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[RESENHA #744] O Cavaleiro da Esperança, de Jorge Amado

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Jorge Amado decidiu escrever a biografia de Prestes em 1941, como forma de pressionar pela libertação do líder revolucionário, preso desde 1936. Viajou então ao Uruguai e à Argentina, onde Prestes havia se exilado anos antes. Escrito em Buenos Aires, o livro foi publicado em 1942, em espanhol - e os primeiros exemplares eram negociados clandestinamente no Brasil. Até que a edição argentina também foi proibida e queimada por ordem do governo de Juan Domingo Perón. A primeira edição brasileira saiu em 1945. Com o golpe militar de 1964, o livro voltou a sumir das livrarias, e só reapareceu em 1979. Movido por esse espírito engajado, Jorge Amado narra os momentos mais dramáticos da trajetória de Prestes: a épica coluna que atravessou o Brasil entre 1924-27, o exílio, a tentativa frustrada de levante contra Getúlio Vargas em 1935, a prisão na solitária, a entrega de Olga Benário - grávida de Anita Leocadia, que escreve o posfácio desta edição - ao governo nazista, a campanha internacional de Leocadia, mãe de Prestes, pela libertação do filho e de Olga, e pela guarda da filhinha do casal.

RESENHA

O Cavaleiro da Esperança é a biografia poética do líder revolucionário Luís Carlos Prestes, escrita por Jorge Amado e publicada em 1942. O livro é um retrato apaixonado da vida e da luta de um dos maiores símbolos da resistência ao fascismo e à ditadura no Brasil.

Jorge Amado é um dos principais escritores brasileiros, integrante da Geração de 1930 do modernismo brasileiro. Suas obras apresentam crítica sociopolítica e elementos regionais, valorizando a cultura e a identidade do povo baiano. Amado foi também um militante comunista, que sofreu perseguições e exílios por suas ideias. Sua obra foi traduzida para mais de 30 idiomas e adaptada para o cinema e a televisão.

O Cavaleiro da Esperança foi escrito em Buenos Aires, quando Amado estava exilado na Argentina. O autor decidiu escrever a biografia de Prestes como uma forma de pressionar pela libertação do líder revolucionário, preso desde 1936. Para isso, Amado viajou ao Uruguai e à Argentina, onde Prestes havia se exilado anos antes, e entrevistou pessoas que conviveram com ele.

O livro narra os momentos mais dramáticos da trajetória de Prestes: a épica Coluna Prestes, que atravessou o Brasil entre 1924 e 1927, em protesto contra a República Velha; o exílio na Bolívia, no Uruguai e na Argentina; a tentativa frustrada de levante contra Getúlio Vargas em 1935, conhecida como Intentona Comunista; a prisão na solitária, onde ficou por nove anos; a entrega de Olga Benário, sua companheira, grávida de Anita Leocadia, ao governo nazista; a campanha internacional de Leocadia Prestes, mãe de Prestes, pela libertação do filho e de Olga, e pela guarda da filhinha do casal.

O livro é uma obra de admiração e solidariedade, que busca resgatar a memória e a dignidade de Prestes, chamado de "o cavaleiro da esperança" pelo poeta francês Louis Aragon. Amado utiliza uma linguagem simples e envolvente, misturando fatos históricos com elementos ficcionais, como diálogos e descrições. O autor também faz uso de recursos literários, como metáforas, comparações, ironias e antíteses, para realçar o caráter heroico e humano de Prestes.

Citações que ilustram o estilo do autor:

- "Prestes não é um homem, é uma legenda. Sua vida se confunde com a história do Brasil nos últimos quinze anos. Sua vida é a história da luta pela liberdade, pela democracia, pelo progresso do Brasil." (p. 9)

- "A Coluna é um rio caudaloso que corre através do Brasil. Um rio de esperança e de rebeldia. Um rio que arrasta consigo a miséria, a ignorância, a opressão. Um rio que fertiliza a terra com o sangue dos que tombam na luta. Um rio que canta a canção da liberdade." (p. 43)

- "Olga sorri, feliz. Prestes a abraça, comovido. Eles se amam. Eles são dois combatentes que se encontraram na luta e que se uniram para sempre. Eles são dois símbolos da resistência ao fascismo. Eles são dois mártires da liberdade." (p. 211)

O livro é um documento histórico e literário de grande importância e relevância cultural, pois revela aspectos da vida e da personalidade de Prestes, bem como do contexto político e social do Brasil e do mundo na primeira metade do século XX. O livro também é um testemunho da coragem e da generosidade de Amado, que se arriscou para homenagear seu amigo e companheiro de ideal.

O Cavaleiro da Esperança é, portanto, uma obra que merece ser lida e apreciada por todos os que se interessam pela história, pela literatura e pela liberdade. É uma obra que emociona, ensina e inspira. É uma obra que celebra a vida e a luta de um homem que dedicou sua existência à causa do povo brasileiro.

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O AUTOR
Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. Traduzido para mais de trinta idiomas e detentor de inúmeros e importantes prêmios, o escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Gabriela Cravo e Canela".
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