Prometido para o seminário desde o nascimento, o jovem carioca Bentinho precisa encontrar um jeito de fugir da vida na Igreja e realizar seu verdadeiro sonho: casar-se com a vizinha Capitu. Uma história de paixão, obsessão e ciúme se desenrola, em uma narrativa cheia de reviravoltas, que aos poucos constrói um retrato da sociedade brasileira. Com este romance publicado em 1899, o maior nome da literatura nacional, Machado de Assis, torna-se também parte do cânone mundial. “Dom Casmurro” traz contundentes reflexões sobre o Brasil de sua época, ainda muito relevantes para os dias atuais, e faz isso com a narrativa repleta de ironia que é uma marca do autor. A nova edição da Antofágica traz o texto integral de Machado com notas e posfácio do especialista Rogério Fernandes dos Santos, além de ilustrações de Paula Siebra, apresentação da produtora de conteúdo Camilla Dias e posfácios da atriz e escritora Maria Ribeiro do escritor Geovani Martins.
[RESENHA #721] Dom Casmurro, de Machado de Assis
RESENHA
Dom Casmurro é um romance publicado em 1899, que pertence à segunda fase da obra de Machado de Assis, considerada realista. O livro narra a história de Bento Santiago, também chamado de Dom Casmurro, um homem solitário e amargurado que decide escrever suas memórias para "atar as duas pontas da vida". O livro é dividido em 148 capítulos curtos e intitulados, que misturam episódios da vida do protagonista com reflexões sobre a sociedade, a religião, a política, a literatura e a própria arte de narrar.
A obra se inicia com o relato de como Bento recebeu o apelido de Dom Casmurro, dado por um poeta que o achou entediado e sonolento. Em seguida, Bento começa a relembrar sua infância e sua adolescência, quando se apaixonou por Capitu, a filha dos vizinhos. Os dois viviam uma relação inocente e sincera, mas enfrentavam um obstáculo: a promessa de dona Glória, mãe de Bento, de fazer dele um padre. Bento é enviado ao seminário, mas não desiste de seu amor por Capitu. Com a ajuda de seu amigo Escobar, ele consegue convencer sua mãe a liberá-lo da promessa e a aceitar seu casamento com Capitu.
Bento e Capitu se mudam para uma casa na Glória, onde vivem felizes por algum tempo. Escobar, que se casara com Sancha, uma amiga de Capitu, torna-se o melhor amigo e o confidente do casal. Os quatro formam uma família harmoniosa e afetuosa. Bento e Capitu têm um filho, a quem dão o nome de Ezequiel, em homenagem ao pai de Escobar. No entanto, a felicidade é abalada pela morte repentina de Escobar, que se afoga durante um passeio de barco. No velório, Bento observa o olhar de Capitu sobre o cadáver do amigo e sente uma suspeita terrível: a de que Capitu e Escobar eram amantes e que Ezequiel era filho de Escobar.
A partir desse momento, Bento se torna um homem ciumento e desconfiado, que passa a ver em Ezequiel a imagem de Escobar. Ele também passa a duvidar de tudo o que Capitu diz ou faz, interpretando seus gestos e palavras como sinais de traição. Ele se isola cada vez mais de sua esposa e de seu filho, que viaja para a Europa para estudar. Capitu tenta convencer Bento de sua inocência e de seu amor, mas ele não acredita nela. Ele também rejeita as tentativas de reconciliação de Sancha, que se muda para a Suíça após a morte de Escobar. Bento decide então se separar de Capitu e mandá-la para a Europa com Ezequiel. Ele nunca mais os vê. Capitu morre na Suíça e Ezequiel morre no Egito, vítima de uma febre.
Bento fica sozinho em sua casa, onde escreve suas memórias. Ele se torna um homem amargo e solitário, que se fecha em si mesmo e se afasta de todos. Ele se considera vítima de uma grande injustiça e de uma grande infelicidade. Ele não tem certeza de que Capitu o traiu, mas também não tem certeza de que ela foi fiel. Ele se pergunta se não foi ele quem inventou toda a história, movido pelo seu ciúme doentio. Ele se pergunta se não foi injusto com Capitu e com Ezequiel, que talvez fossem inocentes. Ele se pergunta se não perdeu o grande amor de sua vida por causa de uma ilusão. Ele se pergunta se não foi ele o verdadeiro traidor.
Dom Casmurro é uma obra-prima da literatura brasileira, que mostra a genialidade de Machado de Assis em criar uma narrativa envolvente, crítica e original, que desafia o leitor a questionar a realidade e a verdade. O livro é narrado em primeira pessoa, por um narrador-personagem que se revela ambíguo, contraditório e não confiável. O leitor não sabe se deve acreditar ou não em Bento, se deve ter pena ou raiva dele, se deve condenar ou absolver Capitu. O livro também faz uma crítica à sociedade brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo, pelo escravismo, pelo conservadorismo e pela hipocrisia. O livro também revela a influência do Realismo e do Naturalismo na obra de Machado de Assis, que retrata os personagens como seres determinados pelo meio, pela época e pela biologia. O livro também antecipa elementos do Modernismo, como a metalinguagem, a intertextualidade, a fragmentação e a ironia. O livro também explora temas universais, como o amor, o ciúme, a traição, a memória, a culpa e a dúvida. Dom Casmurro é, portanto, uma obra que demonstra a genialidade de Machado de Assis, que soube criar uma narrativa envolvente, crítica e original, que desafia o leitor a questionar a realidade e a verdade.
Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro é um dos romances mais famosos de Machado de Assis, um dos maiores escritores brasileiros. A história é narrada em primeira pessoa por Bento Santiago, que relembra sua vida desde a infância até a velhice, tentando "atar as duas pontas da vida". O foco da narrativa é o seu relacionamento com Capitu, uma mulher misteriosa e sedutora, que desperta nele um ciúme doentio, que é o tema central do livro. A obra se passa no Rio de Janeiro, durante o Segundo Império, e começa com um episódio recente, em que Bento recebe o apelido de "Dom Casmurro", que dá origem ao título do romance. Machado de Assis usa recursos literários como a ironia e a intertextualidade, fazendo alusões a Schopenhauer e, principalmente, à peça Otelo, de Shakespeare.
Dom Casmurro é um livro que gerou muitas interpretações, adaptações e estudos ao longo do tempo, abordando aspectos como o ciúme, a ambiguidade de Capitu, o retrato moral da época e o caráter do narrador. A crítica literária explorou diversas perspectivas, como a psicológica, a psicanalítica, a feminista e a sociológica, entre outras. O livro é considerado um precursor do Modernismo e de ideias que seriam desenvolvidas posteriormente pelo fundador da psicanálise Sigmund Freud, e influenciou escritores como John Barth, Graciliano Ramos e Dalton Trevisan. Alguns críticos o consideram, junto com Memórias Póstumas de Brás Cubas, a obra-prima de Machado. Dom Casmurro foi traduzido para vários idiomas, continua sendo um de seus livros mais conhecidos e é uma das obras mais importantes da literatura brasileira.
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