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[RESENHA #727] Jubiabá, de Jorge Amado

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Antônio Balduíno nasce órfão no morro do Capa-Negro, que tinha como grande referência espiritual o centenário feiticeiro e ex-escravo Jubiabá. Depois de uma infância de liberdade e pequenos delitos nas ruas de Salvador, num ambiente similar ao que seria desenvolvido em Capitães da Areia, vira malandro, sambista e desordeiro, até ser transformado em boxeador profissional por um empresário italiano. Encerra a carreira prematuramente ao tomar uma surra no ringue numa noite de bebedeira e acaba indo trabalhar nas plantações de fumo do Recôncavo Baiano. Explorado ao extremo, apunhala um homem, foge, se engaja num circo ambulante, volta a Salvador, vira estivador, faz greve. Ao longo dessas muitas vidas, choca-se contra o mundo das mais variadas formas, até atingir um vislumbre de compreensão da realidade que o cerca e de seu lugar nela. Publicado em 1935, quando o autor tinha apenas 23 anos, Jubiabá constitui um verdadeiro romance de formação e trata de um dos temas mais caros ao escritor - a força da cultura afro-baiana contra a opressão política e as injustiças sociais -, atestando o vigor narrativo de Jorge Amado e seu talento para a criação de personagens vívidos e inesquecíveis. Além de Balduíno e de Jubiabá, merece destaque a branquíssima Lindinalva, por quem o protagonista nutre um amor platônico na pré-adolescência e que reaparece anos depois doente e prostituída. Surgem ainda, de passagem, personagens que retornarão no livro seguinte do autor, Mar morto: o marinheiro Guma, o mestre de saveiro Manuel e sua esposa Maria Clara. A edição francesa de Jubiabá acabou motivando a vinda ao Brasil de franceses ilustres como o fotógrafo e etnólogo Pierre Verger, o escritor Albert Camus e o fotógrafo Marcel Gautherot. Qualificado de "magnífico" por Camus, o romance foi adaptado para o cinema (por Nelson Pereira dos Santos), o teatro, o rádio, a televisão e os quadrinhos.

RESENHA


Jubiabá é um romance de autoria do escritor brasileiro Jorge Amado, membro da Academia Brasileira de Letras, publicado em 1935. O livro retrata o cotidiano das classes populares na cidade de Salvador, na Bahia, sob a ótica de Antônio Balduíno, menino criado no morro em Salvador, que se converteria em líder grevista. Jubiabá é o nome do pai-de-santo que comanda o morro onde nasceu Balduíno. 

A obra é considerada um verdadeiro romance de formação e trata de um dos temas mais caros ao escritor - a força da cultura afro-baiana contra a opressão política e as injustiças sociais³. O livro é marcado pela linguagem de fácil captação, discurso que prende, contradições de uma sociedade desumana, preocupação com os deserdados e excluídos, valorização do viver baiano, do mítico e do imaginário nordestino, do religioso com toda a sua força herdada dos ancestrais, composta de divindades, sons, cores e ritmos.

Em 2009, o selo Quadrinhos na Cia publicou o romance gráfico Jubiabá de Jorge Amado, ilustrado por Spacca. O livro ganhou o Troféu HQ Mix em 2010 de "melhor adaptação para os quadrinhos.


Jorge Amado escreveu o livro "Jubiabá" em 1934 e foi lançado em 1935, quando ele tinha apenas 23 anos. É impressionante como ele se mostrou maduro e como conseguiu construir uma trama que se mostra atemporal e histórica. Infelizmente, os temas do racismo e da discriminação feminina ainda são firmes e fortes na história .

É importante levar em consideração a época em que o livro foi escrito e o momento do autor, que também se dedicava à sua carreira política. Este livro traz muito da literatura panfletária, principalmente nos capítulos que abordam a greve que os personagens vivenciam .

A escrita de Jorge Amado é fluida e de fácil entendimento, mas não se engane, é também direta e crua, transmitindo tudo o que observa e vivencia, toda a rudeza da vida, sem esquecer o colorido do povo baiano, seu sincretismo religioso, costumes e fé .

O personagem principal, Balduíno, é criado pela tia que, já velha, endoidece e acaba falecendo. Nem a ajuda do incrível macumbeiro Jubiabá a consegue salvar. O garoto então é submetido aos cuidados de um comendador rico, que o cria com muitos cuidados e dedicação. Na casa desse comendador, Balduíno conhece a meiga Lindinalva, por quem se apaixona rapidamente e mantém um extremo respeito, um amor platônico. Embora estivesse vivendo em boas condições, Amélia, a criada do comendador, era uma branca de origem italiana e odiava negros, tornando a vida do pequeno em um pavor. Tamanho foi essa paúra que induziu Balduíno a fugir da casa do comendador e fosse viver sua vida na rua .

 

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O AUTOR
Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos maiores representantes da ficção regionalista que marcou o Segundo Tempo Modernista. Sua obra é baseada na exposição e análise realista dos cenários rurais e urbanos da Bahia. Traduzido para mais de trinta idiomas e detentor de inúmeros e importantes prêmios, o escritor teve vários de seus trabalhos adaptados para a televisão e o cinema, entre eles, "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Gabriela Cravo e Canela".

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