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[RESENHA #733] Gabriela cravo e canela, de Jorge Amado

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O romance entre o sírio Nacib e a mulata Gabriela, um dos mais sedutores personagens femininos criados por Jorge Amado, tem como pano de fundo, em meados dos anos 1920, a luta pela modernização de Ilhéus, em desenvolvimento graças às exportações do cacau. Com sua sensualidade inocente, Gabriela não apenas conquista o coração de Nacib como também seduz um sem-número de homens ilheuense, colocando em xeque a lei que exigia que a desonra do adultério feminino fosse lavada com sangue. Publicado em 1958, o livro logo se tornou um sucesso mundial. Na televisão, a história se transformou numa das novelas brasileiras mais aclamadas mundo afora.

RESENHA

Gabriela, Cravo e Canela é um romance de Jorge Amado, publicado em 1958, que representa um momento de mudança na produção literária do autor. Até então, Amado abordava temas sociais, mas nesta segunda fase, ele faz uma crônica de costumes, marcada por tipos populares, poderosos coronéis e mulheres sensuais. A crítica aponta Gabriela, Cravo e Canela, que tem ambiência em Ilhéus, como o divisor de águas da obra amadiana. Além de Gabriela, Cravo e Canela, os romances Dona Flor e seus dois maridos e Teresa Batista cansada de guerra são representativos desta fase.

A obra é um retorno ao chamado ciclo do cacau, ao citar o universo de coronéis, jagunços, prostitutas e trambiqueiros de calibre variado que desenham o horizonte da sociedade cacaueira. O romance narra o caso de amor entre o árabe Nacib e a sertaneja Gabriela, como pano de fundo o período áureo do cacau na região de Ilhéus, descrevendo as alterações profundas da vida social da Bahia da década de 1920, que inclui a abertura do porto aos grandes navios, levando à ascensão do exportador carioca Mundinho Falcão e ao declínio dos coronéis, como Ramiro Bastos. Gabriela personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária, afetada pelos sopros de renovação cultural, política e econômica. O enredo da obra Gabriela Cravo e Canela está dividido em duas partes, e essas estão divididas em duas outras partes. A primeira parte da obra é intitulada como, “Um Brasileiro das Arábias” e a sua em primeira divisão chama-se “O langor de Ofenísia”. Nessas duas primeiras partes iniciais a narrativa tem como foco principal dois personagens: Mundinho Falcão e Nacib. Ao término da segunda parte a personagem protagonista Gabriela aparece, retirante que tem por objetivo trabalhar como cozinheira.=

No capítulo “Gabriela com pássaro preso”, Nacib presenteia Gabriela com um pássaro sofrê em uma gaiola. Ao ver o passarinho triste, Gabriela o liberta assim que Nacib sai de casa. O espírito livre da sertaneja é como o do pássaro, que gosta da liberdade.

No capítulo “Canção de Gabriela”, Gabriela leva a marmita para Nacib no Bar Vesúvio. Na volta para casa, ela passa pela igreja e pela praça, onde vê crianças cantando cantigas de roda, como “O Cravo e a Rosa” e “Caranguejo não é peixe”. Ela se lembra de quando era criança e brincava e cantava como aquelas crianças.

No capítulo “Gabriela com flor”, Gabriela dança com o Negrinho Tiusca no quintal sob o sol e coloca uma rosa vermelha atrás da orelha, como as espanholas faziam.

No terceiro capítulo, passados três meses dos acontecimentos do capítulo anterior, ocorrem alguns problemas, como o caso amoroso de Malvina-Josué-Glória-Rômulo, confusões relacionadas à política e também o ciúme de Nacib. O capítulo termina na cena da festa de casamento de Nacib e Gabriela. A quarta parte, intitulada “O luar de Gabriela”, apresenta o desfecho da obra, em que todos os problemas que ocorreram durante a narrativa são resolvidos.

A obra é uma verdadeira celebração da cultura baiana, com descrições detalhadas da culinária, da música e das tradições locais. Além disso, Jorge Amado utiliza uma linguagem coloquial e descontraída, que aproxima o leitor dos personagens e da história.

O romance também aborda temas importantes, como a luta das mulheres por igualdade de direitos e a resistência dos trabalhadores contra a exploração dos coronéis. Gabriela é uma personagem forte e cativante, que representa a força e a beleza da mulher brasileira.

Em resumo, “Gabriela, Cravo e Canela” é uma obra-prima da literatura brasileira, que combina humor, romance e crítica social de maneira magistral. É uma leitura obrigatória para todos aqueles que desejam conhecer melhor a cultura e a história do Brasil.


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Gabriela, Cravo e Canela
Tenda dos milagres
Terra do sem-fim
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Dona Flor e seus dois maridos
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Jubiabá
Capitães da Areia
Tereza Batista cansada de guerra


O AUTOR

Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. Traduzido para mais de trinta idiomas e detentor de inúmeros e importantes prêmios, o escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Gabriela Cravo e Canela".
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