Responsive Ad Slot

[RESENHA #720] A cartomante, de Machado de Assis

0

Protagonismo de personagens femininas, fortes e determinadas, é um ponto comum na obra de Machado de Assis, como se pode ver nesta coletânea de contos. Em " A cartomante" , uma italiana de olhos esbugalhados e grandes, magra e misteriosa, não se importa em mentir para agradar a seus clientes. Cegos por suas paixões, os ingênuos Rita e Camila, além do vingativo Viela, não percebem como se tornaram vitimas da inconsequência dessa vidente. Já em " Pai contra mãe', os injustos costumes causados pela estrutura escravista põem em conflito aqueles cujo único objetivo é garantir a sobrevivência de seus filhos. Outro relato, irônico e marcado por intensões e sentidos sutis, está em "Capítulo de chapéus ". Nesse, o leitor vai sendo conduzido pela exímia escrita do maior nome da literatura nacional até rir da sociedade , de suas regras sem sentido e dos traços mais estranhos da personalidade humana.

RESENHA

A cartomante é um conto publicado em 1884, que faz parte da coletânea Várias Histórias, de Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira. O conto narra a história de um triângulo amoroso formado por Camilo, Rita e Vilela, que termina de forma trágica e surpreendente. O conto é uma obra realista, que critica a hipocrisia, a falsidade e a ilusão da sociedade burguesa do século XIX.

Camilo e Vilela são amigos de infância, mas Camilo se torna amante de Rita, a esposa de Vilela. Camilo é um funcionário público, cético e descrente, que não acredita em nada sobrenatural. Rita é uma mulher bonita, inteligente e apaixonada, que busca na cartomante uma forma de aliviar sua angústia e sua culpa. Vilela é um advogado, que descobre a traição da esposa e planeja uma vingança sangrenta.

O conto se desenvolve em torno da consulta à cartomante, que é o elemento que dá título e sentido à obra. A cartomante é uma personagem secundária, mas fundamental, que representa a superstição, a fé e a esperança dos personagens principais. Ela também é uma figura irônica, que contrasta com a racionalidade e o ceticismo de Camilo. A cartomante faz previsões otimistas para Rita e Camilo, mas elas se revelam falsas e enganosas.

O conto é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente e irônico, que conhece os pensamentos e os sentimentos dos personagens, mas também os julga e os ridiculariza. O narrador utiliza uma linguagem culta e elegante, mas também coloquial e humorística, criando um efeito de contraste e de ironia. O narrador também faz uso de recursos estilísticos, como a metáfora, a antítese, a alusão e a intertextualidade, para enriquecer e complexificar o texto.

O conto se passa no Rio de Janeiro, no final do século XIX, e retrata os costumes, as convenções e os conflitos da época. O conto também faz referências a lugares, personagens e fatos históricos, como a Guerra do Paraguai, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. O conto também mostra a influência da cultura francesa, que era muito valorizada pela elite brasileira.

O conto tem uma estrutura circular, que começa e termina com a cartomante. O conto também tem uma estrutura simétrica, que divide a narrativa em duas partes, correspondentes às consultas de Rita e de Camilo. O conto também tem uma estrutura dramática, que cria um clima de suspense e de expectativa, culminando com o desfecho trágico e inesperado.

O conto A cartomante é uma obra-prima de Machado de Assis, que demonstra a sua capacidade de criar uma narrativa envolvente, crítica e original, que desafia o leitor a refletir sobre a condição humana e a sociedade brasileira. O conto é considerado um dos melhores exemplos do Realismo na literatura brasileira, e uma das obras mais representativas do autor.

Spoilers

A Cartomante é um conto do escritor brasileiro Machado de Assis, que foi publicado pela primeira vez na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, em 28 de novembro de 1884. Depois, foi incluído no livro Várias Histórias, publicado em 1896, e em Contos: Uma Antologia. Foi também adaptado para o cinema em 1974 e em 2004 e para ópera por Jorge Antunes em 2014.

A história se inicia numa sexta-feira de novembro de 1869. Rita, angustiada com a sua situação amorosa, resolve consultar, às escondidas, uma cartomante que serve como uma espécie de oráculo. Apaixonada pelo amante Camilo, amigo de infância do marido, Vilela, Rita teme pelos relacionamentos correrem em paralelo. Camilo zomba da atitude da amante porque não acredita em nenhuma superstição.

Rita, Vilela e Camilo eram bastante próximos, especialmente após a morte da mãe de Camilo.

Rita e o marido moravam em Botafogo e, quando conseguia escapar da casa, ia encontrar o amante às ocultas na Rua dos Barbonos.

Camilo se sentiu seduzido por Rita e, fato é, que se formou um triângulo amoroso.

O problema surge quando Camilo recebe cartas anônimas de alguém que revela ter conhecimento da relação extraconjugal. Camilo, sem saber como reagir, se afasta de Vilela, que estranha o desaparecimento súbito do amigo.

Desesperado após receber um bilhete de Vilela convocando-o para um encontro em sua casa, Camilo recupera as antigas crenças herdadas da mãe e, assim como Rita, segue em busca da cartomante.

Após a consulta, Camilo se acalma e vai, tranquilo, encontrar o amigo, crente que o caso não havia sido descoberto.

O twist do conto se dá no último parágrafo, quando se revela o final trágico do casal de amantes. Ao entrar na casa de Vilela, Camilo se depara com Rita assassinada. Por fim, leva dois tiros do amigo de infância, também caindo morto no chão.


0

Nenhum comentário

Postar um comentário

both, mystorymag
© all rights reserved
made with by templateszoo