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[RESENHA #732] Tenda dos milagres, de Jorge Amado

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Na Tenda dos Milagres, na ladeira do Tabuão, em Salvador, onde o amigo Lídio Corró mantém uma modesta tipografia e pinta quadros de milagres de santos, o mulato Pedro Archanjo atua como uma espécie de intelectual orgânico do povo afro-descendente da Bahia. Autodidata, seus estudos sobre a herança cultural africana e sua defesa entusiástica da miscigenação abalam a ortodoxia acadêmica e causam indignação entre a elite branca e racista. A história é contada retrospectivamente, em dois tempos. Em 1968, a passagem por Salvador de um célebre etnólogo americano admirador de Archanjo desencadeia um revival de sua vida e obra. Para a comemoração do centenário de nascimento do herói redescoberto, arma-se todo um circo midiático. Contrapondo-se a essa apropriação política da imagem de Archanjo, sua trajetória é narrada paralelamente como foi preservada na memória do povo: os amores, as polêmicas com os luminares da universidade, os confrontos com a polícia. Ao contar a história desse herói complexo, também conhecido como "Ojuobá, os olhos de Xangô", Jorge Amado traça um painel da cultura negra baiana e de sua resistência contra a repressão violenta a que foi submetida nas primeiras décadas do século XX, resgatando e exaltando manifestações como o candomblé, a capoeira, os afoxés e o samba de roda. Escrito em 1969, com a verve e a sensualidade habituais do autor, Tenda dos Milagres atesta seu amor à cultura afro-brasileira e seu humanismo radicalmente libertário. Foi adaptado com sucesso para o cinema, por Nelson Pereira dos Santos, e para a televisão, como minissérie da Rede Globo. Além do posfácio do historiador João José Reis, a nova edição traz ainda cronologia e caderno de imagens com fotografias, ilustrações e capas de edições estrangeiras do romance.

RESENHA

Tenda dos milagres é um romance do escritor baiano Jorge Amado, publicado em 1969. A obra narra a vida e a obra de Pedro Archanjo, um escritor mulato e autodidata que defende a cultura afro-brasileira e a miscigenação como forma de combater o racismo e a opressão social. O romance se divide em duas linhas temporais: uma que acompanha a trajetória de Archanjo desde a sua infância até a sua morte, em 1943, e outra que mostra a redescoberta de sua obra, 25 anos depois, por um etnólogo americano e um poeta baiano. A obra mistura ficção e realidade, fazendo referências a personagens e fatos históricos, como a Revolta dos Búzios e a Revolução de 1930. O romance também retrata as manifestações culturais e religiosas da Bahia, como o candomblé, a capoeira, os afoxés e o samba de roda, valorizando a diversidade e a resistência do povo negro. Tenda dos milagres é uma obra modernista, que apresenta uma linguagem coloquial, uma narrativa não linear e uma crítica social e política. A obra foi adaptada para o cinema, por Nelson Pereira dos Santos, e para a televisão, como minissérie da Rede Globo. O romance é considerado um dos mais importantes de Jorge Amado, que é um dos maiores nomes da literatura brasileira.

A Tenda dos Milagres é um romance que retrata a cultura afro-brasileira na Bahia, através da vida e obra de Pedro Archanjo, um mulato que se tornou um escritor e pesquisador das tradições populares. O livro foi escrito por Jorge Amado em 1969, e foi adaptado para o cinema e para a televisão, além de ser traduzido para vários idiomas.

O cenário principal da história é a Tenda dos Milagres, uma gráfica no Pelourinho, onde se reúnem os adeptos do candomblé e da capoeira de Angola, duas manifestações culturais de origem africana que resistem ao racismo e à opressão. Pedro Archanjo é o líder desse grupo, e conta com o apoio do professor Silva Virajá, da Faculdade de Medicina, que reconhece o valor de seus estudos sobre a etnia e a culinária baiana. “Nessa tenda de fantasia e encanto, Jorge Amado mostra aos seus leitores a relevância do negro como elemento formador da cultura brasileira […]”

Muitos dos personagens de Amado foram inspirados em pessoas reais, que ele conheceu ou admirou. O advogado João Romão foi baseado em Cosme de Farias, um famoso defensor dos pobres em Salvador. O professor Silva Virajá era o médico Pirajá da Silva, que se destacou por suas pesquisas sobre a anemia falciforme. O delegado Pedrito Gordo era o chefe de polícia Pedrito Gordilho, notório por perseguir o candomblé e os capoeiristas.

O próprio Pedro Archanjo foi inspirado em Manuel Querino, um negro que se notabilizou por escrever vários livros de caráter antropológico e étnico (um deles sobre a culinária baiana e outro, considerado muito importante, que traça a genealogia da elite branca de Salvador, mostrando a sua miscigenação com a raça negra).

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O AUTOR

Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. Traduzido para mais de trinta idiomas e detentor de inúmeros e importantes prêmios, o escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Gabriela Cravo e Canela".
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