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20 livros já lidos e indicados pelo presidente Lula


Quando Lula completou 57 dias de prisão, publicamos uma recomendação de leitura sugerida pelo ex-presidente. Listamos 20 livros que Lula leu até agora. Preso político há mais de dois meses, o ex-presidente passa a maior parte do tempo lendo em Curitiba. Abaixo você encontra um pedaço do espaço que Lula já passou. Desde publicações que focam a realidade do Brasil e do mundo, até romances e ficção.

A Elite do Atraso – Da Escravidão à Lava Jato – Jessé Souza – Leya Numa época em que a questão das desigualdades racial e social estão, mais do que nunca, no centro de cena – dos grandes veículos de comunicação aos comentários nas redes sociais e até mesmo nas conversas das mesas de bar, onde todos parecem ter uma ideia muito bem definida do que é capaz de construir um país ideal -, o sociólogo Jessé Souza escancara o pacto dos donos do poder para perpetuar uma sociedade cruel forjada na escravidão. Esse é o pilar de sustentação de nossa elite, A Elite do Atraso. Depois da polêmica aberta pela obra A Tolice da Inteligência Brasileira e da contundência exposta em A Radiografia do Golpe, o autor apresenta obra surpreendente, forte, inovadora e crítica na essência, com um texto aguerrido e acessível. A Elite do Atraso é um livro para ser apoiado, debatido ou questionado – mas será impossível reagir de maneira indiferente à leitura contundente de Jessé Souza a ideias difundidas na academia e na mídia. 

Homo Deus – Harari, Yuval Noah – Companhia das Letras Neste “Homo Deus”: uma breve história do amanhã, Yuval Noah Harari, autor do estrondoso best-seller Sapiens: uma breve história da humanidade, volta a combinar ciência, história e filosofia, desta vez para entender quem somos e descobrir para onde vamos. Sempre com um olhar no passado e nas nossas origens, Harari investiga o futuro da humanidade em busca de uma resposta tão difícil quanto essencial: depois de séculos de guerras, fome e pobreza, qual será nosso destino na Terra? A partir de uma visão absolutamente original de nossa história, ele combina pesquisas de ponta e os mais recentes avanços científicos à sua conhecida capacidade de observar o passado de uma maneira inteiramente nova. Assim, descobrir os próximos passos da evolução humana será também redescobrir quem fomos e quais caminhos tomamos para chegar até aqui.

Laika – Abadzis,Nick – Boitempo Em plena Guerra Fria, a União Soviética tomou a dianteira na corrida espacial ao colocar em órbita, em 1957, um satélite artificial que transportava o primeiro ser vivo a ir para o espaço: a cadelinha Laika. Nesta HQ roteirizada e ilustrada por Nick Abadzis, que foi vencedora do prêmio Eisner, o mais importante dos quadrinhos mundiais, a história dessa pequena heroína soviética é contada com o detalhamento e a delicadeza que ela merece, em uma mescla magistral de realidade e ficção.

Os Beneditinos – José Trajano – Companhia das Letras – O narrador desta deliciosa trama não está em seus melhores dias. Perdeu o emprego de jornalista, vive só, no bairro da Mooca, e tem de cuidar da saúde, que não anda boa. A vida lhe reserva poucos momentos de felicidade: assistir às partidas do Juventus, o Moleque Travesso, que o faz se lembrar do América, seu time do coração. Tomar ocasionalmente uma cerveja com petiscos. E se dedicar às suas partidas de futebol de botão contra veteranos do bairro. Suas perspectivas mudam, no entanto, ao folhear uma revista na sala de espera de seu dentista e encontrar a manchete: “Será em Londres o 1º Mundial de walking futebol”. Futebol andando? Com a ajuda de seu filho, ele descobre mais sobre essa categoria, reservada aos que já passaram da flor da idade, em que não se pode, em momento nenhum da partida, tirar os dois pés do chão. É a chance que procurava para reunir seu antigo time do Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, e colocar os esportistas aposentados para treinar. Desta vez, os Beneditinos irão à desforra das derrotas sofridas para o Santo Inácio, tantas décadas atrás.

O Amor nos Tempos do Cólera – Márquez, Gabriel García – Record – Ainda muito jovem, o telegrafista, violinista e poeta Gabriel Elígio Garciá se apaixonou por Luiza Márquez, mas o romance enfrentou a oposição do pai da moça, coronel Nicolas, que tentou impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Para manter seu amor, Gabriel montou, com a ajuda de amigos telegrafistas, uma rede de comunicação que alcançava Luiza onde ela estivesse. Essa é a história real dos pais de Gabriel García Márquez e foi ponto de partida de ‘O amor nos tempos do cólera’, que acompanha a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza.

Vá, Coloque Um Vigia – Harper Lee – José Olympio – A continuação de O sol é para todos, um dois maiores clássicos da literatura mundial Jean Louise Finch, mais conhecida como Scout, a heroína inesquecível de O sol é para todos, está de volta à sua pequena cidade natal, Maycomb, no Alabama, para visitar o pai, Atticus. Vinte anos se passaram. Estamos em meados dos anos 1950, no começo dos debates sobre segregação, e os Estados Unidos estão divididos em torno de questões raciais. Confrontada com a comunidade que a criou, mas da qual estava afastada desde sua mudança para Nova York, Jean Louise passa a ver sua família e amigos sob nova perspectiva e se espanta com inconsistências referentes à ética e a pensamentos nos âmbitos político, social e familiar.

Feminismo Em Comum – Para Todas, Todes E Todos – Márcia Tiburi – Rosa Dos Tempos – Podemos definir o feminismo como o desejo por democracia radical voltada à luta por direitos de todas, todes e todos que padecem sob injustiças sistematicamente armadas pelo patriarcado. Nesse processo de subjugação, incluem-se todos os seres cujo corpo é medido por seu valor de uso – corpos para o trabalho, a procriação, o cuidado e a manutenção da vida e a produção do prazer alheio –, que também compõem a ampla esfera do trabalho na qual está em jogo o que se faz para o outro por necessidade de sobrevivência. O que chamamos de patriarcado é um sistema profundamente enraizado na cultura e nas instituições, o qual o feminismo busca desconstruir. Ele tem por estrutura a crença em uma verdade absoluta, que sustenta a ideia de haver uma identidade natural, dois sexos considerados normais, a diferença entre os gêneros, a superioridade masculina, a inferioridade das mulheres e outros pensamentos que soam bem limitados, mas ainda são seguidos por muitos. Com este livro, Marcia Tiburi nos convida a repensar essas estruturas e a levar o feminismo muito a sério, para além de modismos e discursos prontos. Espera-se que, ao criticar e repensar o movimento, com linguagem acessível tanto a iniciantes quanto aos mais entendidos do assunto, Feminismo em comum seja capaz de melhorar nosso modo de ver e de inventar a vida.

O Último Cabalista de Lisboa – Zimler, Richard – Bestbolso – Romance histórico premiado que mescla suspense e mistérioLisboa, Páscoa de 1506. A cidade está prestes a passar por um dos momentos mais tristes de sua história. Milhares de judeus, que já haviam sido convertidos à força ao catolicismo, são perseguidos por fanáticos religiosos que os acusam de atrair a seca e a peste que assolam Portugal, prenúncio de uma época de perseguição religiosa instaurada pela Inquisição. Reinava então D. Manuel I, o Venturoso, e os frades incitavam o povo à matança. Dois mil cristãos-novos foram vítimas de um massacre em Lisboa durante as comemorações da Páscoa de Abril de 1506. Os mistérios em torno deste evento verídico são explorados neste extraordinário romance histórico de Richard Zimler, que já recebeu diversos prêmios literários na Europa e nos Estados Unidos. “Em uma atmosfera densa e rica em detalhes, Zimler relata o pesadelo de ser judeu no tempo da Inquisição”, avaliou o The Wall Street Journal. 

Um Defeito de Cor – Goncalves, Ana Maria – Record – Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens, UM DEFEITO DE COR, de Ana Maria Gonçalves, é um belo romance histórico, de leitura voraz, que prende a atenção do leitor da primeira à última página. Uma saga brasileira que poderia ser comparada ao clássico norte-americano sobre a escravidão, Raízes. “Uma verdadeira viagem pela África do século XIX!” – Lula, em mensagem a autora.

Dois Cigarros – Flávio Gomes – Gulliver – “É fim de tarde. Você entra no carro sem dizer nada e pergunto: vamos? Você diz que sim com um gesto e me mostra o caminho. Depois de meia hora pergunto se você trouxe suas roupas e sua escova de dente. A escova, sim, me responde.” Assim, sem uma história pré-existente, um arquiteto solitário de quarenta e poucos anos e uma jovem misteriosa de grandes olhos verdes que nunca falava sobre o passado se encontram pela primeira vez para uma viagem sem destino. O acaso, que une e separa duas vidas, conduz os personagens do romance de estreia do jornalista Flavio Gomes numa jornada que passa pelo interior de Minas, pequenas cidades alemãs, São Paulo, Paris, Berlim, Amsterdam, Itacaré, Budapeste, Praga e Estrasburgo, sem que jamais um saiba o bastante do outro para imaginar um fim possível.

Quem Manda No Mundo? – Chomsky, Noam – Crítica – O mais importante ativista intelectual do mundo oferece neste livro um aprofundado exame das mudanças do poder norte-americano, as ameaças à democracia e o futuro da ordem global. Meticulosamente documentado, “Quem manda no mundo? ” é um guia indispensável para entender a situação internacional atual. Com clareza e oferecendo diversos exemplos, Chomsky mostra como os Estados Unidos continuam sendo a voz mais forte, mesmo com a ascensão da Europa e da Ásia. O envolvimento americano com China e Cuba, as sanções contra o Irã, os conflitos no Iraque, Afeganistão e Israel/Palestina, a relação com a América Latina e África e o aquecimento global são alguns dos pontos discutidos no livro. Chomsky escreveu um posfácio sobre a eleição de Donald Trump, o referendo Brexit e a ascensão dos partidos ultranacionalistas de extrema direita na Europa. Sua conclusão é alarmante e preocupante sobre o futuro do mundo.

Esquerda do Mundo, Uni-vos – Boaventura de Sousa Santos – Boitempo Quais são os possíveis rumos das esquerdas? Quais os caminhos para uma luta unificada internacional? Em seu novo livro, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos faz um panorama crítico do interregno pós-crise de 2008. O desmantelamento da democracia no Brasil, as dificuldades do processo de paz na Colômbia, a crise institucional no México, os desafios do Podemos espanhol, as novas facetas do imperialismo e a experiência portuguesa, que possibilitou o único governo de esquerda na Europa atual, são as conjunturas que o autor analisa a fim de oferecer elementos para o combate ao neoliberalismo e propostas para o futuro da esquerda mundial. Boaventura centra sua reflexão no cenário político e nas forças de esquerda de determinadas nações e, a partir disso, apresenta questões de fundo que se movem para escalas temporais de médio e longo prazos. 

A Melancia do Presidente – Wellington Dias – Wellington Dias, que  é autor de outros livros, como “Macambira” (1995), “Maria Valei-me” (1984), “Novos Contos Piauienses” (1984), “Tiradas do Tio Sinhô” (2007), dentre outros, afirmou que não gosta de se auto intitular como escritor, mas como “escrevedor”. “Sou governador, mas também continuo um ser humano, então gosto do esporte, gosto da música, gosto da pesca, de escrever… Na região onde cresci, aprendi a ouvir os mais velhos contando causos, histórias de onça, de alma, de ‘trancoso’, como a gente dizia. Isso é um tipo de cultura que, se não tivermos cuidado, desaparece no tempo. A Melancia do Presidente traz 23 causos que ouvi tanto no Piauí como em outras regiões, Paraíba, Ceará e Pernambuco”, relata o governardor do Piauí

Belchior – Apenas Um Rapaz Latino-Americano – Medeiros, Jotabê – Todavia – Um livro revelador sobre uma figura fascinante da MPB que merece ser mais conhecida do público. Um artista às vezes enigmático, sempre refinado e imensamente popular. Caderno de imagens em cores. Discografia completa. A morte de Belchior, em abril de 2017, foi uma comoção nacional. Dez anos antes, o artista desaparecera. Foi a partir do mistério desse sumiço que Jotabê Medeiros deu início à pesquisa para um livro sobre o autor de clássicos como “Velha Roupa Colorida”, “Alucinação” e “Como nossos pais”. Realizou dezenas de entrevistas com parceiros musicais, amigos, familiares e produtores de seus discos. Apenas um rapaz latino-americano traz períodos pouco conhecidos da vida de Belchior, como os anos em que passou em um mosteiro, na adolescência. Foi ali que o artista travou seu primeiro contato com a literatura e a filosofia e habituou-se ao silêncio e à introspecção que seriam características marcantes até o fim da vida.

O Voto do Brasileiro – Almeida, Alberto Carlos – Record Um guia didático e revelador em edição bilíngue sobre o processo eleitoral brasileiro, as carências e desigualdades do país e o que as urnas nos reservam. A partir da análise de mapas comparativos inéditos sobre o comportamento eleitoral do brasileiro nos últimos 12 anos, o cientista político Alberto Carlos Almeida destrincha as últimas três eleições presidenciais no Brasil e projeta um possível cenário para as eleições presidenciais de 2018. Do ponto de vista do comportamento eleitoral, as eleições presidenciais brasileiras são bem estruturadas e previsíveis, e em nada devem às eleições nacionais dos países que consideramos exemplo de desenvolvimento. Ao final destas páginas, o leitor certamente vai chegar a uma conclusão sobre as eleições deste ano; mas o livro não se esgota aí. O que tem de melhor é o retrato que faz do Brasil e o olhar que projeta para além das urnas, o que o torna leitura obrigatória a todos que se interessam por política. 

O Sol na Cabeça – Martins,Geovani – Companhia das Letras – Nos treze contos de O sol na cabeça, deparamos com a infância e a adolescência de moradores de favelas – o prazer dos banhos de mar, das brincadeiras de rua, das paqueras e dos baseados –, moduladas pela violência e pela discriminação racial. Em O sol na cabeça, Geovani Martins narra a infância e a adolescência de garotos para quem às angústias e dificuldades inerentes à idade somase a violência de crescer no lado menos favorecido da “Cidade partida”, o Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XXI. Em “Rolézim”, uma turma de adolescentes vai à praia no verão de 2015, quando a PM fluminense, em nome do combate aos arrastões, fazia marcação cerrada aos meninos de favela que pretendessem chegar às areias da Zona Sul. Em “A história do Periquito e do Macaco”, assistimos às mudanças ocorridas na Rocinha após a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP. Situado em 2013, quando a maioria da classe média carioca ainda via a iniciativa do secretário de segurança José Beltrame como a panaceia contra todos os males, o conto mostra que, para a população sob o controle da polícia, o segundo “P” da sigla não era exatamente uma realidade. Em “Estação Padre Miguel”, cinco amigos se veem sob a mira dos fuzis dos traficantes locais. 

O Último Judeu – Uma História de Terror na Inquisição – Gordon, Noah – Rocco – O último judeu tem como pano de fundo os horrores da Inquisição, Noah Gordon conta a história de Yonah Helkias Toledano, o último judeu da Espanha no final do século XV. O édito real expulsando seu povo da região é o ponto de partida para o caminho errante desse menino de apenas treze anos, que ficou sozinho, após presenciar o assassinato de sua família e a fuga de sua gente, única opção de sobrevivência ao negar a conversão, imposta pelo decreto. Determinado a manter as tradições de família, Yonah Toledano inicia sua verdadeira epopéia pelas inóspitas regiões da Espanha daquela época, apenas com a fé em Deus e, no início, acompanhado de um burro esperto, chamado secretamente de Moisés. Com a vida sempre por um fio, o último judeu muda de nome, trabalha na terra como peão, num calabouço como servente, será médico, cirurgião e tradutor, entre outras funções. Adquire experiência e consegue manter-se vivo e não-convertido, sonhando em ver seus filhos terem idade suficiente para transmitir-lhes as crenças que preservara dentro de si, levá-los aos lugares secretos, acender velas do shabat e entoar preces. A narrativa é uma envolvente aventura, principalmente porque Gordon a recheia de descrições detalhadas dos perigos que rondam Yonah.

Thomas Piketty e o Segredo Dos Ricos – Dowbor,Ladislau / Piketty / Bava,Silvio Caccia – Veneta – A publicação dos estudos do francês Thomas Piketty a respeito da desigualdade social e da crescente concentração de riqueza ganharam as manchetes de jornais do mundo inteiro. E catalisou um debate que já estava em andamento as respeito dos efeitos disso na economia, no meio ambiente e no próprio exercício da democracia. Este livro, organizado pelo Le Monde Diplomatique Brasil, é uma apresentação desse debate, com textos do próprio Piketty e diversos outros dos principais pensadores sociais de nosso tempo. Entre eles Samuel Pinheiro Guimarães, Ladislau Dowbor, Russell Jacoby, Kostas Vergopoulos e Luiz Gonzaga Belluzzo.

Ressurreição – Tolstoi, Leon – Cosac Naify – Ressurreição, de 1899, o último livro publicado em vida por Liev Tolstói (1828-1910), completa o trio de seus grandes romances ao lado de Anna Kariênina e Guerra e paz. A primeira tradução brasileira direta do original russo, feita por Rubens Figueiredo, chega às estantes no ano do centenário da morte do autor. A apresentação do tradutor traz detalhes do contexto em que a obra mais polêmica do mestre russo foi criada e, ao lado do texto de quarta capa do cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, atualiza sua dimensão literária e social. 


Vida – 4 Biografias – Leminski, Paulo – Companhia das Letras – Sob o olhar poético e apaixonado de um mesmo admirador, essas quatro trajetórias aparentemente desconexas ganham novas dimensões, criam elos e se complementam, em comunicação permanente com a vida e a obra de seu biógrafo. Trótski é visto como um homem de letras, autor do “mais extraordinário livro sobre literatura” já escrito por um político. Cruz e Sousa é personagem central de um movimento que Leminski chama de “underground” e que muito o influenciaria: o simbolismo. Bashô, antes de se tornar pai do haikai, foi membro da classe samurai. E Jesus é um “superpoeta”. Enquanto traz à tona lados surpreendentes de quatro de seus heróis, Leminski revela muito de si mesmo, tão múltiplo e fascinante quanto os biografados, e fornece a seus fãs, em narrativas aliciantes e cheias de estilo, uma gênese de suas principais influências.

[RESENHA #490] O auto da compadecida, de Ariano Suassuna


O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". 

Ficção / Drama / Literatura Estrangeira

SUASSUNA, Ariano: O auto da compadecida. São Paulo: Nova Fronteira: 2018, 165p ISBN B07CHYVT6F


Auto da Compadecida de Ariano Suassuna combina elementos da cultura pop com automóveis medievais e livros de cordas, aproximando-se de apresentações circenses e da cultura pop em vez de cinemas modernos. Pensada para apresentar, a obra utiliza, por escrito, recursos orais regionalmente relevantes, destacando a situação do Nordeste. Os personagens da obra são simbólicos, representam mais do que indivíduos, estruturas sociais. Assim, é fácil perceber que a peça é uma crítica social, insultando os bons costumes, costumes, religião, dificuldades e costumes da sociedade nordestina.

A crítica à religião está muito presente em todas as profissões. Desde o início, na primeira fala do personagem de Palhaço, o final carece de moral religiosa: “Auto da Compadecida! O julgamento de outros canalhas, inclusive padres, padres e bispos, pelo uso de boa ação” (SUASSUNA, 1975, 2). Há um palhaço como representante do próprio escritor, que ao escrever esta peça se deparou com a questão da nacionalidade de sua igreja. Dessa forma, ele percebe que sua alma está cheia de estupidez e palavras doces, como qualquer outra pessoa.

No caso das figuras religiosas, temos o padre João, guarda da igreja e bispo. O primeiro só está interessado em ganhar dinheiro para a aposentadoria; a segunda e a terceira telas, cheias de orgulho e más intenções, ajudam a completar o quadro da igreja em ruínas que Suassuna pintou em sua obra.


O protagonista de todas as aventuras é João Grilo, um homem magro e pobre que depende da sua astúcia para sobreviver. Em algumas críticas literárias, João Grilo é frequentemente comparado a Macunaíma, personagem de Mário de Andrade, porém, ao contrário deste, João trabalha muito e ajuda seu amigo Chicó, e suas travessuras, sendo seu palhaço justificado por sua extrema pobreza.

Chicó é um típico contador de histórias. Ele é um mentiroso puro que inventa histórias para satisfazer seus próprios desejos. Trabalha com João Grilo numa padaria e juntos formam uma dupla de palhaços. Seus patrões (o padeiro e sua esposa) representam capitalistas que só estão interessados ​​em acumular dinheiro e explorar seus trabalhadores. Completando o esquadrão capitalista está Antônio de Moraes, um fazendeiro comprometido com a violência, o medo e o dinheiro.

Também é possível analisar aspectos da cultura pop nordestina ao longo do jogo. Além das palavras, interações e jogos de ideologias sociais (extremamente pobres/ultra-ricos), o autor também inclui crenças nordestinas, como o Encourado.

Os navios de guerra são maus. Segundo a crença, ele veste todo couro, como um cowboy. Ele é um promotor e não tem piedade. No trabalho, é retratado como rival de João Grilo, mas vence no final.

Auto da Compadecida foi escrito em 1955 e continua sendo uma referência literária. Seu conteúdo condena a imoralidade religiosa, a violência humana, o racismo e as lutas pelo poder. Por ser um documento teatral e ter maioria regional, Ariano Suassuna pôde tornar públicos seus julgamentos, permitindo a veiculação de seus julgamentos.

Análise do filme “Coach Carter – Treino para a vida”


Em 1999, Ken Carter retorna para sua antiga escola em Richmond, Califórnia, aceitando se tornar o treinador do time de basquete para colocá-lo em forma. Com muita disciplina e regras duras, ele consegue fazer a equipe vencer. Mas quando as notas dos jogadores começam a baixar, Carter fecha o ginásio e interrompe o campeonato. O treinador é criticado pelos jogadores e seus pais, mas está determinado a fazer com que os jovens sejam vencedores tanto na escola quanto na quadra.


NOTAEsta publicação tem por finalidade a análise das Relações Humanas, utilizadas pelo Coach Carter, aceitas como campo de investigação da história que se passa no filme “Treino para a vida”. O filme mostra como um treinador comanda sua equipe e por meio de suas ações os jovens conseguem superar desafios e assim mudar sua realidade. O treinador enfrentou problemas, mesmo perante a desconfiança e desconfiança da comunidade escolar, conseguiu treinar a equipa e ao mesmo tempo quebrar as barreiras criadas, promover a união da equipa, possibilitando assim a equipa alcançar a vitória. O enredo do filme destaca os modos dos liderados e o que eles aprendem no treinamento e na convivência.

O desafio dos relacionamentos interpessoais é que precisamos interagir bem com as pessoas, apesar de nossas diferenças de ideias, pontos de vista, comportamentos, origens, culturas, nacionalidades. Não é fácil, mas se basearmos a forma como são nossos relacionamentos em outros pilares, como: autoconhecimento, empatia, compaixão, percepção humana, sabedoria emocional, conseguiremos nos relacionar melhor uns com os outros. O objetivo principal deste trabalho é demonstrar a pesquisa analítica buscando simplificar. Como exemplo, será apresentada uma análise do filme “CoachCarter – Training for Life”.

Os filmes geralmente retratam elementos reais que podem ajudar a analisar os comportamentos humanos e suas várias interações. Com base no exposto, este trabalho é utilizado para assistir e analisar o filme “Coach Carter – Training for Life”, com o objetivo de determinar a relação entre as pessoas do grupo por meio de cenas que mostram o comportamento das pessoas do grupo. . time de basquete e o que aprenderam praticando e morando juntos.

Para atingir os seus objetivos, o treinador tem de enfrentar problemas, enfrentando mesmo a apatia da comunidade escolar e a má vontade dos jogadores. Ele treinou a equipe, quebrando barreiras, impulsionando o desenvolvimento da equipe e mudando a cultura e a sociedade no subúrbio da Califórnia, EUA.

O filme foi escolhido por entender que proporciona um excelente laboratório de pesquisa, pois os atores são mais comunicativos e as situações de grupo são reforçadas justamente pelo envolvimento dos papéis e dos atores de outros grupos formalmente estabelecidos.

Várias cenas permitem observar a formação do grupo, o crescimento pessoal induzido pela comunicação e principalmente a transformação de um grupo díspar, distante, sem esperança e desmotivado em um grupo de pessoas capaz de realizar tarefas rotineiras e retornar ao sonho. Dentre os diversos aspectos relacionados ao processo de equipe, este trabalho foca na contratação, coesão e liderança da equipe.

Na sequência, este trabalho está organizado: um breve relato do filme, identificação e análise dos processos grupais, que explicam as cenas relacionadas às questões colocadas como objeto do estudo.

RELATO

"Coach Carter - Training for Life", uma coprodução germano-americana de 2005, dirigida por Thomas Carter e Samuel Jackson. Na verdade, é ambientado na Raymond School, uma área muito pobre e violenta, no estado da Califórnia, EUA.

Treinador, Sr. White (Mel Winkler) quando se aposentou, convidou o Sr. Carter (Samuel Jackson), um ex-aluno do ensino médio, assume o cargo de técnico do time de basquete do qual foi jogador. Na adolescência, conquistou vários campeonatos pelo time, com muitos recordes que na época permaneciam ininterruptos.

O desafio para o novo treinador é enorme. A equipe na última temporada venceu apenas quatro jogos e perdeu 22. Os jogadores discutiam, não havia disciplina e nem regras.

No entanto, Carter acredita que pode transformar esses alunos em pessoas dedicadas, usando o esporte e a educação como ferramentas. A partir daí, inicia-se um processo de mudança cultural, que atinge os jogadores, toda a comunidade escolar e o entorno.

Para Carter, o basquete não é uma desculpa para ir à escola, mas o sucesso dos alunos que tiram boas notas e se mantêm positivos em sala de aula.  Desta forma, o treinador decide impor certas regras, que a princípio assustam alunos, pais, professores e gestores, e algumas até não fazem sentido. Mas não se deixa influenciar, pois sabe o que tem que fazer para chegar onde quer.

Entre as regras ampliadas, o treinador prefere ser tradicionalmente referido como "Sr. Carter", exige também a assinatura de contratos assinados entre os jogadores e treinador. Este contrato estabelece regras que devem ser seguidas por todos jogador: desempenho acadêmico completo, frequência regular, uso frequente de Smoking. Se essas regras não forem seguidas, o time será suspenso de todos os jogos, até que os objetivos sejam alcançados.

Para Carter, o time é formado por "estudantes", o que significa para ele, que o mais importante é ser um bom aluno. Atrair jovens jogadores comprometidos sempre foi o objetivo principal de um treinador. O objetivo é dar a eles a chance de fazer faculdade, mostrar ao grupo a importância da educação como forma de acabar com a criminalidade e as drogas no mundo.

O conflito é evidente no início do filme, assim como os outros membros do grupo.

eles não têm disciplina. Porém, com o tempo, os atletas se dedicaram aos treinos e o time de basquete superou as expectativas. Começou a sequência de vitórias do time.

Com o agravamento da situação, o treinador tomou uma medida drástica que chocou tanto os alunos quanto a comunidade de Richmond: fechou o ginásio e cancelou todos os jogos do time de basquete até que os alunos saíssem, cumprindo as regras definidas pelo contrato assinado entre eles.

Carter, quando procurava jogadores, começou a colocá-los nas posições mais adequadas, e podia exigir resultados, porque sabia que era possível. Afinal, ele estudou na mesma escola, passou pela mesma situação daqueles meninos. Ser toca-discos, e isso o ajudou a entrar em boas faculdades e alcançar bons resultados na vida.

Agindo dessa forma, Carter fez esses meninos começarem a imaginar que vieram de outro mundo, tiveram a oportunidade de fazer faculdade,

deixando o mundo do qual seus pais e muitos amigos faziam parte: o mundo das drogas e do crime. Em última análise, o treinador abre as portas para que os jovens se tornem verdadeiros cidadãos e profissionais.

É analisado do ponto de vista dos processos grupais e baseia-se em características comportamentais resultantes da interação humana, apesar de o filme oferecer outras oportunidades de pesquisa, como mencionado anteriormente. Este trabalho enfoca: contratos de equipe, coesão e liderança.

O filme combina elementos para representar os papéis e estilos de liderança utilizados pelo treinador, que prepara os meninos para deixar os limites e as drogas, por meio do esporte e da educação. Nesse sentido, esta abordagem olha para a liderança utilizada pelos treinadores, com o objetivo de mudar a vida de meninos que jogam há um ano sem ir às aulas. Os jogadores são desafiados a aprender e entender a vida como uma prática para resultados duradouros, não apenas um jogo de sucesso.

2.1 Acordo das partes

A estrutura do grupo é determinada pelo padrão das relações internas do grupo e sua organização ou estrutura. Demonstra como as pessoas e seus papéis podem estabelecer essas relações em um nível formal e informal.

Zimerman disse:

Uma recomendação importante da estratégia de grupo é estabelecer uma estrutura e a necessidade de manter essa estrutura, vista como a soma total de todos os processos de organização, controle e habilitação das atividades do grupo, leva a um conjunto de regras, atitudes e associações como um lugar . de reuniões, horários, horários, taxas, número de participantes, etc., que forneçam contexto - uma forma de estabelecer os limites necessários sobre funções e cargos, direitos e obrigações e restrições [...] entre o que é desejável e o que é possível (1997, pág. 35).

Em geral, podemos pensar em padrões sociais como padrões ou expectativas de comportamento compartilhados por membros de um grupo que usam esses padrões para avaliar a conformidade ou o valor de sua análise, sentimentos e comportamento. Toda equipe, independentemente do tamanho, precisa estabelecer regras para funcionar de forma eficaz. Se voltarmos ao filme, a história do contrato do time fica clara quando o técnico Carter assina um contrato no qual estão definidas as regras que todos os jogadores devem seguir: ir à escola, frequentar a escola regularmente, usar uniforme regularmente. . A violação dessas regras resultará em suspensão.

As normas sociais facilitam a vida dos membros do grupo. Eles não são realmente óbvios, mas são compartilhados, conhecidos e seguidos pelos membros da equipe. Normalmente, quem não aceita as regras é separado dos demais participantes da equipe... Outro exemplo de problema contratual da equipe pode ser visto quando o personagem de Cruz, ao discordar das diretrizes estabelecidas pelo técnico, saiu eles para fora e vai embora. grupo. Neste artigo, o treinador deu um forte posto moral, colocou condições para quem queria permanecer na equipa e estabeleceu novas regras onde todos os jogadores devem aceitar a decisão da equipa.

2.2 coesão

Para Cartwright e Zander (1967, p. 90), “a coesão do grupo é o resultado de todas as forças exercidas sobre os membros para permanecerem no grupo”. Portanto, a coesão é um conceito que se refere à qualidade de um grupo e inclui o orgulho de um indivíduo por seus membros, comprometimento, camaradagem e capacidade de superar problemas e dificuldades.Sobrevivência a longo prazo.

De acordo com Cartwright e Zander, a coesão é a chave para criar uma equipe "saudável". Faz com que os membros trabalhem duro, dispostos a fazer muitos sacrifícios pelo bem do grupo, celebrar as boas qualidades, sentir-se mais felizes juntos, estimular a comunicação regular e buscar a "comunicação". traduzir" com maior comprometimento. Ainda pode-se dizer que um grupo coletivo pode ser considerado como um só quando todos os seus membros trabalham juntos para atingir o mesmo objetivo, quando estão prontos para assumir a responsabilidade pelo trabalho coletivo (CARTWRIGHT; ZANDER). , 1967, p. 84) .

Os autores também mostram que a disposição de um grupo para suportar a dor ou desapontamento e protegê-lo de críticas e ataques externos também são indicadores de maior ou menor coesão do grupo. No filme, a solidariedade fica evidente no momento em que os alunos se recusam a jogar as correntes na porta fechada do ginásio de Carter, que são cortadas sem sua permissão. Mas ao entrar no ginásio, o treinador se surpreendeu quando os alunos ao invés de treinar aprenderam em campo. Foi um momento para toda a equipa ver o quanto o treinador se preocupava com eles e o quanto a sua atitude era do interesse dos jogadores.

Em caso de conflito entre os jogadores e a comunidade local, é necessário que eles façam seu trabalho e mudem seu estilo de acordo com as aulas. Descobrimos que o bom comportamento do treinador acabou afetando o desempenho do aluno e do professor e resultou em crescimento. Outro momento-chave do filme que promove a união é quando um dos jogadores (Cruz) não consegue fazer o número de exercícios exigidos (flexões e levantamento de peso), e seus companheiros se propõem a fazer o número necessário de exercícios. , expressando assim o espírito. cooperação, grupo e cooperação.

Por décadas, as pessoas acreditaram na imagem de um líder nato que possui as seguintes características: intelecto, criatividade, persistência, confiança e conexão social. É verdade que muitas dessas características ajudam uma pessoa a desenvolver habilidades de liderança, mas não se pode dizer que uma pessoa se tornará um líder quando exibir essas características. É importante que esses e outros aspectos estejam alinhados com os objetivos perseguidos pela equipe. Neste filme, o treinador e líder Carter ama as pessoas e acredita que todos podem jogar com seus pontos fortes, incentivando a autoconsciência e desafiando seus jogadores a atingirem seus objetivos, limites de corpo, mente e alma. Sua comunicação é clara e significativa, sua atitude é totalmente transparente, não tem medo de ofender, mudar, perder seus atletas. Em um papel de liderança, o coach trabalha por meio do processo de feedback inteligente, "o que você faz bem... o que você não faz e como pode fazer".

Segundo Moscovici (2002, p. 129), a base conceitual mais moderna das teorias situacionais é chamada de metas de liderança. Esta teoria utiliza o modelo de expectativas da teoria do processo motivacional, no triângulo liderança, motivação e poder, que são os fatores compostos de mudanças na liderança e, portanto, a necessidade do grupo.

Vamos nos concentrar na liderança atual. Segundo Moscovici (2002, p. 129), os aspectos contextuais da situação passaram a ser percebidos com igual importância, ou talvez até maior, do que os aspectos individuais e individuais dos modelos, características e grupos. Para Fela Moscovici (2002, p. 131), a linha de meta busca explicar o comportamento do líder em termos de motivação, satisfação e desempenho dos membros da equipe, ou seja, a orientação conceitual dos esforços do líder para tornar o caminho até a meta um bom caminho. 1. melhor para os líderes.

De acordo com essa teoria, outros estilos de liderança são identificados, vendo essa mudança como uma parte importante da construção da equipe. Diretivo ou autocrático quando os líderes aceitam ordens sem modificação; Esse estilo de liderança pode ser visto porque Carter se mantém firme em suas regras e normas. Tranque a quadra e te encontro na biblioteca. O comportamento profissional atual é o de um líder autoritário que decide e não permite que sua equipe contribua por meio de outras estratégias, o que ainda serve para fortalecer uma posição de liderança estabelecida. Acreditamos que esse estilo de gestão funciona perfeitamente porque a equipe precisa de limites. O estilo autoritário, em nossa opinião, refere-se ao poder coercitivo.

Além disso, segundo Moscovici (2002, p. 136), o poder coercitivo inclui a capacidade de usar sanções ou ameaças de punição, muitas vezes associadas ao poder legal. Ameaças de retirar afeto, reconhecer ou considerar, escrutinar, remover, reduzir a atenção e a comunicação são exemplos de poder coercitivo nas relações humanas. Na questão em questão, percebe-se que o especialista é obrigado a ter uma direção independente, há uma ditadura em que as regras são ditadas, pois só assim se consegue o controle das condições hostis do grupo necessário. isto. limitações.

Liderança de apoio quando há amizade do líder e preocupação com os subordinados; Um excelente exemplo de liderança solidária pode ser visto na cena em que o jogador Cruz, após a morte de seu primo, procurou um técnico no meio da noite onde morava e foi apoiado mentalmente. Liderança participativa quando o líder consulta os subordinados, mesmo sendo ele o tomador de decisão; Podemos ver a cena que nos lembra desse estilo de liderança quando o treinador encontra os atletas na biblioteca e eles buscam a melhor maneira de atingir seus objetivos que estão aprendendo a competir.

Liderança orientada para o sucesso, onde o líder demonstra confiança nas habilidades dos liderados. Numa situação em que existe a possibilidade do time perder a competição, o técnico vai pressionar os jogadores para deixar claro em seu discurso a importância de cada um, tratando assim os jogadores como vencedores, o melhor homem. Essa atitude faz com que toda a equipe se una e faça de tudo para vencer o jogo, apesar das dificuldades que enfrenta. Assim, em diferentes situações, o grupo e o líder influenciam-se mutuamente; porque a liderança inclui o líder, o grupo e a situação. Um verdadeiro líder é aquele que muda as pessoas e o ambiente em que vive. Por isso você tem que querer se conhecer e conhecer as pessoas com quem você se relaciona para ajudá-las a crescer e se destacar e saber lidar com isso. Quando as pessoas encontram seu caminho e sabem que para obter resultados melhores (mais intelectuais) precisam de outras pessoas, um líder pode construir uma equipe de verdade. Vemos essa situação claramente na cena em que Carter pergunta a Cruz sobre seus medos. Depois de um tempo, Cruz encontrou a resposta para esta pergunta - Qual é o seu maior medo? Temos medo de nossa luz. Nosso maior medo não é não sermos suficientes. Nosso maior medo é termos poder ilimitado, nossa luz e não a escuridão que nos amedronta. Ser pequeno não torna o mundo maior. Não há nada de extremo em ser pequeno, para que os outros não se sintam inseguros perto de nós. Estamos todos destinados a brilhar, assim como as crianças. Não apenas alguns de nós, mas todos nós. E quando liberamos nossa maravilhosa luz interior, involuntariamente permitimos que outros façam o mesmo. E quando liberamos nosso medo, nossa presença libera automaticamente o medo dos outros. (Nelson Mandela, em seu primeiro discurso como presidente da África do Sul.

Fela Moscovici (2002, p. 126) aponta que existe uma diferença entre "líder" e "líder". Um líder é uma pessoa em um grupo atribuído, formal ou informalmente, o papel de dirigir e coordenar as atividades relacionadas ao trabalho. "Estilo de liderança" é a forma como uma pessoa, quando em posição de liderança, influencia os outros membros da equipe. Podemos registrar os "estilos de liderança" de Fela (2002, p. 126), em que "a pesquisa sobre liderança enfoca o relacionamento e o comportamento entre líderes e subordinados, entre influenciadores e pessoas. os afetados.” O poder inclui a capacidade de uma pessoa fazer com que outra pessoa ou grupo aja da maneira que a primeira pessoa deseja, o que causa uma mudança de comportamento, ou seja, uma pessoa que tem o poder atribuído mudará o comportamento dos outros, influenciando-os pelo exemplo. . Nesse sentido, são os iniciadores que fazem valer o poder no iniciador, por meio do processo visto como resultado de muitos fatores pensantes e emocionais. tarefa legítima de gerir um grupo. líder que influenciou e geriu atletas pelo seu exemplo de vida e determinação, com o reconhecido direito de exigir certos hábitos e comportamentos que estabeleceu para alcançar resultados. A tarefa do líder é dar direção, mostrar que é possível e acompanhar o grupo nesse processo, caso contrário, o poder do líder O líder começa a declinar e os subordinados não o seguem. É raro um líder investir o poder que lhe é dado com uma atitude que faz com que as pessoas o sigam automaticamente com base apenas em sua influência pessoal.

Percebemos que isso acontece onde Carter fala sobre sua vida, que vem da mesma comunidade e supera os mesmos obstáculos que os jogadores. O modelo apresentado sugere que diferentes estilos podem ser utilizados pelo mesmo líder em diferentes situações. A eficácia de um estilo de liderança, autoritário ou participativo, depende de muitos fatores contextuais, incluindo a natureza do trabalho, a estrutura de recompensa e o ambiente da organização, habilidades, personalidade e expectativas.líder e membros do grupo. Situações e grupos influenciam os estilos de liderança, sendo um incentivado em detrimento do outro. O líder precisa de alguma flexibilidade para usar diferentes estilos sem chegar a contradições extremas, da mesma forma que responde às expectativas de diferentes papéis sociais, age com comportamentos mais ou menos adequados devido à sua versatilidade, motivação e experiência. “Comportamo-nos diferentemente de acordo com papéis e situações, sem perder a unidade interna ou ser 'nós mesmos' (MOSCOVICI, 2002, p. 131). Uma teoria abrangente da liderança real. inclusão de líder, grupo e situação ou contexto (idem, p. .132).

Considerações finais

A análise trouxe uma série de considerações, mas o aspecto que mais nos chamou a atenção foi a influência do treinador Carter na equipe, que exerceu muita influência no desempenho e na estrutura da equipe, gerando mudanças na vida dos jogadores /alunos. Podemos imaginar que as mudanças vindas do grupo também geram mudanças nas escolas, nos bairros e nas cidades, para superar o racismo e a violência. Olhando para essas opiniões, pensamos que o estilo de liderança utilizado pelo especialista, indo além dos diferentes estilos de liderança, representa os pontos fortes do líder e a motivação gerada pela liderança, mudança da realidade até aquele momento. A liderança feita dessa forma, usando o estilo certo todas as vezes que a equipe passou por ela, ajudou a formar novos líderes, como vemos no filme.

Análise | A Excêntrica Família de Antônia


Análise psicológica do filme “A Excêntrica Família de Antônia”, fazendo uma relação teórica com os seguintes autores – Perls, Rogers, Jung, Reich, Adler, Maslow, Horney e Fromm. 

"O tempo não cura uma ferida, mas embota a dor e embota a memória." A verdade é que o tempo não perdoa nada nem ninguém. E perceber seus efeitos pode ser bem triste. Nada escapa dele, embora todos vivam suas vidas sem perceber. É assim que A Excêntrica Família de Antonia, filme dirigido por Marleen Gorris, conta a história de quatro gerações da família dessa mulher generosa, moderna e meiga que viveu a vida de forma tão simples e amorosa que quando chegou a hora de partir , ela simplesmente reuniu a família, se despediu, fechou os olhos e morreu...

O título condiz com a história do filme, é uma família realmente excêntrica aos padrões de sua época, segundo Erich Fromm, as pessoas encontram as raízes mais satisfatórias e saudáveis em um sentimento de afinidade com os outros. E que buscamos ter um senso de identidade pessoal, sendo indivíduos únicos, mas, quando não se consegue alcançar a meta por meio do esforço individual, podemos obter o objeto desejado com outra pessoa ou através do grupo. É o que iremos verificar no decorrer da história, onde cada um tem sua singularidade, mas se completam. É um filme cujo foco é o questionamento de conceitos e comportamentos ultrapassados que foram estagnados socialmente. Fromm relata que quando se faz exigências à sua natureza, a sociedade deforma e frustra os seres humanos, aliena-os em sua situação negando-lhes o cumprimento das condições da existência.

A história tem início com a volta de Antônia ao vilarejo que morava, logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, Antônia, viúva, retorna à sua terra natal, após vinte anos, com sua filha Daniele. Seu retorno foi para acompanhar os últimos momentos de vida da sua mãe. Antônia e Daniele se instalam na antiga casa da família. Com a morte da mãe de Antônia, elas assumem as terras, passando a cuidar do arado e plantações da fazenda. Antônia se apresenta como alguém a frente de seu tempo e desenvolve relações um tanto fora dos padrões do vilarejo. Apoia sua filha em uma gravidez independente e também em sua homossexualidade. Sempre age de forma a derrubar a influência do pensamento religioso da vila. Acolhe uma vizinha que foi estuprada pelo irmão mais velho, um “deficiente mental” que é maltratado por um fazendeiro carrasco, um ex-padre que não suporta a pressão da doutrina religiosa e uma mãe solteira com suas crianças.

É possível verificar que a família de Antônia vai se compondo como um grupo aberto de pessoas excluídas por suas vivências, limitações psicológicas, cognitivas e pela maneira de pensar contrária aos moradores daquele lugar e da sua época. O filme permite analisar vários aspectos da psicologia, como a construção de estereótipos, os valores culturais, a comunidade e as relações estabelecidas por ela, a diversidade e sujeitos com necessidades especiais, a relação do sujeito na construção de sua personalidade e etc. O filme expõe ainda questões filosóficas pertinentes ao tempo e à proximidade da morte, abordando também valores ético e morais, como a moral religiosa que é fortemente conservadora e preconceituosa. A Igreja, aliás, o padre na imagem da Igreja ditava para todos o que era o bem, o mal e a felicidade e consequentemente estipulava as normas de como as pessoas deviam agir. A família de Antônia caracteriza-se principalmente pelas ações que representam a ruptura com formas tradicionais em alguma instância social, familiar, sexual e religiosa, essa ruptura expressa à realização da ação livre de cada sujeito.

Segundo Horney, as pessoas internalizam estereótipos culturais negativos na forma de ansiedade básica e de conflitos internos, de tal maneira que o indivíduo com o problema emocional é “um enteado da nossa cultura”, ou seja, não se enquadram nas regras e “padrões” regidos pelo vilarejo. E estes personagens rotulados podem ser facilmente encontrados como a Madonna uivante, Dedo torto, o protestante, o doido. Ao tratarmos de Dedo Torto, como também de Boca Mole, e outros personagens, nos vem em questão os estereótipos e sua influência na construção da avaliação psicológica de cada um. É possível que pensemos quanto diferentes eles seriam, caso não fossem marcados por estes nomes, que de alguma forma os excluíam da sociedade. E Antônia os acolhe, e eles passam a ser respeitado cada um dentro de suas diferenças.

Para Jung, arquétipos são estruturas do inconsciente coletivo, que podem ter várias “formas” e que servem para organizar ou canalizar o material genético. No filme, o arquétipo de “sábio” pode ser observado com o personagem “Dedo torto” e o de “mãe/cuidador” em Antônia. A mesma também demonstrava uma ânima e ânimus muito fortes, assim como sua filha, que era uma artista; além disso, o processo de individuação é presente em todos os membros pertencentes àquela família. Uma cena que chama a atenção para esse processo de individuação é a que Danielle disse que queria ter um filho, mas sem casar. E outra cena foi quando a mesma percebeu que era homossexual e que estava apaixonada pela professora da sua filha. Pode-se compreender a partir dessas cenas, e com o estudo da teoria de Jung, que a personagem Danielle tem a questão de individuação bem definida, ou seja, tornar-se a si mesma, aceitou ser como ela realmente é. Antônia, Danielle e Sarah são bem intuitivas e sentimentais, enquanto que Therese era bem mais racional e sensitiva (sensorial). A questão de “personas” também está presente no filme, Antônia mostrava ser uma pessoa muito determinada e atualizada para sua época e assumia vários papéis na sua família: de provedora, de cuidadora, de amiga, mãe, avó, etc.

À luz da teoria de Adler, que em seus estudos trazia a questão da importância do individuo estar bem em três pontos da vida; no amor, amizade e trabalho, e que isso é uma das tarefas mais difíceis que o sujeito se depara. No filme, fica evidente que é válido o amor puro e de todas as formas, não apenas na relação heterossexual ou homossexual, mas contando com tudo: dedicação, companheirismo, afeto e união. Pontos esses que servem para fortificar uma amizade e uma relação de casal; isso foi muito importante, servindo como base dessa família de Antônia. No filme também é notável como a cultura machista levava os homens a se sentirem superiores frente às mulheres daquele vilarejo, demonstrando um complexo de superioridade por parte do pai e irmão mais velho de Dedee, e um complexo de inferioridade por parte da mesma e de sua mãe. Segundo Adler os seres humanos são motivados primariamente por impulsos sociais e que o estilo de vida explica a singularidade de cada pessoa, podemos analisa Antônia como uma pessoa que buscava a superioridade através da busca social, já que a mesma sempre estava preocupada com os problemas sociais dos outros, na cidade em que moravam todos fechavam os olhos para os problemas que aconteciam para não se envolverem, enquanto Antônia abrigava em sua casa aqueles que necessitavam de ajuda, foi assim quando aceitou Dedee em sua casa, logo depois que Danielle descobriu que ela era abusada sexualmente por seu irmão Pitte. Antônia também recebeu em sua casa Letta com seus dois filhos que não tinha para onde ir, aceitou o padre que abandonou a batina, todos aqueles que eram rejeitados pela a sociedade por não seguirem seus padrões, Antônia recebia e acolhia em sua casa formando assim uma grande e excêntrica família. Antônia procurava sua superioridade através do interesse social que tinha pelas pessoas.


Enquanto muitos na cidade achavam que Antônia era uma louca, na verdade ela era a mais normal e preocupada com o próximo e com causas superiores, um exemplo disto é o relato dela de quando estava acontecendo à guerra, Antônia e seu marido escondem em sua casa uma família do exercito narzista. Enquanto muitos abusavam e desrespeitavam boca mole, porque ele tinha problemas cognitivos, certo retardo mental, Antônia o respeitava com todo direito que ele tinha como qualquer outra pessoa, isso fica bem claro na cena em que boca mole está passando pela estrada com seu patrão e uma criança acaba abusando dele e então Antônia pega a criança e a deixa pendurada numa arvore, naquele mesmo momento boca mole da meia volta e a segue, pois ele ali percebe que ficar com Antônia vai ser a melhor escolha pra ele.

Com base na teoria de Reich, percebemos dois personagens que fica clara suas posturas com relação à couraça e a perda da mesma. Dedee é uma jovem que acaba criando uma couraça, uma proteção psíquica, tornando-se uma jovem reprimida, sem opinião própria e isto é visto na cena do bar onde o pai a exibe de maneira grosseira para os homens que ali estão, e o seu irmão Pitte aperta seus seios para mostrar que ela está apta para o casamento, outra cena é quando Danielle passa em frente da fazenda da família de Dedee, e percebe que as mulheres da família são reprimidas, na própria narrativa do filme mostra que as mulheres daquela família não tem voz, segundo a teoria de Reich pode supor que esse comportamento de Dedee é consequência dos abusos sexuais sofridos por ela, onde o seu abusador é o seu próprio irmão Pitte, e esses abusos criam nela repressão sexual em seu comportamento, pois a repressão não acontece só no psíquico, mas também em nosso corpo e comportamentos, Dedee quando vai morar com Antônia, se mostra totalmente diferente, não deixando de ser tímida, reprimida, mas mostrando que é feliz e superando o abuso sofrido, sabendo conviver com isso, Dedee se casa com boca mole, com quem tem um filho. E o outro personagem é Bas, viúvo e com muitos filhos, apresentava-se em sua maneira de vestir-se sempre de terno, muito formal, encontrava dificuldades no relacionamento com a comunidade por não ser natural do vilarejo. Pode se dizer que sua maneira de se vestir era uma forma de defesa era a sua couraça. Conhece Antônia e passados algum tempo ao se envolverem a princípio como o espírito de troca de favores, mas passam a se relacionar também afetiva e sexualmente, logo após este envolvimento fica nítida a quebra da couraça através da nova forma que Bas passa a se vestir.

Vemos também no filme o fato da incongruência tanto no padre que prega que a prática sexual fora do casamento é pecado e em um sermão na igreja acusa Danielle de pecadora junto com Antônia, onde o próprio Padre tem a prática sexual escondido dos seus fiéis, onde vemos como ele pode condenar outros quando ele mesmo também está condenado. Também há incongruência do padre na questão que ele se mostra infeliz usando a batina, quando isso deveria ser motivo de felicidade, já que era parte da sua motivação como sacerdote. Ele vem ficar feliz e livre quando abandona a batina. Outra cena em que vemos a incongruência é no protestante com a Madonna, onde ele mostra para as pessoas que não suporta ela com seus uivos para a lua, quando na verdade é apaixonado por ela, e quando a Madonna morre vemos isso na cena em que ela morta está nos braços dele e ele está uivando para a lua, e logo depois de sua morte ele também morre, onde os dois acabam dividindo a mesmo tumulo.

Ainda dentro da teoria de Reich podemos notar que com o acolhimento que Antônia realizou em sua casa a todos, cada um com sua subjetividade, seja na homossexualidade sua filha Daniele, um ex-padre que não aceitava a opressão vivida e pregada na Igreja, uma mãe solteira, um viúvo com seus filhos, uma garota que sofreu abusos sexuais de seu irmão mais velho e tanto outro. Fica nítido que as couraças foram dissolvidas e tinham um grande prazer genital o que significa que tudo o que faziam e realizavam era com prazer, seja no trabalho comunitário, nas artes, na música, na forma de se relacionar nas reuniões realizados no quintal, ou seja, tinham prazer em estar jutos. Ainda nesta ideia pode-se notar que a teoria de Adler também se encaixa quando ele fala do “sendo de solidariedade humana... senso de fraternidade na comunidade” e fica clara a relação da comunidade cooperativa baseada no amor.


Perls, a escola gestáltica fala de estímulos e percepções e das diferentes formas de se perceber a figura e o fundo, em que o organismo seleciona o que é do seu interesse para o momento, ou seja, a percepção do que é figura e do que é fundo modifica-se de acordo com as necessidades e interesses dominantes. Identificamos no personagem Boa Mole estes interesses e necessidades. A figura seria o seu chefe fazendeiro e carrasco e o fundo tudo o que se passava ao redor, maus tratos dos garotos a passagem de Antônia com seu cavalo do seu lado, mas logo a figura muda e passa a ser o fundo que acontece no momento que está sendo maltratado pelos garotos e Antônia volta para defendê-lo, então ele seleciona seu interesse e modifica a figura para fundo que se dá no momento em que ele deixa seu chefe e acompanha Antônia. Segundo a teoria de Perls na perspectiva da Gestalt-Terapia, pode-se perceber a necessidade de completar o Ciclo Homeostático a partir da atitude de Antônia e sua filha em retornar à sua cidade natal, para atender as necessidades daquele determinado momento de suas vidas, associando a Auto-Regulação Organísmica, na qual as mesmas sabiam lidar com as situações no seu tempo, respeitando seus limites, onde diante de um mesmo cenário, cada uma tinha sua figura, seguindo em busca de seus próprios objetivos, vivendo, sobretudo o “Aqui e Agora”. Nesse caso, identifica-se a maneira intensa com que Antônia e Danielle queriam viver cada dia de suas vidas em seu tempo presente, sem se prenderem a questões passadas - muitas vezes impostas na comunidade pelas normas, histórias e modos de vidas tradicionais passadas de geração a geração - e nem as coisas do porvir, podendo assim suprir e identificar com mais clareza suas reais necessidades entrado em contato com seu próprio “eu”. Por exemplo, quando Danielle sente desejo de ser artista ou quando quis ser mãe solteira.

Já partir da abordagem de Carl Rogers, o filme apresenta a valorização da história centrada na pessoa, pois todos os personagens receberam um olhar individual diante da sua situação, ode cada um deles procurou condições facilitadoras no sentido de manter suas sobrevivências que representam, por sua vez, a tendência Auto – Atualizante para auxiliar no processo de crescimento de vida. Evidencia-se no filme o conceito de Congruência proporcionado e vivenciado no espaço familiar de Antônia, onde todo entorno favorecia a todos os que nele viviam uma sintonia entre os sentimentos, pensamentos e ações. Também se percebe que todos da família excêntrica têm seu “self” condizente ao “self ideal” em seu campo de experiência. Em oposição a estes conceitos, é clara a Incongruência pelas imposições de valores religiosos, nas normas e nos costumes vividos muito fortemente pelos habitantes da vila que impediam das pessoas terem consciência de si mesmas, exemplo disso é um dos padres que tanto criticava Antônia e foi flagrado “pecando”.

A imagem da natureza humana de Maslow é otimista, crê na escolha consciente, na singularidade, na bondade inata e na capacidade do ser humano de superar experiências de infância. Tendo como objetivo a auto atualização, como um modo de vida, uma forma de relacionar-se com o mundo. As pessoas auto atualizadoras, tem características como: aceitação de si e dos outros, autonomia, independência à cultura e ao meio, relações interpessoais mais profundas e intensas, estrutura de caráter democrático e resistência a pressões sociais, transcendendo a sua cultura. Antônia relaciona todas essas características citadas, pois mesmo com uma mãe repressora e crítica e sendo viúva, retornou a cidade natal para a morte da mãe, sabendo que não era aceita naquela comunidade. Decidiu ali permanecer, se relacionando com os marginalizados daquela sociedade, como dedo torto, Dedee e Boca Mole. Enquanto muitos abusavam e desrespeitavam boca mole, porque ele tinha certo retardo mental, Antônia o respeitava, isso fica bem claro na cena em que boca mole está passando pela estrada com seu patrão e uma criança acaba abusando dele, ela pega a criança e a deixa pendurada numa árvore, naquele momento, boca mole dá meia voltar e segue Antônia pois, percebe que ficar com ela será a melhor escolha pra ele.

Em volta dela se forma uma família diferente, pois os que não encontravam respaldo naquela sociedade sentiam-se acolhidos naquela família. Ela estabelece um relacionamento de amizade e anos depois um relacionamento sexual com o fazendeiro Bas, mas nunca aceitou o seu pedido de casamento, apoia a maternidade independente e a homossexualidade de Danielle. Faz uso de chantagem com o padre e contém a sua ira com estuprador da sua neta.

Todos esses relatos mostram que a personalidade de Antônia e aqueles a sua volta foram afetados pela sua forma de ver a vida. Se tornando conscientes de si mesmo, fazendo de cada escolha uma opção para o crescimento. Sendo de morte, de tragédia ou de vida, a mensagem é de que devia continuar caminhando. A cena que mostra os diversos casais do filme, fazendo sexo poderia ser uma forma de retratar a busca de cada um, a sua auto realização, sendo o ato sexual, um simbolismo disto.

Segundo Maslow temos uma hierarquia de cinco necessidades inatas que ativam e direcionam o nosso comportamento: fisiológicas, segurança, afiliação, estima e auto atualização. Os comportamentos para a satisfação dessas necessidades são aprendidos e variam de pessoa para pessoa, mas no núcleo de Antônia eles foram estimulados e aprendidos, mostrando que as suas necessidades mais básicas foram sendo supridas, os levando a busca da auto atualização. O padre que largou a batina, Letta que teve vários filhos, o nascimento de Sara, a morte de Antônia, a continuidade da família.

Concluímos verificando o quão se fazem necessárias as discussões e a reflexão a respeito de vários questionamentos evidenciados em todo o roteiro do filme e dos teóricos, o papel da ética, da moral, da inclusão, da exclusão, estereótipos, a liberdade, para que possamos superar as concepções engessadas e excludentes. Para tal necessidade, a arte, educação e trabalho se apresentam como formas possíveis para que seja promovido o ideal de ascensão dos grupos desfavorecidos. É preciso que novos padrões éticos sejam promovidos por todos, seja em quaisquer instâncias, familiar, religiosa, econômica, política, na busca de uma sociedade mais justa e menos excludente. Podemos observar que, ao longo da história as experiências de segregação não resultam em nada benéfico para a comunidade ao contrário, só atrasaram seu desenvolvimento. Uma das demandas de alguém comprometido com a complexibilidade atual é a de ter a responsabilidade de “desfazer a escuridão”, respeitando as diversidades, mas aspirando à realização da igualdade, buscando instrumentos para guia-los por um caminho que possibilite a realização das potencialidades humanas e do ideal de uma sociedade mais justa e igualitária. E isso, podemos verificar claramente na pessoa Antônia. A matriarca com sua livre, aberta para viver e vivenciar com o seus. Onde quebra padrões e rompe barreiras de preconceitos acolhendo a todos com suas diferenças.

Referências

A Excêntrica Família de Antônia – www. youtube.com/watch?v=rTT5fYmtFLs
Calvin S. Hall, Gardner Lindzey, John B.Campbell Teorias da personalidade - 4 ed - Artmed, 2000.
Fadman, J.L. & Froger, R. (1986). Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra.

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