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[RESENHA #756] São Jorge dos Ilhéus, de Jorge Amado

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Jorge Amado considerava São Jorge dos Ilhéus (publicado em 1944) uma continuação natural de seu romance anterior, Terras do sem-fim (1942). Se este, ambientado no campo, narra a saga dos pioneiros e as guerras sangrentas pela posse da terra, aquele, tendo Ilhéus como cenário principal, fala do momento em que, pacificada, a região colhe os frutos da exportação de cacau e se moderniza. Nesse contexto, em que os confrontos de jagunços foram substituídos pelo jogo na bolsa de valores e pelas intrigas políticas, pululam os personagens mais díspares: prostitutas, jogadores, exportadores estrangeiros, militantes comunistas, filhos de coronéis transformados em bacharéis ociosos, poetas de fim de semana, artistas de cabaré. Durante uma alta de preços forçada astuciosamente pelos exportadores, com o intuito de ludibriar os velhos coronéis e açambarcar suas terras, a cidade de Ilhéus vive uma breve idade do ouro, com uma vida noturna vibrante, e recebe aventureiros de todos os pontos do país e até do exterior. Jorge Amado entrelaça os destinos de uma dúzia de personagens das mais variadas extrações, narrando de modo envolvente seus dramas e suas comédias, seus sonhos, traições, vinganças.

RESENHA

São Jorge dos Ilhéus é um romance de Jorge Amado, publicado em 1944. O livro faz parte do ciclo do cacau, que retrata a vida dos coronéis e trabalhadores da região cacaueira da Bahia, no início do século XX. O autor utiliza um estilo realista, com elementos de humor, erotismo e crítica social.

O romance narra a história de amor entre o coronel Firmino e a jovem Sinhazinha, que se casam por conveniência, mas acabam se apaixonando. No entanto, o casal enfrenta a oposição do pai de Sinhazinha, o coronel Horácio, que não aceita a união por motivos políticos e econômicos. Além disso, o romance mostra o cotidiano dos trabalhadores do cacau, explorados pelos coronéis e sujeitos à violência e à miséria. Entre eles, se destaca o personagem Nacib, um imigrante sírio que se torna dono de um bar e se envolve com Gabriela, uma retirante que foge da seca.

A obra de Jorge Amado ensina sobre a cultura e a história da Bahia, mostrando as contradições e os conflitos de uma sociedade marcada pelo coronelismo, pelo racismo e pelo machismo. O autor também valoriza a diversidade e a riqueza do povo baiano, expressas na sua religiosidade, na sua musicalidade e na sua sensualidade. Algumas citações da obra que ilustram esses aspectos são:

- "O cacau é o ouro da Bahia, o ouro negro que enriquece uns poucos e mata milhares." (p. 23)

- "Sinhazinha era uma flor, uma rosa branca, pura e bela. Firmino era um homem, um macho, forte e bruto. Ela era a lua, ele o sol. Ela era a água, ele o fogo. Ela era o amor, ele o desejo." (p. 56)

- "Nacib gostava de Gabriela como se gosta de uma fruta madura, de um pedaço de rapadura, de um copo de cachaça. Gabriela gostava de Nacib como se gosta de um passarinho, de um cachorro, de um menino." (p. 87)

- "A Bahia é uma terra de todos os santos, de todos os orixás, de todos os milagres. Aqui se reza e se dança, se chora e se ri, se vive e se morre com alegria." (p. 132)

O período histórico em que se passa o romance é o da Primeira República (1889-1930), quando o Brasil passava por transformações políticas, econômicas e sociais. O cacau era um dos principais produtos de exportação do país, mas também uma fonte de desigualdade e violência. O autor retrata esse contexto com realismo e denúncia, mas também com esperança e poesia.

A importância e a relevância cultural de São Jorge dos Ilhéus são inegáveis. O livro é considerado um dos melhores romances de Jorge Amado, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. A obra foi traduzida para vários idiomas e adaptada para o cinema, o teatro e a televisão. O livro também contribuiu para divulgar a cultura baiana e brasileira para o mundo, mostrando sua riqueza e sua diversidade.

Jorge Amado foi um escritor brasileiro, nascido em Itabuna, Bahia, em 1912. Ele começou a escrever na adolescência e publicou seu primeiro livro, O País do Carnaval, em 1931. Ele fez parte da Geração de 30 do modernismo brasileiro, que valorizou a cultura regional e a crítica social. Ele foi casado duas vezes, com Matilde Garcia Rosa e com Zélia Gattai, e teve quatro filhos. Ele foi também um militante político, filiado ao Partido Comunista Brasileiro, e chegou a ser deputado federal. Ele viveu no exílio durante a ditadura militar e retornou ao Brasil em 1955. Ele morreu em Salvador, Bahia, em 2001.

A crítica positiva que se pode fazer sobre o livro São Jorge dos Ilhéus é que se trata de uma obra-prima da literatura brasileira, que retrata com maestria e sensibilidade a realidade e a cultura da Bahia. O autor cria personagens memoráveis, que representam as diferentes classes e etnias do povo baiano, e narra uma história de amor, de luta e de esperança. O livro é uma leitura envolvente, emocionante e divertida, que agrada a todos os tipos de leitores.

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O AUTOR
Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. Traduzido para mais de trinta idiomas e detentor de inúmeros e importantes prêmios, o escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Gabriela Cravo e Canela".
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