[RESENHA #736] Brandão entre o Mar e o Amor, de Jorge Amado

Atendendo a uma "vocação irremediável", Brandão abandona a casa paterna e, após breve itinerância circense, lança-se a uma vida de aventuras no mar, um sonho de infância, onde vem a conhecer aquela que viria ser a grande paixão de sua vida. Lúcia é um mistério oriental, que Brandão recebe como um presente e com ela retorna à sua terra para assumir uma fazenda, que lhe coubera como herança de família.

A beleza exótica de Lúcia atrairia também Mário, amigo de Brandão dos tempos de faculdade, que se deixa consumir na luta por um amor impossível, quase uma autoflagelação imposta por uma vida de fracassos.

A teia amorosa se completa - ou se complica - quando Glória, mulher autoritária, frívola e irrealizada aparece na história usando de todos os meios ao seu alcance para conquistar o homem por quem se apaixonara.

RESENHA

Brandão entre o Mar e o Amor é um romance coletivo escrito por cinco grandes nomes da literatura brasileira: Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz. A obra foi publicada em 1942, nas páginas da revista Diretrizes, que tinha como proposta defender a democracia e combater o fascismo, em plena Segunda Guerra Mundial¹. O livro conta a história de Brandão, um jovem que abandona a família e a fazenda de Pau d'Arco, no interior da Bahia, para se aventurar no mar, seguindo seu sonho de infância. No caminho, ele conhece e se apaixona por Maria Clara, uma bela moça que vive na cidade alta de Salvador, mas que esconde um segredo que pode abalar seu romance.

A obra é considerada uma experiência literária inovadora e ousada, pois reúne cinco autores de diferentes estilos e visões de mundo, que se revezam na escrita dos capítulos, sem um planejamento prévio ou uma coordenação entre eles. O resultado é uma narrativa fragmentada, heterogênea e contraditória, que reflete as tensões e os conflitos da época, tanto no plano político quanto no plano estético. O livro também é um retrato da cultura e da sociedade baiana, com suas tradições, seus costumes, seus problemas e suas contradições. A obra explora temas como o amor, a liberdade, a violência, a religião, a política, a identidade e a diversidade.

Brandão entre o Mar e o Amor é uma obra que merece ser lida e apreciada, pois revela aspectos importantes da história e da literatura brasileira, além de ser uma prova da criatividade e da genialidade dos seus autores. Algumas citações que se destacam no livro são:

- "O mar é o meu destino, o meu caminho, a minha vida." (Brandão, capítulo 1, escrito por Graciliano Ramos)

- "O amor é uma coisa que não se explica, nem se discute, nem se compreende. O amor é uma coisa que se sente, que se vive, que se morre." (Maria Clara, capítulo 5, escrito por Jorge Amado)

- "A vida é uma luta sem trégua, um combate sem fim, uma guerra sem quartel. Quem não luta, não vive. Quem não vive, não ama. Quem não ama, não é feliz." (João, capítulo 9, escrito por José Lins do Rego)

- "A cidade alta é um mundo à parte, um mundo de sonho, de fantasia, de ilusão. A cidade alta é um mundo de riqueza, de beleza, de arte. A cidade alta é um mundo de amor." (Narrador, capítulo 13, escrito por Aníbal Machado)

- "A fazenda de Pau d'Arco é o meu berço, o meu lar, o meu refúgio. A fazenda de Pau d'Arco é o meu passado, o meu presente, o meu futuro. A fazenda de Pau d'Arco é o meu orgulho, o meu dever, o meu destino." (Brandão, capítulo 17, escrito por Rachel de Queiroz)

A obra apresenta semelhanças com outros enredos de Jorge Amado, principalmente no que se refere à valorização da cultura popular, à denúncia das injustiças sociais, à exaltação da sensualidade e à mistura de realismo e fantasia. Alguns exemplos de obras de Jorge Amado que dialogam com Brandão entre o Mar e o Amor são: Jubiabá, Mar Morto, Capitães da Areia, Terras do Sem-Fim, Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres.

Jorge Amado foi um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, com uma obra vasta, diversa e reconhecida internacionalmente. Ele nasceu em 1912, na cidade de Itabuna, na Bahia, e viveu sua infância em Ilhéus, onde teve contato com o universo do cacau, que marcaria sua literatura. Ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Ele foi jornalista, militante comunista, deputado federal e membro da Academia Brasileira de Letras. Ele também foi casado duas vezes, com Matilde Garcia Rosa e com Zélia Gattai, e teve três filhos. Ele morreu em 2001, em Salvador, deixando um legado de mais de 40 livros publicados, traduzidos para mais de 50 idiomas e adaptados para o cinema, o teatro e a televisão.

A crítica que se pode fazer a Brandão entre o Mar e o Amor é positiva, pois se trata de uma obra original, instigante e desafiadora, que propõe uma forma diferente de se fazer literatura, a partir da colaboração e da diversidade de vozes. A obra também é rica em conteúdo, pois aborda questões relevantes para a compreensão da realidade brasileira, tanto no aspecto histórico quanto no aspecto cultural. A obra é, portanto, uma obra-prima da literatura nacional, que merece ser conhecida, estudada e apreciada por todos os leitores.

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o gato malhado e a andorinha sinhá
Gabriela, Cravo e Canela
Tenda dos milagres
Terra do sem-fim
Cacau
Dona Flor e seus dois maridos
Tieta do Agreste
Jubiabá
Capitães da Areia
Tereza Batista cansada de guerra
ABC de Castro Alves
Bahia de todos os santos
O amor do soldado
Mar morto (romance)
Brandão entre o mar e o amor
A morte e a morte de Quincas Berro Dágua

O AUTOR

Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. Traduzido para mais de trinta idiomas e detentor de inúmeros e importantes prêmios, o escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Gabriela Cravo e Canela".