Um dos nomes mais enigmáticos e polêmicos na lista dos santos da longa tradição cristã é o de São Cipriano. Se para uns tantos o nome remete ao misterioso Livro de São Cipriano – um grimório repleto de rituais e encantamentos mágicos escrito pelo mago antes da sua conversão ao cristianismo –, para outros mais o Mago Cipriano nunca existiu e suas histórias nasceram da confusão com um homônimo cristão.
Capa Preta, Capa de Aço, Capa de Couro ou Tesouro do Feiticeiro, qualquer que seja a nomenclatura, você já deve ter visto o Livro de São Cipriano à venda no catálogo de alguma editora do gênero. Profano e insondável, tido por alguns como um livro de encantamentos perigosos e sedutores, repleto de feitiços práticos ou complexos rituais de magia negra.
Em muitas dessas edições o leitor é supostamente conduzido a uma viagem ancestral que, dependendo de seu empenho, lhe possibilitará conjurar espíritos, anjos, demônios e outros seres mitológicos. Na ausência dos escrúpulos do organizador editorial, as versões do tal livro podem contar, ainda, com feitiços para amor, simpatias para enriquecer, cultivar um golem no esterco de um cavalo, causar contratempos ou mesmo matar seus inimigos, além de possibilitar a ao neófito proscrito acesso ao tal pacto demoníaco.
Na melhor das possibilidades, só mais uma versão impressa de manuscritos e de histórias da tradição oral que foram sendo registradas aos poucos, seguindo a fórmula europeia dos fantasiosos grimórios e supostos livros de magia que começam a aparecer no século 12 e que continuaram a ser copilados em manuscritos – cada qual mais exagerado e garranchento que o outro – até o 17, mesmo depois da invenção da prensa.
Um temido e respeitado adepto do ocultismo na Antioquia, conhecido por não depender de interlocutores quando o assunto era um tête-à-tête com o próprio Satanás.
Cipriano Converteu-se ao cristianismo quando contava trinta e cinco anos de idade. No ano 249 foi escolhido para bispo de sua cidade e empenhou-se na organização da Igreja em África. Revelou-se extraordinário mestre de moral cristã. Deixou diversos escritos, sobretudo cartas, que constituem preciosa coleção documental sobre fé e culto. Contribuiu para a criação do latim cristão.
Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de família rica de Cartago, capital romana no Norte de África. Quando pagão era um ótimo advogado e mestre de retórica, até que provocado pela constância e serenidade dos mártires cristãos.
Por causa de sua radical conversão muitos ficaram espantados já que era bem popular. Com pouco tempo foi ordenado sacerdote e depois sagrado bispo num período difícil da Igreja africana.
Duas perseguições contra os cristãos ocorreram: a de Décio e Valeriano, marcaram seu começo e seu fim e uma terrível peste andou pelo norte da África, semeando mortes. Problemas doutrinários, por outro lado, agitavam a Igreja daquela região.
Diante da perseguição do imperador Décio em 249, Cipriano escolheu esconder-se para continuar prestando serviços à Igreja. No ano 258, o santo bispo foi denunciado, preso e processado. Existem as atas do seu processo de martírio que relatam suas últimas palavras do saber da sua sentença à morte.
O primeiro relato de um milagre ligado a Eucaristia se encontra em um escrito de São Cipriano de Cartago.
Ele foi um dos biografados por São Jerônimo em De Viris Illustribus, (cap. 67), onde ele afirma que "Cipriano foi morto no mesmo dia em que Papa Cornélio foi morto em Roma, embora não no mesmo ano".
O livro de São Cipriano
O livro de São Cipriano é uma compilação dos ensinamentos desse grande mago, trazendo para as novas gerações um pouco da história e do legado de um dos maiores nomes do ocultismo.
A primeira edição conhecida em português data de 1846, contendo diversos rituais de ocultismo e exorcismo, supostamente magias e "simpatias" (conjurações populares), com múltiplas finalidades, inclusive para o cotidiano.
No Brasil, apesar de ser frequentemente associado às religiões afro-brasileiras, nada tem a ver com nenhuma delas, já que é herança popularizada na Europa do século XIX. Publicado no Brasil de maneira indiscriminada por vários editores, se tornou um "almanaque ocultista" de fácil acesso que se diluiu na crendice popular.
A lenda de Cipriano, tido como autor do livro, também conhecido como Cipriano de Antioquia, confunde-se com Cipriano de Cartago, santificado pela Igreja Católica. Apesar do abismo histórico que os afasta, as lendas combinam-se, e os Exorcistas de Cartago e os de Antioquia, muitas vezes, tornam-se um só na cultura popular. É comum encontrarmos fatos e características pessoais atribuídas equivocadamente. Além dos mesmos nomes, os mártires coexistiram, mas em regiões distintas.
Cipriano, o feiticeiro, é celebrado no dia 02 de outubro. Foi um homem que dedicou boa parte de sua vida ao estudo das ciências ocultas. Após deparar-se com a jovem Justina, com quem se casou, converteu-se ao Catolicismo.