Segundo livro de Jorge Amado, Cacau é narrado em primeira pessoa por um lavrador, filho de industrial decaído, que trabalhara brevemente como operário fabril. O pequeno romance é a saga de uma tomada de consciência social e política. Atesta o clima de polarização ideológica da época em que foi escrito e o entusiasmo revolucionário de seu jovem autor. Cacau inaugura também um dos veios mais ricos da literatura de Jorge Amado, o dos livros dedicados à rica e sangrenta história da região cacaueira da Bahia, imortalizada em obras como Terras do sem-fim; São Jorge dos Ilhéus; Gabriela, cravo e canela e Tocaia Grande. Neste apaixonado livro de juventude, com um vigor e uma urgência que o tornam encantador, encontramos alguns dos méritos mais louvados do autor, como o apurado ouvido para a fala popular; o trânsito pelos vários registros do discurso, do mais formal ao mais coloquial; o caloroso afeto por suas criaturas. Livro de denúncia e esperança, anuncia o grande romancista que conquistaria os leitores do Brasil e do mundo nas décadas seguintes.
Leia outras resenhas de livros do mesmo autor:
o gato malhado e a andorinha sinhá
Gabriela, Cravo e Canela
Tenda dos milagres
Terra do sem-fim
Cacau
Dona Flor e seus dois maridos
Tieta do Agreste
Jubiabá
Capitães da Areia
Tereza Batista cansada de guerra
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