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[#LeiaNacional] Entrevista com Fabio Santiago, autor de ❝Versos magros❞


Nascido em Maceió, reside em Curitiba, é formado em Comunicação Social – Publicidade/Propaganda. É jornalista e atuou até 2015. Concorreu em 1997 a uma Bolsa Vitae, para jovens estudantes, por indicação do escritor, Valêncio Xavier. Criador do blog “Acre Infuso”, em 2004. Recebeu, em 2005, uma menção honrosa do, “Quepe do Comodoro”, premiação do diretor de cinema, Carlos Recheinbach. Em 2018, teve o poema, “Flores e Sombras na Dobra do Tempo”, publicado em uma Antologia Poética da Editora Chiado. Publicou o e-book, “Mar de Sombras”, em 2019, pela Amazon. Em 2020, estreou com o livro, “Intramuros”, pela Editora Penalux. Iniciou em 2021 uma coluna de Crônicas no site da Kotter Editorial. Neste mesmo ano, publicou o livro, “Versos Magros”, também pela Kotter Editorial. Em 2022, publica pela Editora OIA, “Cantos Temporais”, e a versão física do e-book, “Mar de Sombras”.


1. Primeiramente, fale-nos um pouco sobre você.

R:  Sou, Fabio Santiago, nascido em Maceió, resido em Curitiba, formado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, Jornalista, poeta e escritor. Autor de quatro livros de poesia: Intramuros (Editora Penalux), Versos Magros (Kotter Editorial), Mar de Sombras (Editora OIA) e Cantos Temporais (Editora OIA). Possuo uma coluna de crônicas no site da Kotter Editorial.

Atualmente me dedico a reescrita do meu romance de estreia.

Em 1997 concorri a uma Bolsa Vitae para jovens estudantes, indicado pelo escritor, Valencio Xavier. Criei em 2004, o blog roteiro poético, “Acre Infuso”, que recebeu em 2005, uma menção honrosa do, “Quepe do Comodoro”, premiação do diretor de cinema, Carlos Recheinbach.

Alguns de meus poemas estão postados em revistas online e portais de poesia.


2. Há quanto tempo você escreve, como começou?

 R: Comecei a ter contato com a literatura desde menino, como um leitor curioso e iniciante. Encontrei na casa dos meus pais minhas primeiras leituras ou tentativas, nos livros de Augusto dos Anjos, Camões, Dante Alighieri...Quando li, Uma Temporada no Inferno, do Rimbaud, a poesia tomou conta de minha vida. Comecei a escrever poemas.

Antes disso, na meninice, escrevi umas histórias juvenis, bem fracas.

A escrita, assim como a leitura, são minhas companheiras de vida, sempre foram meu refúgio, um bom lugar para estar.

Criei em 2004, o blog roteiro “Acre Infuso”, que recebeu uma menção honrosa do Reduto do Comodoro, do cineasta, Carlos Reichenbach.

Após o inusitado encontro na porta do estúdio da emissora em que eu trabalhava, perguntei ao escritor e crítico literário, José Castello, se ele poderia ler meus poemas, todos inéditos. A partir dali a poesia foi o elo para uma amizade que dura até hoje.

O mestre Castello, foi leitor solitário de meus poemas e grande incentivador para que eu publicasse. Em 2019, coloquei um e-book na Amazon, em 2020 o meu livro de estreia foi lançado, “Intramuros”, com apresentação do mestre, Marcelino Freire.

3. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

R: Desde de muito jovem trago o hábito de fazer anotações das ideias, frases, palavras que surgem. Primeiramente utilizava cadernos e pedaços de papel, depois agendas e hoje em dia faço anotações no celular. Às vezes surgem poemas, frases, inícios de crônicas. Penso que estas ideias que surgem não podem ser desperdiçadas. Muito poemas surgiram a partir destes rascunhos, rabiscos.

Escrever é reescrever! Há muito trabalho na escrita!

O texto precisa descansar após a primeira versão. Quando revisitado, ele pode sofrer modificações, ser excluído ou tomar uma outra forma, ritmo, pulsação...É desta forma que eu aprendi a escrever, este processo surgiu já nas primeiras conversas com o mestre, José Castello, em 2005.

É necessário escavar a folha em branco até encontrar o texto ou verso que se esconde na neblina.

Trabalho as palavras tentando morar no estado da palavra, este determina o espaço tempo de um verso.

O processo da escrita é o que mais me interessa.

Poesia para mim, é lambuzar-se do impossível!  A minha poesia é o arrebol luzeiro, a mangaba celestial, o versovício.

Certa vez escrevi, “A poesia ainda irá cuidar de mim. Colocar-me em seus braços Vertiginosos.”

4. Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?

R: Penso que tudo que lemos, ouvimos, assistimos...de algum modo, são parte de nossa formação como escritor. Acredito que na poesia fui muito desassossegado por: Rimbaud, Bandeira, Vinicius de Moraes, Drummond, Torquato Neto, Álvaro de Campos, Bukowski, Mário de Andrade, Hilda Hilst, Baudelaire, Carlos Pena Filho, Ginsberg, Maiakóvski, Leminski, Gullar, toda a geração mimeógrafo...

Na prosa: Machado, Fante, Kerouac, Conrad, Kafka, Hesse, João Ubaldo, Guimarães Rosa, Dostoiévski, Clarice, Beckett, Calvino, Caio Fernando Abreu...

O cinema também tem um grande impacto em minha formação: Glauber Rocha, Woody Allen, Jean Luc Godard, Alain Resnais, Federico Fellini, Eustache, Bob Fosse, Hitchcocki, Sganzerla, Carlos Reichenbach, Jabor...

Não posso deixar de citar os autores contemporâneos que tanto fazem a minha cabeça: José Castello, Marcelino Freire, Xico Sá, Mário Bortolotto, Paulo Scott, Morgana Kretzmann, Fausto Fawcett, Lourenço Mutarelli, Raimundo Carrero, Fabiano Calixto, Jovina Benigno...

 

5. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

R: Talvez, o meu livro de estreia, Intramuros, tenha sido o trabalho mais desafiador, que de certa forma deu a minha voz uma forma e caminhar.

Ao bordar os versos, busquei a aventura por novos caminhos e outros compassos.

Os meus versos moram na caatinga de um “estadopoesia”, este denomino de Arrebol Luzeiro e Mangaba Celestial.

Meus versos moram em um sertão amarelo de boca rachada.

No segundo livro, Versos Magros, este sertão sonhado é o que rege o livro.

O terceiro livro, Mar de Sombras, era para ter sido o meu livro de estreia, ele carrega a poesia que veio em direção desta minha voz.

O quarto livro, Cantos Temporais, transita entre as vozes que carrego em minha poesia.

Escrevo para o impossível, para o sonhadores, para os que não foram chamados para a festa, para os perdedores, os sacaneados, os caluniados, os que andam a margem ou na contramão.


6.Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

R: O início de um livro, principalmente em uma narrativa, talvez seja a parte mais difícil. Aquela largada precisa pegar nas primeiras linhas. Em poesia posso dizer que os primeiros versos, no meu caso, tem que desassossegar.

Escrever um livro é trabalho, quando você vai para a folha de papel, máquina, computador, tela...tudo que você imaginou toma outra forma e às vezes direção, é necessário muito trabalho, entrega e paixão para chegar a um livro. 

O final também tem que trazer alguma inquietação ou no meu caso estranhamento, para que o livro continue ecoando na cabeça do escritor e quem sabe no leitor.


7. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?

R: O meu primeiro livro era para ser o, Mar de Sombras, no entanto, no primeiro original havia um poema chamado, Furta Cor, em que meu amigo e mestre José Castello, em sua leitura, chamou-me a atenção, dizendo que este poema trazia uma originalidade.

Diante destas palavras, trabalhei três anos neste poema, que veio a se tornar o, Intramuros, um livro de um poema só, um poema de maior fôlego. Após apresentar o original para ele, fui incentivado a publicar o livro e estrear na poesia.


8. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?

R: O tamanduá rupestre do, Intramuros, foi um personagem que me perseguiu por anos.

Tenho dois romances inéditos. Nestas narrativas, pude vivenciar a experiência de conviver com personagem em um livro de maior fôlego. Fui consumido por eles (personagens) e quando o processo de escrita terminou, surgiu o enorme vazio que eles deixam na alma.


9. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

R: Quando estou escrevendo, procuro não ler nada que possa influenciar ou contaminar a escrita. Deixo que o poema ou a narrativa me leve ao encontro da corrente sanguínea no texto.


10. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?

R: Não existe uma fórmula ou segredo. Existem versos que pedem silêncio. Existem textos que só saem com jazz ou música clássica.

Geralmente escrevo com o silêncio, é nele que encontro as vozes e as sombras.


11.  Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?

R: Eu reúno notas e anotações, muitas vezes me ajudam a criar poemas ou narrativas. Já escrevi poemas e crônicas através de uma imagem/fotografia.

Geralmente recorro as notas e anotações. Não devemos perder as ideias, por isso sempre que vem algo, anoto.

 

12. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

R: A escrita é companheira de minha existência, temos uma relação de muita intimidade. Como disse anteriormente, recorro as anotações.

Quando vou para frente do computador, se não tenho uma ideia nova, recorro as anotações e com elas trabalho. Nem sempre sai uma página ou um poema, este exercício diante da folha em branco, sempre vale a pena. Escrever para não morrer!

13. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

R: Sim, tenho a minha esposa e mais um ou dois amigos que mostro o que escrevo.

Eu escrevo o que tenho que escrever, depois de pronto, mostro para estas pessoas, nunca antes. Só quando tenho uma versão apresentável.

 

14. Qual a parte mais complicada durante a escrita?

R: Não acho que exista uma parte complicada na escrita.

É necessário dedicação e muito trabalho!

Se vou escrever um poema, preciso ter alguns versos e a partir deles o processo caminha, sempre lentamente, em busca da respiração e do corpo do poema.

Quando parto para uma narrativa, preciso de um enredo, diálogo, personagem...A partir daí as coisas vão surgindo. O meu primeiro romance (inédito) já tinha alguns personagens rascunhados, ambiente, atmosferas...Depois disso, deixei-me levar pelos personagens e a história. Neste há um fato curioso, durante um curso do mestre, Marcelino Freire, pedi para ler um fragmento e recebi dele uma devolutiva que mudou o rumo deste original, diante da grandeza do mestre, reescrevi o romance inteiro.


15.  Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

R: Depende, há dias em que consigo escrever em fluxos. Há períodos em que escrevo um pouco. Não tenho uma constância. Sigo a pulsação e o ritmo de cada escrito.

Não forço nada, às vezes trabalho diariamente. Outras vezes só escrevo quando um verso surge.

No caso da crônica, ela não dá sopa para bloqueios, preciso escrever e ponto final.

O fato curioso, é que comecei a escrever crônicas após um curso com o mestre, Xico Sá.

 

16. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?

R: As pequenas editoras abriram espaços para autores como eu, que escreve mais poesia que prosa. Ainda falta espaço de divulgação para todos, tem muita gente escrevendo.

Acabo por encontrar nas redes sociais um lugar para mostrar o trabalho e os livros.

 

17. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?

R: O meu processo de escrita é bem caótico. Escrevo poemas, durante a feitura de uma narrativa de maior fôlego. Intercalo as crônicas, ou seja, estou sempre escrevendo alguma coisa. No momento em que finalizo o original de um romance, estou em paralelo escrevendo dois originais de poesia.

Conforme as coisas vão pintando eu vou me virando.

 

18. O que motiva você a continuar escrevendo?

R: Desde jovenzinho, as leituras, os filmes, as músicas...foram o um lugar bom para eu estar.
A escrita sempre foi um remédio, refúgio, companheira...Com o tempo foi se tornando um ofício, mesmo quando não tinha nada publicado, ela já fazia parte da minha vida, sou antes de tudo um sonhador.


19.Que conselho você daria para quem está começando agora?

R: Primeiramente, leia. Sem a leitura, fica difícil acreditar que alguém consiga escrever um livro.

Siga seus instintos, encontre a sua escrita e se possível a sua voz.

“Não traia a sua escrita”, já dizia Torquato Neto, “Resista criatura.”

Persista. Lembre-se que a melhor parte é o processo. Escrever e reescrever.


20.Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

R: Eu escrevo o que tenho de escrever, o que posso e consigo. Acredito que o autor deve seguir a sua escrita, mesmo quando ninguém acredita nela. Deve fugir dos modismos ou das fórmulas.


21.  Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

R: Eu vejo muitos leitores interessados em novos autores, nos contemporâneos.

Tem muita gente lendo e ouvindo poesia, mesmo que tenha gente dizendo que não.

Penso que é necessário criar mais sujeitos leitores e isto vem sendo feito apesar de tudo que passamos nestes últimos quatro anos.


22.Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

R: Uma Temporada no Inferno, de Arthur Rimbaud. Coração nas Trevas de Joseph Conrad, A morte e a morte de Quincas Berro d´agua de Jorge Amado, Manuel Bandeira, Poesia Completa e Prosa – Volume Único.

 

23.Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro? 

R: Coragem, sorte e persistência.

 

24.O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

R: Neste ano, pretendo estrear com uma narrativa de maior fôlego, quem sabe alinhar um novo livro de poesia ou crônica.

Novos vídeos poemas e muita coisa para escrever, mesmo sem publicar.

Escrever é sempre a melhor parte.

[REENHA #498] Procure nas cinzas, de Charlie Donlea

DONLEA, Charlie. Faro Editoria. 356p, 2021.

Victoria Ford é acusada de assassinar seu amante, o famoso escritor Cameron Young. Ele será facilmente condenada, pois todas as evidências apontam para ela, não há como escapar. No entanto, o caso foi subitamente encerrado quando ele morreu no ataque às torres gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001.

Vinte anos depois, porém, novas tecnologias permitem avanços nas análises para identificar as vítimas, por meio da análise precisa do DNA das partes do corpo encontradas. E uma delas levou à confirmação de que Victoria Ford foi uma das que perderam a vida, o que teria encerrado sua história, não fosse o aguçado senso de investigação de Avery Mason.

Avery Mason rapidamente ganhou fama como apresentadora de um dos programas de maior audiência da América. Ela é uma mulher que sabe que importa, como ser humano e como profissional, por isso, quando seu contrato está prestes a ser renovado, ela não aceita um corte de salário só por isso, ela é uma apresentadora. Assim, ao saber da descoberta do DNA de outra vítima, Avery chega a Nova York determinada a investigar a história e realizar seu trabalho como repórter investigativa. Mas ele acaba recebendo mais do que esperava e colide com seu passado conturbado e secreto.

À medida que Avery se aprofunda na vida de Victoria, ele é cada vez mais forçado a reconsiderar seu caso, acreditando que a polícia na época não estava prestando atenção suficiente. Mas como provar a inocência de alguém que morreu há 20 anos e desapareceu sob as cinzas de um atentado terrorista?


Charlie Donlea é um daqueles autores que, ao anunciar uma nova obra, alarma os leitores céticos. Em Busca nas Cinzas, mais uma vez consegue apresentar uma trama bem construída, com personagens cujas histórias se entrelaçam, despertando a mente e a curiosidade do leitor a cada página. .

O livro começa com uma narração lenta, o que pode ser um pouco incômodo para o leitor, pois ao mesmo tempo sentimos que a narração não vai acrescentar nada importante ao enredo que o resumo faz. Mas quando as páginas são fechadas, fica claro que a jogada é da autora: detalhar os personagens e os acontecimentos, com uma estratégia inteligente para nos deixar na dúvida e assim nos despertar para a trama. 

A trama não gira apenas em torno do mistério do assassinato de Cameron Young e da inocência de Victoria; o autor passou a incluir personagens e ligar suas histórias para criar tramas parecidas, e quem acompanha suas histórias sabe que isso é algo que nunca aconteceu com o autor, muitas vezes ele foca nos personagens participam da trama central, mas esses detalhes acrescentam novas nuances de mistério à história, acrescentando suspense ao jornalismo investigativo do protagonista. Esta também é a primeira vez que Donlea inclui a criação de amor entre os personagens em sua história.

E entre esses personagens, Avery Mason realmente se destaca. Ela é uma personagem forte e determinada e, ao criá-la, Donlea abordou a questão da valorização profissional das mulheres em um mundo dominado pelos homens. O elenco de apoio está estrategicamente posicionado, aumentando os mistérios que surgem à medida que a trama se desenrola.

E justamente quando o leitor pensa: "Uau, é mesmo?" Charlie Donlea parecia pular das últimas páginas, dizendo, eu enganei você, não foi? Pois bem, mais uma vez ele consegue surpreender, sua escrita nos envolve de uma forma que nos leva a nos perdermos em um labirinto de ideias, por meio de uma trama complicada, de forma que no final devemos surpreender.

Para quem gosta de romances com aquela fórmula básica enigmática e investigativa, mas sem a clareza que desperta a curiosidade do leitor até o fim, este romance tem a estrutura certa: combinado com emoções e descobertas poderosas e surpreendentes, com um intelecto ousado. Claro, uma olhada no Ashes garantirá que você o leu bem.

[#LeiaNacional] Entrevista com Marcos Miranda, autor de ❝Velhos Rebeldes❞

1. Primeiramente, fale-nos um pouco sobre você.

Sou o Marcos, 35 anos, casado, bacharel em Administração. Apaixonado por música, sei tocar 5 instrumentos musicais e aprendi quase tudo sozinho. Tinha o sonho de fazer sucesso na música, com uma banda que misturava os estilos New Metal e Gothic Metal. Uma das poucas coisas que prendem minha atenção, além da música, são histórias. Não importa o meio utilizado para contá-las. Mesmo assim, me identifico mais com a criação de textos. Sinto-me mais livre para ir e voltar, escrever e apagar, reescrever de novo.

 

2. Há quanto tempo você escreve, como começou?

Crio histórias e poesias desde que sei escrever. Na escola costumava ser convidado a ler meus textos para outras turmas, no entanto fazia sem levar muito à sério, sem ambições. Escrever mesmo foi com uns 16 anos.

Comecei por incentivo de uma professora de português, ela pediu para a sala criar algo parecido com a poesia “Psicologia de Um Vencido” de Augusto dos Anjos. Eu criei e ela me chamou para conversar depois da aula, disse ter notado talento em mim. Daí sugeriu que eu tentasse me aventurar pela escrita, explorar estilos... Eu segui o conselho e continuo

seguindo até hoje. Escrevi poesias e letras de música para minha banda, ganhei diversos concursos em redes sociais e agora publiquei meu primeiro livro de ficção, um thriller.

 

3. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

Observo tudo ao meu redor, tudo mesmo. Para mim o complemento da frase “Já pensou se...?” É sempre um bom começo para uma história de qualquer gênero.

 

4. Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?


Gosto de me inspirar em personagens complexos e cheios de camadas, diálogos naturais e tramas que tragam elementos fora do clichê. Para mim o gênero literário pouco importa, porque leio mais com o intuito de estudar técnicas de escrita do que por hobby.

Minhas principais referências são: a criação de personagens de “Breaking Bad” e “Better Call Saul”, a atmosfera de “Millenium, os homens que não amavam as mulheres”, “Game of Thrones” com relação aos pontos de vista, e a fluidez estranha de Chuck Palahniuk...

 

5. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

Foi meu livro Velhos Rebeldes. Finalizar uma história longa foi bem difícil. Exigiu muita disciplina e organização do tempo.

 

6. Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

Conciliar com a vida pessoal. Enquanto não se é um escritor profissional, dividir o ofício com as obrigações é bem complicado.



7. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?


Velhos Rebeldes. Na época eu já trabalhava em outro livro, uma ficção histórica que procrastinei por cerca de 12 anos. Mas num dia vi uma reportagem sobre idosos sofrendo maus-tratos em um asilo. Conclui que um fator determinante para que aquilo estivesse acontecendo, além da crueldade dos funcionários da casa de repouso, era o afastamento dos familiares. Depois ainda busquei mais reportagens sobre o assunto. Numa delas, a proprietária de um asilo comentou que os familiares costumam sumir. Só dão as caras mesmo quando são informados sobre a morte do idoso que deixaram lá. Daí aparecem só porque precisam cuidar das burocracias do enterro... Senão... Essas matérias me incentivaram a criar a história. Imaginei o “Já pensou se...?” E complementei com “... um grupo de idosos conseguisse dar um jeito de se revoltar contra aquela situação sozinhos?!” Haveriam muitos riscos para eles, dificuldades físicas e psicológicas, incertezas, perigos... Pronto! Para uma boa história não faltava mais nada.

 

8. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?

Os três protagonistas, Ivone, Agenor e Sidney, são muito especiais. Esforcei-me ao máximo para deixá-los tão complexos quanto um ser humano é: cheios de qualidades, defeitos, opiniões, preconceitos, manias... Por isso sinto como se os conhecesse na vida real.

 

9. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

Gosto do André Vianco e também dos meus amigos de editora, tem muita coisa boa surgindo por lá. Também me inspiro em Chuck Palahniuk, George R. R. Martin, Stieg Larsson, Dan Brown, Bernard Cornwell.

 

10. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?

Tiro todas as distrações do caminho antes de sentar para escrever, porque tenho sérios problemas em me concentrar. Quanto mais fora de alcance estiverem as armadilhas para a mente, melhor.

 

11. Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?

 

Sim, organizo num bloco de notas do celular. Nunca se sabe quando virá uma boa sacada para enriquecer a história, minha única certeza é de que vou esquecer. Por isso anoto tudo, por mais bobo que pareça à princípio. Pra falar a verdade, escrevi meu livro inteiro no celular. Usei o Word somente para backup e, por fim, para formatar, colocar os travessões e diagramar.

Também gosto de estudar sobre o assunto do qual estou escrevendo, ver vídeos, desenvolver opiniões, seguir influenciadores que compartilhem conteúdo relacionado...Enfim, mergulhar no universo dos temas da história.

 

12. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

 

Acho isso natural, então simplesmente deixo o texto marinar de um dia pro outro, sem peso algum. Enquanto isso vejo outras coisas, assisto filmes de outros gêneros... Paro de pensar na história empacada. Depois volto algumas páginas e leio como se a história não fosse minha. Daí pra frente as coisas fluem.

Comigo sempre dá certo.

 

13. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

Minha esposa sempre me ajuda com isso. Leio alguns trechos e ela me conta as imagens que lhe vieram à mente e as sensações que teve. Ela tem um pensamento bem rápido e logo brotam dezenas de sugestões para eu analisar.

 

14. Qual a parte mais complicada durante a escrita?

Arrumar tempo para escrever. Como sou mais produtivo de madrugada, é difícil conseguir

usar meus melhores horários sem prejudicar a vida pessoal no dia seguinte.

15. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

Um pouco todos os dias. Assim consigo manter a qualidade por estar mais atento.

 

16. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?  Acho que as coisas têm tomado um caminho de melhora para escritores nacionais. Temos mais opções de editoras, com modelos de publicação facilitada, e um movimento de apoio à autores brasileiros que tem crescido bastante. Estou otimista com tudo isso. Não que já estejamos no melhor dos mundos, mas a melhora que almejo para o mercado literário atual é apenas ver essa nova cultura se proliferar mais rápido.

 

17. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro? Eu prefiro me dedicar a um projeto por vez. Quando estou em uma história, quero utilizar

todo o meu potencial nela. Dar o máximo do meu tempo disponível, do pensamento, da criatividade e do foco.

 


18. O que motiva você a continuar escrevendo?

Eu gosto muito de escrever, é algo divertido para mim.

Além disso, tenho uma ambição bem extravagante de ver algo mudar nas pessoas que cruzam com minhas histórias, sabe? Conduzir os leitores a refletir sobre algum assunto que não pararam para pensar ainda. Tudo inserido no contexto de uma trama com todas as

características de um simples entretenimento.

Histórias têm muito poder, desde que o mundo é mundo elas são usadas para tatuar em nosso subconsciente os valores morais que carregaremos para o resto de nossas vidas.

 

19. Que conselho você daria para quem está começando agora?

As pessoas leem ficção por um motivo principal, não importa o gênero da ficção. Leitores, em geral, buscam uma história que proporcione uma forte experiência emocional. Aí vai de você escolher qual tipo de emoção quer causar. Então pense nisso, pois muda totalmente a forma como escrevemos. Pense nisso quando bater aquela sede de mostrar uma palavra requintada que acabou de aprender, ou quando tentar imitar o estilo de algum autor famoso. Lembre-se das emoções, isso é o principal.

 

20. Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

Hoje em dia você precisa ser autor e influenciador digital. Esse é o maior desafio, não basta se desenvolver na escrita. Minha impressão é de que mais vale agradar algoritmos do que leitores. Muitas vezes me pego pensando nisso. 

                                     .

 

21. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

 

Como em qualquer produto, ninguém quer ser cobaia de nada. Ninguém quer arriscar o próprio tempo e dinheiro numa aposta incerta, vejo isso com naturalidade também, sei que não é algo próprio da atualidade e nem do mercado literário em si. É assim com tudo o que se compra e vende, sempre foi assim e sempre será. Por outro lado, vejo as redes sociais como uma opção. Mais vozes podem ter a chance de ser ouvidas hoje em dia. Você pode alcançar seus leitores aos poucos, pode receber avaliações, ser comentado, ser visto... Antigamente isso era quase impossível, mas hoje vejo isso começando a acontecer.

 

22. Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

Os Homens que Não Amavam as Mulheres, Clube da Luta, A Guerra dos Tronos, Código da Vinci. Cada um por detalhes específicos na forma de escrever, não pela história em si ou pelo gênero.

 

23. Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?

Tenha fé em seus projetos e sonhos. Sei como é difícil acreditar em histórias ainda nem escritas, mas acredite, mesmo o sucesso parecendo tão distante.

E por “sucesso” não falo especificamente de fama. Falo em terminar uma história, uma história na qual você olhe para o resultado e ame de verdade! E que seja tão boa quanto lhe pareceu naquele dia, quando a inspiração fecundou sua mente com uma ideia muito louca. Essa fé não é uma linha reta, às vezes ela cai, tendo como o principal sintoma a tal da

procrastinação. Por outros momentos ela sobe de volta, e é quando você vira um monstro devorador de teclas, escrevendo feito louco sem ver o tempo passar. O importante é essa montanha russa não parar. Siga em frente escrevendo como conseguir.

 

24. O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

2022 foi um ano de muitos esforços, desafios e muitas dificuldades. Foi sofrido, mas também houve muito aprendizado. Agora para 2023, podem esperar um Marcos muito mais amadurecido em todos os sentidos. Foi um crescimento expressivo, chego a não me reconhecer às vezes. Estou ansioso para iniciar novos projetos e ver como essa minha nova versão de mim mesmo vai se sair. Todos estão convidados a me acompanhar nas redes sociais, será um prazer

recebe-los. @autormarcosmiranda


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