Uma odisseia no espaço (2001) ► [resenha fílmica]


Diante do exposto, consideramos válido ressaltar que o modo como foi estruturado, 2001 divide a obra em duas grandes unidades temporais: antes e depois da viagem espacial, da “Missão Júpiter”. A montagem, no que concerne ao tempo anterior à viagem, é construída por elementos conhecidos, no imaginário, como marcos de referência cultural sobre a terra pré-histórica. Mas, a viagem para outra dimensão, bem como a chegada, requerem montagem dos elementos de modo a conferir o efeito semiótico de outra dimensão; neste caso, há o papel da faculdade imaginativa do diretor e a concretude desta, criada por meio de recursos sensíveis.

Elemento simbólico fundamental da primeira temporalidade é o monólito, pedra cuja função inicial é representar algo inesperado, que provoca mudança e altera o curso dos acontecimentos. Assim, a cena da descoberta de uma função/uso para o pedaço de osso, acompanhada da trilha sonora, simboliza o aurorescer da humanidade que passa a desenvolver forma diferente de interagir, constatando-se um primeiro saber técnico. E a pedra um fator essencial, uma evolução. As duas imagens do gênero homem evidenciam a mudança deste em função de elementos inesperados, das peripécias.

O homem universal que Kubrick mostra é aquele que se mantém, diante da existência, do cosmos, sempre em movimento e dinâmica, pois o homem universal está além das determinações cotidianas. Por isso, acreditamos que a personagem central não possui singularidade, sua existência é, em si mesma, metonímica. Trata-se de um todo não-unitário que representa a soma de todos os homens de todos os tempos.

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