"A Hora da Guerra é uma pequena trincheira", define Jorge Amado, no texto que comemora o aniversário de um ano da coluna que manteve diariamente entre 1942 e 1945, no jornal O Imparcial, de Salvador. Reunidas pela primeira vez em livro, as 103 melhores crônicas dessa coluna revelam um escritor engajado no esforço dos aliados para derrotar o nazifascismo na Europa, na África e na Ásia. Mas a compreensão que Jorge Amado tinha daquele momento crucial da história ia muito além da frente político-militar. Entre as rajadas que dispara contra Hitler, Mussolini, Franco e Plínio Salgado - e as louvações que dirige a Stálin -, ele também defende, nos mais variados campos de atividade, valores caros à civilização, como a liberdade, a tolerância e a paz. Assim, encontramos nestas páginas artigos que elogiam o papel humanista dos artistas e intelectuais, a atuação das mulheres no esforço de guerra, os romances recém-lançados de José Lins do Rego e Ilya Ehrenburg, a "grande arte" dos quadros de Lasar Segall e a participação de estrelas como Clark Gable e Ernest Hemingway no front, entre vários outros. A retórica veemente é muitas vezes associada a um humor bem brasileiro, como quando o escritor baiano chama o ditador espanhol de "Chico Franco, o gaiato de Madri". É sua perspectiva calorosa e humanista, sempre em defesa do homem comum, particularmente daqueles mais desafortunados, que aproxima estas crônicas militantes da prosa lírica dos romances de Jorge Amado. Com seleção de Myriam Fraga, diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, e da antropóloga Ilana Seltzer Goldstein, Hora da Guerra traz um prefácio esclarecedor do historiador Boris Fausto e um caderno com imagens históricas da guerra e das personalidades citadas nas crônicas.
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