas como mostrar isso? Senão mostrar uma heroína que desafia o diabo no seu próprio jogo?

No livro Morra por Mim eu quis que meu protagonista, André Vasques, fosse anjo, mas fosse também um monstro. E nessa mistura vemos André lutando para ajudar aqueles que ele chama de corações puros a irem embora para junto de Deus quando a existência se torna insuportável e, ao mesmo tempo, vemos um monstro que tem a frieza necessária para se afeiçoar a suas vítimas e depois a incentivá-las a ir embora daqui. No livro, vemos a luta do anjo e do monstro que todos temos dentro de nós mesmos e acompanhamos a escolha de André.

 

  1. Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?

Clarice Lispector e Nelson Rodrigues me inspiraram muito. O jeito que Clarice ingressa na alma humana é apaixonante. Mas amo suspense e a rainha do crime: Agatha Christie me fascinou com suas tramas bem boladas.

 

  1. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

O maior desafio foi transformar Pacto Secreto, Prazer Secreto e História Secreta em um único livro. Sempre é difícil ao escritor ver as folhas que escreveu irem embora para dar lugar a um livro mais enxuto e fluído.

 

  1. Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

Para mim é tempo. A vida é tão corrida hoje em dia que nos falta tempo para refletir, para pensar e para criar boas histórias.

 

  1. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?

Meu primeiro livro foi Pacto Secreto. Meu pai faleceu em 2009. Em 2010 quebrei o punho, fiquei de molho e Pacto Secreto veio para mim de presente. Pacto Secreto é toda a influência do meu pai que me colocava com 7 anos para ver filmes com a Profecia, o Retrato de Dorian Gray e o bebê de Rosemary, tem um quê de terror, mas é muito mais um suspense que vai te pegar pelo pé.

 

  1. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?

André Vasques do Morra por Mim. Entrei tanto dentro de sua mente que quase parece que ele existe e está andando por aí.

 

  1. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

Eu tento não ter referências. Acho que se nos apegarmos demais, sem querer vamos pegar alguma coisa que não é nossa e colocar no livro. Por isso eu tenho o cuidado de não ler livros enquanto estou escrevendo para não verem uma voz ali na escrita que não seja a minha.

 

  1. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?

Estar só. É sempre só que tenho as melhores ideias.

 

  1. Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?

Faço anotações para quando tenho a ideia. Justamente para ela não fugir de mim.

 

  1. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

Dou uma volta. Deixo o livro de lado. Uma hora dá aquela vontade de correr para ele e finalizar a história.

 

  1. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

Eu mostrava muito ao meu irmão, mas agora o Wattpad me ajuda muito. Mas ainda mando ao meu irmão. Ele sempre foi um incentivador.

 

  1. Qual a parte mais complicada durante a escrita?

O início do livro. Sabe quando a história não engatou e ninguém tem ideia do que se trata o livro?

 


  1. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

Eu tenho que escrever um pouco todos os dias por pura falta de opção. Meu sonho é ficar uma semana em um café de Paris, enlouquecida, escrevendo e tomando café. Quem sabe um vinho tinto para acompanhar?

 

  1. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?

A vida é o zue é. Me pergunto muito no que eu posso melhorar, sabe?

 

  1. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?

Sou mulher de um livro só. Rsss. Paro de ler, paro de pensar em outras histórias e mergulho de cabeça no meu novo projeto.

 

  1. O que motiva você a continuar escrevendo?

Eu amo escrever e sempre escreverei, nem que eu seja minha única leitora.

 

  1. Que conselho você daria para quem está começando agora?

Mergulhe no seu livro, faça dele a sua maior aventura. Divirta-se!

 

  1. Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

Meu principal desafio é como livros em um ambiente com tantos atrativos digitais podem continuar existindo. Como despertar essa paixão?

Sabe, antigamente quando não havia televisão, internet, os livros eram o maior barato. Hoje com tantos filmes, séries, jogos eletrônicos, podcasts e etc como levar alguém a ler? Eu acho que esse é um grande desafio. De toda maneira, fico feliz quando me lembro que as histórias podem ser contadas em diversas formas como filmes e séries!

 

  1. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

Hoje o celular deu um poder a cada escritor e a cada leitor. Antigamente era a Editora quem definia quem publicaria, hoje os leitores que determinam. Isso é incrível. A dificuldade é como potencializar isso a favor do escritor que não é marqueteiro e que quer mesmo é escrever! Hahaha para mim esse é o grande desafio.

 

  1. Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

O pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry pela mensagem e por alcançar a todos leitores

Caim, de José Saramago pelo humor cítrico e pela audácia

O velho e o mar, Hemingway pela força do potencial humano

O Alquimista, de Paulo Coelho pela mensagem que transcende um público

Cai o Pano, de Agatha Christie pela trama

Laços de Família, de Clarice Lispector pela escrita perfeita

Memórias de Subsolo, de Fiódor Dostoiévski pelo mergulho no ser humano

 

  1. Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?

Solte a franga. Silencie o julgador que há dentro de você e deixe rolar a história que ela se escreverá sozinha.

 

  1. O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

Espero conseguir aprimorar meu lado marqueteira. E escrever um novo livro que está cozinhando aqui dentro de mim.

[#LeiaNacional] Entrevista com Raul Marques, autor de ❝Vidas Entrelaçadas❞

Primeiramente, fale-nos um pouco sobre você.

Nasci em São Paulo e moro no Interior do Estado. Sou jornalista formado e trabalhei por 12 anos como repórter. Visitei o Haiti e escrevi mais de 500 reportagens. Desde 2016, eu me dedico exclusivamente à escrita de livros, sobretudo literatura infantojuvenil, biografia, poesia e obras para empresas.

Também edito, reviso, participo de eventos literários e desenvolvo campanhas para incentivar a leitura com as crianças. Estou sempre com a família.

 

Há quanto tempo você escreve, como começou?

Comecei a escrever crônicas na época da faculdade, entre 2001 e 2002. Publiquei a coletânea de poemas O fim do silêncio em 2006. O primeiro contato com o universo literário ocorreu com histórias orais contadas pelos meus pais. No ensino fundamental, adorava visitar a biblioteca da escola. Desde então, nunca mais parei de ler.   


Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

Não diria segredo. A cada história que começo a escrever, escolho uma trilha sonora para me acompanhar. Sempre que retomo o texto, coloco para tocar as mesmas músicas, geralmente ligadas ao tema em que estou trabalhando. Isso me ajuda a manter a voz da personagem e reencontrar o tom, sem me deixar influenciar pelo que estou sentindo no dia.

Além de estudar e pesquisar, a minha antena está sempre ligada para captar ideias para novos textos, em especial na produção infantojuvenil. Pode ser uma cena de filme, conversa na rua, passagem com amigos, uma brincadeira entre as crianças.

 

Quais foram suas principais referências na literatura?

Leio muitos autores nacionais, de Norte a Sul, de romance à literatura infantojuvenil. É importante conhecer as linguagens, as maneiras como contam suas histórias, as referências.

Aline Bei, Marcelo Labes, Jeferson Tenório, Paulo Scott, Sérgio Tavares, Mailson Furtado, Jonas Ribeiro, Eraldo Miranda, Itamar Vieira Junior, Jarid Arraes, Cida Predosa e Sidnei Olivio são exemplos de autores potentes e que produzem grandes livros em suas áreas.


Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

O livro infantojuvenil O caminho da escola (Aletria). É a história da menina refugiada Sara, que fugiu pelo deserto deixando tudo para trás. O livro trata de temas difíceis, como refúgio, deslocamento, morte e luta pela sobrevivência. O texto foi refeito três vezes e acabou finalista do Prêmio Barco a Vapor, um dos mais importantes do País na área infantojuvenil. O processo todo, da escrita inicial à publicação, consumiu cinco anos de trabalho.

No meu livro mais recente, Vidas entrelaçadas (Penalux), demorei 17 dias seguidos para escrever os poemas da primeira versão. Trabalhei de manhã, à tarde e à noite. Depois, foram dez meses refazendo até o texto ficar do jeito que eu queria.


Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

Cada etapa tem um desafio diferente, tanto faz ser começo, desenvolvimento da história ou final. Tudo importa e deve ser feito com a máxima atenção. Começo a escrever quando a história está bem resolvida na minha cabeça. Faço um roteiro como guia, mas não deixo que ele me congele. Um desafio é encontrar a voz correta para falar o que é necessário. Faço testes, escrevo, apago, reescrevo, jogo fora e tento de novo até acertar.

Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?

Em 2006, publiquei O Fim do silêncio. Eu escrevia poemas e tinha vontade de publicar. Hoje faria diferente, esperaria mais tempo. Sempre recebi apoio da minha esposa, Mariana Daher, e de toda a família para investir na carreira. Sou grato pelo apoio. Nesse primeiro livro, o meu primo Renato Bento, a quem agradeço, conseguiu um patrocinador que bancou 60% da publicação. Foi uma ajuda providencial para quem estava começando. Na sequência, tive livros editados de maneira tradicional e por outros meios.

 

Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

Drummond, Manoel de Barros, Ziraldo e Machado, entre outros escritores. 

 

Você reúne notas, anotações para se inspirar durante a escrita?

Anoto as ideias em cadernos ou no bloco de notas do celular. O material oriundo da pesquisa vai para uma pasta e fica disponível para consulta. Não gosto de ficar olhando material de outros autores durante a escrita, até para não me deixar influenciar.

 

O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

Quando tenho prazo para cumprir, é difícil aceitar as travas. É necessário se sentar na frente do computador e fazer. Sem data definida, há espaço para usar o tempo, que pode ser um grande aliado, a meu favor. Quando há dificuldade para resolver uma questão, deixo o texto descansar por alguns dias e vou fazer outras coisas que gosto, como ver filmes, ler coisas diferentes, passear, papear com os amigos. Com a cabeça arejada, as coisas tendem a funcionar melhor, para resolver o que é preciso. Escrevo e apago muita coisa.  

 

A maioria dos autores possui contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

A Mariana é a primeira leitora. Ela sempre faz ótimas sugestões, com sua visão humanizada e ótimo radar para encontrar erros. Antes de seguir para a editora, a história passa pela mão de escritores e profissionais do mercado editorial para revisão e preparação.

 

Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

Eu preciso escrever todos os dias, nem que seja um pequeno trecho. Normalmente, escrevo durante a manhã inteira e, quando necessário, um pouco à tarde. Se não tiver tempo para a escrita, olho rapidamente o texto. De manhã, coloco uma vírgula. À tarde, vou lá e apago.

 

Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?

As editoras têm equipes cada vez menores e, ao mesmo tempo, recebem cada vez mais textos e material para analisar. Então, há uma dificuldade aí. No geral, acredito ser necessário aumentar o número de leitores do País e facilitar o acesso ao livro. Somos um país que pode e deve ler muito mais. Temos milhares leitores sem livros.

A maioria das pessoas não consegue se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?

Normalmente, não consigo focar em um único projeto. Eu escrevo ao mesmo tempo os meus livros e também obras para terceiros. A minha produção passeia por áreas como literatura infantojuvenil, biografia, poesia e, em breve, romance. Não me prendi a um estilo. Quando tenho algo a dizer, busco a melhor forma e a quem vai se destinar. Eu lancei alguns livros para crianças e quebrei esse ciclo com o livro Vidas entrelaçadas, onde as personagens estão interligadas por meio de uma camiseta. O objeto ganha um significado e utilidade diferentes para cada personagem e traça um breve perfil de figuras brasileiras.

 

O que motiva você a continuar escrevendo?

A escrita me conecta com as pessoas de diversas formas. Um livro é capaz de despertar emoções, instigar, promover a reflexão, transmitir uma mensagem importante ou simplesmente entreter. Uma frase ou ideia podem se transformar em estímulo ou acolhimento, dependendo do momento em que o leitor se encontra. Tudo isso sem contarmos com o essencial papel dos livros na educação e na formação de cidadãos com pensamento crítico.

 

Que conselho você daria para quem está começando agora?

Todo escritor começa como leitor. Assim, é importante conhecer o estilo em que planeja investir, estudar e escrever bastante para descobrir a própria voz. Hoje todo autor precisa trabalhar na divulgação dos livros. Não tem como evitar.

 

Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual?

Três desafios: escrever grandes histórias, conseguir boas editoras para publicar e fazer o livro chegar ao leitor.

 

Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

Além da música, escrevo um pouco a cada dia. Tenho a mania de sempre reler as últimas páginas antes de retomar. Quando o texto é pequeno, repasso todo o texto. É difícil quando estou envolvido na escrita, com uma forma bacana de contar a história, mas tenho que parar para fazer outras coisas. Aquilo não sai da cabeça e não tem jeito: encontro um tempo o mais rápido possível para terminar.

 

Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

O mercado editorial vive a expectativa do crescimento da economia e da retomada do setor. O novo governo recriou o Ministério da Cultura e planeja investir em Educação. No Brasil, há muito mercado e leitores para serem conquistados.

 

Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

O estrangeiro (Albert Camus), O livro das ignorãças (Manoel de Barros), O carteiro e o poeta (Antonio Skármeta) e Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis).

 

Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?

Leia, pesquise, viva, pense e encontre a forma de dizer o que quer. O leitor quer ler grandes histórias.

 

O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

Vou lançar livros infantis, um em parceria com a Mariana pela Miraculus Editora. Estou trabalhando na divulgação das obras Vidas entrelaçadas (disponível na Amazon nos formatos físicos e ebook) e As histórias (Sowilo/público infantil). Também estou preparando um romance.

[#LeiaNacional] Entrevista com Natanny Souza, autora de ❝1969 - uma história de amor de Woodstock❞


  1. Primeiramente, fale-nos um pouco sobre você.

Eu sou a Natanny (ou Nath, ou até SeokNath) tenho 21 anos e sempre fui leitora desde de muito pequena. Tenho uma paixão muito grande por animais, por isso minha antiga graduação era medicina veterinária, mas a paixão pela escrita e pelas palavras falou mais alto e atualmente estou cursando letras. Sou muito fã do mundo geek em geral e vivo com a cabeça no mundo dos livros até os dias atuais.

 

  1. Há quanto tempo você escreve, como começou?

Estou neste mundo da escrita há oficialmente 10 anos, desde que eu tinha 12. Comecei de bobeira, seguindo o ritmo da loucura adolescente pela saga "Crepúsculo". Escrevi uma história de fantasia com a temática de vampiros com algumas reviravoltas bobas. De qualquer maneira nunca postei essa história em lugar nenhum (graças a Deus). Escrevi também várias histórias que nunca foram publicadas, na verdade. Até que em 2015 decidi publicar, mas de um jeito meio “diferente”; descobri um site de autopublicação que era muito famoso entre os jovens escritores de fanfics, e com a influência do grupo de k-pop BTS na minha vida, eu virei a “SeokNath”, meu pseudônimo oficial no mundo das fanfics. Fiquei nesse meio de publicação até o meio de 2022, quando decidi que já estava na hora de deixar esse universo de lado e virar uma escritora que realmente vende seus livros.

 


  1. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

Ah, com certeza! Na verdade, eu busco inspiração em tudo: filmes, séries, edits de vídeos no youtube, vídeo-games, músicas e até mesmo os meus próprios sonhos. No meu primeiro conto oficial lançado, intitulado de “1969: Uma História de Amor de Woodstock”, eu me inspirei em tudo que representava o festival; escutei as músicas que tocaram durante o evento, pesquisei sobre as bandas e os cantores, procurei referências hippies em fotos e até mesmo matérias e entrevistas sobre as pessoas que estavam lá naquele dia. O meu conto nasceu de uma avalanche de inspirações, todas elas misturadas. Mas não houve nenhum segredo durante a escrita, apenas uma mente relaxada e focada nas referências que eu tinha em mãos.

 

  1. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

O trabalho mais desafiador em relação à escrita que eu tive até hoje, foi com certeza lutar contra minha própria mente. É bastante difícil seguir em frente nesse ramo quando existe uma voz na sua cabeça dizendo que você não é bom o suficiente. Já existiram períodos em que desisti da escrita, mas sempre voltei atrás na decisão, porque não me vejo em outra profissão a não ser escritora. Esse é o meu meio. Esse é com certeza o meu ramo.

 

  1. Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

Para mim, acredito que seja equilibrar a balança entre gostar do seu próprio livro, e fazer os leitores igualmente gostarem. Não me vejo escrevendo ou publicando algo que não gostei, mas o público gostou, somente para agradá-los. Gosto da ideia do balanceamento de opiniões entre autor e leitor.

 

  1. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?

Meu primeiro livro foi uma fantasia com vampiros, na qual eu escrevi quando tinha somente 12 anos. Na época eu tinha uma visão infantil das coisas, então não tinha nenhuma intenção em publicar. O meu incentivo inicial foi a saga de livros e filmes “Crepúsculo”.

 

  1. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?

Com certeza! Mas isso é para um projeto que ainda não foi anunciado. (rs)

 

  1. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

Sempre fui muito fã de terror. Comecei a devorar os livros do Stephen King ainda muito nova, e a vida toda sempre achei aquele cara um gênio! Tenho várias referências de escrita atuais, como a V.E Schwab e Taylor Jenkins Reid, mas com certeza o maior sempre será Stephen King.

 

  1. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?

Não tenho nenhum segredo, mas costumo preparar o ambiente antes de começar a escrever. Um local confortável, pouco barulho, uma xícara de chá ou café… Sempre é bom partir para esses lados.

 

  1. Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?

Sim! Costumo fazer isso em todos os meus livros. Em “1969: Uma História de Amor de Woodstock”, fiz uma playlist com as músicas que iria citar durante o conto, e também anotei informações sobre o festival, além de salvar muitas fotos para ter mais referências de como descrever aqueles tempos.

 

  1. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

Tenho um certo costume que funciona assim: Coloco o cronômetro para rodar por uma hora inteira. Durante essa uma hora eu vou focar somente na escrita. Irei ignorar tudo ao meu redor e somente escrever. Eu literalmente me “forço” a ter criatividade (rs) Depois que o cronômetro parar, eu reviso o que escrevi. Se for bom eu mantenho, mas caso eu não goste tanto, descarto e anoto as partes em que mais gostei para manter a criatividade acesa. Acredito que seja uma boa dica para driblar a ausência de criatividade.

 

  1. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

Tenho duas amigas leitoras de confiança que fazem essa “primeira avaliação” para mim. Elas não são leitoras betas, mas me dão opiniões sinceras sobre o que escrevi. Geralmente tem muito surto durante essas conversas.

 

  1. Qual a parte mais complicada durante a escrita?

Para mim é com certeza manter o ritmo durante o processo de escrita. É preciso ter um apego muito forte no hábito de escrever para não acabar deixando a história de lado durante um tempo.

 

  1. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

Sempre escrevo por pelo menos uma hora por dia. É a minha meta diária. Às vezes escrevo somente durante a uma hora, mas também às vezes extrapolo na criatividade e passo mais de cinco horas digitando em frente ao computador. Então eu diria que prefiro escrever um pouco todos os dias.

 

  1. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?

Tenho muita esperança que o mercado literário brasileiro de autores novos e pequenos seja mais valorizado. Agora estamos vendo um crescimento maior de editoras que estão aceitando novos autores e suas obras, e fico feliz por isso. Meu maior desejo é sempre que as obras nacionais sejam mais valorizadas por todas as editoras, principalmente as maiores.

 

  1. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?

Acredito que a maioria dos escritores tem essa criatividade de bilhões, e estão sempre trabalhando em mais de uma história. Comigo não é muito diferente, não. Eu tenho minhas ideias e sempre as anoto para ir adicionando mais camadas na história, mas sempre prefiro escrever uma história de cada vez para não ficar confundindo as idéias na cabeça.

 

  1. O que motiva você a continuar escrevendo?

Minha paixão pelo mundo literário é indescritível. Não me imagino em outra área a não ser essa. A escrita é como eu me mostro e me comunico com o mundo. Esse é com certeza o meu maior incentivo.

 

  1. Que conselho você daria para quem está começando agora?

Leia muito! Leia diferentes gêneros, se aprofunde na forma de escrever de cada autor, e principalmente: Não desista! Ninguém começou no topo.

 

  1. Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

Em minha visão, o maior desafio para um autor no cenário atual é conseguir uma boa editora para distribuir seus livros. Poucas editoras dão chances para autores nacionais, então no final acaba sobrando a opção da publicação independente. E sim, tenho uma rotina de escrita: escrevo todos os dias de segunda a sexta-feira por no mínimo uma hora, e tiro uma folguinha aos finais de semana.

  1. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

Apesar de a recepção com novos autores e obras nacionais terem melhorado (muito) nos últimos anos, ainda acredito que existe um certo preconceito para com as obras de autores pequenos e nacionais. Espero que com o passar do tempo isso vá melhorando cada vez mais.

 

  1. Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

“It - A coisa”, de Stephen King. “Malibu Renasce”, de Taylor Jenkins Reid. “Quem é você, Alasca?”, de John Green e “Uma vida pequena”, de Hanya Yanagihara.

 

  1. Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?

Use a abuse das referências. Pesquise bastante sobre todo o universo que você gostaria de criar. Acredito que toda ficção contém um pouco de realidade, então não deixe de pesquisar referências como fotos, vídeos, entrevistas, músicas e até mesmo livros do mesmo gênero na qual você está escrevendo. Se aprofundar e mergulhar em sua própria história nunca é demais.

 

  1. O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

2023 é o meu ano de recomeço. Meu conto “1969: Uma história de amor de Woodstock” será lançado em 16 de janeiro, e também pretendo finalizar um livro em processo de escrita para ser lançado. Tenho esse ano como um ano onde finalmente vou poder viver daquilo que sempre sonhei: a escrita.

[#LeiaNacional] Entrevista com Luiza Possamai Kons , autora de ❝Ângela❞

Luiza Possamai Kons nasceu em Assis Chateaubriand, em 1993, no oeste do Paraná. Cidade marcada pelos ciclos de produção agrícola e suas consequências. É Doutoranda em História pela UFPR, Mestre em Artes pela UNESPAR e graduada em Jornalismo pela UFSC.

 

  1. Primeiramente, fale-nos um pouco  sobre você.

Gosto de experimentar coisas. Tentar. Sou fotógrafa e escritora. Levei anos para poder dizer “sou artista”. Sempre tive medo de ser insuficiente. Que rissem de mim. Sei que não caminho só, nesses pensamentos. Levei dias para ter coragem de responder essa entrevista por achar que não saberia me expressar. Acredito que a literatura e as artes visuais são uma forma de resistência: da necessidade de narrar e entender o contexto histórico em que vivo. Uma forma de exercitar o ético e estético. Sou Doutoranda em História pela Universidade Federal do Paraná, Mestre em Artes pela Universidade Estadual do Paraná, e jornalista pela Universidade Federal de Santa Catarina.


  1. Há quanto tempo você escreve, como começou?

Desde meus nove anos eu sabia que queria ser escritora. Tinha um caderno onde anotava pequenos poemas. Me encantei com as palavras ao ler o livro “Os colegas” de Lygia Bojunga. Minha mãe nos levava até a biblioteca para que tivéssemos acesso aos livros. Encontrar está obra na estante aos oito anos me trouxe encantamento. Comecei a ler outros livros de Lygia. Sentia uma angústia e uma alegria a um só tempo. Ela contava coisas que não eram ditas. Sentimentos guardados. Eu também queria trazer essas coisas ao mundo. Escrever foi de certo modo: um jeito de enfrentar a disgrafia. A dificuldade de por as letras de forma legível no papel. De ler sem se perder. Das letras trocadas por terem uma sonoridade parecida. Escrever foi um ato de acreditar ser possível, ainda que minhas deficiências apontassem o contrário.


  1. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

Eu gosto de escutar músicas que me despertam algo, uma sensação submersa. Estou em uma fase que escuto muito Erik Satie.  Quando sinto que não posso processar as informações que me rodeiam, que estou “cheia” por dentro, então escrevo. A leitura também é fonte de inspiração. Ser tocada por um livro: pelas palavras que dançam e me façam sentir algo que nem imaginava.

 

  1. Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?

Como dito, minha primeira inspiração foi Lygia Bojunga. Tive minha fase de ler muito suspense com Agatha Christie e Edgar Allan Poe. Já me apaixonei por Graciliano Ramos, Clarice Lispector e José Saramago. Hoje me identifico por escritoras mulheres que relacionam o particular ao contexto histórico e político. Gosto muito de Alice Munro, Chimamanda Ngozi Adichie e Toni Morrison. Recentemente comecei a ler e me encantei com Annie Ernaux.  Outra referência é a escrita fragmentária e imagética de Mario Bellatin. Do universo visual me sinto despertada pela obra das fotógrafas Graciela Iturbide, Adriana Lestido e Joanna Piotrowska. No cinema me encanta Ingmar Bergman.


  1. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

Escrever em primeira pessoa foi um desafio. Eu tentava mas de algum modo isso estava travado dentro de mim. Por isso, no livro de contos “Ângela” sinto que pude narrar coisas que vinham até a garganta e levaram anos para se transformar em som.

 

  1. Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

Acreditar que as minhas palavras e angústias podem contribuir com o anseio do outro.

 

  1. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?

Meu primeiro livro escrevi aos 18 anos. Se chamava “Para sempre Eliza” e era uma história adolescente de uma menina que atuava como “prostitura de imagem”. Eu queria escrever algo comercial hahah, dizer para mim mesma que era capaz. Nunca foi publicado. Ele precisaria de um trabalho de revisão e edição. Acredito que foi um exercício interessante de disciplina de começar e terminar uma narrativa. E assim quero que permaneça: um exercício. Essa história reflete o machismo estrutural e discursivo em que cresci, com frases como “ela era digna dos olhares masculinos”. Nesse sentido, foi interessante uma vez, quando anos depois fui ler trechos, e pensei “não acredito que escrevi isso”. Considero a literatura política, por isso, jamais publicaria uma obra que contribui com ideias patriarcais.

 

  1. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?

Eu sinto que meu personagem é o “meu desconheço”. E ela não vai embora.


  1. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

Alice Munro. Clarice Lispector, e outras. E tudo que me desloque. Como um diálogo. Um cheiro. Uma imagem mental.

 


  1. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?

Por em linha aquilo que não sei.

 

  1. Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?

Escrevo fragmentos. Anoto no celular e também em documentos no google drive. Sou conectada a narrativas: orais, escritas e imagéticas. Me deparo com muitos trabalhos fotográficos e eles me inspiram muito,

 

  1. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

            Estou buscando respeitar esses momentos. Entendo que há um tempo de maturação que não atua no plano da linguagem. É preciso respeitar. Vivemos em uma sociedade atrelada à ideia de se produzir o tempo todo. E não quero que a escrita seja um produto fadado ao consumo pelo consumo. Se escrevo é para me sentir viva. Escrevo para ter acesso ao que não foi. Se acrescentar uma função puramente mercantil vou estar matando o vislumbre. O significado.


  1. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

Tenho uma amiga que envio os escritos, e também mando para minha irmã ler .


  1. Qual a parte mais complicada durante a escrita?

Os pensamentos que “giram”. Giram, giram até que as palavras se concretem.

 

  1. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

Não tenho uma estratégia. Escrevo quando não aguento mais. Escrevo ao sentir uma ânsia que não posso conter.

 

  1. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?

O mercado literário brasileiro é uma consequência da maneira que nossa sociedade foi estruturada. Fomos uma colônia escravocrata. Depois tivemos o sul do Brasil sendo colonizado por europeus para que a população fosse branqueada. Os povos originários tiveram seus territórios invadidos, e ainda são continuamente mortos. Somos um território violento. Temos muitos brasileiros que são analfabetos funcionais. Para formarmos uma população leitora e consequentemente melhorarmos o mercado literário atual: precisamos garantir o acesso à educação, e a uma vida digna. Quem escreve também necessita de estrutura, e de tempo. Outra questão é que haja maior investimento em cultura pelas distintas esferas públicas para que possamos gerar um mercado consumidor e viabilizar a possibilidade que os escritores possam viver da renda daquilo que escrevem.

 

  1. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?

            Gosto de concluir. Tenho medo de só habitar no plano das ideias. Por outro lado, entendo que precisamos respeitar o tempo de maturação de uma narrativa. De certo modo, é a narrativa quem decide quando irá se concluir.


  1. O que motiva você a continuar escrevendo?

A ganância de me sentir viva.

 

  1. Que conselho você daria para quem está começando agora?

Escreva. Escreva mesmo que o mundo te diga o contrário.

 

  1. Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

Acreditar na própria escrita. Não possuo nenhum hábito. Escrevo ao sentir necessidade.

 

  1. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

É muito complicado se estabelecer enquanto escritora. Não opero em um sentido lógico: escrevo porque preciso. Acredito que para um novo escritor conseguir alcance: ou ele se destaca em algum concurso literário importante que o projete, ou possuí engajamento nas redes sociais.

 

  1. Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

“O lobo da estepe”, Hermann Hesse. “Vida querida” Alice Munro, “Perto do coração selvagem” Clarice Lispector, “ O olho mais azul” Toni Morrison.

 

  1. Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?

Seja honesto.

 

  1. O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

Pretendo fazer um lançamento do meu livro na cidade de Toledo, oeste do Paraná e em Belo Horizonte, Minas Gerais. Também terei a publicação do livro “Ruminem” em parceria como o fotógrafo peruano Atoq Rámon. A obra é uma mescla entre escrita e fotografia. Temos a junção de nossos projetos que se relacionam a questões familiares e autorretratos, e uma experimentação de sensações por meio de palavras. A publicação está será publicada pela Casa Espacio | FIFV  Organização cultural e biblioteca, que também realiza  o “ Festival Internacional de Fotografía de Valparaíso, no Chile,  desde 2010. A edição foi realizada pela artista visual  chilena Anamaria Briede e pelo fotógrafo Rodrigo Gomez Rovira, criadores da Casa Espacio.

 

[Primeiras Impressões] As Faces do vazio, de Ellen Costa

Falar deste livro evoca um sentimento de responsabilidade colossal, pois ele fala do vazio. O vazio é a definição da ausência, da falta, da incapacidade de preenchimento ou do abandono persistente de um ser, local ou sentimento. Faces do vazio é um livro carregado de dor. O enredo é trabalhado como forma de diário, de desabafo, quase como uma confissão ou tentativa de botar pra fora todo aquele vazio que estava tomando conta do espaço deixado por outro alguém. 

Ellen, a autora, descreve com sutileza o poder do luto e da superação. Seus escritos falam de sua amizade com seu primo, que, aos dezesseis anos descobriu estar com leucemia. Até aquele momento, era apenas uma doença, não se tinha a dimensão do que era o câncer e do luto, sobretudo do luto, apenas pela ótica da experiência de sua mãe, que, aos quinze anos perdeu o pai (avô de Ellen). A autora descreve uma proximidade maculada com seu primo, eram realmente muito próximos, ela descrevia o quanto ele tinha força de vontade de viver e o quanto acreditava na cura, mas também descreve o quanto sofreu quando teve de lidar com a perda do primo, no auge dos seus dezenove anos.

[...] O que senti naquele dia foi vazio. Um vazio tão puro e oco que passou a ser desesperador e sufocante e louco! Perdê-lo foi louco! (colchetes meus)

Ellen, trouxe consigo o poder de causar em nós desconforto, tristeza e de saudade. Em todas as páginas ela evoca seus sentimentos de abandono e o processo ao qual teve de passar para aceitar a verdade por trás de sua perda. Ela ficou confusa, viveu e reviveu momentos e lembranças, esqueceu-se de locais e detalhes (acredito eu que devido ao trauma causado pela perda), este momento, caracteriza-se por meio de sua narrativa sobre um momento de sua vida na universidade, onde ela, por um momento, pensou que todo ocorrido poderia não ter acontecido, porém:

[..]e comecei a criar uma realidade em que tudo não passava de um grande e terrível pesadelo. (colchetes meus)

Então, eu voltei para minha cidade. E, como uma avalan- che, tudo voltou. 

Tudo isso apenas na introdução do livro. Esta miscelânea é um misto de poemas, confissões, textos e desabados que não seguem uma norma de escrita. Nota-se que a autora escreveu em momentos, em seu tempo, durante a diluição dos fatos e o retorno das memórias, nota-se que todo processo de escrita foi doloroso, acredito eu que, a publicação foi uma forma de encarar os fatos, criando assim, uma ultima homenagem ao seu primo.

Os poemas descrevem os momentos passados por Ellen durante o duro período dos fatos. 

Em 'sonhos' primeiro poema de abertura do livro, a autora nos apresenta todo sentimento de saudade que veio a tona por meio de um sonho. Nota-se o desejo de ter o primo próximo para viver os momentos que lhe foram privados.

Queria você aqui.

Queria poder te abraçar.

Queria poder ouvir sua voz.

Queria ouvir seus comentários sarcásticos. 

Queria que você conhecesse onde eu moro.

Desabafo é um texto que narra a forma com a qual ela lidou com a saudade. Antes de ir para aula, o sentimento de estar com o primo e os momentos em que ela teve ser forte, de prosseguir e de toda ausência causada pela partida.

Estranho que eu tô cercada de pessoas, mas sozinha.

Desabafo II, notamos que a autora expressa que a dor é parte do processo de se habituar ao fato de que a perda existe, sobretudo, porque a aceitação leva tempo.

Queria dizer que ainda não tenho um vere- dito sobre como me sinto com esse novo método de lidar com o luto.

O tempo passou, é um poema que descreve sobre o processo e como ela se sente em meio aos sentimentos que se encontram confusos. O tempo passa, os momentos não são mais os mesmos, pois não são mais partilhados com a experiência de se ter o primo para vivê-las consigo.

O tempo passou.

As brincadeiras acabaram.

O riso não é o mesmo.

As distrações nunca são suficientes.

Seis meses depois -  é a diluição do tempo e dos momentos, notamos a dor da perda constante e todo processo envolvendo a saudade.

Seis meses depois e

eu continuo esperando uma mensagem.

Continuo pensando em te ligar.

Continuo esperando sua cobrança pela blusa que eu peguei.

O livro é dedicado à todos que perderam alguém, é um livro cheio de dor, mas é um confessionário necessário. Ellen nos traz em suas páginas seus relatos de sofrimento e todo processo do luto, mas também nos entrega um carrossel de emoções que nos possibilita entender a dor de perto, e a acostumar-se a viver, pois elas podem - e vão - ocorrer com todos.

Um livro digno de um roteiro de cinema, publicado pela Editora Alarde.

[Resenha #501] A Mulher na Janela , de A.J. Finn


Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e…. espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece.  (Resenha: A Mulher na Janela – A.J. Finn)

RESENHA

Houve um tempo, por volta dos anos 1950 e 1960, em que o ceticismo intelectual estava em ascensão nos cinemas em relação às obras históricas. O grande nome por trás de muitos desses filmes é Alfred Hitchcock, um mestre na arte de contar histórias e contar histórias. Nessa época surgiram obras como Psycho, Um Corpo que Cai, A Dama Oculta, entre outras. Todos eles vêm de livros, alguns já conhecidos do público brasileiro ou esgotados há muitos anos. Esse estilo narrativo não tem fim, mas é verdade que o suspense tem perdido muito espaço em espetáculos onde o detetive ou investigador é o personagem principal da história na jornada criminal dos dias atuais. . Assim, Mulher na Janela, lançado pela Arqueiro, preenche esse vazio com uma qualidade digna do clássico que mencionei acima.

A chave para qualquer thriller psicológico é sua capacidade de envolver e confundir o leitor. O trabalho deve ser como um labirinto onde podemos seguir caminhos diferentes, confusos e errados. Às vezes, a certeza é descartada no próximo capítulo ou o ceticismo obtém um grande consenso. A.J. Finn seguiu essa fórmula e transformou A Mulher na Janela em um livro viciante e imparável. Narrado pela charmosa Anna Fox, a peça é divertida e nos conduz pelo seu dia a dia: cuidar da vida dos outros. Presa dentro de casa por medo de espaços abertos, Anna passa seus dias assistindo filmes, bebendo e obcecada por seus vizinhos. Tudo isso é contado em ritmo acelerado, com frases rápidas e descrições frugais. Assim o livro flui sem ser puxado em nenhum ponto.

Ao traçar o estilo de vida do personagem principal, as limitações de saúde e os problemas com a bebida, o autor criou uma atmosfera de suspense. Esse mistério vai durar até a cena final que sustenta duas perguntas: o que aconteceu? Se sim, de quem é a culpa? Balance assim. Temos algumas das melhores notícias para começar o ano! A partir daí, o aluno deve atentar para a necessidade de desatar os nós e determinar o que é verdade e o que é embuste. Existem vilões neste livro ou é tudo resultado de uma mente perturbada?

Além dos enigmas, alguns fáceis de entender muito antes do final, A Mulher na Janela é um ótimo subtexto para filmes clássicos de meados do século 20. Os capítulos estão repletos de referências e trechos de discussões de algumas das principais obras. da era de ouro do cinema. O desenvolvimento da história terminou tão bem que queríamos encontrar certos artigos para ver e acompanhar o personagem principal (até me perguntei se alguns dos artigos citados poderiam servir como pistas para a solução do mistério ou não, mas não sei sei) não verifiquei). Essa aura cinematográfica acaba manchando a obra a ponto de eu achar o leitor incapaz de deixar de imaginar cenas vividamente como se estivéssemos em um cinema em preto e branco.

Os personagens coadjuvantes da trama cumprem o papel de "participantes" do mistério. Tudo com atitudes que vão da confiança à desconfiança em apenas algumas páginas. No fundo, parece que não há ninguém e, por mais que prestemos atenção, os resultados nunca são imaginados. Um final bem clássico, sem falhas e digno de comparação com as grandes obras do gênero.

Para quem sente falta de bons thrillers psicológicos como eu, A Mulher na Janela foi uma grata surpresa. O trabalho que reúne todas as qualificações para se tornar um dos melhores lançamentos do ano, está apenas começando! Mime-se com um pouco de Merlot, sente-se e tenha uma boa conversa com Anna Fox. E lembre-se, ele provavelmente sabe mais sobre sua vida do que você pensa!

O AUTOR

A. J. Graduado pela Finn Oxford, A.J. Finn é um crítico literário e escreveu para muitas publicações, incluindo o Los Angeles Times, o Washington Post e o Times Literary Supplement. Mulher na Janela, seu primeiro romance, foi vendido em 36 países e está sendo transformado em filme em uma grande produção da 20th Century Fox. Nascido em Nova York, Finn morou na Inglaterra por dez anos antes de voltar para sua cidade natal, onde mora hoje.

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